Após estrearem com derrota (Gana para os Estados Unidos num equilibrado 2a1 e Portugal para a Alemanha num vareio de 4a0) e empatarem em 2a2 na segunda rodada (Gana com Alemanha e Portugal com Estados Unidos), o confronto entre ganeses e portugueses era de "vida ou morte". Ambos foram a campo em Brasília dependendo de uma vitória na capital enquanto também houvesse vencedor em Recife para Alemanha e Estados Unidos. Se lá deu Alemanha (1a0), no Mané Garrincha deu Portugal. Só que o 2a1 foi insuficiente para tirar a diferença no saldo de gols e as duas seleções deram adeus ao Mundial.
Fato é que não foi o melhor jogo de Gana na Copa - pelo contrário, foram cometidos erros de marcação e na compactação das linhas que raramente puderam ser vistos nos jogos anteriores. Portugal, pior ainda, mostrou ser uma seleção de onze jogadores que não chega a configurar uma equipe. Cristiano Ronaldo e seus múltiplos penteados jogam fora de sintonia ao conjunto geral lusitano, embora proporcionando algumas boas jogadas. Nani, nitidamente abaixo do seu rendimento ideal, não foi sombra do que dele se espera. Figura mais lúcida no meio foi João Moutinho, só que até ele parecia desentrosado do resto do time. Portugal de Paulo Bento não tem aquela figura que equilibra a equipe, como víamos em Maniche na década passada e Raúl Meireles em tempos mais recentes. Mas se despediu com uma vitória, se é que isso serve de consolação.
A seleção de Gana poderia ter tido melhor sorte no jogo e na Copa. No primeiro tempo, uma infelicidade de Boye rendeu um gol contra aos vinte e nove minutos, abrindo o placar para os portugueses. Após o intervalo, o selecionado africano juntou os cacos e teve uma boa notícia: Müller abria o placar em Pernambuco. Notícia boa para Gana, que precisava virar o jogo para arrancar o segundo lugar estadunidense, e para Portugal, que correria atrás de outros três para assumir a segunda colocação. Cerca de um minuto depois, veio o empate ganês: Kwadwo Asamoah cruzou cheio de estilo e Asamoah Gyan completou com cabeceio certeiro para estufar a rede de Beto.
O impacto psicológico daquele momento era diametralmente oposto nas duas seleções: ao mesmo tempo que os portugueses tomaram uma ducha de água fria após a boa notícia do gol alemão, os ganeses viram a chama da esperança tornar-se uma fogueira de possibilidade de classificação. Com ambos os times buscando o ataque, oportunidades foram surgindo. Novos personagens foram entrando em campo na tentativa de construir o resultado que os interessavam (Bento apostou em Silvestre Varela e em Vierinha nos lugares de João Pereira e Éder; James Appiah trouxe Jordan Ayew e Afriyie Acquah em substituição a Waris e Rabiu). E, numa falha da defesa de Gana como um todo e do goleiro Dauda em particular, Cristiano aproveitou o presente para recolocar Portugal na frente. Aquela ducha de água fria era agora sentida do lado de Gana. Faltava apenas um golzinho e agora essa nova realidade, ter que novamente correr atrás da virada. O time se entregou. Mas a imagem que marca o final do jogo foi a do goleiro Beto, que se entregou às lágrimas num lamento de quem queria porque queria saborear outros jogos na Copa do Mundo. Acabou substituído por Eduardo, deixando o campo lesionado. Mas aquelas lágrimas, aposto, não são de dores físicas. É daquelas que somente coisas como o futebol são capazes de explicar.
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