O Atlético de Madrid, atual detentor do título de campeão na Liga Europa, não conseguiu sequer passar da fase de grupos e já está eliminado da competição. A equipe da capital espanhola foi ao estádio BayArena enfrentar o já classificado Bayer Leverkusen e, mesmo vencendo o jogo, teria que torcer por um tropeço do Aris diante do Rosenborg, em partida jogada simultaneamente na Grécia. Não aconteceu nem uma coisa nem outra: enquanto o Atlético apenas empatou com o clube alemão (resultado que só o classificaria caso o Aris fosse derrotado pelos noruegueses), os gregos fizeram o dever de casa e superaram o Rosenborg com um 2a0. Desta forma, o time de Quique Sanchez Flores fará o caminho inverso para salvar a temporada, dessa vez buscando uma melhor colocação na Liga Espanhola, onde atualmente é 6º colocado. O Leverkusen, vice-líder na Bundesliga, vai dando seqüência à boa temporada e, ao lado do Stuttgart, representará o futebol alemão na competição.
O jogo
Sob um frio de 4º negativos (sensação térmica registrada em -6ºC) e debaixo de uma neve que aos poucos ia esbranquiçando o gramado do BayArena, as equipes dentro de campo também faziam um jogo frio, chegando ao ataque muito ocasionalmente. A primeira intervenção de maiores dificuldades por parte dos goleiros aconteceu aos 19 minutos, com Fabian Giefer (reserva de René Adler) atuando brilhantemente ao defender finalização de Mario Suarez na base do reflexo. Mesmo que a bola entrasse, nada valeria, pois a arbitragem do romeno Alexandru Dan Tudor indicara falta fora do lance, naquela típica marcação pós-cobrança de escanteio que geralmente beneficia o time que está na defesa.
Aos 29 minutos, substituição. Não, nenhum jogador deixaria o campo para a entrada de outro: devido ao solo praticamente todo encoberto pelo branco da neve, saiu a bola branca e entrou a de cor laranja, facilitando a visualização da redonda.
Como se o problema fosse apenas esse, o Atlético de Madrid, subitamente, melhorou na partida. Aos 31 minutos, o português Simão Sabrosa arrancou pela esquerda, chegou na linha final, avançou em direção ao gol e, após ter escapado da marcação de Daniel Schwaab, deu passe açucarado para o uruguaio Diego Forlán, que chutou de primeira mas parou em nova grande defesa de Giefer, que rebateu com a perna esquerda. 6 minutos depois, Diego Forlán se posicionou fora da área em cobrança de escanteio pelo lado direito e, como se a bola procurasse o craque, recebeu a sobra em liberdade e chutou bem, mandando perto da trave direita.
Terminado o primeiro tempo, o intervalo contou com homens que trabalharam na remoção de parte dos flocos de neve, na tarefa de tornar visíveis as linhas brancas que marcam o gramado. Enquanto uns atuavam para melhorar a visibilidade do campo, outros entravam em ação na busca por um futebol mais ofensivo. Com esse intuito, Josef Heynckes preparou uma substituição dupla, mostrando que o Leverkusen, mesmo com o 1º lugar assegurado, iria jogar para ganhar: o meia brasileiro Renato Augusto (sumido do jogo) deu lugar ao atacante Stefan Kiessling, e o defensor Gonzalo Castro deu lugar ao jovem Danny da Costa, que se ainda é relativamente desconhecido do futebol mundial, tinha um cartaz com o seu nome escrito sendo balançado na arquibancada (seria alguma parente do atleta?).
E a primeira chance clara de gol na etapa complementar foi justamente do time da casa: aos 11 minutos, após cruzamento vindo da direita, Patrick Helmes não conseguiu o desvio de cabeça mas a bola acabou voltando nele, que dessa vez chutou em cheio e mandou a laranja perto da trave esquerda. No minuto seguinte, mais Bayer: Hanno Balitsch pegou sobra de bola, escapou da marcação dando um giro com a redonda, chutou à meia-altura e o goleiro David De Gea encaixou.
