A França confirmou seu favoritismo de não-cabeça-de-chave-que-deu-sorte-no-sorteio e terminou em primeiro lugar no grupo E. Após golearem Honduras na estréia e Suíça na segunda rodada, os franceses foram a campo sabendo que um empate diante dos equatorianos era mais que suficiente para sair do Maracanã com a liderança mantida. Confiante na situação e no elenco à disposição, Didier Deschamps montou a seleção com algumas modificações típicas de quem iria aproveitar a ocasião favorável para fazer experiências e poupar jogadores. Sucesso: a França jogou bem, viu-se com opções entre os reservas e o 0a0 ratificou a primeira colocação na chave. Para o Equador, o resultado combinado à goleada suíça sobre os hondurenhos (3a0, com hat-trick de Shaqiri), representou a primeira e única eliminação sul-americana na fase de grupos. Nada que abale a digna campanha dos comandados do colombiano Reinaldo Rueda, que haviam perdido a estréia para a Suíça nos acréscimos e vencido Honduras na segunda rodada.
Com força máxima no jogo (Caicedo entre os suplentes por opção tática), o Equador atuava com dois pontas (Valência pela direita e Montero pela esquerda) e dois atacantes (Arroyo e Enner Valência, autor dos três gols equatorianos no Mundial). Mas tal formação foi devidamente neutralizada pela postura tática francesa: com os flancos protegidos (Sagna atento pela direita e Digne recebendo auxílio de Sissoko na esquerda) e a zona central densamente povoada (Schneiderlin, Pogba e Matuidi atuavam por ali, gerando vantagem numérica em relação a dupla Minda e Noboa), a França conseguiu domínio territorial, domínio na posse de bola e domínio no número de oportunidades criadas. Só que Griezmann, Benzema e companhia encontraram uma forte resistência no sistema defensivo adversário, que contava com Paredes, Guagua, Erazo e Ayoví, além de um paredão chamado Domínguez - o goleiro de 1,93m foi o grande nome no jogo e personagem mais decisivo para a manutenção do placar até o apito final.
No início do segundo tempo, a expulsão de Antônio Valência deixou o Equador em desvantagem numérica. Com um detalhe: aparentemente, a decisão de dar o cartão vermelho no lance partiu de alguém que não o árbitro marfinense Noumandiez Desire Doue. Analisando a repetição do lance, por mais que seja esteticamente feio ver as travas da chuteira de um na perna de outro, a dinâmica da jogada não sugere maldade por parte do camisa sete equatoriano, tornando a decisão do (quarto-)árbitro duplamente contestável - uma pelo rigor, outra pela regra em si, pois diz-se não poder haver influência de terceiros (nem de quartos). De toda forma, o Equador perdia seu capitão naquele momento (que deixou o campo sem dar qualquer reclamação) e teria a missão ingrata de, nessas condições, ganhar da França para buscar a classificação.
O time de Rueda foi paciente, conseguindo a partir da solidez defensiva ameaçar a França em contra-ataques. No melhor deles, Noboa chutou desequilibrado em lance daqueles que não se devem desperdiçar, sobretudo numa situação como essa - talvez se caísse nos pés de Caicedo, que o substituiria nos minutos finais, o Equador tivesse melhor sorte. Só que se há alguma seleção que tem a lamentar pelos gols perdidos, essa é a européia. Seja por questões de pontaria, seja pela atuação maiúscula do goleiro Domínguez, o fato é que parecia não haver qualquer possibilidade de chegar ao gol. De dezesseis finalizações, nove foram no alvo. Só que o alvo parecia ser o arqueiro, de tão bem posicionado que ele estava nos lances.
Agora, o próximo adversário dos Bleus será a Nigéria. Partida para se contar com Valbuena (que fez falta hoje) e com aquele Benzema das duas primeiras rodadas. Talvez seja de se pensar começar com Giroud entre os titulares, opção que sugere mais mobilidade a Benzema. Lembrando que sempre que a França passou pela fase de grupos numa Copa do Mundo, chegou pelo menos até as semifinais.
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