Perguntado se a Copa começaria nas oitavas, o técnico argentino Alejandro Sabella deu uma sábia resposta: a Copa começa nas Eliminatórias.
Se formos analisar as campanhas das seleções sul-americanas no Mundial, veremos como a declaração é ainda mais pertinente do que pode parecer à primeira vista. Três dessas seleções são dirigidas por técnicos argentinos. O Chile, de Jorge Sampaoli, estreou com vitória diante da Austrália, venceu a Espanha em partida que selou a eliminação dos atuais campeões mundiais e bi continentais, e perdeu somente para a Holanda, em jogo equilibrado. A Colômbia, de José Pekerman, venceu todas as três partidas que disputou: 3a0 na Grécia, 2a1 na Costa do Marfim e 4a1 no Japão. E, enfim, a Argentina de Sabella, que também se mantém com 100% de aproveitamento após vencer Bósnia & Herzegovina, Irã e Nigéria. Se o Brasil vive uma crise na função de treinador (pensar que Mano, Dunga e Scolari foram os últimos a dirigirem a seleção brasileira dá até calafrios nos adeptos do futebol arte), parece que a Argentina caminha muito bem, obrigado.
E caminha com as bênçãos do melhor jogador do mundo. Hoje, em Porto Alegre, o Beira-Rio colorido de azul assistiu uma aula de futebol de Lionel Messi. Ele abriu o placar aos dois minutos, desempatou a partida instantes antes do intervalo e foi substituído no segundo tempo, por provável precaução de Sabella com sua principal referência. A agitada partida no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com a Argentina, contou ainda com uma Nigéria veloz e objetiva: os africanos buscaram a igualdade duas vezes, com dois gols de Musa, mas não conseguiram reestabelecer a igualdade após Rojo marcar 3a2. Nem precisavam: com a vitória da Bósnia & Herzegovina sobre o Irã (3a1), a classificação das Águias estava assegurada (a seleção nigeriana é a primeira do continente africano a garantir classificação numa Copa que já eliminou camaroneses e marfinenses). O ótimo goleiro Enyeama evitou um placar elástico, defendendo pelo menos duas bolas difíceis chutadas por Di María e uma cobrança de falta perfeita realizada por Messi.
A seleção argentina tem o que melhorar. Há espaços na defesa que precisam ser reduzidos - a Nigéria aproveitou duas oportunidades e teve outras ocasiões de perigo explorando inconsistências no sistema defensivo albiceleste. Mas a seleção argentina tem também o que comemorar: ofensivamente, foi a partida mais produtiva da equipe até o momento. Vê-se potencial para o que está bom ficar melhor, mas o caminho parece estar sendo percorrido na direção correta. Com ajustes pontuais e o talento de Messi, a Argentina tem todo o direito de sonhar. Agora, fica a expectativa para que nada de mais sério tenha ocorrido com Sergio Agüero, que precisou deixar o campo ainda no primeiro tempo. É um jogador que ainda não encontrou seu melhor rendimento, mas que certamente agrega bastante ao time.
A Copa, que começou nas Eliminatórias, vai chegando nas oitavas. E com Messi, uma espécie de oitava maravilha do mundo.
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