Após desperdiçar uma chance clara no primeiro tempo, sumir de campo na etapa complementar e ainda manifestar expressão de alguma lesão, Quique Flores decidiu tirar sua maior estrela de campo: aos 21 minutos, Diego Forlán deu lugar ao seu xará brasileiro de sobrenome Costa. E o que estava ruim para os espanhóis, piorou dois minutos após a mexida: na marca de 23 minutos, foi dado um lançamento longo a partir do campo defensivo e, após desvio de cabeça, Helmes chegou na bola antes do colombiano Luis Perea. O defensor ainda tentou cortar o chute com um carrinho, mas antes disso a bola tomou a direção da rede, abrindo o placar em Leverkusen.
3 minutos depois do gol tomado, Flores realizou sua segunda mexida: saiu Simão para a entrada de Francisco Mérida. Para quem encontrava-se no dever de buscar o resultado, uma substituição pouco transformadora, até porque, mesmo sumido, Simão era uma opção ofensiva que parecia necessária ao time. Mas, sem dar tempo a maiores cornetadas, Mérida mostrou-se predestinado: segundos após entrar em campo, o jovem meia catalão revelado nas divisões de base do Arsenal estava no lugar certo e no momento certo para, com um chute mais do que certo, empatar a partida. Tudo começou em um contra-ataque iniciado pelo senhor juíz, que acabou bloqueando uma tentativa de passe de Schwaab. Daí, o Atlético buscou o argentino Sergio Agüero, que recebeu a bola, encarou a marcação dupla de Danny da Costa e do veterano finlandês Sami Hyypiä: a tentativa de desarme do primeiro acabou chegando a Fran Mérida, que mostrou frieza (fácil naquela temperatura) e precisão para, com o pé esquerdo, chutar no contrapé de Giefer e igualar o marcador.
Quem imaginou que daí até o final o Atlético de Madrid iria pressionar na busca pela virada, tomou uma ducha de água fria (ou um floco de neve, algo mais provável naquela condição climática). Helmes teve duas chances de recolocar o Leverkusen na frente, mas numa chutou cruzado para fora e noutra parou em defesa de De Gea. Para não dizer que os espanhóis não levaram perigo, houve uma grande oportunidade aos 43' quando, após cruzamento da esquerda, Agüero chutou, foi travado pelo croata Domagoj Vida, chutou de novo e dessa vez viu a bola subir após desvio que a levou para escanteio. Talvez estivesse faltando a presença de Simão, vai saber.
Se recordar é viver, vale lembrar que esse time eliminado na fase de grupos passou, na temporada passada, pelo Liverpool no estádio Vicente Calderón e garantiu a classificação na prorrogação em pleno Anfield Road. Na final, triunfo sobre o também inglês Fulham. Momentos que Forlán deve guardar com muito carinho na memória. Mas que, por não entrarem em campo, não puderam evitar a abreviada trajetória da equipe nessa mesma competição na presente temporada.
Outros resultados (grupos definidos)
Grupo A: Salzburg (4º) 0a1 (2º) Lech Poznan; e Juventus (3º) 1a1 (1º) Manchester City;
Grupo B: Aris (2º) 2a0 (4º) Rosenborg;
Grupo C: Lille (2º) 3a0 (3º) Gent; e Levski Sofia (4º) 1a0 (1º) Sporting Lisboa;
Grupo G: Anderlecht (2º) 2a0 (4º) Hajduk Split; e AEK (3º) 0a3 Zenit St. Petersburgo;
Grupo H: Stuttgart (1º) 5a1 (4º) OB; e Getafe (3º) 1a0 (2º) Young Boys;
Grupo I: Debreceni (4º) 2a0 (3º) Sampdoria; e PSV (1º) 0a0 (2º) Metalist.
As 24 equipes classificadas (duas de cada uma dos 12 grupos) se juntarão aos terceiros colocados da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa (Twente, Benfica, Rangers, Rubin Kazan, Basel, Spartak Moscou, Ajax e Braga), totalizando 32 times que serão emparelhados em duelos eliminatórios no formato ida-e-volta.
Lembrando que o sorteio com os duelos eliminatórios envolvendo as equipes classificadas está marcado para sexta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário