Espanha. Itália.
De um lado, a filosofia de jogo baseada na valorização da posse de bola. De outro lado, a tradição de montar equipes consistentes e competitivas.
De um lado, uma seleção que conquistou a Europa em 2008, o mundo em 2010 e o respeito de todos. De outro lado, uma seleção que faturou o tetracampeonato mundial em 2006 e que, bem ou mal cotada, é sempre respeitada.
Dividindo o campo, duas seleções que se enfrentaram pela última vez há pouco tempo, mais precisamente em 10.06.2012, na estréia de ambas nessa edição de Eurocopa. Houve empate por 1a1 naquela ocasião, e empate é resultado inaceitável no domingo, primeiro de julho de dois mil e doze - terá que sair um vencedor, nem que seja na disputa por pênaltis.
E por falar em disputa por pênaltis, tanto Espanha quanto Itália já viveram essa experiência nessa Euro 2012: uma passou por Portugal na semifinal e outra pela Inglaterra nas quartas, ambas após igualdade em 0a0 nos 120 minutos de jogo.
E agora, caro amante do futebol? O que será que os deuses do futebol reservar-nos-ão para Kiev, capital ucraniana, sede da final continental? Dá Fúria ou dá Azzurra? Vou me limitar a dar um único pitaco: essa partida é imperdível.
Abaixo, a trajetória de cada seleção até a grande decisão.
Fase de grupos
Espanha => 1a1 Itália, 4a0 Irlanda, 1a0 Croácia
Itália => 1a1 Espanha, 1a1 Croácia, 2a0 Irlanda
Quartas-de-final
Espanha => 2a0 França
Itália => 0a0 Inglaterra
Semifinal
Espanha => 0a0 Portugal
Itália => 2a1 Alemanha
sábado, 30 de junho de 2012
Seleção Das Semifinais Na Eurocopa 2012
Em duas semifinais equilibradas, Espanha e Itália conseguiram a classificação para a final na Eurocopa 2012. Em Donetsk, quarta-feira, os espanhóis tiveram dificuldades para penetrar na defesa portuguesa e precisaram da disputa por penalidades para desempatar a partida e avançar em direção ao bicampeonato europeu consecutivo. Já a Itália arrancou a outra vaga na final continental após vencer a Alemanha, quinta-feira, em Varsóvia, numa partida onde o oportunismo de Mario Balotelli e a competência de Gianluigi Buffon foram essenciais diante de um adversário que era mais presente no campo de ataque, que chutou mais vezes, que teve mais a bola.
Seleção das semifinais na Eurocopa 2012
(Formação 3-1-4-2)
Ginaluigi Buffon (Itália)
Sergio Ramos (Espanha)
Andrea Barzagli (Itália)
Giorgio Chiellini (Itália)
Sergio Busquets (Espanha)
Andrea Pirlo (Itália)
Sami Khedira (Alemanha)
Raul Meireles (Portugal)
Andrés Iniesta (Espanha)
Mario Balotelli (Itália)
Antonio Cassano (Itália)
Técnico: Paulo Bento (Portugal)
Destaque: Mario Balotelli (Itália)
Seleção das semifinais na Eurocopa 2012
(Formação 3-1-4-2)
Ginaluigi Buffon (Itália)
Sergio Ramos (Espanha)
Andrea Barzagli (Itália)
Giorgio Chiellini (Itália)
Sergio Busquets (Espanha)
Andrea Pirlo (Itália)
Sami Khedira (Alemanha)
Raul Meireles (Portugal)
Andrés Iniesta (Espanha)
Mario Balotelli (Itália)
Antonio Cassano (Itália)
Técnico: Paulo Bento (Portugal)
Destaque: Mario Balotelli (Itália)
Com dois gols marcados ainda no primeiro tempo de partida (um de cabeça e outro num chute potente com a perna direita), o atacante italiano Mario Balotelli foi fundamental para ajudar sua seleção a garantir uma vaga na final da Euro 2012. E pensar que Balotelli havia sido barrado na fase de grupos, após fracas atuações nas duas primeiras rodadas...
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Super Mário É O Balotelli
Após a Espanha passar por Portugal na primeira partida semifinal, faltava a definição do outro finalista na Eurocopa 2012. E, com uma vitória por 2a1 nessa quinta-feira, na capital polonesa Varsóvia, a Itália conseguiu superar a Alemanha e retorna a uma final de Euro após doze anos (em 2000, foi vice-campeã diante da França).
Com os dois gols anotados na semifinal, Mario Balotelli chega aos mesmo três gols marcados pelo alemão Mario Gómez, pelo português Cristiano Ronaldo, pelo russo Alan Dzagoev e pelo croata Mario Mandzukic.
O jogo
Desfalcada de Christian Maggio (suspenso pelo segundo cartão amarelo) e Ignazio Abate (contundido), Cesare Prandelli improvisou o canhoto Federico Balzaretti na lateral-direita italiana. Já Joachim Löw, por opção tática, voltou a utilizar Toni Kroos, Lukas Podolski e Mario Gómez entre os titulares da seleção alemã, fazendo retornarem ao banco três jogadores que atuaram muito bem diante da Grécia (André Schürrle, Marco Reus e Miroslav Klose). Bem disputada, a partida já mostrava duas equipes dispostas a atacar - a Alemanha por iniciativa própria e a Itália mais baseada em jogar no erro do adversário. Aos três minutos, Manuel Neuer agiu bem para recolher uma tentativa de enfiada de bola de Riccardo Montolivo para Mario Balotelli. No minuto seguinte, quase saiu gol alemão: Bastian Schweinsteiger cobrou escanteio pela esquerda e Mats Hummels completou com a coxa esquerda - a bola passou pelo goleiro Gianluigi Buffon e só não atravessou a linha final porque Andrea Pirlo impediu, usando a coxa esquerda e também o braço esquerdo. Se houve intenção, era lance para marcação de pênalti e expulsão. Se não, jogo que segue. No entendimento do árbitro francês Stéphanne Lannoy, nada a assinalar. No meu, que vejo Pirlo jogar há mais de uma década, duvido que alguém de sua categoria e controle de bola tenha colocado a mão naquela bola de maneira involuntária.
As chances de gol que apareciam continuavam sendo da seleção alemã. Aos onze minutos, Sami Khedira abriu na direita com Jérôme Boateng e deste saiu cruzamento rasteiro, buscando Khedira, numa bola que chegou até Buffon e quase terminou em gol contra de Andrea Barzagli, em raro momento de indecisão entre os companheiros de Juventus e de seleção italiana. No minuto posterior, aos doze, Kroos chutou com força à meia-altura e Buffon, bem posicionado, espalmou com as duas mãos, impulsionando a bola para o lado direito e minimizando os riscos no rebote.
A Itália era pressionada, mas nem por isso abria mão de sair para o jogo. Aos dezesseis minutos, Montolivo chutou de fora da área, a bola quicou de uma forma a dificultar o trabalho do goleiro e, mesmo assim, Neuer não hesitou em encaixar no canto direito. Aos dezessete, o arqueiro alemão voltou a mostrar segurança ao defender novo chute de fora da área, dessa vez dado por Antonio Cassano e no canto esquerdo. Na marca de dezenove minutos, saiu o primeiro gol do jogo: Pirlo lançou Giorgio Chiellini na esquerda e este tocou para Cassano, que limpou o lance escapando com facilidade da marcação de Hummels e cruzou na cabeça de Balotelli, que tirou proveito da liberdade concedida por Holger Badstuber e concluiu no contrapé de Neuer, abrindo o placar.
Com uma linha de defesa bem entrosada e um meio-de-campo bastante combativo, a Azzurra, na medida do possível, conseguia conter as investidas de uma Alemanha detentora do ataque mais positivo na competição e que, pela primeira vez no torneio, via seu oponente inaugurar o marcador. Aos vinte e seis minutos, Gómez fez bem a função de pivô, tocou atrás e Mesut Özil finalizou com um chute da proximidade da meia-lua que Buffon foi buscar no canto direito. Três minutos depois, Kroos recebeu, olhou pro gol e chutou de fora, à direita. Aos trinta e três, Boateng desceu pela direita, foi até a linha-de-fundo, cruzou e Balzaretti conseguiu cortar antes que a bola chegasse até Podolski. No minuto posterior, Khedira ajeitou com o peito e emendou bonito chute com o peito do pé, sem deixar a bola tocar na grama, em novo remate que terminou em defesa do espetacular Buffon, espalmando no canto direito.
E aí você vê como são as coisas no futebol: a Alemanha atacava, atacava, atacava. Chutes que não iam para fora, eram parados pelo melhor goleiro do mundo. E, num contra-ataque, a Itália abriu 2a0: aos trinta e cinco minutos, Montolivo fez excepcional lançamento para Balotelli que, em posição legal (Philipp Lahm dava condição), arrancou e concluiu com remate fortíssimo, sem qualquer possibilidade de defesa, estufando a rede no canto esquerdo. Golaço do Mario italiano, que mostrou sua força não apenas com a potência do chute como também após tirar a camisa, recebendo cartão amarelo pela comemoração.
No intervalo, Löw tratou de buscar reaproximar a Alemanha da fase de grupos da Alemanha da fase quartas-de-final, trocando Podolski e Gómez por Reus e Klose. E o segundo tempo começou com os alemães no ataque: aos dois minutos, Reus passou por Leonardo Bonucci mas o chute saiu mascado, facilitando a defesa de Buffon, que pegou no canto esquerdo. Aos três, Lahm fez a tabela e finalizou com chute colocado que passou perto do ângulo esquerdo.
A torcida alemã cantava lindamente no estádio Naradowy, como se fizesse na Polônia um cenário semelhante àquele visto na Copa do Mundo de seis anos atrás, quando foi anfitriã (e caiu para a própria Itália). Aos doze minutos, Prandelli trocou Cassano (que saiu sob o som dos aplausos) por Alessandro Diamanti. Aos catorze, Balotelli quase alcançou um hat-trick: ele fez jogada individual pela direita e chutou cruzado, mandando à direita da meta. A Alemanha respondeu aos dezesseis, quando Reus cobrou uma falta que ele mesmo havia sofrido de Bonucci e mandou direto para o gol - Buffon saltou e espalmou no alto uma bola que ainda tocou no travessão antes de sair.
Com a troca de Montolivo pelo brasileiro de nascimento Thiago Motta aos dezoito minutos, Prandelli dava claros sinais de que a missão italiana era conter as investidas da seleção alemã. Cada vez mais avançando seus jogadores, a Alemanha dava espaços em sua defesa, que eram explorados em contra-ataques. Aos vinte e um minutos, Pirlo lançou Claudio Marchisio, que tabelou com Diamanti e chutou à esquerda.
As estatísticas mostravam uma Alemanha que chutava mais vezes (9a7, sendo 6a5 em direção ao gol), mas que parecia não encontrar fórmulas de fazer a rede balançar. Com cãimbras, o sujeito que balançou a rede por duas vezes deixava o gramado para a entrada de Antonio di Natale, aos vinte e quatro. Um minuto depois, Boateng deu lugar para Thomas Müller numa Alemanha cada vez mais ofensiva, cada vez mais concentrada no campo de ataque, e cada vez mais prensada pelo avançar do cronômetro.
E o que estava complicado para a seleção alemã por pouco não ficou pior: aos vinte e nove, Daniele de Rossi fez ótimo lançamento para Marchisio, que recebeu pela direita, deixou Badstuber no chão, e chutou cruzado, perto da trave direita. Aos trinta e três, nova chance italiana: De Rossi recebeu enfiada de bola de Pirlo, cruzou e Neuer pegou antes que a redonda chegasse em Di Natale.
Embora a Alemanha tivesse mais a bola consigo e contasse com mais jogadores de natureza ofensiva, o jogo tinha para a Itália um desenho favorável na medida em que o instinto adversário de buscar o gol ia deixando dezenas de metros no gramado sem a presença de ninguém vestindo branco, o que era um tremendo convite ao contra-ataque. Aos trinta e seis, Di Natale foi lançado em liberdade e chutou na rede pelo lado de fora, à esquerda, quase marcando o terceiro. No minuto seguinte, Balzaretti recebeu de Diamani e colocou a bola para dentro, no canto direito - mas foi detectado impedimento no lance.
A partir dali, o jogo passou a acontecer basicamente numa única metade de campo: o de ataque alemão. Aos trinta e nove, uma troca de passes da Alemanha dentro da área italiana foi afastada por Balzaretti, impedindo a conclusão do lance. No escanteio ali originado, Kroos finalizou com chute que passou por cima. A pressão estava consolidada e dessa vez a Itália resistia sem sequer sair em contra-ataques, como quem simplesmente esperasse o apito derradeiro para respirar aliviado. Aos quarenta e quatro, Hummels ficou de frente pro gol, chutou, mas Bonucci conseguiu amortecer, ajudando Buffon a bloquear a finalização.
Lannoy indicou quatro minutos como acréscimo e aos quarenta e cinco, Balzaretti cometeu pênalti duas vezes: uma por puxar Klose na área e outra por bater na bola com o braço. Como bola no braço não parece ser infração para esse árbitro, provavelmente a marcação se deveu ao puxão. A cobrança aconteceu aos quarenta e seis, quando Özil, consciente, colocou a bola no quadrante 10, com as mãos de Buffon indo para aquela direção mas sem conseguir alcançar o objeto esférico, que finalmente a Alemanha conseguiu fazer passar pelo camisa um italiano.
Embora entre a marcação da penalidade máxima e a reposição de bola da Itália no centro do campo tenha se passado mais de um minuto, a arbitragem conservou o acréscimo anterior. Aos quarenta e oito, para desespero de Hummels, Lannoy inverteu uma falta na disputa entre o zagueiro alemão e o italiano Bonucci, dando cartão amarelo para Hummels pela reclamação.
Neuer, no círculo central, era o jogador mais afastado do gol italiano, protagonizando cenas raríssimas e ao mesmo tempo espetaculares, como quando deu de peixinho, recolocando no ataque uma bola afastada pela defesa oponente. Aos 49'16'', com o goleiro alemão na área adversária, Lannoy deu a partida por encerrada. E aqui ficam os aplausos para a Alemanha de Löw, tão focada em tocar a bola de pé em pé que até quando parecia mais óbvio fazer a redonda viajar até a área, o passe e a valorização da posse de bola se faziam presentes. Uma Alemanha que vinha de quinze vitórias consecutivas (recorde no Velho Continente), com 100% de aproveitamento na Euro 2012 (venceu Portugal, Holanda, Dinamarca e Grécia) mas que, numa noite em Varsóvia, esbarrou no goleiro Buffon. E no atacante Balotelli.
Parabenizo a Itália, que por muito pouco não deu adeus à competição ainda na fase de grupos (um gol croata diante da Espanha seria o bastante para isso), mas mostrou qualidades diante dos ingleses e também dos alemães. Mas, sinceramente, estava muito mais animado em ver uma reedição da final de 2008 e assistir a Alemanha na Copa das Confederações 2013 do que em me deparar com o desfecho que se apresenta...
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Boca Juniors 1, Corinthians 1 - E Viva A Eurocopa
É difícil para o amante do futebol bem jogado dar uma pausa na Eurocopa e assistir um jogo como o que foi disputado entre Boca Juniors e Corinthians, no místico estádio La Bombonera. Dois times que chegaram até a final da Copa Libertadores da América após eliminarem, na fase semifinal, as badaladas equipes da Universidad de Chile e do Santos, mas que nem por isso realizaram um jogo digno da sua importância.
Foram pouquíssimas jogadas daquelas mais elaboradas, que envolvessem pelo menos três jogadores na troca de passes. Com uma equipe limitada, Julio César Falcioni montou um Boca que só "mordia" o adversário através de bolas longas, muitas das vezes lançadas da linha de defesa até a linha de ataque, sobrevoando os jogadores de meio-campo. Tite focou o Corinthians na marcação, mas como marcar um adversário que, basicamente, limita-se a fazer a bola viajar nas alturas?
Não bastando essa feiúra estética, altamente contrastante a uma Eurocopa onde as equipes mantém a bola preferencialmente em contato com a grama, o jogo ainda era marcado por desentendimentos ásperos, com Walter Erviti e Émerson "Sheik" se destacando em termos de destemperamento. Para piorar a situação, Alex, um dos jogadores mais hábeis no elenco corinthiano, fazia partida ruim, não conseguindo dar seqüência às jogadas que nele chegavam. E ainda viria a baixa de Jorge Henrique, que sentiu uma fisgada e acabou sendo substituído ainda no primeiro tempo, dando lugar a Liédson.
No segundo tempo, o Boca Juniors conseguiu fazer a bola viajar menos e rolar mais, opção que passou a valorizar a performance do camisa dez Juan Román Riquelme. Aos dezesseis minutos, Riquelme encontrou espaço na costumeiramente bem posicionada defesa corinthiana e passou para Pablo Mouche que, livre de marcação, chutou exatamente onde estava o goleiro Cássio, que encaixou. Aos vinte e sete, teve vez um escanteio fatídico para a partida. A começar pelo autor da cobrança - em vez de Riquelme, quem encarregou-se de ir para a bola foi Mouche. E lá foi a bola para a área, viajando até encontrar dois jogadores do Boca livres de marcação: o peixinho de Santiago Silva foi defendido pelo zagueiro Chicão (com a mão) e ainda tocou na trave direita; no rebote, Facundo Roncaglia, também em liberdade, completou para a rede.
O Corinthians encontrava-se em situação adversa, pois via o adversário em vatangem no placar e impulsionado por uma apaixonada torcida que se manifestava ainda mais intensamente do que antes (como se isso fosse possível). De toda forma, os jogadores brasileiros até se portaram bem, embora sem ainda conseguirem encaixar o jogo que justificasse a presença naquela final continental. Aos trinta e oito, teve vez uma substituição fatídica para a partida (talvez mais do que aquele escanteio): entrou Romarinho no lugar de Danilo. Romarinho, que com os reservas da equipe marcou dois gols no domingo no clássico diante do Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. Romarinho, que não é filho de Romário. Romarinho, que deu seu primeiro toque na bola para empatar a partida em Buenos Aires: Émerson escapou da marcação, tocou nele e a finalização conciliou frieza e categoria, dando sutil toque para encobrir o goleiro Agustín Orion, que tocou na redonda mas não conseguiu evitar o que parecia ser obra do destino, aos quarenta minutos naquele segundo tempo. Dali em diante, a festa nas arquibancadas era basicamente em preto e branco, com os corinthianos festejando um dos empates com mais gosto de vitória na história de um clube centenário. O desempate está marcado para o Pacaembu, na próxima quarta-feira. Antes disso, felizmente, temos Eurocopa - semifinal hoje e final domingo.
Foram pouquíssimas jogadas daquelas mais elaboradas, que envolvessem pelo menos três jogadores na troca de passes. Com uma equipe limitada, Julio César Falcioni montou um Boca que só "mordia" o adversário através de bolas longas, muitas das vezes lançadas da linha de defesa até a linha de ataque, sobrevoando os jogadores de meio-campo. Tite focou o Corinthians na marcação, mas como marcar um adversário que, basicamente, limita-se a fazer a bola viajar nas alturas?
Não bastando essa feiúra estética, altamente contrastante a uma Eurocopa onde as equipes mantém a bola preferencialmente em contato com a grama, o jogo ainda era marcado por desentendimentos ásperos, com Walter Erviti e Émerson "Sheik" se destacando em termos de destemperamento. Para piorar a situação, Alex, um dos jogadores mais hábeis no elenco corinthiano, fazia partida ruim, não conseguindo dar seqüência às jogadas que nele chegavam. E ainda viria a baixa de Jorge Henrique, que sentiu uma fisgada e acabou sendo substituído ainda no primeiro tempo, dando lugar a Liédson.
No segundo tempo, o Boca Juniors conseguiu fazer a bola viajar menos e rolar mais, opção que passou a valorizar a performance do camisa dez Juan Román Riquelme. Aos dezesseis minutos, Riquelme encontrou espaço na costumeiramente bem posicionada defesa corinthiana e passou para Pablo Mouche que, livre de marcação, chutou exatamente onde estava o goleiro Cássio, que encaixou. Aos vinte e sete, teve vez um escanteio fatídico para a partida. A começar pelo autor da cobrança - em vez de Riquelme, quem encarregou-se de ir para a bola foi Mouche. E lá foi a bola para a área, viajando até encontrar dois jogadores do Boca livres de marcação: o peixinho de Santiago Silva foi defendido pelo zagueiro Chicão (com a mão) e ainda tocou na trave direita; no rebote, Facundo Roncaglia, também em liberdade, completou para a rede.
