Dois mil anos atrás, muito antes de qualquer registro catalogado de prática futebolística ou que possa se assemelhar a esta modalidade esportiva absolutamente apaixonante que é o futebol, passou por esse planeta aquele que pode ser apontado como o maior exemplo de ser humano. Humano pelo que é, por ser. Alguns o idolatram. Outros o veneram. Há quem busque inspiração nesse ícone (re)pensando o que ele faria se estivesse em seu lugar. Tem até os que chegam a duvidar se ele realmente existiu da forma como foi descrito. Fato é que está lá no livro sagrado cultuado pelos cristãos que aquele homem, após operar o que costumamos chamar de milagre, afirmou: "foi a tua fé que te curou".
Mas caro blogueiro, o que isso tem a ver com o jogo entre Costa do Marfim e Japão? Entrei aqui pra discutir a religião cujo templo é o estádio, onde está a relação? Estimadas leitoras e estimados leitores, a relação é completa e intrínseca. No templo de Recife, que recebeu sua primeira missa nessa Copa do Mundo 2014, marfinenses e japoneses - além, é claro, de brasileiros -, marcaram presença nas arquibancadas. Durante o ritual, viram-se danças, gritos, comemorações, lamentos. De tudo um tanto. E a celebração começou melhor para os asiáticos, que abriram o placar com um lindo chute de Honda. O transcorrer do primeiro tempo mostrou um universo de possibilidades para os dois lados. Yaya Touré aparecia pouco, de tão bem marcado que era. Mas o pouco que aparecia já criava boas situações para os africanos. Pelo lado nipônico, os avanços dos laterais Uchida e Nagatomo complicavam a defesa marfinense, já bastante ocupada para tentar deter Honda, Kagawa e Okazaki.
Foi então que veio o segundo tempo. A Costa do Marfim queria sair da situação de derrota na estréia mas não encontrava fórmulas para alcançar o objetivo. Naquela altura, seria tão simples como fazer um paralítico andar, um cego enxergar, um morto reviver. Foi então que o treinador francês Sabri Lamouchi chamou Didier Drogba para sair do banco e adentrar no altar. Aos dezessete minutos, Drogba colocou os pés no gramado. Aos dezenove, a Costa do Marfim empatou o jogo. Aos vinte e um, conseguiu a virada. Se foram dois gols de Drogba que resolveram a parada? Nada disso! Bony e Gervinho, atacantes que estavam em campo desde o apito inicial, marcaram para a seleção africana. Mas Drogba estava lá. A referência, a inspiração, o ídolo de uma nação. O que faz tudo ser diferente. Pois os marfinenses acreditam em Drogba. E, em verdade vos digo, foi a tua fé que te curou.
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