Acabou-se o que era doce. Vamos aos nomes das principais figuras da 1ª Copa do Mundo realizada em continente africano. Mas antes, algumas considerações acerca do megaevento.
[1] Omissão no aspecto disciplinar, critérios dúbios para marcação de lances de bola parada, erros grosseiros. Se o termo "arbitragem" figurasse como um verbete na enciclopédia da Copa 2010, naquelas frases estariam as definições mais reais para o vocábulo. Solução? Implementação da tecnologia eletrônica no futebol. Pra já, senhor Joseph Blatter!
[2] Uma nova Alemanha. O futebol agradece pelo trabalho de Joachim Löw frente aos germânicos, implementando um estilo de jogo onde a bola fica mais tempo no gramado do que no ar, algo que representa uma mudança radical nos padrões daquela nação. A equipe acabou perdendo a chance de jogar a final pois a Espanha não perdoou a má atuação numa semifinal onde a ausência de Thomas Müller, suspenso, foi sentida. Mas o desfecho com o 3º lugar e o ataque mais efetivo da competição (16 gols, com direito a 3 goleadas) premiaram a equipe do contra-ataque mais encantador do Mundial.
[3] Toque de bola espanhol. A exemplo da Euro-2008 (sob o comando de Luis Aragonés) e do Barcelona de Josep Guardiola, a Espanha da Copa-2010 encantou pela forma como chegava ao ataque, trocando passes nos gramados como se estivesse numa quadra de futebol de salão. A média de gols foi baixa para um campeão (8 gols em 7 jogos), mas o número de oportunidades criadas e o volume de jogo são incontestáveis até para os que vêem o futebol através das estatísticas.
[4] O retorno da Celeste. Chegando no Mundial via repescagem, o Uruguai pode ser considerado a maior surpresa da Copa. E que grata surpresa! Foi muito bom ver a seleção uruguaia, comandada fora de campo pelo técnico Oscar Tabárez e dentro dele pelo camisa 10 Diego Forlán, chegar onde chegou e da forma como chegou, escalando três homens de frente e buscando o resultado independentemente das circunstâncias.
[5] Por falar em Uruguai, o lance da Copa do Mundo 2010 fica para Luis Suárez. O camisa 9 marcou um gol no México e dois na Coréia do Sul, mas não é de nenhum deles que estamos falando. A participação de "Luisito" no último instante da prorrogação com Gana, quando evitou o gol africano usando a mão, caracterizou um dos momentos mais marcantes da história das Copas. A comemoração dele, expulso, ao ver o desperdício da penalidade foi a cereja no topo do bolo. A classificação na disputa por pênaltis após a cobrança - de cavadinha! - de Loco Abreu dispensa comentários...
[6] Diego Armando Maradona. Polêmico? De fato, pois qualquer vírgula que ele pronuncie é superdimensionada e torna-se um parágrafo inteiro. Mas o indivíduo muitas vezes rotulado como marrento não foi visto em solo sul-africano. O técnico-ídolo da Argentina mostrou-se uma figura simpaticíssima, carismática, exercendo uma liderança sadia em torno de um elenco ofensivo e que, apesar de contar com uma defesa fragilizada pela ausência de Walter Samuel, não tinha receios de partir para o ataque. Agradável ver a Argentina jogar e muito bacana observar o comporamento de Maradona. O futebol e a humanidade aprenderam boas lições nessa parceria.
[7] A campeã perdeu na estréia (fato inédito). A vice-campeã foi superada somente na prorrogação da partida final. A terceira colocada perdeu duas vezes. A quarta, idem. Uma por uma, vamos observar que a Copa do Mundo teve apenas uma seleção invicta. Quem? A Nova Zelândia (ou Zebrândia, como quiser). A pré-candidata a saco de pancadas jogou 3 vezes e empatou todas elas, sendo eliminada na fase de grupos marcando mais pontos que a Itália, campeã de 2006.
[8] Pode ter atrapalhado o diálogo entre jogadores (Felipe Melo foi um que se queixou). Pode ter atrapalhado a audição do apito (Robben foi poupado de um segundo cartão amarelo aparentemente sob esse argumento). Pode ter incomodado os telespectadores. Mas, queiram ou não, o soar das vuvuzelas deu um charme especial ao Mundial. Será que a moda pega?
[9] A Suíça quebrou o recorde italiano de minutos consecutivos sem ter a meta vazada, levando gol (ilegal, por sinal) somente do Chile de Marcelo Bielsa. Felizmente para o futebol, não teve vida longa na competição - quando tiveram que partir pra cima do adversário, mostraram fragilidades em todos os setores. Mas os suíços podem dizer que foram os únicos na Copa a superarem a campeã mundial.
[10] Duelos continentais. Todos os sul-americanos se classificaram para as oitavas. Nas quartas, 4 mantiveram-se firmes (um teria que sair pois houve confronto direto entre brasileiros e chilenos). Mas, quando tiveram seus adversários mais qualificados pela frente, a casa caiu e o Uruguai acabou sendo o "estranho no ninho" de uma semifinal 75% européia (em 2006 foi toda ela com seleções do Velho Continente). Gana, única africana a passar da fase de grupos, tornou-se a 3ª do continente a alcançar as quartas-de-finais: e por muito pouco não chegou mais longe, não é, Gyan? Ou Suárez? Japão e Coréia do Sul representaram a Ásia na fase eliminatória, mas caíram logo nas oitavas. As Américas Central e do Norte tiveram destino semelhante, com México e Estados Unidos. A Oceania despediu-se na primeira fase: a Austrália com 4 pontos e a Nova Zelândia, única invicta, com 3.
[11] 8 letras para justificar alguns chutes de destino incompreensíveis. 8 letras para críticas, elogios e polêmicas. Significando "comemorar" num dialeto local sul-africano, a bola mais famosa do mundo chama-se Jabulani. Alguns se entenderam com ela melhor do que outros, mas o que parece incontestável é que a leveza da bola atrelada à altitude de cerca de 1.800m dificultou bastante a adaptação dos atletas ao objeto mais chutado no futebol. Caso haja uma nova bola a estrear em 2014, que ou inventem menos ou que aumentem o período de testes (se possível, as duas coisas).
[12] Show de imagens na transmissão televisionada. As capturas de imagens cedidas pela FIFA foram maravilhosas, aproximando o futebol de apresentações de espetáculos dos mais variados gêneros. Flagrantes de emoções, de divididas, de vibrações temperaram o já gostoso prato servido na Copa. Porém, cabe dizer que alguns lances polêmicos não foram mostrados, a fim de evitar transtornos dos espectadores que assistiam aos telões de dentro dos estádios, numa medida basicamente para proteger a arbitragem. Em vez disso, por que não tornar as decisões dos árbitros menos suscetíveis a erros e auxiliá-los com a tecnologia eletrônica? Isso nos levaria de volta ao ítem "[1]"...
Após essa dúzia de ponderações, vamos às nomeações. O critério é o de número de presenças como titular ou suplente nas seleções de cada rodada da Copa. Quando no caso de grande proximidade entre dois ou mais atletas da mesma posição, vantagem para aquele que teve maior regularidade.