O Corinthians encontrava-se em situação adversa, pois via o adversário em vatangem no placar e impulsionado por uma apaixonada torcida que se manifestava ainda mais intensamente do que antes (como se isso fosse possível). De toda forma, os jogadores brasileiros até se portaram bem, embora sem ainda conseguirem encaixar o jogo que justificasse a presença naquela final continental. Aos trinta e oito, teve vez uma substituição fatídica para a partida (talvez mais do que aquele escanteio): entrou Romarinho no lugar de Danilo. Romarinho, que com os reservas da equipe marcou dois gols no domingo no clássico diante do Palmeiras, pelo Campeonato Brasileiro. Romarinho, que não é filho de Romário. Romarinho, que deu seu primeiro toque na bola para empatar a partida em Buenos Aires: Émerson escapou da marcação, tocou nele e a finalização conciliou frieza e categoria, dando sutil toque para encobrir o goleiro Agustín Orion, que tocou na redonda mas não conseguiu evitar o que parecia ser obra do destino, aos quarenta minutos naquele segundo tempo. Dali em diante, a festa nas arquibancadas era basicamente em preto e branco, com os corinthianos festejando um dos empates com mais gosto de vitória na história de um clube centenário. O desempate está marcado para o Pacaembu, na próxima quarta-feira. Antes disso, felizmente, temos Eurocopa - semifinal hoje e final domingo.
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quarta-feira, 27 de junho de 2012
É Uma Festa Espanhola, Com Certeza
O duelo ibérico entre Portugal e Espanha foi disputado intensamente desde o apito inicial até a última cobrança de pênalti, convertida por Francesc Fàbregas, selando a classificação dos atuais campeões para mais uma final de Eurocopa. Talvez o grande fator de equilíbrio para a partida tenha sido a aplicação tática e resistência física por parte dos portugueses, que suportaram cerca de duas horas de jogo realizando uma marcação apertada, a fim de encurtar os espaços e inibir a força criativa no toque de bola espanhol.
Esse foi o segundo 0a0 na Euro 2012 (curiosamente, o outro aconteceu exatamente na partida anterior a essa, entre Inglaterra e Itália, na fase quartas-de-final). Porém, diferentemente daquele jogo, este entre Portugal e Espanha não teve tantas chances de gol e muito menos uma equipe estabelecendo amplo domínio sobre a outra. O motivo maior, insisto, me parece ter sido a aplicação tática e resistência física dos portugueses.
O jogo
Para quem gosta de uma surpresa, Vicente del Bosque é mestre. Pairava uma dúvida sobre se o técnico espanhol utilizaria Francesc Fàbregas ou Fernando Torres entre os onze iniciais e eis que o escolhido foi Álvaro Negredo. Uma aposta que se mostraria mal-sucedida, apesar dos esforços do atacante, que procurou se movimentar e ajudar seus companheiros, mas acabou atuando mais fora da área do que dentro, não finalizando nenhuma vez e jogando um tanto fora de suas características - certamente, mais por necessidade das circunstâncias do que por preferência do atacante.
Foi numa das boas aparições de Negredo que pintou a maior chance de gol no primeiro tempo de partida: ele foi lançado aos vinte e oito minutos, pegou a bola na direita, chegou até a linha-de-fundo, tocou para Xavi Hernández e deste saiu passe para Andrés Iniesta, que colocou a bola por cobertura e quase marcou bonito gol, mas a redonda só encostou na rede pelo lado externo. Dois minutos depois, aos trinta, Portugal esteve próximo de marcar através de Cristiano Ronaldo, que recebeu bola recuperada por João Moutinho e chutou perto da trave esquerda.
O jogo foi para o intervalo sem que nenhum dos dois goleiros defendesse um chute sequer - as intervenções de Iker Casillas e Rui Patrício foram basicamente em lances de cruzamento ou para recolher tentativas de enfiadas de bola. No segundo tempo, aos oito, Del Bosque trocou Negredo por Cesc Fàbregas, retornando a uma formação utilizada em outras partidas no torneio. Aos catorze, colocou Jesús Navas no lugar de David Silva. E o jogo ficou mais movimentado a partir de então, embora sem necessariamente grandes oportunidades de balançar as redes. Aos dezoito, uma rápida tabela entre Fàbregas e Iniesta ia deixando Cesc na cara do gol, mas João Pereira cometeu falta agarrando o camisa dez e recebendo cartão amarelo - grosso modo, foi algo como trocar um gol por um cartão. Aos vinte e dois, Xavi chutou à meia-altura de fora da área e Rui Patrício praticou a primeira defesa de uma finalização na partida, fato que mostrava como a marcação portuguesa era firme e funcional. Só que o sistema defensivo dos comandados de Paulo Bento não é digno de apenas elogios - há que se criticar o excesso no número de entradas faltosas, muitas delas com força excessiva, notadamente quando o truculento zagueiro Bruno Alves saltava na disputa aérea. No voluntarioso selecionado português, até o centroavante Hugo Almeida era elemento participativo na defesa, ajudando a afastar algumas bolas que rondavam a meta lusitana. Aos trinta e cinco, provavelmente por cansaço, Almeida foi substituído por Nélson Oliveira.
Se naquele momento Paulo Bento realizava sua primeira substituição na partida, seis minutos depois Del Bosque faria a última a que tinha direito: saiu Xavi, entrou Pedro Rodríguez. Mas a melhor chance de mexer no placar no final do jogo foi portuguesa: aos quarenta e quatro, um contra-ataque veloz chegou até Raul Meireles e do meio-campista chegou até Cristiano, que estava posicionado à esquerda e com relativa liberdade - chutou por cima e desperdiçou a oportunidade.
Os dados estatísticos divulgados após o apito final apontavam 57% do tempo de posse de bola pertencente à Espanha, que acertou 75% dos 489 passes tentados, enquanto Portugal teve um índice de acerto de 65% num universo de 279 trocas de passe. Mas uma estatística os portugueses lideravam: a de faltas cometidas. Foram 24 para 17 sofridas.
Teve vez a prorrogação e com ela o jogo espanhol passou a fluir melhor, notadamente pelos flancos do gramado e sobretudo pelo lado esquerdo. Era por ali que atuavam Pedro e o lateral Jordi Alba, que subiu bastante de produção após a terceira modificação feita por Del Bosque. Aos treze minutos, Navas tinha a bola pela direita e, no que me pareceu uma tentativa de rematar em gol, acabou involuntariamente invertendo o jogo para a esquerda. A bola chegou em Pedro, que protagonizou a mais bela jogada de efeito na partida aplicando dois balões na marcação - na seqüência, bola para Alba e cruzamento rasteiro, que Iniesta completou e Rui Patrício interviu brilhantemente para espalmar à esquerda. Dois minutos mais tarde, aos quinze, Sergio Ramos cobrou uma das dezenas de falta sofridas pelos espanhóis e quase acertou o ângulo direito, num foguete que passou perto do ferro.
No rápido intervalo, Bento trocou Miguel Veloso por Custódio Castro, naquela que era a segunda modificação no Portugal. Teve início o segundo tempo na prorrogação e aos trinta e oito segundos Téo José soltou a frase: "toca a bola a equipe do Barça". Ato falho, mas nem tanto, dada a semelhança do uso da posse entre o melhor time e a melhor seleção na atualidade. Aos cinco minutos, Navas recebeu pela direita e descolou chute cruzado que tinha o endereço da rede, mas Rui Patrício conseguiu colocar a mão direita no caminho e rebateu o remate, contando ainda com a ajuda de Pepe, que fez a proteção no rebote e permitiu que o goleiro agarrasse em definitivo. Aos sete minutos, Paulo Bento mexeu pela última vez e teve a ousadia de trocar Meireles por um atacante, colocando em campo Silvestre Varela. A partir daí, apareceram mais espaços para a seleção espanhola trabalhar a bola e surgiram pelo menos duas boas oportunidades de gol. Aos oito, Cesc deu para Pedro pelo lado esquerdo nas costas da defesa, o atacante avançou, cortou para a direita como quem preparava para a finalização e Fábio Coentrão apareceu para afastar. Aos doze, Alba cruzou da esquerda e Pepe cortou antes que a bola chegasse em Fàbregas.
O apito final do árbitro turco Cüneyt Çakin soou dois segundos antes da marca de 15 minutos regulamentares, o que deve ter sido um alívio para a seleção portuguesa, já que naquele momento o jogo tinha contornos muito mais favoráveis aos espanhóis.
Entre as três barras de ferro, estavam Rui Patrício e Iker Casillas. O goleiro português tem uma marca espetacular com a camisa do Sporting: defendeu 9 de 19 cobranças de pênaltis. O goleiro espanhol dispensa adjetivos, tendo terminado o quarto jogo consecutivo na Euro sem ser vazado (só sofreu gol na estréia, marcado por Antonio di Natale).
E os goleiros brilharam já na primeira série de cobranças: Patrício pegou o chute de Xabi Alonso no canto esquerdo e Casillas impediu que o chute de Moutinho entrasse no canto direito. Na segunda e terceira séries, dois gols para cada lado: primeiro, Iniesta marcou para a Espanha (quadrante 14) e Pepe para o Portugal (quadrante 11, com Casillas chegando perto da bola); depois, Piqué marcou para os espanhóis (cobrança parecida com a de Pepe) e Nani para os portugueses (cobrou no alto, estufando a rede no quadrante 2). De cavadinha, Sergio Ramos mandou a bola no quadrante 9, marcando naquele momento 3a2 para a Espanha. Bruno Alves, que mais bateu do que jogou, carimbou o travessão na proximidade da trave esquerda. Quiseram os deuses do futebol que a cobrança da classificação espanhola caísse nos pés de Fàbregas, o mesmo a converter o chute derradeiro nas penalidades da Euro 2008, no confronto de quartas-de-final diante da Itália. E, novamente, Cesc e a Espanha foram bem-sucedidos: o chute do camisa 10 bateu na trave direita antes de entrar, sem dar chance de defesa para o goleiro Rui Patrício, que até acertou o canto mas não pôde evitar a festa espanhola. Agora, que venha o vencedor de Alemanha e Itália.
Esse foi o segundo 0a0 na Euro 2012 (curiosamente, o outro aconteceu exatamente na partida anterior a essa, entre Inglaterra e Itália, na fase quartas-de-final). Porém, diferentemente daquele jogo, este entre Portugal e Espanha não teve tantas chances de gol e muito menos uma equipe estabelecendo amplo domínio sobre a outra. O motivo maior, insisto, me parece ter sido a aplicação tática e resistência física dos portugueses.
O jogo
Para quem gosta de uma surpresa, Vicente del Bosque é mestre. Pairava uma dúvida sobre se o técnico espanhol utilizaria Francesc Fàbregas ou Fernando Torres entre os onze iniciais e eis que o escolhido foi Álvaro Negredo. Uma aposta que se mostraria mal-sucedida, apesar dos esforços do atacante, que procurou se movimentar e ajudar seus companheiros, mas acabou atuando mais fora da área do que dentro, não finalizando nenhuma vez e jogando um tanto fora de suas características - certamente, mais por necessidade das circunstâncias do que por preferência do atacante.
Foi numa das boas aparições de Negredo que pintou a maior chance de gol no primeiro tempo de partida: ele foi lançado aos vinte e oito minutos, pegou a bola na direita, chegou até a linha-de-fundo, tocou para Xavi Hernández e deste saiu passe para Andrés Iniesta, que colocou a bola por cobertura e quase marcou bonito gol, mas a redonda só encostou na rede pelo lado externo. Dois minutos depois, aos trinta, Portugal esteve próximo de marcar através de Cristiano Ronaldo, que recebeu bola recuperada por João Moutinho e chutou perto da trave esquerda.
O jogo foi para o intervalo sem que nenhum dos dois goleiros defendesse um chute sequer - as intervenções de Iker Casillas e Rui Patrício foram basicamente em lances de cruzamento ou para recolher tentativas de enfiadas de bola. No segundo tempo, aos oito, Del Bosque trocou Negredo por Cesc Fàbregas, retornando a uma formação utilizada em outras partidas no torneio. Aos catorze, colocou Jesús Navas no lugar de David Silva. E o jogo ficou mais movimentado a partir de então, embora sem necessariamente grandes oportunidades de balançar as redes. Aos dezoito, uma rápida tabela entre Fàbregas e Iniesta ia deixando Cesc na cara do gol, mas João Pereira cometeu falta agarrando o camisa dez e recebendo cartão amarelo - grosso modo, foi algo como trocar um gol por um cartão. Aos vinte e dois, Xavi chutou à meia-altura de fora da área e Rui Patrício praticou a primeira defesa de uma finalização na partida, fato que mostrava como a marcação portuguesa era firme e funcional. Só que o sistema defensivo dos comandados de Paulo Bento não é digno de apenas elogios - há que se criticar o excesso no número de entradas faltosas, muitas delas com força excessiva, notadamente quando o truculento zagueiro Bruno Alves saltava na disputa aérea. No voluntarioso selecionado português, até o centroavante Hugo Almeida era elemento participativo na defesa, ajudando a afastar algumas bolas que rondavam a meta lusitana. Aos trinta e cinco, provavelmente por cansaço, Almeida foi substituído por Nélson Oliveira.
Se naquele momento Paulo Bento realizava sua primeira substituição na partida, seis minutos depois Del Bosque faria a última a que tinha direito: saiu Xavi, entrou Pedro Rodríguez. Mas a melhor chance de mexer no placar no final do jogo foi portuguesa: aos quarenta e quatro, um contra-ataque veloz chegou até Raul Meireles e do meio-campista chegou até Cristiano, que estava posicionado à esquerda e com relativa liberdade - chutou por cima e desperdiçou a oportunidade.
Os dados estatísticos divulgados após o apito final apontavam 57% do tempo de posse de bola pertencente à Espanha, que acertou 75% dos 489 passes tentados, enquanto Portugal teve um índice de acerto de 65% num universo de 279 trocas de passe. Mas uma estatística os portugueses lideravam: a de faltas cometidas. Foram 24 para 17 sofridas.
Teve vez a prorrogação e com ela o jogo espanhol passou a fluir melhor, notadamente pelos flancos do gramado e sobretudo pelo lado esquerdo. Era por ali que atuavam Pedro e o lateral Jordi Alba, que subiu bastante de produção após a terceira modificação feita por Del Bosque. Aos treze minutos, Navas tinha a bola pela direita e, no que me pareceu uma tentativa de rematar em gol, acabou involuntariamente invertendo o jogo para a esquerda. A bola chegou em Pedro, que protagonizou a mais bela jogada de efeito na partida aplicando dois balões na marcação - na seqüência, bola para Alba e cruzamento rasteiro, que Iniesta completou e Rui Patrício interviu brilhantemente para espalmar à esquerda. Dois minutos mais tarde, aos quinze, Sergio Ramos cobrou uma das dezenas de falta sofridas pelos espanhóis e quase acertou o ângulo direito, num foguete que passou perto do ferro.
No rápido intervalo, Bento trocou Miguel Veloso por Custódio Castro, naquela que era a segunda modificação no Portugal. Teve início o segundo tempo na prorrogação e aos trinta e oito segundos Téo José soltou a frase: "toca a bola a equipe do Barça". Ato falho, mas nem tanto, dada a semelhança do uso da posse entre o melhor time e a melhor seleção na atualidade. Aos cinco minutos, Navas recebeu pela direita e descolou chute cruzado que tinha o endereço da rede, mas Rui Patrício conseguiu colocar a mão direita no caminho e rebateu o remate, contando ainda com a ajuda de Pepe, que fez a proteção no rebote e permitiu que o goleiro agarrasse em definitivo. Aos sete minutos, Paulo Bento mexeu pela última vez e teve a ousadia de trocar Meireles por um atacante, colocando em campo Silvestre Varela. A partir daí, apareceram mais espaços para a seleção espanhola trabalhar a bola e surgiram pelo menos duas boas oportunidades de gol. Aos oito, Cesc deu para Pedro pelo lado esquerdo nas costas da defesa, o atacante avançou, cortou para a direita como quem preparava para a finalização e Fábio Coentrão apareceu para afastar. Aos doze, Alba cruzou da esquerda e Pepe cortou antes que a bola chegasse em Fàbregas.
O apito final do árbitro turco Cüneyt Çakin soou dois segundos antes da marca de 15 minutos regulamentares, o que deve ter sido um alívio para a seleção portuguesa, já que naquele momento o jogo tinha contornos muito mais favoráveis aos espanhóis.
Entre as três barras de ferro, estavam Rui Patrício e Iker Casillas. O goleiro português tem uma marca espetacular com a camisa do Sporting: defendeu 9 de 19 cobranças de pênaltis. O goleiro espanhol dispensa adjetivos, tendo terminado o quarto jogo consecutivo na Euro sem ser vazado (só sofreu gol na estréia, marcado por Antonio di Natale).
E os goleiros brilharam já na primeira série de cobranças: Patrício pegou o chute de Xabi Alonso no canto esquerdo e Casillas impediu que o chute de Moutinho entrasse no canto direito. Na segunda e terceira séries, dois gols para cada lado: primeiro, Iniesta marcou para a Espanha (quadrante 14) e Pepe para o Portugal (quadrante 11, com Casillas chegando perto da bola); depois, Piqué marcou para os espanhóis (cobrança parecida com a de Pepe) e Nani para os portugueses (cobrou no alto, estufando a rede no quadrante 2). De cavadinha, Sergio Ramos mandou a bola no quadrante 9, marcando naquele momento 3a2 para a Espanha. Bruno Alves, que mais bateu do que jogou, carimbou o travessão na proximidade da trave esquerda. Quiseram os deuses do futebol que a cobrança da classificação espanhola caísse nos pés de Fàbregas, o mesmo a converter o chute derradeiro nas penalidades da Euro 2008, no confronto de quartas-de-final diante da Itália. E, novamente, Cesc e a Espanha foram bem-sucedidos: o chute do camisa 10 bateu na trave direita antes de entrar, sem dar chance de defesa para o goleiro Rui Patrício, que até acertou o canto mas não pôde evitar a festa espanhola. Agora, que venha o vencedor de Alemanha e Itália.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Eurocopa 2012: Pitacos Para As Semifinais
Portugal, Espanha, Alemanha e Itália são as quatro seleções remanescentes de um torneio que começou com dezesseis equipes. E esses conjuntos que compõem as semifinais continentais têm pelo menos uma coisa em comum: chegaram até aqui após jogarem preferencialmente no ataque, eliminando respectivamente a República Tcheca (1a0), a França (2a0), a Grécia (4a2) e a Inglaterra (0a0 e vitória nas penalidades).
Vamos então aos pitacos.
Portugal e Espanha.
Rivais históricos nas disputas de além-mar que datam do século XV, portugueses e espanhóis travam nessa quarta-feira um duelo muito mais nobre: em vez de usurpar a riqueza das nações alheias, vale uma vaga na final do torneio continental. Com uma trinca de meio-campistas que vem funcionando muito bem - Miguel Veloso, João Moutinho e Raul Meireles foram fundamentais para o domínio estabelecido diante dos tchecos na última eliminatória -, a equipe comandada por Paulo Bento tem nos pontas Nani e Cristiano Ronaldo um ótimo recurso para contra-atacar a Espanha. Sim, contra-atacar, porque tudo leva a crer que a posse de bola será majoritariamente dos comandados de Vicente del Bosque, favoritos para partir em direção ao bicampeonato. Será particularmente interessante ver como serão os duelos entre Cristiano e os adversários, muitos deles ou companheiros de Real Madrid, ou costumeiros oponentes de Barcelona. Pitaco: dá Espanha.
Alemanha e Itália.
