Itália e Inglaterra sobreviveram a Manaus. O clima, como esperado, era severo - jogar a trinta graus Celsius quando se acostuma a jogar na metade dessa temperatura é praticamente um pesadelo, sobretudo levando-se em consideração a questão da umidade. Para piorar, o estado do gramado deixava em dúvida os rigores dos propagandeados "padrão FIFA". Quer dizer: parece que a entidade é mais exigente com as questões econômicas e financeiras do que com o espetáculo em si.
Mesmo com tudo isso, o confronto entre essas duas campeãs mundiais foi de ótimo nível. Muito, mas muito superior ao encontro entre elas em 2012, na fase quartas-de-final na Eurocopa. Conclusão: há mais fatores determinantes para a qualidade de um jogo do que todos aqueles citados no primeiro parágrafo. Talvez seja essa a magia da Copa do Mundo. Quem foi até a Arena da Amazônia testemunhou uma partida pra lá de interessante. Dinâmica, com domínios alternados, variação de jogadas e composições. Quando jogadores de talento reconhecido brilharam, as coisas ficaram ainda melhores. Por exemplo, o primeiro gol do jogo: Marchisio chutou bonito para superar Hart em jogada onde Pirlo mostrou genialidade ao tirar o corpo da bola para deixar o companheiro em condições de finalizar. A Inglaterra respondeu rapidamente para empatar, em cruzamento preciso do até então sumido Rooney para o participativo Sturridge. 1a1.
O desgaste físico era notório já no primeiro tempo. Gerrard, por exemplo, ofegava antes de cobrar escanteio. Um membro da comissão técnica inglesa deixou o entorno do gramado carregado na maca. Atletas mediam a corrida. Mas, no segundo tempo, ambos os elencos se superaram. A Itália chegou ao segundo gol com Balotelli, perfeito no tempo de bola para concluir de cabeça e recolocar a Azzurra em vantagem. Só que quem pensou que aquilo abateria os ingleses, enganou-se: foram criadas diversas ocasiões que quase recolocaram a igualdade no placar. E se a Itália lamentava a ausência de Buffon, lesionado em treinamento na véspera do jogo, pôde comemorar a atuação inspirada do também ótimo goleiro Sirigu. Suas defesas garantiram o triunfo no Amazonas. E, na próxima rodada, teremos duas situações pouco pensadas no passado recente: Inglaterra e Uruguai se enfrentam em nome da sobrevivência no torneio enquanto Itália e Costa Rica têm confronto direto para a liderança na chave, podendo inclusive render uma classificação antecipada.
Observação: destoando do padrão da competição, tivemos uma arbitragem correta. Parabéns, Kuipers. Mais uma goleada da Holanda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário