terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Refém De Desfalques, United Empata Com Birmingham

Uma das características do futebol que o torna mais apaixonante é o fato de ele - futebol - passar longe de ser uma ciência exata. Antes de a bola rolar entre Birmingham (equipe integrante da zona de descenso na Premiership) e Manchester United (único invicto na competição e buscando isolar-se na liderança), muitos diriam que estava fácil apontar um favorito para a vitória. Sem querer fazer o papel de vidente, mas pensando previamente sobre o que poderia acontecer na partida, me mantinha crente de que poderia pintar um tropeço do United nesse jogo. Pelo fato do futebol não ser uma ciência exata? Na verdade, muito pelo contrário: entravam em campo no estádio St. Andrews duas das equipes que mais empataram no campeonato. E esse 1a1 no duelo de hoje acabou se tornando o 5º empate do Birmingham na condição de mandante e o 7º empate do United enquanto equipe visitante, estatísticas lideradas por esses times.

Com o resultado, o Birmingham sai da zona de descenso e ocupa a 16ª colocação, com 19 pontos em 18 jogos. Já o Manchester United segue líder, mas sem a mesma folga de outrora: o Manchester City aparece com os mesmos 38 pontos (mas com dois jogos a mais) e o Arsenal, maior ameaça no momento, surge 3 pontos abaixo e com o mesmo número de partidas disputadas.

A transmissão desse 1a1 entre Birmingham City e Manchester United pode ser vista no "Twitter" @jogadadefeito.

O jogo

Fazia frio na cidade de Birmingham, algo que o telespectador podia flagrar através das fumaças expelidas pelos jogadores quando respiravam. E o jogo em si conseguia ser igualmente gélido, com pouquíssimas tramas de jogadas capazes de envolver a marcação adversária. Num (gelado) deserto de opções, o lance mais acentuado no primeiro tempo acabou sendo uma bola que o galês Ryan Giggs mandou na trave direita do goleiro Ben Foster, em lance onde ficou difícil concluir se o experiente meio-campista tentou cruzar ou finalizar, mas dando para notar que o sutil desvio de Ben Foster foi providencial para tirar a bola de uma trajetória que a levasse para a rede.

Para piorar o desenho do jogo, houve uma seqüência de lances violentos e até uma confusão protagonizada pelo brasileiro Ânderson, que acabou lucrando com o cartão amarelo a ele mostrado pelo conivente árbitro Lee Stephen Mason. Com 29 minutos, o zagueiro sérvio Nemanja Vidic passou do limite da desportividade ao dar um pontapé na altura do peito do atacante Cameron Jerome, em lance onde novamente o amarelo ficou gratuito.

Enquanto o jogo se arrastava para o intervalo e o zero a zero retratava fielmente o quanto de futebol tínhamos em campo, pouco era feito por parte dos treinadores escoceses Alex McLeish e Alex Ferguson para que o jogo tivesse um novo desenho. Mesmo contando com jogadores como Aliaksandr Hleb e Nikola Zigic (à disposição de McLeish) ou Federico Macheda e Javier Hernández (opções de Ferguson), os times voltaram iguais para o segundo tempo.

Se na etapa inicial o búlgaro Dimitar Berbatov aparecia quase que a totalidade do tempo da intermediária para trás (em alguns momentos atuando como um defensor), aos 12 minutos lá estaria o búlgaro no lugar que lhe é de direito para fazer acontecer: o setor de ataque. E ele fez bonito: tabelou com o irlandês Darron Gibson dando-lhe um passe de calcanhar que desmontou a marcação adversária, recebeu de volta e finalizou rasteiro, no canto esquerdo de Foster, abrindo o placar em Birmingham. Em grande estilo, eis o 14º gol de Berbatov em 15 jogos disputados na atual Premiership.

3 minutos depois dessa bela e eficiente participação, Berbatov ficou perto de marcar um golaço: o búlgaro recebeu passe centralizado, mostrou grande controle de bola para escapar da marcação dando drible curto, e rematou rasteiro, no canto direito, mandando no pé da trave.

Com bastante atraso, McLeish finalmente mandou o bielorrusso Aliaksandr Hleb para o campo, colocando o meia no lugar do sueco Sebastian Benet Larsson. Sem querer pegar no pé do treinador mas já pegando, havia pelo menos uma meia dúzia de nomes que poderia deixar o jogo antes de Larsson, que teve razão ao mostrar insatisfação com a mexida aos 24 minutos.

3 minutos mais tarde era a vez de Ferguson realizar sua primeira substituição, trocando o brasileiro Ânderson pelo escocês Darren Fletcher.

Na primeira participação de Hleb em jogada perigosa, o jogador ex-Arsenal e Barcelona foi lançado pela esquerda e, aproveitando-se de toque do lateral-direito brasileiro Rafael, foi à grama simulando pênalti, em lance que Lee Mason mandou seguir aos 36 minutos. Naquele mesmo minuto, McLeish realizaria a segunda troca: o grandalhão sérvio Zigic no lugar do chileno Jean Beausejour, figura que pouco apareceu no jogo. No minuto seguinte, o Manchester teve grande chance de ampliar a vantagem quando, após escanteio pela esquerda cobrado por Giggs, Vidic subiu livre para cabecear alto e firme, tendo o gol impedido numa difícil intervenção de Foster, que espalmou para a linha-de-fundo.

Na marca de 39 minutos, McLeish mandou sua última cartada na busca pelo empate: saiu o atacante Jerome para a entrada do veterano Kevin Mark Phillips, atacante de 37 anos (4 meses mais velho que Giggs).

A aposta na jogada aérea como caminho para o empate teve sucesso aos 44 minutos: após bola alçada a partir do lado direito de ataque, Zigic escorou pro lado e, em condição legal, Lee Bowyer esticou-se para marcar de carrinho.

Com a indicação de quatro minutos como tempo de acréscimo, Hernández foi para o jogo no lugar de Gibson, mas o cronômetro e a bem postada defesa do time da casa não deram tempo nem espaço pro United retomar a vantagem no placar. Foi ouvir o apito final e imaginar que aquele chiclete mascado por Alex Ferguson devia estar com um sabor um tanto amargo.

Cabe colocar um parágrafo-extra para deixar como informação que nessa partida o líder Manchester United não contou com dois jogadores importantes no esquema tático de Ferguson: o português Nani (machucado) e o sul-coreano Park Ji-Sung (que está com a delegação que disputará a Copa da Ásia 2011 em janeiro). Mas será que isso justifica a inoperância do sistema de jogo montado para essa partida? E, mais que isso, por que a insistência em manter um estilo de jogo que não funcionava? A vitória por 1a0, caso acontecesse, talvez pudesse mascarar esses fatos. Talvez o empate traga como lado positivo o convite à reflexão: como, mesmo desfalcado, apresentar um futebol que pelo menos lembre o de um líder de Campeonato Inglês?

Outros resultados

Manchester City (2º) 4a0 (15º) Aston Villa
Stoke City (10º) 0a2 (17º) Fulham
Sunderland (7º) 0a2 (8º) Blackpool
Tottenham (4º) 2a0 (13º) Newcastle
West Bromwich (14º) 1a3 (9º) Blackburn
West Ham (19º) 1a1 (12º) Everton

Amanhã, a rodada se completará com três partidas: Chelsea (5º) e Bolton (6º); Wigan (18º) e Arsenal (3º); e Liverpool (11º) e Wolverhampton (20º).

5 comentários:

  1. Sua opinião é sempre muito respeitada e admirada por este que vos escreve. Vamos para algumas considerações:

    1- quando se referiu a entrada de Vidic em Jerome dizendo que o zagueiro "ultrapassou do limite da desportividade", acredito que possa ter se equivocado. No repalay, tive a impressão que ele tenta tirar a bola (que estava proxima ao peito do atacante). Mas o cartão foi justo e até o vermelho caberia, pois ele era o último homem (discutível se o outro marcador chegando tirava essa condição de último homem).

    2- Em um lance de Hleb com Rafael você diz que o jogador simulou pênalti. Eu nem inclui esse lance me minha postagem, mas há carga caracterizando assim o pênalti, Da mesma forma teve um no Rooney, quando ele cabeceou uma bola por cima da meta adversária.

    3- Não critico tanto o Ferguson no sentido de mudança de postura (não que você tenha criticado). De fato sua equipe não foi bem, mas era admirável como após o gol o Manchester não se encolhia e mesmo sem fazer uma bela partida mantinha a posse de bola no ataque, criando até duas boas chances (uma com Berbatov, outra com Anderson). Se o Manchester tivesse convertido alguma dessas oprotunidades, talvez estaria com mais dois pontos na tabela de classificação. Como o "se" não entra em campo, os Manchesters estão iguais na numeração da tabela. Arsenal correndo a passos largos atrás dos dois. Amanhã, acredito em vitória da equipe londrina, o que faria 2010 terminar com três times empatados em primeiro. Que venha 2011!

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  2. na minha opinião, foi bem feito para o united. Eles não quiseram matar o jogo logo e acabaram cedendo o empate. Agora a EPL fica mais acirrada!

    Abraços,

    Jogos Arsenal FC.

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  3. Beleza, vou tentar defender meus argumentos ítem a ítem.

    [1] No lance ao vivo da entrada de Vidic em Jerome, suspeitei de infração intencional. Na repetição da jogada, passei a ficar convicto de que o sérvio chegou para atingir o adversário de forma proposital (levemos em consideração que trata-se de um zagueiro que tem um tempo de bola muito bom e que o jogo estava tenso naquele momento, além, é claro, das imagens propriamente ditas).

    [2] Perceba como eu afirmo que Hleb foi tocado por Rafael. Isso daí poderia caracterizar a penalidade, mas a forma como o bielorrusso foi à grama estava muito longe do que aquele toque representou. Questão de interpretação, na minha visão era mais lance pra amarelo ao Hleb do que indicar falta de Rafael (o juíz preferiu mandar seguir sem marcar nem uma coisa nem outra).

    [3] Não acho nada admirável o fato de o MU não se encolher! Entendo isso como algo natural, e o Ferguson é "cascudo" no futebol a ponto de saber o perigo que é recuar o time nos minutos finais. A questão é que muito pouco foi produzido pelo líder. Perceba como as escassas chances de gol saíram em duas jogadas individuais de Berbatov, além de duas ou três outras jogadas dignas de nota. Acho muito pouco e creio que isso se deva fundamentalmente ao estilo de jogo afunilado do MU, utilizando muito pouco as laterais do campo, setores mais freqüentados quando na presença de Nani e Park Ji-Sung.

    O jogo com o Wigan deverá impôr dificuldades ao Arsenal, mas creio que possamos ter três equipes igualadas em pontos no topo da tabela, o que é algo muito bacana!

    Rafael, valeu pelo comentário também! Achei que o MU não apresentou um futebol de quem merecesse a vitória, embora seja tecnicamente superior ao Birmingham. Vamos ver se o Arsenal tira proveito desse tropeço e termina 2010 igualado em pontos, preparando assim o momento de assumir a liderança.

    Abraços.

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  4. O Manchester vai acabar se complicando,tanto empate não permite com que ele se distancie do City.

    abraços!

    fluminensetricolorguerreiro.blogspot.com

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  5. Foi um jogo muito fraco e o campeonato pega fogo. Pena que meu Liverpool está lá atrás. Abraço e obrigado pelo comentário no blog.
    www.lopesdefaria.blogspot.com

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