De um lado, a técnica e ofensividade de uma seleção japonesa que aceita se expor defensivamente em nome de um maior volume de jogo no campo de ataque.
De outro, o vigor e consistência de uma seleção grega que se coloca postada de tal maneira a tentar dar cada passo com o comprimento exato necessário a fim de atingir seus objetivos.
Para ilustrar as afirmações anteriores, vai aqui uma estatística auto-explicativa de dois momentos diferentes da partida. Com dezesseis minutos de jogo, o Japão havia trocado 132 passes no jogo, enquanto a Grécia havia realizado 26 trocas de passes. Aos quarenta e oito minutos do segundo tempo (isto é, instantes antes do apito final), a contagem acumulada era de 533 passes japoneses para 172 gregos.
É claro que são momentos diferentes e os números ilustram, mas não traduzem a totalidade de um jogo. Ainda por cima, houve a expulsão de Katsouranis aos trinta e sete do primeiro tempo. Só que dá tranqüilamente para girar a reflexão dessa partida em torno dessa estatística. Não vou fazê-lo, mas que dá, dá.
Fato é que o treinador português Fernando Santos conseguiu ser muito feliz na arte de mexer num time que passou a jogar com um homem a menos. Não um homem qualquer, mas o capitão da equipe, figura das mais experientes no elenco. Detalhe: minutos antes da expulsão do cabeça-de-área pelo segundo cartão amarelo, o atacante Mitroglou precisou sair de campo por sentir uma contusão. Naquele momento, Fernando Santos havia colocado Gekas em seu lugar. E não titubeou em realizar a segunda substituição ainda no primeiro tempo, trazendo para campo Karagounis no lugar de Fetfatzidis. Uma alteração magistral, de tão simples e funcional: Santos tratou de repôr no gramado de Natal não um jogador com características técnicas parecidas com a do atleta expulso, mas sim de realocar alguém experiente, para conduzir o time mentalmente dentro de campo. Karagounis era o cara para desempenhar esse papel e o que se viu foi uma Grécia valente, encarando de maneira heróica os Samurais, que estavam em maior número.
E se o Japão teve lá suas chances de vencer o jogo - principalmente após as entradas de Endo e Kagawa, o fato é que o goleiro Kawashima teve pelo menos duas participações relevantes para não permitir o gol grego. O 0a0 acabou se mantendo até o final e, mais do que a igualdade no placar, o que se mantém é a esperança de asiáticos e europeus em buscarem a segunda vaga num grupo que tem um sul-americano já classificado e um africano perto de conseguir avançar (mais cedo, a Colômbia venceu a Costa do Marfim por 2a1 por esse mesmo grupo C). Mas é bom não duvidar de heróis e samurais. Muito menos numa Copa do Mundo. Que venha a terceira rodada.
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