terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Recordar É Viver: Viva A Espanha 2010!

Nesse clima retrospectivo sugerido pela proximidade da virada de ano, cá está o Jogada De Efeito para uma postagem especial. E, para caprichar na temática, as linhas seguintes abordarão nada mais, nada menos que a trajetória espanhola na Copa do Mundo 2010. Bom proveito!
Vidências à parte, Holanda e Espanha foi, na opinião deste blogueiro, a final dos sonhos.

A Espanha que foi à África do Sul em 2010 estava representada por uma das melhores gerações de uma seleção nos últimos tempos. Talentos individuais incontestáveis, mas que carregavam o indesejável peso de, pelo fato da Fúria jamais ter conquistado um Mundial, serem rotulados como "amarelões". Não é objetivado nesse texto nos aprofundarmos na discussão sobre o termo "amarelar", mas deixo aqui registrado que sempre discordei veementemente dessa nomenclatura, especialmente quando apontada para a seleção espanhola: o fato de alguém entrar em campo com um suposto favoritismo e não vencer o jogo é absolutamente natural - o que deveria ser analisado não é meramente o resultado, mas como foi o desempenho da equipe na partida.

E a Copa do Mundo começou, para a Espanha, com essa discussão a todo vapor: a derrota por 1a0 para a Suíça, na estréia em 16 de junho, fez brotar inúmeros comentários sobre o fracasso que seria o Mundial espanhol. Um comentarista de uma emissora aberta brasileira chegou a dizer, logo após o término dessa partida, que nunca confiou na Espanha pois trata-se de um time com "fragilidade emocional". Naquele mesmo momento, pensei comigo: "esse sujeito não assistiu a partida ou então não entendeu nada do que se passou diante de seus olhos". A Espanha, caros amantes do futebol, fez uma grande estréia, circulando a bola, finalizando, mantendo um volume de jogo intenso do princípio ao final da partida. O goleiro Diego Benaglio, em atuação inspirada, manteve a meta inviolável. Aliás, a meta suíça não foi vazada uma única vez na Copa anterior e, naquele mesmo Mundial, sofreria um único gol (do ofensivo Chile de Marcelo Bielsa, e em condição irregular).

Veio a segunda rodada, e a Espanha repetiu a grande atuação da estréia. Mas com uma diferença: se naquela oportunidade o placar lhe foi adverso, dessa vez os espanhóis triunfaram sobre Honduras com dois gols de David Villa, que naquele momento iniciaria uma série de atuações decisivas e que o colocariam como um dos destaques da Copa 2010. Na terceira e última rodada pelo grupo H, espanhóis e chilenos, que demonstravam dois dos mais belos estilos de jogo em território sul-africano, se enfrentaram em partida onde ambas as equipes demonstravam vocação ofensiva. Fizeram um grande jogo até os 30 minutos da segunda etapa, quando, informados pelo placar zerado entre Suíça e Honduras, passaram a se respeitar mutuamente para manter o resultado que classificava ambas as seleções.

Vieram as oitavas-de-final. O adversário era Portugal. A seleção retrancada de Carlos Queiroz não havia sofrido um único gol na primeira fase e seguia apostando num sólido sistema defensivo para passar pela Espanha. O jogo seguia, o cronômetro avançava e a Espanha mantinha-se firme na proposta de fazer rolar a bola pelo gramado na busca por uma oportunidade. Se fosse um time emocionalmente frágil, a Espanha poderia se desesperar facilmente com a boa atuação do goleiro Eduardo e a persistência do 0a0 no placar. Mas não. Aquela Espanha é forte na bola e na cabeça e, numa jogada altamente trabalhada e que terminou nos pés de Villa, conquistou o gol e o direito de seguir encantando o mundo no continente africano.

Nas quartas, veio novo desafio sul-americano. Os paraguaios engrossaram surpreendentemente a partida, estabalecendo um sistema de jogo que apostava na marcação-pressão, visando manter o talentoso meio-campo espanhol distante da meta defendida por Justo Villar. Em jogo que contou com fortes emoções na segunda etapa (com direito a um pênalti perdido para cada lado), no final triunfou a equipe mais disposta a atacar, contando com novo gol do decisivo David Villa.

Na fase semifinal, um oponente duríssimo: a Alemanha de Joachim Löw. Uma Alemanha revolucionária, que jogava um futebol com a bola no chão e de troca de passes que destoavam da tradição alemã de buscar incessantemente o "chuveirinho". Uma Alemanha que encantava. Uma Alemanha que ia atrás do tetracampeonato. O momento mais adequado e oportuno para a "fragilidade emocional" espanhola desabrochar e tirar os comandados de Vicente Del Bosque da disputa pelo título. Certo? Errado! Jogando no ataque e mantendo a mesma postura que a levou até esse jogo, a Espanha pressionou a Alemanha e desenvolveu novamente uma grande atuação coletiva, coroada com gol de cabeça de Carles Puyol. A Alemanha, que havia atropelado Austrália, Inglaterra e Argentina, estava irreconhecível. Mas as três estrelas bordadas na camisa parecem deixá-la imune ao famigerado conceito de "amarelar".

E lá foi a Espanha para o fatídico 11 de julho, no estádio Soccer City, em Johannesburgo. Um gol de Andrés Iniesta no 116º minuto diante da Holanda deu à Espanha, que estava representada por uma das melhores gerações de uma seleção nos últimos tempos, o inédito título de campeã mundial. Partida dificílima, sem dúvidas. Os holandeses, que chegavam em sua terceira final de Copa do Mundo, tiveram chances incríveis de abrir o placar, como uma de Arjen Robben após passe de Wesley Sneijder, quando Iker Casillas fez valer a máxima de que "um grande time começa por um grande goleiro". Parabéns, Espanha! Naquela altura, poucos se lembravam da estréia diante da Suíça. Mas eu acho que todos deveriam ter aquela partida inaugural viva na memória. Afinal, aquela foi a primeira de muitas grandes atuações da Espanha na Copa 2010. A exemplo da Eurocopa 2008, uma Espanha amarelo-ouro.
Elenco espanhol comemora a conquista inédita da taça de campeão mundial: prêmio sob medida para uma geração sensacional.

4 comentários:

  1. A Copa do Mundo não foi lá essas coisas,eu esperava bem mais.
    Pelo ótimo time que tem estava torcendo pela Espanha que não deu show mas levantou a taça.

    abraços!

    fluminensetricolorguerreiro.blogspot.com

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  2. Achei que os deuses do futebol me presentearam nessa Copa: me simpatizei desde o início com as equipes que terminaram justamente nas 3 primeiras posições.

    Abraços.

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  3. Buenas.

    La furia jogou muita bola. Fúria mostrou como é o tão falado "futebol moderno". Toque de bola perfeito, aplicação tática quase impecável e o tempo todo jogando pra frente.

    Barcelona joga bem como a fúria. E não é por acaso, os melhores jogadores da Espanha que venceram o mundial estão jogando no Barça.

    Mas fazer oque a Fúria fez só é possivel quando os jogadores tem qualidade para tal.

    Ter posse de bola muitos times e seleções tentam, mas quase nenhum consegue ser efetivo por falta de qualidade dos jogadores.

    A moça logo a cima escreveu que a Espanha não deu Show, pode até ser, mas a fúria deu aula de futebol.

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  4. Concordo em gênero, número e grau: uma aula de futebol. E o que é melhor: independentemente de adversário e/ou de resultado. Um título mundial que ficou em ótimas mãos.

    Abraços.

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