Sete títulos mundiais dentro de campo. Precisa dizer mais alguma coisa? Talvez precise: em 2006, ano do tetra italiano, a adversária na fase semifinal foi a Alemanha, anfitriã naquela Copa do Mundo. Não que necessariamente isso fomente um clima de revanche, mas sem dúvida é um atrativo a mais para um duelo que tem tudo para ser dos mais interessantes. A Itália, acostumada a basear seu jogo numa defesa forte, mostrou na última partida que a equipe comandada por Cesare Prandelli é algo mais do que um consistente sistema defensivo, criando dezenas de oportunidades diante dos ingleses. Já Joachim Löw, sujeito que considero dos mais revolucionários em atividade no futebol, mudou um time com 100% de aproveitamento e deu a ele aquela face vista ao longo da Copa 2010, na África do Sul. Face que encanta qualquer amante do futebol e que surpreende aqueles acostumados a ver, historicamente, uma Alemanha truculenta e pragmática - a equipe de Löw é rápida, entrosada e envolvente. Pitaco: dá Alemanha.
Vamos então aos pitacos.
Portugal e Espanha.
Rivais históricos nas disputas de além-mar que datam do século XV, portugueses e espanhóis travam nessa quarta-feira um duelo muito mais nobre: em vez de usurpar a riqueza das nações alheias, vale uma vaga na final do torneio continental. Com uma trinca de meio-campistas que vem funcionando muito bem - Miguel Veloso, João Moutinho e Raul Meireles foram fundamentais para o domínio estabelecido diante dos tchecos na última eliminatória -, a equipe comandada por Paulo Bento tem nos pontas Nani e Cristiano Ronaldo um ótimo recurso para contra-atacar a Espanha. Sim, contra-atacar, porque tudo leva a crer que a posse de bola será majoritariamente dos comandados de Vicente del Bosque, favoritos para partir em direção ao bicampeonato. Será particularmente interessante ver como serão os duelos entre Cristiano e os adversários, muitos deles ou companheiros de Real Madrid, ou costumeiros oponentes de Barcelona. Pitaco: dá Espanha.
Alemanha e Itália.
Seleção Das Quartas-de-final Na Eurocopa 2012
Foram quatro jogos interessantes para decidir os semifinalistas na Eurocopa 2012. Nas quatro partidas, venceram as equipes que mais atacaram durante os 90 minutos (ou 120, no caso da Itália).
Desta forma, aumentam as chances de termos dois grandes jogos para definir os finalistas na mais forte competição de seleções do mundo excetuando o Mundial.
Dos nove gols anotados na fase quartas-de-final, sete aconteceram no segundo tempo dos jogos (somente o alemão Philipp Lahm e o espanhol Xabi Alonso marcaram antes do intervalo).
Seleção das quartas-de-final na Eurocopa 2012
(Formação 4-3-2-1)
Ginaluigi Buffon (Itália)
Glen Johnson (Inglaterra)
John Terry (Inglaterra)
Laurent Koscielny (França)
Jordi Alba (Espanha)
Raul Meireles (Portugal)
Sami Khedira (Alemanha)
Xabi Alonso (Espanha)
Mesut Özil (Alemanha)
Cristiano Ronaldo (Portugal)
Marco Reus (Alemanha)
Técnico: Joachim Löw (Alemanha)
Destaque: Sami Khedira (Alemanha)
Desta forma, aumentam as chances de termos dois grandes jogos para definir os finalistas na mais forte competição de seleções do mundo excetuando o Mundial.
Dos nove gols anotados na fase quartas-de-final, sete aconteceram no segundo tempo dos jogos (somente o alemão Philipp Lahm e o espanhol Xabi Alonso marcaram antes do intervalo).
Seleção das quartas-de-final na Eurocopa 2012
(Formação 4-3-2-1)
Ginaluigi Buffon (Itália)
Glen Johnson (Inglaterra)
John Terry (Inglaterra)
Laurent Koscielny (França)
Jordi Alba (Espanha)
Raul Meireles (Portugal)
Sami Khedira (Alemanha)
Xabi Alonso (Espanha)
Mesut Özil (Alemanha)
Cristiano Ronaldo (Portugal)
Marco Reus (Alemanha)
Técnico: Joachim Löw (Alemanha)
Destaque: Sami Khedira (Alemanha)
O técnico alemão Joachim Löw mexeu na equipe em relação às escalações vistas na fase de grupos e o que se viu foi uma Alemanha encantadora, fortalecida pela ótima participação do versátil Sami Khedira, elemento que protegia a defesa e se apresentava ao ataque com grande qualidade - marcou um dos gols mais bonitos da Euro 2012, ao emendar de primeira uma bola cruzada na área. Única com 100% de aproveitamento, a Alemanha parece ter encontrado o caminho do título.
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segunda-feira, 25 de junho de 2012
Itália Domina Inglaterra Mas Só Consegue Classificação Nas Penalidades
O estádio olímpico de Kiev, palco da final na Eurocopa 2012 no próximo domingo, sediou uma partida de quartas-de-final que, a julgar pela qualidade do jogo, poderia tranqüilamente ter sido a grande decisão da competição. Não que o estilo de jogo de Itália e Inglaterra me encante, mas a sucessão de acontecimentos foi deliciosa e fica realmente a sensação de que, com uma semana de antecipação, tivemos um encontro com cara de final de Euro.
Curiosamente, uma partida recheada de emoções, finalizações, jogadas de efeito, correria e entrega marcou o primeiro zero a zero na atual edição do torneio. Se todo zero a zero fosse assim, sinceramente, o gol não faria falta ao futebol.
O jogo
Os quatro primeiros minutos de jogo foram mais expressivos do que partidas inteiras pelo mundo a fora. Pode parecer exagero, mas era como se fosse possível sentir a vibração dos jogadores no desenvolvimento de jogadas muito bem elaboradas e executadas. Com dois minutos, Daniele de Rossi descolou remate maravilhoso, pegando de primeira com a parte externa do pé e encaminhando a bola à trave direita de Joe Hart, que saltou bem mas sem condições de tocá-la. Se entra, cravaria como o mais belo gol da Euro. A Inglaterra respondeu à altura, de um jeito nada parecido com o que os ingleses vinham jogando - o que é ótimo para o espetáculo -, e, após rápida troca de passes pelo chão, Glen Johnson recebeu de frente para o gol, na pequena área, e chutou tirando do goleiro. Mas o goleiro era Ginaluigi Buffon, que conseguiu, sabe Deus como, esticar o braço esquerdo e colocar a mão no percurso da bola, bloqueando o remate e, na seqüência, defendendo em definitivo.
O duelo era bastante movimentado, fazendo valer ao fanático por futebol passar a madrugada em claro a fim de acompanhar o VT desse jogaço (a televisão aberta brasileira cometeu a infração de não transmitir essa partida ao vivo, dando preferência à sexta rodada de um Campeonato Brasileiro longe de engrenar). Os ingleses marcavam presença no campo de ataque e a atuação de Johnson era determinante para envolver a defesa italiana - o lateral-direito apoiava com grande qualidade e encontrava espaços para trabalhar a bola, além de ajudar a defesa quando fosse necessário. Aos catorze, um cruzamento (melhor dizendo, passe pelo alto) dado por Johnson permitiu que Wayne Rooney cabeceasse em ótimas condições, mas a finalização passou por cima.
Diferentemente do que foi visto na fase de grupos, a Itália jogava com De Rossi a frente da linha de defesa, auxiliando a criação de jogadas com Andrea Pirlo, Claudio Marchisio e Riccardo Montolivo, formando um meio-campo voluntarioso e coeso. Desses quatro, Montolivo conseguia se destacar, descolando pelo menos dois passes magistrais no intuito de servir seus companheiros. Aos dezessete, ele pegou de primeira para acionar Antonio Cassano nas costas da defesa inglesa, mas Hart estava atento e conseguiu fazer a interceptação.
As duas linhas de quatro escaladas por Roy Hodgson funcionavam bem, dando uma consistência defensiva que complicava as investidas italianas. Porém, a Azzurra encontrou uma brecha aos vinte e cinco: Mario Balotelli recebeu em posição legal, arrancou em liberdade e, no momento da definição do lance, foi surpreendido pela intervenção providencial de John Terry, que evitou a tentativa do toque de cobertura colocando o corpo na frente da bola. Aos trinta e um, um novo belo passe de Montolivo serviu Balotelli, que pegou de voleio e parou em defesa de Hart.
A Itália ainda levaria perigo por mais duas vezes no primeiro tempo, em ambas com participação de Cassano. Aos trinta e sete, ele chutou de fora da área e Hart defendeu em dois tempos. Aos quarenta, Pirlo lançou, Cassano ajeitou de cabeça e Balotelli completou para fora.
O segundo tempo teve início com uma linda jogada de James Milner pela direita, que terminou em cruzamento afastado por Ignazio Abate. Mas os comandados de Cesare Prandelli logo assumiriam o controle do jogo para, dali em diante, ditar o ritmo dos acontecimentos. Aos dois, De Rossi recebeu de Marchisio e finalizou para fora, desperdiçando ótima oportunidade, livre na pequena área. Aos seis, Hart rebateu remate de Balotelli e Montolivo completou, mandando por cima. Aos catorze, Balotelli voltou a aparecer ao tentar de bicicleta, mas a bola subiu mais do que o atacante gostaria.
Assistindo o English Team ser pressionado, Hodgson tratou de agir e realizou duas substituições simultâneas: aos quinze minutos, saíram James Milner e Danny Welbeck, entraram Theo Walcott e Andy Carroll. E a alteração por muito pouco não deu resultado prático quatro minutos depois de sua ocorrência: Walcott avançou pela direita, cruzou e Carroll quase conseguiu cabecear antes que a bola ultrapassasse a linha final.
Apesar daquele lance de ataque, a Inglaterra foi novamente se vendo dominada territorialmente e atuando basicamente no campo de defesa e sem a posse de bola. A velocidade de Walcott e a presença de área de Carroll quase não tinham mais qualquer serventia a uma equipe arrumada de modo a reduzir os espaços a um adversário que a todo momento esboçava infiltrar em sua defesa. Mas a Itália esbarrava nas geométricas linhas quádruplas inglesas, sem conseguir transpô-las. Faltava inspiração a Pirlo e disposição a Cassano, um herói por conseguir jogar tão intensamente meses após sofrer uma cirurgia no coração. Prandelli, então, mexeu na equipe. Aos trinta e dois, trocou Cassano por Alessandro Diamanti. Dois minutos depois, colocou Antonio Nocerino no lugar de De Rossi, em substiuição inteligente na medida em que aumentava a aproximação do meio para o ataque. Por questões clínicas, Prandelli teve que gastar a terceira substituição nos acréscimos: machucado, Abate, que participou bastante do jogo no segundo tempo, deu lugar para Maggio. Aos quarenta e três, Nocerino recebeu no ataque mas teve o chute travado por Johnson. A Inglaterra, que tanto se defendia, quase marcou no finalzinho: Ashley Cole cruzou, Carroll ajeitou de cabeça e Rooney deu de bicicleta, para fora.
Veio a prorrogação e a Itália conseguiu dar seqüência ao grande volume de jogo visto no tempo regulamentar. Hodgson tinha uma dificuldade a mais, pois Steven Gerrard mal conseguia andar de tantas dores - num determinado momento, chegou a cair no gramado dando sinais de cãimbras. Só que o capitão inglês permaneceu em campo, o que só faz aumentar a admiração por esse atleta, que honra a braçadeira que envolvia seu braço - a última substituição de Hodgson envolveu a saída de Scott Parker para a entrada de Jordan Henderson. Aos dez minutos, teve a vez a maior chance de gol do primeiro tempo da prorrogação: Diamanti colocou na área a partir do lado direito, ninguém desviou e a bola encontrou a trave direita.
Veio o segundo tempo e, de uma vez por todas, o desenho do jogo era nítido como os uniformes monocromáticos das seleções em campo: os de azul atacavam, os de branco defendiam. Aos nove, saiu o gol: Diamanti cruzou da direita e Nocerino cabeceou para a rede. Mas o auxiliar que acompanhava o lance foi preciso ao acusar impedimento no lance, mantendo o placar zerado.
Nos pênaltis, os deuses do futebol confirmaram duas coisas numa tacada só: [1] a "sina" inglesa de não se dar bem nesse tipo de disputa (esse foi a sexta eliminação nessas condições nos últimos vinte e dois anos) e [2] a superioridade italiana ao longo dos mais de 120 minutos (foram cerca de trinta e cinco finalizações para uma equipe e nove para outra, além da grande diferença na posse de bola: 63% a 37%).
As cobranças se sucederam com Balotelli, Gerrard (sim, ele ainda abriu as cobranças inglesas!), Montolivo e Rooney mandando no canto direito - Montolivo acabou mandando pouco além do limite da baliza, desperdiçando. A terceira série foi aberta com a Itália em desvantagem no placar (1a2), mas nem por isso o experiente Pirlo se intimidou, esbanjando frieza e categoria ao dar uma cavadinha no centro da meta. Ashley Young, por sua vez, tinha o semblante tenso ao partir para a bola e acabou enviando a redonda ao travessão. Depois, Nocerino marcou para a Itália e Gianluigi Buffon segurou a cobrança do outro Ashley - Cole, que escolheu o lado esquerdo. Coube a Diamanti a cobrança derradeira, promovendo uma festa no gramado digna de campeões. Aliás, o último título italiano foi na Copa 2006, em disputa de penalidades. Penalidades, palavra que deve causar más recordações aos ingleses, eliminados da Euro 2012 de maneira invicta.
Outros resultados
Quinta-feira, 21.06.2012
República Tcheca 0a1 Portugal
Sexta-feira, 22.06.2012
Alemanha 4a2 Grécia
Sábado, 23.06.2012
Espanha 2a0 França
Curiosamente, uma partida recheada de emoções, finalizações, jogadas de efeito, correria e entrega marcou o primeiro zero a zero na atual edição do torneio. Se todo zero a zero fosse assim, sinceramente, o gol não faria falta ao futebol.
O jogo
Os quatro primeiros minutos de jogo foram mais expressivos do que partidas inteiras pelo mundo a fora. Pode parecer exagero, mas era como se fosse possível sentir a vibração dos jogadores no desenvolvimento de jogadas muito bem elaboradas e executadas. Com dois minutos, Daniele de Rossi descolou remate maravilhoso, pegando de primeira com a parte externa do pé e encaminhando a bola à trave direita de Joe Hart, que saltou bem mas sem condições de tocá-la. Se entra, cravaria como o mais belo gol da Euro. A Inglaterra respondeu à altura, de um jeito nada parecido com o que os ingleses vinham jogando - o que é ótimo para o espetáculo -, e, após rápida troca de passes pelo chão, Glen Johnson recebeu de frente para o gol, na pequena área, e chutou tirando do goleiro. Mas o goleiro era Ginaluigi Buffon, que conseguiu, sabe Deus como, esticar o braço esquerdo e colocar a mão no percurso da bola, bloqueando o remate e, na seqüência, defendendo em definitivo.
O duelo era bastante movimentado, fazendo valer ao fanático por futebol passar a madrugada em claro a fim de acompanhar o VT desse jogaço (a televisão aberta brasileira cometeu a infração de não transmitir essa partida ao vivo, dando preferência à sexta rodada de um Campeonato Brasileiro longe de engrenar). Os ingleses marcavam presença no campo de ataque e a atuação de Johnson era determinante para envolver a defesa italiana - o lateral-direito apoiava com grande qualidade e encontrava espaços para trabalhar a bola, além de ajudar a defesa quando fosse necessário. Aos catorze, um cruzamento (melhor dizendo, passe pelo alto) dado por Johnson permitiu que Wayne Rooney cabeceasse em ótimas condições, mas a finalização passou por cima.
Diferentemente do que foi visto na fase de grupos, a Itália jogava com De Rossi a frente da linha de defesa, auxiliando a criação de jogadas com Andrea Pirlo, Claudio Marchisio e Riccardo Montolivo, formando um meio-campo voluntarioso e coeso. Desses quatro, Montolivo conseguia se destacar, descolando pelo menos dois passes magistrais no intuito de servir seus companheiros. Aos dezessete, ele pegou de primeira para acionar Antonio Cassano nas costas da defesa inglesa, mas Hart estava atento e conseguiu fazer a interceptação.
As duas linhas de quatro escaladas por Roy Hodgson funcionavam bem, dando uma consistência defensiva que complicava as investidas italianas. Porém, a Azzurra encontrou uma brecha aos vinte e cinco: Mario Balotelli recebeu em posição legal, arrancou em liberdade e, no momento da definição do lance, foi surpreendido pela intervenção providencial de John Terry, que evitou a tentativa do toque de cobertura colocando o corpo na frente da bola. Aos trinta e um, um novo belo passe de Montolivo serviu Balotelli, que pegou de voleio e parou em defesa de Hart.
A Itália ainda levaria perigo por mais duas vezes no primeiro tempo, em ambas com participação de Cassano. Aos trinta e sete, ele chutou de fora da área e Hart defendeu em dois tempos. Aos quarenta, Pirlo lançou, Cassano ajeitou de cabeça e Balotelli completou para fora.
O segundo tempo teve início com uma linda jogada de James Milner pela direita, que terminou em cruzamento afastado por Ignazio Abate. Mas os comandados de Cesare Prandelli logo assumiriam o controle do jogo para, dali em diante, ditar o ritmo dos acontecimentos. Aos dois, De Rossi recebeu de Marchisio e finalizou para fora, desperdiçando ótima oportunidade, livre na pequena área. Aos seis, Hart rebateu remate de Balotelli e Montolivo completou, mandando por cima. Aos catorze, Balotelli voltou a aparecer ao tentar de bicicleta, mas a bola subiu mais do que o atacante gostaria.
Assistindo o English Team ser pressionado, Hodgson tratou de agir e realizou duas substituições simultâneas: aos quinze minutos, saíram James Milner e Danny Welbeck, entraram Theo Walcott e Andy Carroll. E a alteração por muito pouco não deu resultado prático quatro minutos depois de sua ocorrência: Walcott avançou pela direita, cruzou e Carroll quase conseguiu cabecear antes que a bola ultrapassasse a linha final.
Apesar daquele lance de ataque, a Inglaterra foi novamente se vendo dominada territorialmente e atuando basicamente no campo de defesa e sem a posse de bola. A velocidade de Walcott e a presença de área de Carroll quase não tinham mais qualquer serventia a uma equipe arrumada de modo a reduzir os espaços a um adversário que a todo momento esboçava infiltrar em sua defesa. Mas a Itália esbarrava nas geométricas linhas quádruplas inglesas, sem conseguir transpô-las. Faltava inspiração a Pirlo e disposição a Cassano, um herói por conseguir jogar tão intensamente meses após sofrer uma cirurgia no coração. Prandelli, então, mexeu na equipe. Aos trinta e dois, trocou Cassano por Alessandro Diamanti. Dois minutos depois, colocou Antonio Nocerino no lugar de De Rossi, em substiuição inteligente na medida em que aumentava a aproximação do meio para o ataque. Por questões clínicas, Prandelli teve que gastar a terceira substituição nos acréscimos: machucado, Abate, que participou bastante do jogo no segundo tempo, deu lugar para Maggio. Aos quarenta e três, Nocerino recebeu no ataque mas teve o chute travado por Johnson. A Inglaterra, que tanto se defendia, quase marcou no finalzinho: Ashley Cole cruzou, Carroll ajeitou de cabeça e Rooney deu de bicicleta, para fora.
Veio a prorrogação e a Itália conseguiu dar seqüência ao grande volume de jogo visto no tempo regulamentar. Hodgson tinha uma dificuldade a mais, pois Steven Gerrard mal conseguia andar de tantas dores - num determinado momento, chegou a cair no gramado dando sinais de cãimbras. Só que o capitão inglês permaneceu em campo, o que só faz aumentar a admiração por esse atleta, que honra a braçadeira que envolvia seu braço - a última substituição de Hodgson envolveu a saída de Scott Parker para a entrada de Jordan Henderson. Aos dez minutos, teve a vez a maior chance de gol do primeiro tempo da prorrogação: Diamanti colocou na área a partir do lado direito, ninguém desviou e a bola encontrou a trave direita.
Veio o segundo tempo e, de uma vez por todas, o desenho do jogo era nítido como os uniformes monocromáticos das seleções em campo: os de azul atacavam, os de branco defendiam. Aos nove, saiu o gol: Diamanti cruzou da direita e Nocerino cabeceou para a rede. Mas o auxiliar que acompanhava o lance foi preciso ao acusar impedimento no lance, mantendo o placar zerado.
Nos pênaltis, os deuses do futebol confirmaram duas coisas numa tacada só: [1] a "sina" inglesa de não se dar bem nesse tipo de disputa (esse foi a sexta eliminação nessas condições nos últimos vinte e dois anos) e [2] a superioridade italiana ao longo dos mais de 120 minutos (foram cerca de trinta e cinco finalizações para uma equipe e nove para outra, além da grande diferença na posse de bola: 63% a 37%).
As cobranças se sucederam com Balotelli, Gerrard (sim, ele ainda abriu as cobranças inglesas!), Montolivo e Rooney mandando no canto direito - Montolivo acabou mandando pouco além do limite da baliza, desperdiçando. A terceira série foi aberta com a Itália em desvantagem no placar (1a2), mas nem por isso o experiente Pirlo se intimidou, esbanjando frieza e categoria ao dar uma cavadinha no centro da meta. Ashley Young, por sua vez, tinha o semblante tenso ao partir para a bola e acabou enviando a redonda ao travessão. Depois, Nocerino marcou para a Itália e Gianluigi Buffon segurou a cobrança do outro Ashley - Cole, que escolheu o lado esquerdo. Coube a Diamanti a cobrança derradeira, promovendo uma festa no gramado digna de campeões. Aliás, o último título italiano foi na Copa 2006, em disputa de penalidades. Penalidades, palavra que deve causar más recordações aos ingleses, eliminados da Euro 2012 de maneira invicta.
Outros resultados
Quinta-feira, 21.06.2012
República Tcheca 0a1 Portugal
Sexta-feira, 22.06.2012
Alemanha 4a2 Grécia
Sábado, 23.06.2012
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Dentro De Casa, Botafogo Cai Da Ponte
O duelo alvinegro entre Botafogo e Ponte Preta, jogado na noite desse domingo no estádio Rio (vulgo Engenhão) terminou com a primeira vitória de um clube paulista sobre um carioca nessa edição de Campeonato Brasileiro. O resultado mantém o Fogão numa oscilação dentro do torneio e representa a segunda vitória consecutiva da Macaca na competição. Ambas as equipes estão com nove pontos (o Botafogo terminou a sexta rodada em sétimo lugar e a Ponte Preta na décima colocação).
O jogo
Vivendo uma semana agitada nos bastidores - especulam-se as saídas de Maicosuel, Germán Herrera e Sebastian "El Loco" Abreu -, o Botafogo recebeu a Ponte Preta no Rio de Janeiro e desde o início teve dificuldades em transformar a posse de bola em chance de gol. De quebra, ainda viu o adversário abrir o placar aos quinze minutos: após erro de Márcio Azevedo na altura do meio do campo, Nikão foi lançado por Lucas, driblou o goleiro Jéfferson e mandou para a rede.
A equipe da casa buscava o empate e tocava a bola, mas esbarrava tanto na atuação confusa do árbitro Evandro Rogério Roman (bastante perdido na parte disciplinar) quanto na própria incapacidade de servir os homens de frente (Abreu era figura "engolida" entre oz zagueiros pontepretanos). De toda forma, o Botafogo conseguiu empatar a partida antes do intervalo: aos quarenta e três, Márcio Azevedo caiu em disputa com Tiago Alves e foi marcada penalidade máxima. Gerlamente quem cobra pênalti no Botafogo é o camisa treze uruguaio, mas dessa vez a bola ficou com Andrezinho, que colocou no canto esquerdo. 1a1.
O segundo tempo teve início com uma mudança feita no intervalo: Oswaldo de Oliveira trocou Jádson por Lucas Zen. O Botafogo atacava e esboçava chegar à virada, mas aos oito minutos, uma saída veloz da equipe visitante recolocou a Ponte em vantagem: Ricardinho recebeu de Nikão e chutou forte, cruzado, estufando a rede no canto esquerdo.
O time comandado por Gílson Kleina conseguia impedir o adversário de infiltrar em sua defesa ao mesmo tempo que, quando com a posse de bola, mostrava objetividade a ponto de ensaiar chegar ao terceiro gol. Oswaldo mudou o time mais uma vez, trocando Abreu por Elkeson na tentativa de ganhar velocidade no ataque. Acontece que Elkeson não entrou bem no jogo e a equipe ainda perdeu uma referência na área.
A Ponte fazia o cronômetro correr da forma menos esportiva possível: com os jogadores caindo no gramado solicitando atendimento médico. Era só sair da maca que o atleta corria para retornar ao gramado. A entrada de Maicosuel no lugar de Fellype Gabriel aumentou a dinâmica ofensiva botafoguense, mas o dia era mesmo da defesa, que seguiu cumprindo seu papel e neutralizando as jogadas de ataque adversárias, segurando o resultado até o apito final.
O Botafogo só volta a campo no dia sete, quando recebe o Bahia (jogaria dia trinta em São Paulo, mas o Corinthians, finalista na Libertadores, conseguiu adiar a partida). A Ponte corre atrás da terceira vitória consecutiva diante do Vasco, dia 30, novamente no Rio de Janeiro.
O jogo
Vivendo uma semana agitada nos bastidores - especulam-se as saídas de Maicosuel, Germán Herrera e Sebastian "El Loco" Abreu -, o Botafogo recebeu a Ponte Preta no Rio de Janeiro e desde o início teve dificuldades em transformar a posse de bola em chance de gol. De quebra, ainda viu o adversário abrir o placar aos quinze minutos: após erro de Márcio Azevedo na altura do meio do campo, Nikão foi lançado por Lucas, driblou o goleiro Jéfferson e mandou para a rede.
A equipe da casa buscava o empate e tocava a bola, mas esbarrava tanto na atuação confusa do árbitro Evandro Rogério Roman (bastante perdido na parte disciplinar) quanto na própria incapacidade de servir os homens de frente (Abreu era figura "engolida" entre oz zagueiros pontepretanos). De toda forma, o Botafogo conseguiu empatar a partida antes do intervalo: aos quarenta e três, Márcio Azevedo caiu em disputa com Tiago Alves e foi marcada penalidade máxima. Gerlamente quem cobra pênalti no Botafogo é o camisa treze uruguaio, mas dessa vez a bola ficou com Andrezinho, que colocou no canto esquerdo. 1a1.
O segundo tempo teve início com uma mudança feita no intervalo: Oswaldo de Oliveira trocou Jádson por Lucas Zen. O Botafogo atacava e esboçava chegar à virada, mas aos oito minutos, uma saída veloz da equipe visitante recolocou a Ponte em vantagem: Ricardinho recebeu de Nikão e chutou forte, cruzado, estufando a rede no canto esquerdo.
O time comandado por Gílson Kleina conseguia impedir o adversário de infiltrar em sua defesa ao mesmo tempo que, quando com a posse de bola, mostrava objetividade a ponto de ensaiar chegar ao terceiro gol. Oswaldo mudou o time mais uma vez, trocando Abreu por Elkeson na tentativa de ganhar velocidade no ataque. Acontece que Elkeson não entrou bem no jogo e a equipe ainda perdeu uma referência na área.
A Ponte fazia o cronômetro correr da forma menos esportiva possível: com os jogadores caindo no gramado solicitando atendimento médico. Era só sair da maca que o atleta corria para retornar ao gramado. A entrada de Maicosuel no lugar de Fellype Gabriel aumentou a dinâmica ofensiva botafoguense, mas o dia era mesmo da defesa, que seguiu cumprindo seu papel e neutralizando as jogadas de ataque adversárias, segurando o resultado até o apito final.
O Botafogo só volta a campo no dia sete, quando recebe o Bahia (jogaria dia trinta em São Paulo, mas o Corinthians, finalista na Libertadores, conseguiu adiar a partida). A Ponte corre atrás da terceira vitória consecutiva diante do Vasco, dia 30, novamente no Rio de Janeiro.
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domingo, 24 de junho de 2012
Grêmio Quebra Invencibilidade Fajuta Do Flamengo
Acostumado a ver (bons) jogos na Eurocopa 2012, o blogueiro "encarou" uma partida de Campeonato Brasileiro na tarde desse domingo. O jogo era entre Grêmio e Flamengo, disputado no estádio Olímpico, em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, válido pela sexta rodada da liga nacional. E, para alegria de Wanderley Luxemburgo, o seu time atual venceu sua ex-equipe pelo placar de 2a0, chegando à quarta colocação na tabela de classificação e deixando o Rubronegro para trás, em nono.
Com o resultado, o Grêmio deu sinais de deixar para trás a recente eliminação na Copa do Brasil (caiu na fase semifinal para o Palmeiras). E o Flamengo, que vinha ganhando ou empatando sem convencer, finalmente conheceu seu primeiro revés no campeonato.
O jogo
Fazendo-se valer do fator campo, a equipe gaúcha se lançou ao ataque e não demorou a afunilar o Flamengo no campo defensivo. Embora com maior volume de jogo, o time da casa não mostrava capacidade criativa a ponto de envolver a marcação oponente, que contava com quatro homens no meio-campo muito mais focados em proteger a defesa do que em fazer qualquer outra coisa.
Aos vinte e seis minutos, o Grêmio teve grande chance em jogada envolvendo seus dois atacantes: Kléber recebeu pela esquerda, foi até a linha final e passou para o boliviano Marcelo Moreno, que dominou e carimbou o travessão na finalização. Seis minutos depois, saiu o gol: após dividida de bola na área, Marcelo Moreno recolheu tirando de Wellington Silva e também do goleiro Paulo Victor, mostrando frieza para limpar um lance tumultuado e marcar 1a0.
Sem nenhum articulador no meio, com dois laterais que praticamente não passavam da metade do gramado e com os atacantes isolados na frente (Vágner Love só foi conseguir finalizar aos quarenta minutos), Joel Santana resolveu mexer no intervalo, colocando o meia argentino Dario Bottinelli no lugar do lateral-direito Wellington Silva, deslocando Luiz Antônio para o flanco direito.
O segundo tempo teve início com o Grêmio atacando e só não marcando o segundo gol aos dois minutos porque o goleiro Paulo Victor realizou defesa espetacular para evitar que o chute de Kléber ultrapassasse a linha final. Mas viria a cobrança de escanteio - Edílson cruzou da esquerda e Werley cabeceou antecipando-se ao primeiro poste e mandando para a rede. 2a0 Grêmio.
Por mais que o Flamengo conseguisse, a partir de então, chegar com maior freqüência ao ataque, faltava ora organização na criação, ora precisão na finalização para que algum gol acontecesse. A entrada de Negueba no lugar de Hernane e, mais tarde, de Mattheus (filho de Bebeto homenageado naquele Brasil e Holanda de 1994) no lugar de Magal soltaram mais a equipe, mas o fato é que os contra-ataques gremistas eram mais perigosos que as investidas do time visitante. Paulo Victor, com pelo menos três defesas difíceis, acabou se tornando o maior responsável por não haver mais gols no jogo.
Na próxima rodada, o Grêmio recebe o Atlético Mineiro, podendo ultrapassar o adversário, atual vice-líder na competição com 13 pontos ganhos (um a mais que o Tricolor Gaúcho). O Flamengo, por sua vez, recebe o outro Atlético - o Goianiense. Se vencer, sobe para 12 pontos e volta a encostar na zona da Libertadores. Se perder para o lanterna (o Dragão está com 2 pontos), aí será um salve-se quem puder na Gávea...
Com o resultado, o Grêmio deu sinais de deixar para trás a recente eliminação na Copa do Brasil (caiu na fase semifinal para o Palmeiras). E o Flamengo, que vinha ganhando ou empatando sem convencer, finalmente conheceu seu primeiro revés no campeonato.
O jogo
Fazendo-se valer do fator campo, a equipe gaúcha se lançou ao ataque e não demorou a afunilar o Flamengo no campo defensivo. Embora com maior volume de jogo, o time da casa não mostrava capacidade criativa a ponto de envolver a marcação oponente, que contava com quatro homens no meio-campo muito mais focados em proteger a defesa do que em fazer qualquer outra coisa.
Aos vinte e seis minutos, o Grêmio teve grande chance em jogada envolvendo seus dois atacantes: Kléber recebeu pela esquerda, foi até a linha final e passou para o boliviano Marcelo Moreno, que dominou e carimbou o travessão na finalização. Seis minutos depois, saiu o gol: após dividida de bola na área, Marcelo Moreno recolheu tirando de Wellington Silva e também do goleiro Paulo Victor, mostrando frieza para limpar um lance tumultuado e marcar 1a0.
Sem nenhum articulador no meio, com dois laterais que praticamente não passavam da metade do gramado e com os atacantes isolados na frente (Vágner Love só foi conseguir finalizar aos quarenta minutos), Joel Santana resolveu mexer no intervalo, colocando o meia argentino Dario Bottinelli no lugar do lateral-direito Wellington Silva, deslocando Luiz Antônio para o flanco direito.
O segundo tempo teve início com o Grêmio atacando e só não marcando o segundo gol aos dois minutos porque o goleiro Paulo Victor realizou defesa espetacular para evitar que o chute de Kléber ultrapassasse a linha final. Mas viria a cobrança de escanteio - Edílson cruzou da esquerda e Werley cabeceou antecipando-se ao primeiro poste e mandando para a rede. 2a0 Grêmio.
Por mais que o Flamengo conseguisse, a partir de então, chegar com maior freqüência ao ataque, faltava ora organização na criação, ora precisão na finalização para que algum gol acontecesse. A entrada de Negueba no lugar de Hernane e, mais tarde, de Mattheus (filho de Bebeto homenageado naquele Brasil e Holanda de 1994) no lugar de Magal soltaram mais a equipe, mas o fato é que os contra-ataques gremistas eram mais perigosos que as investidas do time visitante. Paulo Victor, com pelo menos três defesas difíceis, acabou se tornando o maior responsável por não haver mais gols no jogo.
Na próxima rodada, o Grêmio recebe o Atlético Mineiro, podendo ultrapassar o adversário, atual vice-líder na competição com 13 pontos ganhos (um a mais que o Tricolor Gaúcho). O Flamengo, por sua vez, recebe o outro Atlético - o Goianiense. Se vencer, sobe para 12 pontos e volta a encostar na zona da Libertadores. Se perder para o lanterna (o Dragão está com 2 pontos), aí será um salve-se quem puder na Gávea...
Com 2 Do "Centenário Alonso", Espanha Bate França E Quebra Tabu
No 100º jogo de Xabier Alonso Olana com a camisa da seleção espanhola, foi exatamente o volante de trinta anos de idade o grande protagonista na partida entre Espanha e França - com dois gols dele, a atual campeã européia e mundial venceu os franceses por 2a0, garantindo seu lugar na fase semifinal na Eurocopa 2012.
Desde o início da partida até o apito final, não parecia que a seleção espanhola entrava em campo sem jamais ter vencido os franceses num jogo válido por Copa do Mundo ou Eurocopa (foram seis encontros até então, o último deles nas oitavas-de-final de 2006). Mas nada de anormal, afinal, essa Espanha que vemos de alguns anos para cá consegue seguir sua filosofia de jogo com extrema naturalidade enquanto a França já não conta mais com um certo Zinedine Yazid Zidane, que precisamente nessa mesma data completava seu 40º aniversário de nascimento.
O jogo
Dominando o jogo territorialmente, a Espanha fazia circular a bola preferencialmente no campo de ataque, tirando proveito de um time montado por Vicente del Bosque exatamente para dar qualidade na troca de passes, abdicando de um atacante de origem - no caso, o ótimo Fernando Torres deu lugar para o camisa dez Francesc Fàregas. Laurent Blanc sabia que sua seleção, adepta a ter a bola consigo, passaria a maior parte do tempo vendo o adversário dominando o objeto esférico, e tratou de tentar minimizar esse impacto, abrindo mão do talentoso Samir Nasri e escalando o voluntarioso Florent Malouda entre os titulares.
Aos cinco minutos, Cesc Fàbregas foi lançado na área e caiu no gramado após Gaël Clichy empurrá-lo, em pênalti não assinalado pelo árbitro italiano Nicola Rizzoli. Dois minutos depois, Xabi Alonso apareceria com qualidade pela primeira vez e só não marcou um golaço porque o goleiro Hugo Lloris estava atento: é que Alonso viu Lloris adiantado e tratou de chutar da altura do meio do campo, mas o arqueiro conseguiu segurar. Lloris voltaria a intervir aos dez, recolhendo cruzamento vindo da direita de ataque espanhol, que contava com constantes apoios de Álvaro Arbeloa. Mas o placar seria aberto em jogada trabalhada pelo outro flanco do campo: aos dezoito minutos, Andrés Iniesta carregou a bola pela esquerda e fez o passe para a corrida de Jordi Alba, que fez a ultrapassagem sobre a marcação de Mathieu Debuchy, olhou pra área e efetuou cruzamento impecável para Alonso, que sequer precisou tirar os pés do chão para cabecear bem, no contrapé tanto de Clichy quanto de Lloris, marcando 1a0 para a Espanha.
Quando insisto em dizer que a Espanha joga com a mesma postura vencendo, perdendo ou empatando, não estou exagerando. Logo depois do gol, mais precisamente no minuto posterior, os espanhóis descolaram nova finalização: Cesc tocou atrás e Xavi Hernández chutou de fora da área, pegando de primeira e mandando por cima. O primeiro chute a gol francês só foi ocorrer aos vinte e cinco, quando Karim Benzema cobrou uma falta que ele próprio havia recebido, mas mandou longe da meta. Aos trinta, Benzema voltou a sofrer falta, dessa vez rendendo cartão amarelo para Sergio Ramos. E quem efetuou a cobrança foi Yohan Cabaye, que pegou bem na bola ao conseguir direcioná-la ao ângulo direito - só que protegendo a meta espanhola estava Iker Casillas, que foi até lá e espalmou, sem fazer pose nem nada, apenas cumprindo com precisão aquilo que se espera de um (grande) goleiro.
A França se apresentava com uma nova atitude, se mostrando mais arisca quando com a posse e bola e causando dificuldades ao sistema defensivo espanhol. Aos trinta e dois, Franck Ribéry ganhou disputa pela esquerda, cruzou rasteiro e Casillas colocou ordem na casa, recolhendo a bola. Aos trinta e sete, a Espanha chegou bem, mas a jogada entre Cesc e Iniesta foi travada no momento exato por Laurent Koscielny, evitando que o remate do camisa seis chegasse à meta protegida por Lloris.
Uma estatística divulgada aos quarenta e quatro minutos dava uma idéia do que era a partida: enquanto a Espanha havia trocado 324 passes (com 82% de acerto), a França havia realizado 165 (70% certos), isto é, praticamente uma relação de dois para um. E olha que estamos falando de duas seleções que costumam jogar com a bola nos pés.
Veio o segundo tempo e já aos dois minutos Iniesta parecia homenagear o aniversariante Zinedine Zidane, fazendo no círculo central uma jogada de efeito que dava a impressão de que entre suas chuteiras e a bola rolasse uma relação de magnetismo. Aos cinco, Alonso chutou de fora com força e sem direção, na primeira finalização pós-intervalo. A França, por sua vez, foi conseguir rematar aos catorze: Ribéry cruzou da esquerda e Debuchy, próximo à marca do pênalti, cabeceou por cima. Aos dezesseis, uma bela enfiada de bola de Xavi para Fàbregas quase resultou no segundo gol da partida, mas Lloris salvou a França ao conseguir inervir e desarmar Cesc no momento em que o drible parecia certo.
Dos dezoito para os dezenove minutos, três substituições simultâneas. Blanc trocou Debuchy por Jérémy Ménez e também Malouda por Nasri enquanto Del Bosque colocou Pedro Rodríguez no lugar de David Silva. Aos vinte, quem fez a intervenção na nova jogada de ataque da Espanha foi o zagueiro Adil Rami, cortando com a perna esquerda um cruzamento rasteiro vindo do lado esquerdo de ataque espanhol. Aos vinte e um minutos, Fàbregas saiu para a entrada de Torres. E se aos vinte e três não tivemos uma jogada de gol envolvendo os dois espanhóis que acabaram de entrar, muito se deve a Koscielny: Pedro recebeu de Alba pela esquerda, avançou, olhou pra área e cruzou rasteiro buscando Torres, mas o zagueiro francês que substituía o suspenso Philippe Mexès cortou.
A França nada conseguia criar, mas aos vinte e cinco saiu rapidamente em contra-ataque após raro erro de passe espanhol no círculo central: a bola chegou até Ribéry, que foi até a linha-de-fundo pelo lado esquerdo, cruzou rasteiro e Casillas agarrou. Buscando aumentar sua presença no ataque, Blanc fez da sua 3ª substituição aquela de maior ousadia quando aos trinta e três minutos trocou o volante Yann M'Vila pelo atacante Olivier Giroud. No minuto seguinte, a marcação de impedimento e a atuação de Lloris pararam Torres, que recebeu cara-a-cara com o goleiro, em posição irregular. Aos trinta e oito, Del Bosque mexeu pela última vez, trocando Iniesta - que vem colecionando grandes atuações nessa Euro 2012 - por Santiago Cazorla.
Vencendo o jogo por 1a0 e mantendo-se protegido ao conservar a posse de bola, o time da Espanha queria mais. Aos quarenta e quatro, Alba passou para Pedro, que pedalou, passou por Rami e foi derrubado por Cabaye - pênalti, dessa vez assinalado por Rizzoli. Quem cobrou foi Alonso, que colocou a bola no quadrante seis (canto direito à meia-altura) e viu Lloris se projetar para o lado esquerdo. Vitória consumada e fim de um tabu histórico.
Encerro o presente texto com uma frase de minha irmã, aos onze anos de idade esbanjando conhecimento futebolístico. Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo, disse Luanna:
Desde o início da partida até o apito final, não parecia que a seleção espanhola entrava em campo sem jamais ter vencido os franceses num jogo válido por Copa do Mundo ou Eurocopa (foram seis encontros até então, o último deles nas oitavas-de-final de 2006). Mas nada de anormal, afinal, essa Espanha que vemos de alguns anos para cá consegue seguir sua filosofia de jogo com extrema naturalidade enquanto a França já não conta mais com um certo Zinedine Yazid Zidane, que precisamente nessa mesma data completava seu 40º aniversário de nascimento.
O jogo
Dominando o jogo territorialmente, a Espanha fazia circular a bola preferencialmente no campo de ataque, tirando proveito de um time montado por Vicente del Bosque exatamente para dar qualidade na troca de passes, abdicando de um atacante de origem - no caso, o ótimo Fernando Torres deu lugar para o camisa dez Francesc Fàregas. Laurent Blanc sabia que sua seleção, adepta a ter a bola consigo, passaria a maior parte do tempo vendo o adversário dominando o objeto esférico, e tratou de tentar minimizar esse impacto, abrindo mão do talentoso Samir Nasri e escalando o voluntarioso Florent Malouda entre os titulares.
Aos cinco minutos, Cesc Fàbregas foi lançado na área e caiu no gramado após Gaël Clichy empurrá-lo, em pênalti não assinalado pelo árbitro italiano Nicola Rizzoli. Dois minutos depois, Xabi Alonso apareceria com qualidade pela primeira vez e só não marcou um golaço porque o goleiro Hugo Lloris estava atento: é que Alonso viu Lloris adiantado e tratou de chutar da altura do meio do campo, mas o arqueiro conseguiu segurar. Lloris voltaria a intervir aos dez, recolhendo cruzamento vindo da direita de ataque espanhol, que contava com constantes apoios de Álvaro Arbeloa. Mas o placar seria aberto em jogada trabalhada pelo outro flanco do campo: aos dezoito minutos, Andrés Iniesta carregou a bola pela esquerda e fez o passe para a corrida de Jordi Alba, que fez a ultrapassagem sobre a marcação de Mathieu Debuchy, olhou pra área e efetuou cruzamento impecável para Alonso, que sequer precisou tirar os pés do chão para cabecear bem, no contrapé tanto de Clichy quanto de Lloris, marcando 1a0 para a Espanha.
Quando insisto em dizer que a Espanha joga com a mesma postura vencendo, perdendo ou empatando, não estou exagerando. Logo depois do gol, mais precisamente no minuto posterior, os espanhóis descolaram nova finalização: Cesc tocou atrás e Xavi Hernández chutou de fora da área, pegando de primeira e mandando por cima. O primeiro chute a gol francês só foi ocorrer aos vinte e cinco, quando Karim Benzema cobrou uma falta que ele próprio havia recebido, mas mandou longe da meta. Aos trinta, Benzema voltou a sofrer falta, dessa vez rendendo cartão amarelo para Sergio Ramos. E quem efetuou a cobrança foi Yohan Cabaye, que pegou bem na bola ao conseguir direcioná-la ao ângulo direito - só que protegendo a meta espanhola estava Iker Casillas, que foi até lá e espalmou, sem fazer pose nem nada, apenas cumprindo com precisão aquilo que se espera de um (grande) goleiro.
A França se apresentava com uma nova atitude, se mostrando mais arisca quando com a posse e bola e causando dificuldades ao sistema defensivo espanhol. Aos trinta e dois, Franck Ribéry ganhou disputa pela esquerda, cruzou rasteiro e Casillas colocou ordem na casa, recolhendo a bola. Aos trinta e sete, a Espanha chegou bem, mas a jogada entre Cesc e Iniesta foi travada no momento exato por Laurent Koscielny, evitando que o remate do camisa seis chegasse à meta protegida por Lloris.
Uma estatística divulgada aos quarenta e quatro minutos dava uma idéia do que era a partida: enquanto a Espanha havia trocado 324 passes (com 82% de acerto), a França havia realizado 165 (70% certos), isto é, praticamente uma relação de dois para um. E olha que estamos falando de duas seleções que costumam jogar com a bola nos pés.
Veio o segundo tempo e já aos dois minutos Iniesta parecia homenagear o aniversariante Zinedine Zidane, fazendo no círculo central uma jogada de efeito que dava a impressão de que entre suas chuteiras e a bola rolasse uma relação de magnetismo. Aos cinco, Alonso chutou de fora com força e sem direção, na primeira finalização pós-intervalo. A França, por sua vez, foi conseguir rematar aos catorze: Ribéry cruzou da esquerda e Debuchy, próximo à marca do pênalti, cabeceou por cima. Aos dezesseis, uma bela enfiada de bola de Xavi para Fàbregas quase resultou no segundo gol da partida, mas Lloris salvou a França ao conseguir inervir e desarmar Cesc no momento em que o drible parecia certo.
Dos dezoito para os dezenove minutos, três substituições simultâneas. Blanc trocou Debuchy por Jérémy Ménez e também Malouda por Nasri enquanto Del Bosque colocou Pedro Rodríguez no lugar de David Silva. Aos vinte, quem fez a intervenção na nova jogada de ataque da Espanha foi o zagueiro Adil Rami, cortando com a perna esquerda um cruzamento rasteiro vindo do lado esquerdo de ataque espanhol. Aos vinte e um minutos, Fàbregas saiu para a entrada de Torres. E se aos vinte e três não tivemos uma jogada de gol envolvendo os dois espanhóis que acabaram de entrar, muito se deve a Koscielny: Pedro recebeu de Alba pela esquerda, avançou, olhou pra área e cruzou rasteiro buscando Torres, mas o zagueiro francês que substituía o suspenso Philippe Mexès cortou.
A França nada conseguia criar, mas aos vinte e cinco saiu rapidamente em contra-ataque após raro erro de passe espanhol no círculo central: a bola chegou até Ribéry, que foi até a linha-de-fundo pelo lado esquerdo, cruzou rasteiro e Casillas agarrou. Buscando aumentar sua presença no ataque, Blanc fez da sua 3ª substituição aquela de maior ousadia quando aos trinta e três minutos trocou o volante Yann M'Vila pelo atacante Olivier Giroud. No minuto seguinte, a marcação de impedimento e a atuação de Lloris pararam Torres, que recebeu cara-a-cara com o goleiro, em posição irregular. Aos trinta e oito, Del Bosque mexeu pela última vez, trocando Iniesta - que vem colecionando grandes atuações nessa Euro 2012 - por Santiago Cazorla.
Vencendo o jogo por 1a0 e mantendo-se protegido ao conservar a posse de bola, o time da Espanha queria mais. Aos quarenta e quatro, Alba passou para Pedro, que pedalou, passou por Rami e foi derrubado por Cabaye - pênalti, dessa vez assinalado por Rizzoli. Quem cobrou foi Alonso, que colocou a bola no quadrante seis (canto direito à meia-altura) e viu Lloris se projetar para o lado esquerdo. Vitória consumada e fim de um tabu histórico.
Encerro o presente texto com uma frase de minha irmã, aos onze anos de idade esbanjando conhecimento futebolístico. Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo, disse Luanna:
"A Espanha joga bem, ela parece o Barcelona".
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sexta-feira, 22 de junho de 2012
Com A Cara Do Mundial, Alemanha Vence Grécia E Vai À Semifinal
Sabe aquela Alemanha encantadora que foi vista na Copa do Mundo 2010, exibindo futebol envolvente em solo sul-africano? Pode-se dizer que aquela Alemanha fez, nessa sexta-feira, vinte e dois de junho de dois mil e doze, a sua estréia na Eurocopa 2012. Joachim Löw mexeu no time, deixou a equipe mais leve e o que se viu foi uma atuação sensacional, conciliando velocidade e precisão, para delírio dos alemães presentes na Arena Gdansk - incluindo a chanceler Angela Merkel, que não foi para a Conferência Rio+20 mas marcou presença no estádio para acompanhar a seleção na Euro.
O jogo
Desfalcada de seu maior ídolo e capitão Giorgios Karagounis, a Grécia foi a campo esbanjando aplicação tática. Só que não bastava a tentativa de anular atacantes e meias-de-ligação adversários, pois a Alemanha de Löw é marcada por uma grande rotatividade nas posições dos jogadores. E o elemento-surpresa que mais aparecia no ataque para surpreender o sistema defensivo grego era o volante Sami Khedira. Aos três minutos, Khedira recebeu, chutou de fora da área, Michalis Sifakis rebateu e Miroslav Klose marcou no rebote - só que o polonês de nascimento estava em posição de impedimento, conforme bem assinalou a arbitragem.
Aos cinco minutos, Khedira voltou a chutar de fora da área e dessa vez mandou por cima. Aos sete, a Grécia chegou ao ataque com Evripidis Grigorios Makos, que teve o chute rasteiro defendido por Manuel Neuer. Aos onze, Khedira recebeu e passou para Marco Reus, que chutou para fora, à direita. Aos quinze, Jérôme Boateng cruzou da direita e adivinhe quem estava na área disputando a bola com Vassilis Torosidis - Khedira. Só que a redonda passou pelos dois e saiu à direita.
Se nos minutos iniciais era impossível falar da Alemanha sem citar Khedira, a partir da altura da metade do primeiro tempo quem passou a se destacar era o atacante Reus. Aos vinte e dois, foi com ele que Mesut Özil tabelou antes de chutar uma bola rasteira, bloqueada pelo goleiro Sifakis. Aos vinte e três, Reus chutou da direita e Sifakis espalmou no canto esquerdo. Naquele mesmo minuto, Özil cruzou rasteiro da direita, Reus pegou cruzado de primeira e Klose quase conseguiu empurrar para a rede. Aos vinte e quatro, uma jogada que teve André Schürrle ajeitando a bola com o peito terminou em novo remate de Reus - o chute forte e de primeira passou à esquerda da meta.
A pressão alemã teve uma pausa, com a Grécia conseguindo chegar por duas vezes. Aos vinte e seis minutos, Dimitris Salpingidis foi lançado e Neuer, atento, saiu da área e fez a intervenção que mandou a bola para a lateral. Aos trinta e um, Sotiris Ninis chutou de fora, cruzado, e o goleiro Neuer buscou no canto direito. Mas logo a Alemanha retomaria o domínio e voltaria a criar chances. Aos trinta e dois, Schürrle recolheu a bola na esquerda, escapou de Torosidis e chutou à esquerda. Aos trinta e seis, Khedira recebeu de Schürrle, chutou de fora e Sifakis rebateu. Aos trinta e oito, saiu o primeiro gol alemão: Özil inverteu o jogo para o lado esquerdo, Philipp Lahm recebeu amortecendo e ajeitando com o peito, arrumou pro chute e mandou um remate forte e com efeito para superar Sifakis, que ainda conseguiu encostar alguns dedos da mão esquerda na bola, mas sem impedir o destino traçado, que era o canto esquerdo da rede. 1a0 Alemanha. No final do primeiro tempo, aos quarenta e seis, quase saiu o segundo: Schürrle chutou de fora da área pelo lado esquerdo e a bola passou muito perto da trave direita, chegando a balançar a rede pelo lado externo - Sifakis saltou bem para tentar a defesa, mas é difícil garantir que fosse possível pegar caso o endereço fosse o gol.
No intervalo, o português Fernando Santos mexeu na Grécia. Saíram Ninis e Georgios Tzavelas para as entradas de Theofanis Gekas e Georgios Fotakis. Se foi a dupla alteração ou a conversa no vestiário eu não sei - talvez tenham sido ambas - mas o fato é que a Grécia conseguiu voltar para o segundo tempo com mais atitude ofensiva. Aos quatro minutos, chamou minha atenção a raça demonstrada por Grigorios Makos, que arrancou em velocidade na proximidade da linha lateral direita e conseguiu escapar de dois ou três alemães que o acompanhavam. Lance que não levou perigo para o gol, mas que pelo desenho já sinalizava a disposição grega em encarar a fortíssima seleção oponente. Aos sete, Giannis Maniatis agiu bem para afastar uma jogada de ataque adversária. Aos nove, saiu o gol de empate: Salpingidis foi acionado pelo flanco direito, partiu em velocidade em direção à linha-de-fundo e cruzou baixo, encontrando Georgios Samaras, que foi mais esperto que Boateng e, com um carrinho, completou para a rede. A transmissão televisiva até flagrou uma puxada de camisa de Samaras em Boateng antes da bola ser passada por Salpingidis, mas o alemão nem reclamou de nada no lance. Talvez ele estivesse antevendo o que viria pouco depois: aos quinze, Boateng recebeu na direita, cruzou, Klose não alcançou de cabeça e Khedira pegou de primeira, marcando belo gol como aquele autêntico elemento-surpresa. Era a Alemanha retomando a frente no marcador.
A Grécia não desanimou ao se ver novamente em desvantagem no placar e seguiu com ímpeto ofensivo no jogo. Aos dezessete, Gekas recebeu perto da grande área, trouxe para a perna direita e chutou da meia-lua, por cima. Aos dezoito, a defesa grega conseguiu intervir após Özil dar passe para Reus na direita. Mas, na bola parada, a Alemanha chegou ao terceiro gol. Tudo começou quando Özil sofreu falta de Sokratis Papastathopoulos. Antes da cobrança ser efetuada, Löw trocou Schürrle por Thomas Müller. Então, Özil cruzou, Klose subiu com Kiriakos Papadopoulos e, antecipando-se a Sifakis, cabeceou para o gol, marcando 3a1 aos vinte e dois minutos.
Embalada pela vantagem de dois gols, a Alemanha seguiu atacando. Aos vinte e três, só não saiu o quarto porque Sifakis realizou defesa com o pé. Dois minutos depois, Müller recebeu dentro da área pelo lado direito e o chute desviou na marcação, passando à esquerda. Aos vinte e oito, os alemães marcaram o quarto gol: Klose recebeu na esquerda, Sifakis bloqueou e a sobra chegou até Reus, que pegou de primeira para guardar o seu.
A vantagem de três gols no placar e a superioridade alemã anunciavam a oitava presença dos tricampeões europeus e mundiais numa semifinal de Eurocopa. Mas nem por isso a Grécia deixou de jogar o jogo com dedicação, valorizando a classificação adversária e a sua própria participação no torneio continental. Löw, aos trinta e quatro, fez as duas últimas substituições que podia: Klose por Mario Gómez e Reus por Mario Götze. Aos trinta e cinco, Özil entrou na área, chutou para o gol, Sifakis rebateu e foi marcado impedimento de Gómez, realmente adiantado no lance. Aos trinta e sete, Samaras tinha a bola pela esquerda, tocou, Fotakis chutou de fora da área, a bola desviou em Bastian Schweinsteiger e Neuer segurou. Aos trinta e nove, Samaras entrou na área pela esquerda e Mats Hummels protagonizou uma das mais belas jogadas da partida, efetuando desarme com carrinho limpo e certeiro. Tô gostando muito desse zagueiro alemão, que não conhecia antes da Euro 2012. Ainda aos trinta e nove, Özil recebeu de Gómez e chutou firme uma bola rasteira que foi defendida em dois tempos por Sifakis.
Por mais que a Alemanha jogasse melhor e reencontrasse aquele futebol vistoso apresentado na última Copa, a participação grega na Euro 2012 era digna de mais um gol. E, aos quarenta e dois, foi feita a encomenda. Após bola chutada com força, Boateng fez o desvio com o braço. Pênalti assinalado pelo esloveno Damir Skomina e convertido por Salpingidis: bola no quadrante quinze e Neuer no lado direito. Placar final de quatro para a encantadora Alemanha e dois para a valente Grécia, nesse que foi o jogo de mais gols na atual edição da Euro. Já cravo aqui: jogando assim, a Alemanha dificilmente seja parada por italianos ou ingleses na semifinal.
O jogo
Desfalcada de seu maior ídolo e capitão Giorgios Karagounis, a Grécia foi a campo esbanjando aplicação tática. Só que não bastava a tentativa de anular atacantes e meias-de-ligação adversários, pois a Alemanha de Löw é marcada por uma grande rotatividade nas posições dos jogadores. E o elemento-surpresa que mais aparecia no ataque para surpreender o sistema defensivo grego era o volante Sami Khedira. Aos três minutos, Khedira recebeu, chutou de fora da área, Michalis Sifakis rebateu e Miroslav Klose marcou no rebote - só que o polonês de nascimento estava em posição de impedimento, conforme bem assinalou a arbitragem.
Aos cinco minutos, Khedira voltou a chutar de fora da área e dessa vez mandou por cima. Aos sete, a Grécia chegou ao ataque com Evripidis Grigorios Makos, que teve o chute rasteiro defendido por Manuel Neuer. Aos onze, Khedira recebeu e passou para Marco Reus, que chutou para fora, à direita. Aos quinze, Jérôme Boateng cruzou da direita e adivinhe quem estava na área disputando a bola com Vassilis Torosidis - Khedira. Só que a redonda passou pelos dois e saiu à direita.
Se nos minutos iniciais era impossível falar da Alemanha sem citar Khedira, a partir da altura da metade do primeiro tempo quem passou a se destacar era o atacante Reus. Aos vinte e dois, foi com ele que Mesut Özil tabelou antes de chutar uma bola rasteira, bloqueada pelo goleiro Sifakis. Aos vinte e três, Reus chutou da direita e Sifakis espalmou no canto esquerdo. Naquele mesmo minuto, Özil cruzou rasteiro da direita, Reus pegou cruzado de primeira e Klose quase conseguiu empurrar para a rede. Aos vinte e quatro, uma jogada que teve André Schürrle ajeitando a bola com o peito terminou em novo remate de Reus - o chute forte e de primeira passou à esquerda da meta.
A pressão alemã teve uma pausa, com a Grécia conseguindo chegar por duas vezes. Aos vinte e seis minutos, Dimitris Salpingidis foi lançado e Neuer, atento, saiu da área e fez a intervenção que mandou a bola para a lateral. Aos trinta e um, Sotiris Ninis chutou de fora, cruzado, e o goleiro Neuer buscou no canto direito. Mas logo a Alemanha retomaria o domínio e voltaria a criar chances. Aos trinta e dois, Schürrle recolheu a bola na esquerda, escapou de Torosidis e chutou à esquerda. Aos trinta e seis, Khedira recebeu de Schürrle, chutou de fora e Sifakis rebateu. Aos trinta e oito, saiu o primeiro gol alemão: Özil inverteu o jogo para o lado esquerdo, Philipp Lahm recebeu amortecendo e ajeitando com o peito, arrumou pro chute e mandou um remate forte e com efeito para superar Sifakis, que ainda conseguiu encostar alguns dedos da mão esquerda na bola, mas sem impedir o destino traçado, que era o canto esquerdo da rede. 1a0 Alemanha. No final do primeiro tempo, aos quarenta e seis, quase saiu o segundo: Schürrle chutou de fora da área pelo lado esquerdo e a bola passou muito perto da trave direita, chegando a balançar a rede pelo lado externo - Sifakis saltou bem para tentar a defesa, mas é difícil garantir que fosse possível pegar caso o endereço fosse o gol.
No intervalo, o português Fernando Santos mexeu na Grécia. Saíram Ninis e Georgios Tzavelas para as entradas de Theofanis Gekas e Georgios Fotakis. Se foi a dupla alteração ou a conversa no vestiário eu não sei - talvez tenham sido ambas - mas o fato é que a Grécia conseguiu voltar para o segundo tempo com mais atitude ofensiva. Aos quatro minutos, chamou minha atenção a raça demonstrada por Grigorios Makos, que arrancou em velocidade na proximidade da linha lateral direita e conseguiu escapar de dois ou três alemães que o acompanhavam. Lance que não levou perigo para o gol, mas que pelo desenho já sinalizava a disposição grega em encarar a fortíssima seleção oponente. Aos sete, Giannis Maniatis agiu bem para afastar uma jogada de ataque adversária. Aos nove, saiu o gol de empate: Salpingidis foi acionado pelo flanco direito, partiu em velocidade em direção à linha-de-fundo e cruzou baixo, encontrando Georgios Samaras, que foi mais esperto que Boateng e, com um carrinho, completou para a rede. A transmissão televisiva até flagrou uma puxada de camisa de Samaras em Boateng antes da bola ser passada por Salpingidis, mas o alemão nem reclamou de nada no lance. Talvez ele estivesse antevendo o que viria pouco depois: aos quinze, Boateng recebeu na direita, cruzou, Klose não alcançou de cabeça e Khedira pegou de primeira, marcando belo gol como aquele autêntico elemento-surpresa. Era a Alemanha retomando a frente no marcador.
A Grécia não desanimou ao se ver novamente em desvantagem no placar e seguiu com ímpeto ofensivo no jogo. Aos dezessete, Gekas recebeu perto da grande área, trouxe para a perna direita e chutou da meia-lua, por cima. Aos dezoito, a defesa grega conseguiu intervir após Özil dar passe para Reus na direita. Mas, na bola parada, a Alemanha chegou ao terceiro gol. Tudo começou quando Özil sofreu falta de Sokratis Papastathopoulos. Antes da cobrança ser efetuada, Löw trocou Schürrle por Thomas Müller. Então, Özil cruzou, Klose subiu com Kiriakos Papadopoulos e, antecipando-se a Sifakis, cabeceou para o gol, marcando 3a1 aos vinte e dois minutos.
Embalada pela vantagem de dois gols, a Alemanha seguiu atacando. Aos vinte e três, só não saiu o quarto porque Sifakis realizou defesa com o pé. Dois minutos depois, Müller recebeu dentro da área pelo lado direito e o chute desviou na marcação, passando à esquerda. Aos vinte e oito, os alemães marcaram o quarto gol: Klose recebeu na esquerda, Sifakis bloqueou e a sobra chegou até Reus, que pegou de primeira para guardar o seu.
A vantagem de três gols no placar e a superioridade alemã anunciavam a oitava presença dos tricampeões europeus e mundiais numa semifinal de Eurocopa. Mas nem por isso a Grécia deixou de jogar o jogo com dedicação, valorizando a classificação adversária e a sua própria participação no torneio continental. Löw, aos trinta e quatro, fez as duas últimas substituições que podia: Klose por Mario Gómez e Reus por Mario Götze. Aos trinta e cinco, Özil entrou na área, chutou para o gol, Sifakis rebateu e foi marcado impedimento de Gómez, realmente adiantado no lance. Aos trinta e sete, Samaras tinha a bola pela esquerda, tocou, Fotakis chutou de fora da área, a bola desviou em Bastian Schweinsteiger e Neuer segurou. Aos trinta e nove, Samaras entrou na área pela esquerda e Mats Hummels protagonizou uma das mais belas jogadas da partida, efetuando desarme com carrinho limpo e certeiro. Tô gostando muito desse zagueiro alemão, que não conhecia antes da Euro 2012. Ainda aos trinta e nove, Özil recebeu de Gómez e chutou firme uma bola rasteira que foi defendida em dois tempos por Sifakis.
Por mais que a Alemanha jogasse melhor e reencontrasse aquele futebol vistoso apresentado na última Copa, a participação grega na Euro 2012 era digna de mais um gol. E, aos quarenta e dois, foi feita a encomenda. Após bola chutada com força, Boateng fez o desvio com o braço. Pênalti assinalado pelo esloveno Damir Skomina e convertido por Salpingidis: bola no quadrante quinze e Neuer no lado direito. Placar final de quatro para a encantadora Alemanha e dois para a valente Grécia, nesse que foi o jogo de mais gols na atual edição da Euro. Já cravo aqui: jogando assim, a Alemanha dificilmente seja parada por italianos ou ingleses na semifinal.
Mostrando Autoridade, Portugal Vence E Chega Na Semifinal
Após passar em segundo lugar no grupo mais difícil na fase anterior, Portugal enfrentou a República Tcheca (líder em sua chave) e venceu a partida com espantosa autoridade. O placar de 1a0 não reflete o tamanho da superioridade portuguesa no estádio Narodowy, em Varsóvia, capital da Polônia.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
A exemplo de quando enfrentaram os gregos na segunda rodada pela fase de grupos, os tchecos começaram a partida no ataque, estabelecendo forte pressão com e sem o uso da bola. E, para aumentar a semelhança em relação àquele jogo, a equipe da República Tcheca não conseguiu manter-se soberana e acabou vendo o adversário crescer na partida a ponto de tomar conta territorialmente. A diferença é que, dessa vez, os comandados de Michel Bílek não conseguiram marcar gols quando estavam no ataque. Naquela que me pareceu a maior chance tcheca de abrir o placar no primeiro tempo, aos dezessete minutos, Vladimir Darida - substituto do lesionado Tomas Rosický - desceu pela direita, cruzou e Milan Baros por muito pouco não conseguiu completar ao gol.
Portugal demorou cerca de vinte minutos para "se encontrar" em campo, mas depois que isso ocorreu, o domínio foi notório. Cristiano Ronaldo teve três chances para tirar o zero do placar antes do intervalo: aos vinte e quatro, ficou de frente para o gol e chutou forte, parando em defesaça de Petr Cech (antes da conclusão, foi flagrada falta do português sobre Mchal Kadlec); aos trinta e dois, uma bicicleta passou à esquerda; e aos quarenta e cinco, o chute após lançamento primoroso de Raul Meireles encontrou a trave esquerda.
O segundo tempo manteve a tônica dos últimos minutos da etapa inicial, com os portugueses atacando a todo momento e os tchecos encontrando sérias dificuldades para se defenderem, principalmente quando a bola passava por Nani, figura bastante acionada pelo flanco direito. Aos doze minutos, Nani chutou de fora da área e Cech rebateu. Na seqüência, Nani cruzou e Hugo Almeida - que entrou em campo aos trinta e nove, pois Helder Postiga saiu de maca) - marcou de cabeça. Só que a arbitragem flagrou impedimento no lance, anulando corretamente o gol.
A República Tcheca conseguiu dar uma respirada aos catorze minutos, avançando pela esquerda com Baros mas vendo a defesa portuguesa afastar o perigo. Aos quinze, Bílek trocou Darida por Jan Rezek, uma substituição estranha na medida em que Darida era mais participativo do que o hábil Vaclav Pilar (talvez o treinador apostasse que Pilar fosse subir de produção, algo que não se confirmou). Aos dezessete, Baros, figura isolada no ataque, resolveu voltar um pouco mais e conseguiu um remate de fora da área, que acabou saindo por cima da meta.
Não demorou para o Portugal retomar o domínio nas ações. Aos dezoito, uma sobra de bola afastada por Tomás Sivok chegou até João Moutinho e o que se viu foi algo lindo: primeiro, o chute do meio-campista português, que saiu com força e efeito; segundo, a defesaça praticada pelo goleiro tcheco Cech, que conseguiu espalmar no alto.
A trinca de meio-campistas portugueses composta por Miguel Veloso, Moutinho e Meireles ditava o ritmo dos acontecimentos, com Raul Meireles orquestrando as jogadas de ataque. Aos vinte e oito, Meireles passou para Nani na direita e o cruzamento desviou na marcação, passando rente ao ângulo direito. Petr Jiracek era, ao lado do seu xará goleiro, a figura mais lúcida na seleção tcheca, praticamente jogando sozinho na tentativa de acionar Baros e conduzir a equipe ao ataque. Muito pouco para quem enfrentava um adversário que a todo momento pleiteava o gol. E o gol, finalmente, aconteceu. Aos trinta e quatro, Nani voltou a cruzar a partir da direita, Cristiano se antecipou à marcação de Gebre Selassie e cabeceou firme, estufando a rede. 1a0 Portugal e terceiro gol de Ronaldo na Eurocopa 2012, igualando-se ao russo Dzagoev, ao croata Mandzukic e ao alemão Mario Gómez na lista de goleadores.
Restavam pouco mais de dez minutos para a República Tcheca buscar o empate, mas quem seguiu criando oportunidade de balançar a rede foi Portugal. Aos trinta e sete, João Pereira recebeu de Nani, chutou à meia-altura, Cristiano fugiu da bola e Cech espalmou à esquerda. Foi então que Paulo Bento tratou de realizar suas duas últimas substituições permitidas, inibindo o poder de criação de uma seleção que atuava muito bem. Aos trinta e oito, Nani deu lugar para Custódio. Aos quarenta e dois, Raul Meireles, a meu ver o melhor em campo, saiu para a entrada de Rolando. Entre uma alteração portuguesa e outra, Bílek trocou Tomás Hübschman por Tomás Pekhart. Uma pena que o melhor Tomás tcheco, Rosický, estivesse sem condições clínicas para ajudar uma equipe sem inspiração. O jeito foi assistir do banco a classificação portuguesa.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
A exemplo de quando enfrentaram os gregos na segunda rodada pela fase de grupos, os tchecos começaram a partida no ataque, estabelecendo forte pressão com e sem o uso da bola. E, para aumentar a semelhança em relação àquele jogo, a equipe da República Tcheca não conseguiu manter-se soberana e acabou vendo o adversário crescer na partida a ponto de tomar conta territorialmente. A diferença é que, dessa vez, os comandados de Michel Bílek não conseguiram marcar gols quando estavam no ataque. Naquela que me pareceu a maior chance tcheca de abrir o placar no primeiro tempo, aos dezessete minutos, Vladimir Darida - substituto do lesionado Tomas Rosický - desceu pela direita, cruzou e Milan Baros por muito pouco não conseguiu completar ao gol.
Portugal demorou cerca de vinte minutos para "se encontrar" em campo, mas depois que isso ocorreu, o domínio foi notório. Cristiano Ronaldo teve três chances para tirar o zero do placar antes do intervalo: aos vinte e quatro, ficou de frente para o gol e chutou forte, parando em defesaça de Petr Cech (antes da conclusão, foi flagrada falta do português sobre Mchal Kadlec); aos trinta e dois, uma bicicleta passou à esquerda; e aos quarenta e cinco, o chute após lançamento primoroso de Raul Meireles encontrou a trave esquerda.
O segundo tempo manteve a tônica dos últimos minutos da etapa inicial, com os portugueses atacando a todo momento e os tchecos encontrando sérias dificuldades para se defenderem, principalmente quando a bola passava por Nani, figura bastante acionada pelo flanco direito. Aos doze minutos, Nani chutou de fora da área e Cech rebateu. Na seqüência, Nani cruzou e Hugo Almeida - que entrou em campo aos trinta e nove, pois Helder Postiga saiu de maca) - marcou de cabeça. Só que a arbitragem flagrou impedimento no lance, anulando corretamente o gol.
A República Tcheca conseguiu dar uma respirada aos catorze minutos, avançando pela esquerda com Baros mas vendo a defesa portuguesa afastar o perigo. Aos quinze, Bílek trocou Darida por Jan Rezek, uma substituição estranha na medida em que Darida era mais participativo do que o hábil Vaclav Pilar (talvez o treinador apostasse que Pilar fosse subir de produção, algo que não se confirmou). Aos dezessete, Baros, figura isolada no ataque, resolveu voltar um pouco mais e conseguiu um remate de fora da área, que acabou saindo por cima da meta.
Não demorou para o Portugal retomar o domínio nas ações. Aos dezoito, uma sobra de bola afastada por Tomás Sivok chegou até João Moutinho e o que se viu foi algo lindo: primeiro, o chute do meio-campista português, que saiu com força e efeito; segundo, a defesaça praticada pelo goleiro tcheco Cech, que conseguiu espalmar no alto.
A trinca de meio-campistas portugueses composta por Miguel Veloso, Moutinho e Meireles ditava o ritmo dos acontecimentos, com Raul Meireles orquestrando as jogadas de ataque. Aos vinte e oito, Meireles passou para Nani na direita e o cruzamento desviou na marcação, passando rente ao ângulo direito. Petr Jiracek era, ao lado do seu xará goleiro, a figura mais lúcida na seleção tcheca, praticamente jogando sozinho na tentativa de acionar Baros e conduzir a equipe ao ataque. Muito pouco para quem enfrentava um adversário que a todo momento pleiteava o gol. E o gol, finalmente, aconteceu. Aos trinta e quatro, Nani voltou a cruzar a partir da direita, Cristiano se antecipou à marcação de Gebre Selassie e cabeceou firme, estufando a rede. 1a0 Portugal e terceiro gol de Ronaldo na Eurocopa 2012, igualando-se ao russo Dzagoev, ao croata Mandzukic e ao alemão Mario Gómez na lista de goleadores.
Restavam pouco mais de dez minutos para a República Tcheca buscar o empate, mas quem seguiu criando oportunidade de balançar a rede foi Portugal. Aos trinta e sete, João Pereira recebeu de Nani, chutou à meia-altura, Cristiano fugiu da bola e Cech espalmou à esquerda. Foi então que Paulo Bento tratou de realizar suas duas últimas substituições permitidas, inibindo o poder de criação de uma seleção que atuava muito bem. Aos trinta e oito, Nani deu lugar para Custódio. Aos quarenta e dois, Raul Meireles, a meu ver o melhor em campo, saiu para a entrada de Rolando. Entre uma alteração portuguesa e outra, Bílek trocou Tomás Hübschman por Tomás Pekhart. Uma pena que o melhor Tomás tcheco, Rosický, estivesse sem condições clínicas para ajudar uma equipe sem inspiração. O jeito foi assistir do banco a classificação portuguesa.
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quinta-feira, 21 de junho de 2012
Eurocopa 2012: Pitacos Para As Quartas-de-final
Após os vinte e quatro jogos disputados na fase de grupos, os amantes do futebol foram agraciados pelo fato de ter saído gol em todas as partidas. Destaco três gols. Na primeira rodada, no jogo em que a Rússia goleou a República Tcheca, Roman Pavlyuchenko fez linda jogada individual e concluiu com remate que foi parar no ângulo direito de Petr Cech. Na terceira, o gol espanhol na triangulação entre Francesc Fàbregas, Andrés Iniesta e Jesús Navas foi daquelas jogadas que mostram o quão é vistoso o estilo de jogo dessa seleção, que teve muitas dificuldades para vencer a Croácia por 1a0 (esse gol saiu aos 42 minutos no 2º tempo). E, também na terceira rodada, saiu um golaço do sueco Zlatan Ibrahimovic, abrindo caminho para a vitória por 2a0 sobre a França com um lindo voleio no canto direito.
É chegada a hora da fase quartas-de-final. Vamos aos pitacos.
República Tcheca e Portugal
Tchecos e portugueses correram atrás da classificação após estrearem com derrota na Euro 2012 (para russos e alemães, respectivamente). Nas rodadas seguintes, conseguiram duas vitórias para chegarem até aqui. O fato de a República Tcheca não enfrentar as temidas Alemanha (líder no grupo B) e Holanda (lanterna na mesma chave) deve aumentar as esperanças de retornar a uma semifinal de Eurocopa, coisa que aconteceu pela última vez em 2004. Já Portugal, que naquela edição de 2004 chegou até a final, ganha credencial na competição pelo fato de ter sobrevivido ao "grupo da morte". Particularmente, acho que será interessante o duelo pelo flanco direito tcheco e esquero português, que envolverá jogadores como Gebre Selassie, Tomas Rosický, Fabio Coentrão e Cristiano Ronaldo. Quer dizer, Rosický está com uma lesão no tendão de Aquiles e dificilmente atue. Mas fica a torcida de vê-lo em campo. Pitaco: dá República Tcheca.
Alemanha e Grécia
Esse é o duelo da fase quartas-de-final onde há maior grau de favoritismo para um dos lados. A Alemanha, com 100% de aproveitamento no grupo mais difícil da Euro (venceu Portugal, Holanda e Dinamarca), enfrenta a Grécia (empatou com a Polônia, perdeu para a República Tcheca e venceu a Rússia). A tudo isso soma-se o fato de que os gregos não contarão com um jogador importantíssimo, o camisa dez e capitão Giorgios Karagounis, suspenso pelo segundo cartão amarelo (pra variar, amarelo esse recebido em lance polêmico). Os alemães, finalistas na edição passada, querem avançar em direção ao título europeu e coroar um trabalho muito bem realizado por Joachim Löw. Os gregos, campeões históricos duas edições atrás, sonham repetir aquele feito incrível e provar que, quando os deuses desejam, o raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. Pitaco: dá Alemanha.
Espanha e França
Atual campeã do continente e do planeta, a Espanha tem diante da França um desafio: vencer pela primeira vez esse adversário em jogos de Eurocopa/Mundial (nos seis encontros anteriores, cinco vitórias francesas e um empate). Vicente del Bosque chegou a declarar que, na derrota por 3a1 nas oitavas-de-final na Copa 2006, os espanhóis teriam subestimado os franceses. A seleção da França está em reconstrução, com muitos jogadores interessantes e desenvolvendo bom toque de bola, principalmente quando a redonda passa por Samir Nasri, Franck Ribèry e Karim Benzema. Mas no assunto toque de bola a Espanha é referência mundial. Promessa de um grande jogo. Pitaco: dá Espanha.
Inglaterra e Itália
Eis um grande clássico do futebol europeu e mundial. São duas seleções onde a tradição não se faz presente apenas na história: o velho estilo de jogo britânico de ligação direta, cruzamentos e cabeceios vem sendo praticado à exaustão nessa Eurocopa, enquanto a Itália segue apostando na solidez defensiva para procurar o resultado positivo. Duas equipes que não me agradam pelo estilo de jogo adotado, mas que, quando bem encaixadas, são difíceis de ser batidas por quem quer que seja. Embora ingleses e italianos tenham elementos que podem decidir a partida num lance individual - notadamente pela precisão de jogadores como Steven Gerrard e Andrea Pirlo -, tudo leva a crer que passará a equipe que estiver mais firme coletivamente. Pitaco: dá Itália.
Na torcida para que tenhamos muito o que falar sobre gols e jogadas de efeito e, se possível, nada a comentar a respeito de arbitragem.
É chegada a hora da fase quartas-de-final. Vamos aos pitacos.
República Tcheca e Portugal
Tchecos e portugueses correram atrás da classificação após estrearem com derrota na Euro 2012 (para russos e alemães, respectivamente). Nas rodadas seguintes, conseguiram duas vitórias para chegarem até aqui. O fato de a República Tcheca não enfrentar as temidas Alemanha (líder no grupo B) e Holanda (lanterna na mesma chave) deve aumentar as esperanças de retornar a uma semifinal de Eurocopa, coisa que aconteceu pela última vez em 2004. Já Portugal, que naquela edição de 2004 chegou até a final, ganha credencial na competição pelo fato de ter sobrevivido ao "grupo da morte". Particularmente, acho que será interessante o duelo pelo flanco direito tcheco e esquero português, que envolverá jogadores como Gebre Selassie, Tomas Rosický, Fabio Coentrão e Cristiano Ronaldo. Quer dizer, Rosický está com uma lesão no tendão de Aquiles e dificilmente atue. Mas fica a torcida de vê-lo em campo. Pitaco: dá República Tcheca.
Alemanha e Grécia
Esse é o duelo da fase quartas-de-final onde há maior grau de favoritismo para um dos lados. A Alemanha, com 100% de aproveitamento no grupo mais difícil da Euro (venceu Portugal, Holanda e Dinamarca), enfrenta a Grécia (empatou com a Polônia, perdeu para a República Tcheca e venceu a Rússia). A tudo isso soma-se o fato de que os gregos não contarão com um jogador importantíssimo, o camisa dez e capitão Giorgios Karagounis, suspenso pelo segundo cartão amarelo (pra variar, amarelo esse recebido em lance polêmico). Os alemães, finalistas na edição passada, querem avançar em direção ao título europeu e coroar um trabalho muito bem realizado por Joachim Löw. Os gregos, campeões históricos duas edições atrás, sonham repetir aquele feito incrível e provar que, quando os deuses desejam, o raio pode cair duas vezes no mesmo lugar. Pitaco: dá Alemanha.
Espanha e França
Atual campeã do continente e do planeta, a Espanha tem diante da França um desafio: vencer pela primeira vez esse adversário em jogos de Eurocopa/Mundial (nos seis encontros anteriores, cinco vitórias francesas e um empate). Vicente del Bosque chegou a declarar que, na derrota por 3a1 nas oitavas-de-final na Copa 2006, os espanhóis teriam subestimado os franceses. A seleção da França está em reconstrução, com muitos jogadores interessantes e desenvolvendo bom toque de bola, principalmente quando a redonda passa por Samir Nasri, Franck Ribèry e Karim Benzema. Mas no assunto toque de bola a Espanha é referência mundial. Promessa de um grande jogo. Pitaco: dá Espanha.
Inglaterra e Itália
Eis um grande clássico do futebol europeu e mundial. São duas seleções onde a tradição não se faz presente apenas na história: o velho estilo de jogo britânico de ligação direta, cruzamentos e cabeceios vem sendo praticado à exaustão nessa Eurocopa, enquanto a Itália segue apostando na solidez defensiva para procurar o resultado positivo. Duas equipes que não me agradam pelo estilo de jogo adotado, mas que, quando bem encaixadas, são difíceis de ser batidas por quem quer que seja. Embora ingleses e italianos tenham elementos que podem decidir a partida num lance individual - notadamente pela precisão de jogadores como Steven Gerrard e Andrea Pirlo -, tudo leva a crer que passará a equipe que estiver mais firme coletivamente. Pitaco: dá Itália.
Na torcida para que tenhamos muito o que falar sobre gols e jogadas de efeito e, se possível, nada a comentar a respeito de arbitragem.
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terça-feira, 19 de junho de 2012
Inglaterra Vence, Passa Em 1º E Ucrânia É Nova Vítima Da Arbitragem
Ucrânia e Inglaterra duelaram na noite dessa terça-feira, em Donetsk, e quem levou a melhor foram os ingleses: com um gol de Wayne Rooney no início do segundo tempo, a equipe comandada por Roy Hodgson venceu a partida pelo placar de 1a0. De quebra, contou com a vitória sueca sobre a França (2a0) para assegurar a primeira colocação no grupo D, escapando de enfrentar a Espanha na fase quartas-de-final - a próxima oponente do English Team será a Itália, segunda colocada no grupo C.
Desta forma, a Eurocopa 2012 segue para as fases eliminatórias sem contar com nenhuma seleção anfitriã, pois Polônia (lanterna no grupo A) e Ucrânia (terceira colocada no D) não conseguiram passar de fase.
Antes de adentrarmos na análise mais detalhada dos acontecimentos vistos nessa partida entre Ucrânia e Inglaterra, cabe colocar duas lamentações. A primeira é o estilo de jogo inglês, de um pragmatismo exaustivo e de poucas variações de jogadas. A segunda é a situação da arbitragem mundial. Em meio a tantas câmeras com imagens que proporcionam linda cobertura daquilo que ocorre no gramado, ainda estamos reféns dos erros humanos: nenhum dos membros da equipe de arbitragem viu - ou indicou ter visto - que a bola chutada por Marko Devic, aos dezesseis minutos do segundo tempo, ultrapassou a linha final, caracterizando o gol de empate ucraniano. Isso faz lembrar a Copa do Mundo 2010, quando um chute do inglês Frank Lampard (que, lesionado, deve ter acompanhado o jogo de seus compatriotas pela televisão), ultrapassou a linha final e o que seria o gol de empate diante dos alemães nas oitavas acabou não sendo assinalado. Até quando, Federação Internacional de Futebol Associado?
O jogo
Wayne Rooney, que cumpriu suspensão nas duas primeiras rodadas, fazia sua estréia pela Inglaterra nessa Eurocopa 2012. Andriy Shevchenko, Andriy Voronin e Sergey Nazarenko, titulares nas rodadas anteriores, foram para o banco de reservas na Ucrânia (ao que me consta, Shevchenko por motivos físicos e os demais por opção tática).
Os primeiros minutos de partida já mostraram o que viria pela frente. Com menos de um minuto, Yevhen Konoplyanka fugiu de Glen Johnson trazendo para a direita e chutou de fora, mas o remate saiu torto, sem colocar em risco a meta defendida por Joe Hart. No minuto seguinte, tanto Andriy Pyatov (ameaçado por Danny Welbeck) quanto Hart (ameaçado por Denis Garmash) viram-se sob pressão, recebendo recuo de bola com o pé e a aproximação oponente. Sinal de que as duas seleções estavam aplicadas em seus objetivos.
A aplicação não era sinônimo de infiltração na defesa adversária e o recurso utilizado para tentar chegar ao gol era basicamente o chute de fora da área. Aos seis minutos, Garmash recebeu de Yevhen Selin, chutou e quase colocou no ângulo esquerdo. Tentando chegar no toque de bola, a Inglaterra teve bom momento aos dez minutos, mas após a seqüência de passes curtos o goleiro Pyatov acabou com a festa e recolheu o cruzamento rasteiro dado por Ashley Cole. Aos doze, Konoplyanka passou para Selin pela esquerda e deste saiu passe rasteiro para trás - Devic chutou firme e a bola carimbou a marcação de Scott Parker.
Selin apoiava bastante e a Ucrânia dava seqüência ao seu ímpeto de chutar em gol: aos catorze minutos, o lateral-esquerdo rolou atrás e Yaroslav Rakitskiy chegou chutando, mandando por cima. Aos dezessete, Konoplyanka trouxe para a direita e chutou à meia-altura, carimbando o peito de Steven Gerrard - a trajetória da bola apontava o gol como destino, o que valoriza a intervenção do capitão.
Nos primeiros dezoito minutos, a posse de bola estava 60% do tempo com os donos da casa, e os remates de fora da área seguiam acontecendo. Aos vinte e um, Rakitskiy lançou do campo de defesa e a bola que parecia que seria interceptada pela marcação chegou até Oleg Husyev, que chutou e mandou perto do ângulo direito. Perceba como a estatística de chutes em gol separava as duas equipes: enquanto os ucranianos deram sete remates, os ingleses não deram nenhum.
Através da bola parada, a Inglaterra assustou: aos vinte e três minutos, Gerrard cobrou falta pela direita, Rooney e Garmash disputaram a bola aérea sem fazer encostarem nela e quem fez o desvio foi o goleiro Pyatov, protegendo a baliza ucraniana. Aos vinte e sete teve fez, finalmente, a primeira finalização inglesa: Gerrard fez lançamento primoroso invertendo o jogo na esquerda, Ashley Young dominou e efetuou belo cruzamento para a área - Rooney posicionou-se bem, usufruindo de liberdade para concluir, mas não leu corretamente o tempo de bola e acabou cabeceando mal, à esquerda. Talvez por falta de ritmo de jogo.
Se a Ucrânia tanto tentava de longa distância, aos vinte e nove minutos a equipe conseguiu entrar na área inglesa: Andriy Yarmolenko recebeu pela direita, entrou na área e chutou colocado, cruzado, tirando da marcação de Cole mas não do goleiro Hart, que defendeu à direita. Aos trinta e um, nova bola parada pra Inglaterra: Gerrard cobrou escanteio pela direita com aquela precisão que acompanha sua carreira e Rooney, livre, cabeceou mal, reforçando os comentários daquele lance aos vinte e sete.
A dificuldade em passar pela última linha de defesa inglesa acompanhava os jogadores ucranianos, que voltaram a arriscar de fora da área aos trinta e cinco minutos, em chute de Garmash que passou à direita. Parker decidiu tentar para a Inglaterra e, também de fora da área, mandou à direita, aos quarenta. No minuto posterior, a Ucrânia se aproximou do gol inaugural através de bela jogada individual: Yarmolenko entrou na área, deixou Parker caído no gramado, passou também por Cole na base do controle de bola mas a cobertura da marcação inglesa conseguiu ceder escanteio, evitando o que poderia ser um golaço.
Veio o intervalo e com ele a esperança ucraniana de que Shevchenko retornasse para o segundo tempo, a fim de levar a equipe à vitória que classificaria a anfitriã. Só que a Ucrânia retornou do vestiário com os mesmos jogadores, a exemplo da Inglaterra. E os ingleses abriram o placar aos dois minutos: pela direita, Gerrard deu drible desconcertante em Devic, cruzou da direita e aí a força do acaso trabalhou a favor dos ingleses. Digo isso porque tanto o desvio em Selin quanto em Yevhen Kacheridi "colaboraram" para que Pyatov falhasse na tentativa de bloquear a bola. E o destino da redonda foi a cabeça de Rooney, que só desperdiçaria a oportunidade se fizesse muito esforço. 1a0 Inglaterra, no 29º gol do Shrek com a camisa da seleção (o primeiro nos seus últimos oitos jogos entre Copa do Mundo e Eurocopa).
O gol inglês abateu mais as arquibancadas do que a seleção ucraniana, que seguiu a partida com a atitude vista enquanto o placar estava zerado. Aos seis minutos, Husyev aparentemente tentou cruzar da direita, mas por muito pouco não marcou o gol ele próprio, com Hart levando a mão até perto do travessão para mandar para fora. Aos oito, a defesa ucraniana ficou escancarada e os ingleses saíram em rápido contra-ataque: Rooney recebeu de Gerrard, avançou acompanhado por Yarmolenko, teve a camisa puxada dentro da área, tocou atrás e James Milner chutou, tendo o remate bloqueado na marcação. No minuto posterior, Konoplyanka voltou a tentar de fora da área, sem mais uma vez conseguir acertar o alvo, mandando por cima.
A Suécia fazia 1a0 na França (golaço de Zlatan Ibrahimovic), aproximando a Inglaterra ainda mais da liderança no grupo (o empate naquele jogo já era suficiente em caso de vitória inglesa). Mas, num jogo tão em aberto quanto o entre ingleses ucranianos, o que menos importava era o resultado alheio. Aos quinze minutos, Konoplyanka cobrou escanteio pela esquerda com passe curto, Yarmolenko cruzou no capricho e encontrou o sumido Artem Milevskiy que, livre e (des)impedido, cabeceou por cima, desperdiçando grande chance de marcar gol ilegal. No minuto seguinte, árbitro e auxiliar errariam de maneira mais grave e influente no resultado da partida: em rápida saída para o ataque, Devic recebeu, fintou a marcação e chutou no contrapé de Hart. O goleiro inglês conseguiu desviar, amortecendo o remate, e a bola tomou o rumo do gol - no percurso, John Terry evitou que a redonda chegasse até a rede, mas não que atravessasse completamente a última linha que demarca o campo. Gol de empate, para agitar de vez a já movimentada partida. Só que nem o árbitro húngaro Viktor Kassai, nem o assistente, nem aquele auxiliar que acompanha o jogo situado próximo à linha-de-fundo sinalizaram aquilo que de fato aconteceu. Não quero aqui desenvolver uma teoria conspiratória contra a arbitragem, que já falha demais por conta própria. Mas e aí? Se três pessoas supostamente não viram o gol, ele deixa de existir?
Por motivo de força maior, o placar seguiu 1a0 para a Inglaterra. Aos vinte e dois minutos, quase saiu o segundo: Milner driblou Selin, cruzou e Pyatov saltou para afastar, evitando cabeceio de Rooney. Na seqüência, Cole recolheu a sobra de bola soltando chute firme, que Pyatov conseguiu espalmar no canto direito. Dois minutos depois, Hodgson e Oleg Blokhin mexeram pela primeira vez: na Inglaterra, Theo Walcott entrou no lugar de Milner; na Ucrânia, Devic deu lugar para o maior goleador na história da seleção, Shevchenko.
Com novo ânimo em campo e nas arquibancadas - a presença de Sheva parece contagiar companheiros e torcedores -, a Ucrânia quase empatou a partida aos vinte e oito minutos: Konoplyanka chutou de fora, a bola fez curva para dentro e Hart, que já havia passado da trajetória da bola, conseguiu levar a mão esquerda até ela e evitar o gol ucraniano. No rebote, Joleon Lescott chegou antes de Milevskiy, aliviando.
A parceria entre Gerrard e Rooney teve novo episódio aos vinte e nove minutos: novamente, o capitão cruzou (dessa vez em cobrança de escanteio pela esquerda) e novamente o goleador cabeceou livre (dessa vez parando em defesa de Pyatov). Aos trinta e um, Shevchenko teve sua primeira participação efetiva no ataque: o camisa sete carregou da direita para o centro, abriu na esquerda e Konoplyanka chutou por cima. Naquele mesmo minuto, Blokhin trocou o pouco acionado Milevskiy por Bohdan Butko. E, no minuto posterior, colocou Nazarenko no lugar de Garmash, mantendo Voronin na condição de suplente.
Se a Inglaterra mostrava através do cartão amarelo recebido por Cole (por retardar a reposição de bola em jogo na cobrança de lateral) qual era sua intenção na partida, a Ucrânia continuava indo para cima. Aos trinta e cinco, Nazarenko tabelou e chutou de fora, por cima. Aos trinta e seis, Hodgson trocou Welbeck por Andrew Carroll, em mexida envolvendo dois jogadores que marcaram gol na Suécia, na rodada anterior. Aos quarenta e um, tirou Rooney para colocar Alex Oxlade-Chamberlain.
Sobrava disposição mas faltava criatividade aos ucranianos na tentativa de superar a barreira inglesa posta em duas linhas de quatro bastante disciplinadas taticamente. Aos quarenta e cinco minutos, um último suspiro: Yarmolenko recebeu e colocou a bola buscando o canto direito e por muito pouco não acertou o ângulo. Mas e se acertasse, será que o gol valeria?
No final, o último gol da primeira fase na Euro 2012 saiu na capital Kiev: foi de Sebastian Larsson, que marcou 2a0 para a Suécia diante da França.
Cruzamentos na fase quartas-de-final
Quinta-feira, 21.06.2012
República Tcheca e Portugal
Sexta-feira, 22.06.2012
Alemanha e Grécia
Sábado, 23.06.2012
Espanha e França
Domingo, 24.06.2012
Inglaterra e Itália
Encerro essa postagem parabenizando Andriy Shevchenko pela bela carreira como futebolista profissional, a qual tive o prazer de acompanhar o período de auge, vestindo a camisa do Milan. Marcou dois gols na estréia ucraniana nessa Euro 2012, proporcionando um dos momentos mais marcantes do torneio e desenhando uma despedida digna para um dos maiores centroavantes da última década. Boa sorte nas futuras empreitadas, Shevchenko!
Desta forma, a Eurocopa 2012 segue para as fases eliminatórias sem contar com nenhuma seleção anfitriã, pois Polônia (lanterna no grupo A) e Ucrânia (terceira colocada no D) não conseguiram passar de fase.
Antes de adentrarmos na análise mais detalhada dos acontecimentos vistos nessa partida entre Ucrânia e Inglaterra, cabe colocar duas lamentações. A primeira é o estilo de jogo inglês, de um pragmatismo exaustivo e de poucas variações de jogadas. A segunda é a situação da arbitragem mundial. Em meio a tantas câmeras com imagens que proporcionam linda cobertura daquilo que ocorre no gramado, ainda estamos reféns dos erros humanos: nenhum dos membros da equipe de arbitragem viu - ou indicou ter visto - que a bola chutada por Marko Devic, aos dezesseis minutos do segundo tempo, ultrapassou a linha final, caracterizando o gol de empate ucraniano. Isso faz lembrar a Copa do Mundo 2010, quando um chute do inglês Frank Lampard (que, lesionado, deve ter acompanhado o jogo de seus compatriotas pela televisão), ultrapassou a linha final e o que seria o gol de empate diante dos alemães nas oitavas acabou não sendo assinalado. Até quando, Federação Internacional de Futebol Associado?
O jogo
Wayne Rooney, que cumpriu suspensão nas duas primeiras rodadas, fazia sua estréia pela Inglaterra nessa Eurocopa 2012. Andriy Shevchenko, Andriy Voronin e Sergey Nazarenko, titulares nas rodadas anteriores, foram para o banco de reservas na Ucrânia (ao que me consta, Shevchenko por motivos físicos e os demais por opção tática).
Os primeiros minutos de partida já mostraram o que viria pela frente. Com menos de um minuto, Yevhen Konoplyanka fugiu de Glen Johnson trazendo para a direita e chutou de fora, mas o remate saiu torto, sem colocar em risco a meta defendida por Joe Hart. No minuto seguinte, tanto Andriy Pyatov (ameaçado por Danny Welbeck) quanto Hart (ameaçado por Denis Garmash) viram-se sob pressão, recebendo recuo de bola com o pé e a aproximação oponente. Sinal de que as duas seleções estavam aplicadas em seus objetivos.
A aplicação não era sinônimo de infiltração na defesa adversária e o recurso utilizado para tentar chegar ao gol era basicamente o chute de fora da área. Aos seis minutos, Garmash recebeu de Yevhen Selin, chutou e quase colocou no ângulo esquerdo. Tentando chegar no toque de bola, a Inglaterra teve bom momento aos dez minutos, mas após a seqüência de passes curtos o goleiro Pyatov acabou com a festa e recolheu o cruzamento rasteiro dado por Ashley Cole. Aos doze, Konoplyanka passou para Selin pela esquerda e deste saiu passe rasteiro para trás - Devic chutou firme e a bola carimbou a marcação de Scott Parker.
Selin apoiava bastante e a Ucrânia dava seqüência ao seu ímpeto de chutar em gol: aos catorze minutos, o lateral-esquerdo rolou atrás e Yaroslav Rakitskiy chegou chutando, mandando por cima. Aos dezessete, Konoplyanka trouxe para a direita e chutou à meia-altura, carimbando o peito de Steven Gerrard - a trajetória da bola apontava o gol como destino, o que valoriza a intervenção do capitão.
Nos primeiros dezoito minutos, a posse de bola estava 60% do tempo com os donos da casa, e os remates de fora da área seguiam acontecendo. Aos vinte e um, Rakitskiy lançou do campo de defesa e a bola que parecia que seria interceptada pela marcação chegou até Oleg Husyev, que chutou e mandou perto do ângulo direito. Perceba como a estatística de chutes em gol separava as duas equipes: enquanto os ucranianos deram sete remates, os ingleses não deram nenhum.
Através da bola parada, a Inglaterra assustou: aos vinte e três minutos, Gerrard cobrou falta pela direita, Rooney e Garmash disputaram a bola aérea sem fazer encostarem nela e quem fez o desvio foi o goleiro Pyatov, protegendo a baliza ucraniana. Aos vinte e sete teve fez, finalmente, a primeira finalização inglesa: Gerrard fez lançamento primoroso invertendo o jogo na esquerda, Ashley Young dominou e efetuou belo cruzamento para a área - Rooney posicionou-se bem, usufruindo de liberdade para concluir, mas não leu corretamente o tempo de bola e acabou cabeceando mal, à esquerda. Talvez por falta de ritmo de jogo.
Se a Ucrânia tanto tentava de longa distância, aos vinte e nove minutos a equipe conseguiu entrar na área inglesa: Andriy Yarmolenko recebeu pela direita, entrou na área e chutou colocado, cruzado, tirando da marcação de Cole mas não do goleiro Hart, que defendeu à direita. Aos trinta e um, nova bola parada pra Inglaterra: Gerrard cobrou escanteio pela direita com aquela precisão que acompanha sua carreira e Rooney, livre, cabeceou mal, reforçando os comentários daquele lance aos vinte e sete.
A dificuldade em passar pela última linha de defesa inglesa acompanhava os jogadores ucranianos, que voltaram a arriscar de fora da área aos trinta e cinco minutos, em chute de Garmash que passou à direita. Parker decidiu tentar para a Inglaterra e, também de fora da área, mandou à direita, aos quarenta. No minuto posterior, a Ucrânia se aproximou do gol inaugural através de bela jogada individual: Yarmolenko entrou na área, deixou Parker caído no gramado, passou também por Cole na base do controle de bola mas a cobertura da marcação inglesa conseguiu ceder escanteio, evitando o que poderia ser um golaço.