Titulares
Goleiro: Iker Casillas (Espanha)
Lateral direito: Sergio Ramos (Espanha)
Zagueiro: Carles Puyol (Espanha)
Zagueiro: Marcus Túlio Tanaka (Japão)
Lateral esquerdo: Giovanni van Bronckhorst (Holanda)
Volante: Mark van Bommel (Holanda)
Volante: Bastian Schweinsteiger (Alemanha)
Meia: Thomas Müller (Alemanha)
Meia: Wesley Sneijder (Holanda)
Atacante: Diego Forlán (Uruguai)
Atacante: David Villa (Espanha)
Técnico: Joachim Löw (Alemanha)
Suplentes
Goleiro: Maarten Stekelenburg (Holanda)
Lateral direito: Philipp Lahm (Alemanha)
Zagueiro: Arne Friedrich (Alemanha)
Zagueiro: Gerard Piqué (Espanha)
Lateral esquerdo: Carlos Salcido (México)
Volante: Gilberto Silva (Brasil)
Volante: Xavi Hernández (Espanha)
Meia: Lionel Messi (Argentina)
Meia: Andrés Iniesta (Espanha)
Atacante: Arjen Robben (Holanda)
Atacante: Dirk Kuyt (Holanda)
Técnico: Vicente Del Bosque (Espanha)
Menção honrosa: Joan Capdevila e Xabi Alonso (Espanha), Joris Mathijsen, Nigel De Jong e Bert van Marwijk (Holanda), Manuel Neuer, Per Mertesacker, Sami Khedira, Mesut Özil, Miroslav Klose e Lukas Podolski (Alemanha), Diego Lugano, Mauricio Victorino, Luis Suárez e Oscar Tabárez (Uruguai), Javier Mascherano e Diego Armando Maradona (Argentina), Maicon, Lúcio, Juan, Ramires e Robinho (Brasil), Antolín Alcáraz, Claudio Morel Rodríguez e Enrique Vera (Paraguai), John Pantsil e Asamoah Gyan (Gana), Landon Donovan e Bob Bradley (Estados Unidos), Daisuke Matsui, Yasuhito Endo e Keisuke Honda (Japão), Mauricio Isla, Arturo Vidal, Alexis Sánchez, Jean Beausejour e Marcelo Bielsa (Chile), Eduardo e Fábio Coentrão (Portugal), John Terry (Inglaterra), Francisco Rodríguez, Rafa Márquez, Javier Hernández e Javier Aguirre (México), Park Chu-Young (Coréia do Sul), Ján Mucha, Zdeno Strba e Róbert Vittek (Eslováquia), Kolo Touré (Costa do Marfim), Samir Handanovic e Miso Brecko (Eslovênia), Diego Benaglio (Suíça), Siphiwe Tshabalala (África do Sul), Mark Schwarzer (Austrália), Dennis Rommedahl (Dinamarca), Giorgos Karagounis (Grécia), Mark Paston (Nova Zelândia), Branislav Ivanovic (Sérvia), Fabio Cannavaro (Itália), Vincent Enyeama (Nigéria), Nadir Belhadj e Rabah Saabane (Argélia), Abou Diaby (França), Gérémi e Samuel Eto'o (Camarões) e Jong Tae-Se (Coréia do Norte).
Destaque
Nomeado aqui como destaque da segunda rodada da fase de grupos, jogador que chamou a responsabilidade e conduziu ao 4º lugar uma seleção que chegou ao Mundial desacreditada.
Diego Forlán, camisa 10 uruguaio, já havia feito uma temporada decisiva com o Atlético de Madrid, sendo elemento determinante na conquista da Liga Europa. Mas não é por isso que ele faturou o "prêmio" de destaque oferecido virtualmente por esse blógui: citamos esse fato pois lá no clube espanhol Forlán era escalado pelo treinador Quique Sánchez Flores na função de atacante-finalizador. Na Copa, a partir da segunda rodada, Oscar Tabárez "recuou" Forlán para a função de meia-atacante. E o desempenho foi estupendo: acabou com o jogo diante dos sul-africanos, serviu Suárez e atuou bem nas oitavas, fez o gol de empate e converteu sua penalidade nas quartas e, apesar das derrotas para Holanda e Alemanha, marcou gol em ambos os jogos e novamente atuou em bom nível.
Alguns outros jogadores fizeram também uma belíssima Copa do Mundo, como Wesley Sneijder, David Villa, Andrés Iniesta, Bastian Schweinsteiger e Thomas Müller. Mas ninguém correspondeu tão bem à "sobrecarga" de impulsionar uma equipe limitada a um nível tão surpreendente como o fez Diego Forlán, o nosso destaque do Mundial. De quebra, foi um dos goleadores da competição, igualado em 5 gols com Sneijder, Villa e Müller.
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