A Holanda avassaladora da estréia em Salvador diante da Espanha deu lugar a uma Holanda novamente eficiente, mas sem conseguir repetir aquela enorme quantidade de ocasiões de gol vista na partida anterior. Não que os comandados de Van Gaal tenham tido uma grande queda de rendimento, mas a maior dificuldade em confirmar a vitória se deu provavelmente porque a Austrália conseguiu mais uma boa atuação no Mundial. Por falta de sorte para a representante da Oceania (que disputa as eliminatórias asiáticas, é verdade), os australianos não conseguiram o resultado positivo, a exemplo do que ocorreu diante do Chile. Mas o futebol apresentado pelos Socceroos é digno de elogios, pois, com todas as limitações técnicas, apresentou algo mais que aquele estilo antigo de simplesmente alçar bolas para o alto e ver no que vai dar.
No primeiro tempo, dois gols em seqüência. Aliás, dois golaços um atrás do outro. Primeiro, Robben deu arrancada de quase cinqüenta metros e anotou seu terceiro gol na Copa do Mundo, confirmando a ótima fase técnica (o que não é novidade) e física (o que é uma ótima novidade). Craque. Depois, Cahill acertou um chute estupendo, anotando um dos mais belos gols nessa edição do Mundial, o segundo do camisa quatro.
Na etapa final, o jogo teve momentos maravilhosos, principalmente no período entre o pênalti inventado para a Austrália (segundo jogo seguido que a Holanda vê um árbitro anotar um pênalti pra lá de duvidoso a favor do adversário) e a virada holandesa.
Janmaat não aparentou qualquer intenção de tocar com a mão na bola, mas o árbitro argelino Djamel Haïmoudi deu um chega pra lá no bom senso e indicou penalidade (no susto, no grito, sem qualquer convicção, como sugere a imagem do lance). Talvez seja mais fraqueza de personalidade do que má-fé. De toda forma, um perfil perigoso para se apitar jogos.
Se a Austrália virou o jogo aos nove, a Holanda devolveria a virada pouco tempo depois. Aos treze, Van Persie recebeu de Memphis e finalizou ao seu estilo, com força e precisão. Dez minutos mais tarde, Memphis, que entrou no finalzinho do primeiro tempo no lugar do contundido Bruno Martins Indi (que infelizmente deixou o campo para passar a noite no hospital), marcou o terceiro em chute de fora da área. É importante frisar que o gol de Memphis foi uma jogada de contra-ataque após Leckie quase recolocar a Austrália em vantagem no placar.
Essa vitória combinada ao resultado da partida seguinte acabou classificando a Holanda para a fase oitavas-de-final e eliminando os australianos. São duas seleções que vêm fazendo um belo Mundial e colaborando para a alta média de gols na Copa. Para a Austrália, resta "cumprir tabela" com a atual campeã. Para os holandeses, o confronto diante do Chile vale a liderança numa das chaves mais fortes do torneio. Jogará sem Van Persie, que cumprirá suspensão. Talvez seja o momento certo para tentar alguma variação na formação e tentar resgatar o bom futebol de Sneijder, que pode vir a ser um ótimo diferencial para conduzir a Holanda ao sonho do título, afinal, Robben e Van Persie estão voando e o sistema de jogo parece encaixado principalmente para os contra-ataques.
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