Veio o intervalo e com ele a esperança ucraniana de que Shevchenko retornasse para o segundo tempo, a fim de levar a equipe à vitória que classificaria a anfitriã. Só que a Ucrânia retornou do vestiário com os mesmos jogadores, a exemplo da Inglaterra. E os ingleses abriram o placar aos dois minutos: pela direita, Gerrard deu drible desconcertante em Devic, cruzou da direita e aí a força do acaso trabalhou a favor dos ingleses. Digo isso porque tanto o desvio em Selin quanto em Yevhen Kacheridi "colaboraram" para que Pyatov falhasse na tentativa de bloquear a bola. E o destino da redonda foi a cabeça de Rooney, que só desperdiçaria a oportunidade se fizesse muito esforço. 1a0 Inglaterra, no 29º gol do Shrek com a camisa da seleção (o primeiro nos seus últimos oitos jogos entre Copa do Mundo e Eurocopa).
O gol inglês abateu mais as arquibancadas do que a seleção ucraniana, que seguiu a partida com a atitude vista enquanto o placar estava zerado. Aos seis minutos, Husyev aparentemente tentou cruzar da direita, mas por muito pouco não marcou o gol ele próprio, com Hart levando a mão até perto do travessão para mandar para fora. Aos oito, a defesa ucraniana ficou escancarada e os ingleses saíram em rápido contra-ataque: Rooney recebeu de Gerrard, avançou acompanhado por Yarmolenko, teve a camisa puxada dentro da área, tocou atrás e James Milner chutou, tendo o remate bloqueado na marcação. No minuto posterior, Konoplyanka voltou a tentar de fora da área, sem mais uma vez conseguir acertar o alvo, mandando por cima.
A Suécia fazia 1a0 na França (golaço de Zlatan Ibrahimovic), aproximando a Inglaterra ainda mais da liderança no grupo (o empate naquele jogo já era suficiente em caso de vitória inglesa). Mas, num jogo tão em aberto quanto o entre ingleses ucranianos, o que menos importava era o resultado alheio. Aos quinze minutos, Konoplyanka cobrou escanteio pela esquerda com passe curto, Yarmolenko cruzou no capricho e encontrou o sumido Artem Milevskiy que, livre e (des)impedido, cabeceou por cima, desperdiçando grande chance de marcar gol ilegal. No minuto seguinte, árbitro e auxiliar errariam de maneira mais grave e influente no resultado da partida: em rápida saída para o ataque, Devic recebeu, fintou a marcação e chutou no contrapé de Hart. O goleiro inglês conseguiu desviar, amortecendo o remate, e a bola tomou o rumo do gol - no percurso, John Terry evitou que a redonda chegasse até a rede, mas não que atravessasse completamente a última linha que demarca o campo. Gol de empate, para agitar de vez a já movimentada partida. Só que nem o árbitro húngaro Viktor Kassai, nem o assistente, nem aquele auxiliar que acompanha o jogo situado próximo à linha-de-fundo sinalizaram aquilo que de fato aconteceu. Não quero aqui desenvolver uma teoria conspiratória contra a arbitragem, que já falha demais por conta própria. Mas e aí? Se três pessoas supostamente não viram o gol, ele deixa de existir?
Por motivo de força maior, o placar seguiu 1a0 para a Inglaterra. Aos vinte e dois minutos, quase saiu o segundo: Milner driblou Selin, cruzou e Pyatov saltou para afastar, evitando cabeceio de Rooney. Na seqüência, Cole recolheu a sobra de bola soltando chute firme, que Pyatov conseguiu espalmar no canto direito. Dois minutos depois, Hodgson e Oleg Blokhin mexeram pela primeira vez: na Inglaterra, Theo Walcott entrou no lugar de Milner; na Ucrânia, Devic deu lugar para o maior goleador na história da seleção, Shevchenko.
Com novo ânimo em campo e nas arquibancadas - a presença de Sheva parece contagiar companheiros e torcedores -, a Ucrânia quase empatou a partida aos vinte e oito minutos: Konoplyanka chutou de fora, a bola fez curva para dentro e Hart, que já havia passado da trajetória da bola, conseguiu levar a mão esquerda até ela e evitar o gol ucraniano. No rebote, Joleon Lescott chegou antes de Milevskiy, aliviando.
A parceria entre Gerrard e Rooney teve novo episódio aos vinte e nove minutos: novamente, o capitão cruzou (dessa vez em cobrança de escanteio pela esquerda) e novamente o goleador cabeceou livre (dessa vez parando em defesa de Pyatov). Aos trinta e um, Shevchenko teve sua primeira participação efetiva no ataque: o camisa sete carregou da direita para o centro, abriu na esquerda e Konoplyanka chutou por cima. Naquele mesmo minuto, Blokhin trocou o pouco acionado Milevskiy por Bohdan Butko. E, no minuto posterior, colocou Nazarenko no lugar de Garmash, mantendo Voronin na condição de suplente.
Se a Inglaterra mostrava através do cartão amarelo recebido por Cole (por retardar a reposição de bola em jogo na cobrança de lateral) qual era sua intenção na partida, a Ucrânia continuava indo para cima. Aos trinta e cinco, Nazarenko tabelou e chutou de fora, por cima. Aos trinta e seis, Hodgson trocou Welbeck por Andrew Carroll, em mexida envolvendo dois jogadores que marcaram gol na Suécia, na rodada anterior. Aos quarenta e um, tirou Rooney para colocar Alex Oxlade-Chamberlain.
Sobrava disposição mas faltava criatividade aos ucranianos na tentativa de superar a barreira inglesa posta em duas linhas de quatro bastante disciplinadas taticamente. Aos quarenta e cinco minutos, um último suspiro: Yarmolenko recebeu e colocou a bola buscando o canto direito e por muito pouco não acertou o ângulo. Mas e se acertasse, será que o gol valeria?
No final, o último gol da primeira fase na Euro 2012 saiu na capital Kiev: foi de Sebastian Larsson, que marcou 2a0 para a Suécia diante da França.
Cruzamentos na fase quartas-de-final
Quinta-feira, 21.06.2012
República Tcheca e Portugal
Sexta-feira, 22.06.2012
Alemanha e Grécia
Sábado, 23.06.2012
Espanha e França
Domingo, 24.06.2012
Inglaterra e Itália
Encerro essa postagem parabenizando Andriy Shevchenko pela bela carreira como futebolista profissional, a qual tive o prazer de acompanhar o período de auge, vestindo a camisa do Milan. Marcou dois gols na estréia ucraniana nessa Euro 2012, proporcionando um dos momentos mais marcantes do torneio e desenhando uma despedida digna para um dos maiores centroavantes da última década. Boa sorte nas futuras empreitadas, Shevchenko!
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segunda-feira, 18 de junho de 2012
No Sufoco, Espanha Vence Croácia, Avança Em 1º E Ajuda Itália
Em Gdansk, cidade polonesa banhada pelo mar Báltico, Croácia e Espanha travaram duelo equilibrado, válido pela última rodada no grupo C da Eurocopa 2012. Pelo desenrolar dos acontecimentos, dá até para afirmar que a seleção croata esteve próxima da vitória e da classificação, mas uma defesa salvadora de Iker Casillas aos 13 minutos do segundo tempo e um gol de Jesús Navas 29 minutos mais tarde foram determinantes para garantir o triunfo espanhol por 1a0. Isso sem falar no árbitro alemão Wolfgang Stark, que ignorou duas infrações dentro da área defendida pela Espanha - a última delas aos 40 minutos da etapa complementar.
Com esse resultado combinado ao da cidade de Poznan (onde a Itália venceu a Irlanda por 2a0, gols de Antonio Cassano e Mario Balotelli), a Espanha avança em primeiro lugar e a Itália na segunda colocação, deixando para trás a terceira colocada Croácia e a lanterna Irlanda.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
Se por um lado o espanhol Vicente del Bosque repetiu a escalação inicial vista na segunda rodada, por outro o croata Slaven Bilic preparou alterações na equipe titular. O selecionado croata foi a campo com Damagoj Vida (atuando na lateral-direita) e Danijel Pranjic (posicionado no flanco esquerdo da linha de meio-campistas), levando Ivan Perisic e Nikica Jelavic para o banco de reservas. Desta forma, a Croácia ganhava poder de marcação, numa formação onde Darijo Srna tinha mais liberdade pela direita ao mesmo tempo que fortalecia a marcação por aquele setor, auxiliado por Vida - lá na frente, o goleador Mario Mandzukic perdeu a companhia de Jelavic, mas contou com constantes aproximações do ótimo meia Luka Modric, um dos melhores jogadores em campo.
E o esquema traçado por Bilic parecia funcionar: nos primeiros minutos, era notória a dificuldade espanhola em desenvolver seu jogo de toque de bola no campo ofensivo. Por mais que a equipe detivesse sob seus domínios cerca de 3/4 do tempo de posse de bola, as jogadas de infiltração eram raras. A primeira grande defesa do belo goleiro Stipe Pletikosa (nomeado goleiro da segunda rodada nesse blógui) ocorreu aos vinte e dois minutos, rebatendo com o joelho esquerdo uma finalização de Fernando Torres, que estava próximo à linha-de-fundo pelo lado direito no momento do remate de três dedos. As tentativas dos zagueiros Gerard Piqué e Sergio Ramos em chutes de longa distância demonstravam o quanto estava complicado para a Espanha tentar se aproximar do gol através do seu jeito preferido, quer dizer, tocando a bola.
O placar de 0a0 classificava ambas seleções até então, mas não mais a partir do momento em que, aos 34 minutos de jogo em Poznan, Cassano marcava 1a0 para a Itália diante da Irlanda. Verdan Corluka e Gordon Schildenfeld tinham ótima performance no miolo de defesa croata, inibindo a maioria das investidas espanholas - que não eram poucas, notadamente quando Xavi Hernández buscava Torres. E a proteção era ainda mais fortalecida dada a atenção e agilidade de Pletikosa, que conseguia intervir no momento certo para recolher as bolas que eventualmente chegassem. Mas não bastava se defender da melhor seleção de futebol na atualidade - era preciso atacar para se classificar. E os croatas chegaram perto do gol aos treze minutos do segundo tempo: pela direita, Modric descolou lindo passe de trivela e encontrou Ivan Rakitic absolutamente livre de marcação, passando nas costas de Xabi Alonso. Rakitic cabeceou à meia-altura e parou em defesa salvadora de Casillas, que espalmou do jeito que dava.
Del Bosque realizou a primeira substituição na partida aos quinze, trocando Torres por Jesús Navas, intensificando a tentativa de penetrar na defesa pelos flancos do gramado. Aos vinte, Bilic soltou mais a equipe com uma dupla substituição: saíram Vida e Pranjic, entraram Perisic e Jelavic. Três minutos após a mexida, um cruzamento de Perisic pela esquerda quase foi alcançado por Jelavic na tentativa de cabeceio, mostrando que a alteração já esboçava resultados práticos. Aos vinte e sete, Del Bosque trocou David Silva por Francesc Fàbregas, naquela que era a segunda alteração espanhola num jogo onde a Croácia subia de produção no ataque sem se tornar mais vulnerável na defesa.
Cesc Fàbregas era acionado no comando de ataque, atuando centralizado. Mas a Espanha tinha dificuldades no momento de definir o lance - seja no momento do "último passe", seja na hora da finalização propriamente dita. Mesmo sem o resultado que a interessava, a Croácia tornava o jogo mais vistoso aos trinta e quatro minutos, quando Mandzukic recebeu a bola pela direita e passou os pés sobre a redonda em movimento típico daqueles jogadores insinuantes, como os brasileiros Neymar e Robinho - e olha que estamos falando aqui de um centroavante goleador, de boa estatura e presença de área. No minuto seguinte à jogada de efeito de Mandzukic, Bilic ousou na substituição derradeira: tirou o volante Ognjen Vukojevic e colocou o atacante carioca Eduardo da Silva.
O jogo estava totalmente em aberto e chances de gol foram aparecendo. A Espanha chegou com Andrés Iniesta aos trinta e oito e com Navas aos trinta e nove minutos - em ambos os lances, Pletikosa rebateu o remate. Aos quarenta, foi a vez da Croácia: Rakitic cobrou fechado um escanteio pela esquerda e a bola viajou na direção de Corluka, que foi puxado pela camisa por Sergio Busquets na disputa aérea, em pênalti não assinalado por Stark (na primeira etapa, o alemão não marcou sequer jogo perigoso quando Ramos deu carrinho esticando e levantando a perna em disputa com Mandzukic, também dentro da área).
Aos quarenta e dois, saiu o gol da Espanha: Fàbregas deu bela enfiada de bola para Iniesta que, em posição legal, dominou entre o peito e o ombro e serviu Navas com um toque de lado, deixando o companheiro numa boa para a conclusão. E ele concluiu para a rede, naquele que era o 0a0 mais persistente num jogo nessa Euro 2012.
No minuto posterior, teve vez a última substituição no jogo: saiu Xavi, entrou Álvaro Negredo. A Itália marcava 2a0 sobre a Irlanda (gol de Balotelli) e a Croácia precisava de um único gol para retomar a segunda posição no grupo C e se classificar para a fase quartas-de-final. Numa das últimas cartadas, até Pletikosa se mandou para a área adversária na esperança do lance de bola parada. Mas a vitória espanhola se concretizou, para alegria dos italianos e tristeza da valente seleção croata, eliminada na fase de grupos com uma participação maiúscula no torneio continental.
Outros jogos
Ontem, pelo grupo B - o mais forte nessa edição de Eurocopa -, a Alemanha confirmou a primeira colocação na chave com uma vitória por 2a1 sobre a Dinamarca (gols de Podolski e Bender, com Krohn-Dehli marcando para os dinamarqueses). E a segunda vaga ficou com os portugueses, que venceram a Holanda de virada (Van der Vaart abriu a contagem e Ronaldo marcou os dois gols lusitanos). Os holandeses se despedem da Euro sem conseguir somar um único ponto.
Com esse resultado combinado ao da cidade de Poznan (onde a Itália venceu a Irlanda por 2a0, gols de Antonio Cassano e Mario Balotelli), a Espanha avança em primeiro lugar e a Itália na segunda colocação, deixando para trás a terceira colocada Croácia e a lanterna Irlanda.
O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)
Se por um lado o espanhol Vicente del Bosque repetiu a escalação inicial vista na segunda rodada, por outro o croata Slaven Bilic preparou alterações na equipe titular. O selecionado croata foi a campo com Damagoj Vida (atuando na lateral-direita) e Danijel Pranjic (posicionado no flanco esquerdo da linha de meio-campistas), levando Ivan Perisic e Nikica Jelavic para o banco de reservas. Desta forma, a Croácia ganhava poder de marcação, numa formação onde Darijo Srna tinha mais liberdade pela direita ao mesmo tempo que fortalecia a marcação por aquele setor, auxiliado por Vida - lá na frente, o goleador Mario Mandzukic perdeu a companhia de Jelavic, mas contou com constantes aproximações do ótimo meia Luka Modric, um dos melhores jogadores em campo.
E o esquema traçado por Bilic parecia funcionar: nos primeiros minutos, era notória a dificuldade espanhola em desenvolver seu jogo de toque de bola no campo ofensivo. Por mais que a equipe detivesse sob seus domínios cerca de 3/4 do tempo de posse de bola, as jogadas de infiltração eram raras. A primeira grande defesa do belo goleiro Stipe Pletikosa (nomeado goleiro da segunda rodada nesse blógui) ocorreu aos vinte e dois minutos, rebatendo com o joelho esquerdo uma finalização de Fernando Torres, que estava próximo à linha-de-fundo pelo lado direito no momento do remate de três dedos. As tentativas dos zagueiros Gerard Piqué e Sergio Ramos em chutes de longa distância demonstravam o quanto estava complicado para a Espanha tentar se aproximar do gol através do seu jeito preferido, quer dizer, tocando a bola.
O placar de 0a0 classificava ambas seleções até então, mas não mais a partir do momento em que, aos 34 minutos de jogo em Poznan, Cassano marcava 1a0 para a Itália diante da Irlanda. Verdan Corluka e Gordon Schildenfeld tinham ótima performance no miolo de defesa croata, inibindo a maioria das investidas espanholas - que não eram poucas, notadamente quando Xavi Hernández buscava Torres. E a proteção era ainda mais fortalecida dada a atenção e agilidade de Pletikosa, que conseguia intervir no momento certo para recolher as bolas que eventualmente chegassem. Mas não bastava se defender da melhor seleção de futebol na atualidade - era preciso atacar para se classificar. E os croatas chegaram perto do gol aos treze minutos do segundo tempo: pela direita, Modric descolou lindo passe de trivela e encontrou Ivan Rakitic absolutamente livre de marcação, passando nas costas de Xabi Alonso. Rakitic cabeceou à meia-altura e parou em defesa salvadora de Casillas, que espalmou do jeito que dava.
Del Bosque realizou a primeira substituição na partida aos quinze, trocando Torres por Jesús Navas, intensificando a tentativa de penetrar na defesa pelos flancos do gramado. Aos vinte, Bilic soltou mais a equipe com uma dupla substituição: saíram Vida e Pranjic, entraram Perisic e Jelavic. Três minutos após a mexida, um cruzamento de Perisic pela esquerda quase foi alcançado por Jelavic na tentativa de cabeceio, mostrando que a alteração já esboçava resultados práticos. Aos vinte e sete, Del Bosque trocou David Silva por Francesc Fàbregas, naquela que era a segunda alteração espanhola num jogo onde a Croácia subia de produção no ataque sem se tornar mais vulnerável na defesa.
Cesc Fàbregas era acionado no comando de ataque, atuando centralizado. Mas a Espanha tinha dificuldades no momento de definir o lance - seja no momento do "último passe", seja na hora da finalização propriamente dita. Mesmo sem o resultado que a interessava, a Croácia tornava o jogo mais vistoso aos trinta e quatro minutos, quando Mandzukic recebeu a bola pela direita e passou os pés sobre a redonda em movimento típico daqueles jogadores insinuantes, como os brasileiros Neymar e Robinho - e olha que estamos falando aqui de um centroavante goleador, de boa estatura e presença de área. No minuto seguinte à jogada de efeito de Mandzukic, Bilic ousou na substituição derradeira: tirou o volante Ognjen Vukojevic e colocou o atacante carioca Eduardo da Silva.
O jogo estava totalmente em aberto e chances de gol foram aparecendo. A Espanha chegou com Andrés Iniesta aos trinta e oito e com Navas aos trinta e nove minutos - em ambos os lances, Pletikosa rebateu o remate. Aos quarenta, foi a vez da Croácia: Rakitic cobrou fechado um escanteio pela esquerda e a bola viajou na direção de Corluka, que foi puxado pela camisa por Sergio Busquets na disputa aérea, em pênalti não assinalado por Stark (na primeira etapa, o alemão não marcou sequer jogo perigoso quando Ramos deu carrinho esticando e levantando a perna em disputa com Mandzukic, também dentro da área).
Aos quarenta e dois, saiu o gol da Espanha: Fàbregas deu bela enfiada de bola para Iniesta que, em posição legal, dominou entre o peito e o ombro e serviu Navas com um toque de lado, deixando o companheiro numa boa para a conclusão. E ele concluiu para a rede, naquele que era o 0a0 mais persistente num jogo nessa Euro 2012.
No minuto posterior, teve vez a última substituição no jogo: saiu Xavi, entrou Álvaro Negredo. A Itália marcava 2a0 sobre a Irlanda (gol de Balotelli) e a Croácia precisava de um único gol para retomar a segunda posição no grupo C e se classificar para a fase quartas-de-final. Numa das últimas cartadas, até Pletikosa se mandou para a área adversária na esperança do lance de bola parada. Mas a vitória espanhola se concretizou, para alegria dos italianos e tristeza da valente seleção croata, eliminada na fase de grupos com uma participação maiúscula no torneio continental.
Outros jogos
Ontem, pelo grupo B - o mais forte nessa edição de Eurocopa -, a Alemanha confirmou a primeira colocação na chave com uma vitória por 2a1 sobre a Dinamarca (gols de Podolski e Bender, com Krohn-Dehli marcando para os dinamarqueses). E a segunda vaga ficou com os portugueses, que venceram a Holanda de virada (Van der Vaart abriu a contagem e Ronaldo marcou os dois gols lusitanos). Os holandeses se despedem da Euro sem conseguir somar um único ponto.
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