quarta-feira, 27 de abril de 2011

Marcação 0, Criação 2: Uma Vitória Filosófica

Tanto quanto o Manchester United na terça-feira, o Barcelona deu um passo enorme em direção à final da Liga dos Campeões da Europa nessa presente temporada. Com a vitória por 2a0 em pleno estádio Santiago Bernabéu, os comandados de Josep Guardiola terão campo para jogar na partida de volta. Afinal, o time dirigido por José Mourinho irá ao Camp Nou com a necessidade de marcar pelo menos dois gols.

O jogo

O primeiro tempo da partida na capital espanhola tinha o desenho exato - ou pelo menos muito próximo - daquilo que Mourinho planejava para o evento. Um duelo onde a marcação merengue dificultava uma aproximação dos barcelonistas à meta defendida por Iker Casillas e que, de brinde, fomentava um clima de tensão entre duas equipes que contam com muitos companheiros de seleção, campeões juntos tanto na Euro-2008 (com Luís Aragonés) quanto na Copa-2010 (com Vicente Del Bosque no comando técnico). Por uma mentalidade defensivista que focava o jogo inteiramente no compromisso de marcar o adversário, o Real de Mourinho não permitia que o jogo se desenvolvesse. O luso-brasileiro Pepe retratava fidedignamente o que era o time madridista em campo: aplicado na marcação, atento ao deslocamento adversário, mas ineficaz quando com a bola nos pés (aliás, bola nos pés foi algo que ficou 72% do tempo sob controle "blaugrana").

Com pouca emoção na primeira etapa, o jogo foi para o intervalo num clima de confronto nada esportivo: no tumulto antes da ida para os vestiários, sobrou uma expulsão para o goleiro reserva do Barcelona, o português José Manuel Pinto. Veio o segundo tempo e o Real tinha uma modificação: o meio-campista alemão Mesut Özil deu lugar ao atacante togolês Emmanuel Adebayor. Apesar do Real quase nada se dedicar no que tange às jogadas ofensivas, a simples presença de Adebayor trouxe o time da casa mais para o campo de ataque. Mas, de tanto perseguir os adversários que detinham a posse de bola, de tanto se preocupar em se defender, de tanto combater um oponente que estava mais à vontade em campo, uma hora a bomba estourou. E é aí que voltamos a falar de Pepe: aos 15 minutos, o jogador deixou a sola da chuteira propositalmente na perna direita do brasileiro Daniel Alves e foi merecidamente expulso pelo árbitro alemão Wolfgang Stark.

Se na igualdade numérica já era exaustiva a tarefa de proteger-se das investidas barcelonistas, com um homem a menos a coisa ficou definitivamente complicada para o Real Madrid, que sentia o jogo dentro das quatro linhas (o argentino Ángel Di María, que transparecia tensão a cada dividida de bola, talvez seja o maior exemplo nesse sentido), nas arquibancadas (os torcedores por muitas vezes silenciavam no estádio e permitiam que a minoria azul-grená cantasse) e até no banco de reservas (por mau comportamento, o treinador português José Mourinho foi convidado a se retirar da área técnica e assistiu o restante da partida atrás das grades, a cerca de 8 metros de distância do banco de suplentes). Após levar um pisão do brasileiro Marcelo quando já estava caído no gramado, Pedro Rodríguez precisou ser substituído, dando lugar para o habilidoso holandês Ibrahim Afellay aos 25 minutos. E, 5 minutos depois de entrar, Afellay já mostrou um pouco da sua desenvoltura com a bola nos pés: encarou a marcação de Marcelo, foi à linha final e encontrou o argentino Lionel Messi fechando na pequena área. Sem mais delongas, bola na rede e placar aberto em Madrid aos 30 minutos do segundo tempo.

Se alguém imaginou que o gol sofrido seria uma deixa para que Mourinho tirasse Kaká, Benzema ou Higuaín do banco de reservas e convidasse o Real a freqüentar um pouco mais o campo de ataque, frustrou-se. Eles permaneceram fora das quatro linhas e assistiram o melhor jogador do mundo exibir a sua genialidade: aos 41 minutos, Messi deixou para trás Lassana Diarra, Sérgio Ramos, Raúl Albiol e Marcelo, tirando de Casillas com um chute sutil com a perna direita. Golaço. Aos 45 minutos, Pep Guardiola ainda promoveu a estréia do jovem Sergi Roberto, que entrava no lugar de David Villa.

Com o revés dentro de casa, uma coisa é certa: não será com essa escalação e muito menos com essa estratégia de jogo que o Real Madrid conseguirá reverter a situação no Camp Nou. Já o Barcelona deverá manter-se fiel ao seu estilo, até porque já provou que não abre mão de uma filosofia de jogo em função de adversário ou resultado. Indícios de que a segunda partida será muito melhor do que a primeira e de que os quatro confrontos entre esses times terão um desfecho com chave-de-ouro.

Outro resultado

Terça-feira

Schalke 04 0a2 Manchester United

Um comentário:

  1. Mourinho se lascou! Quem tem Messi, tem tudo. Classe e técnica, além de assombroso dominio da bola e do espaço no segundo gol.

    Bacana o blog, to seguindo. Convido a seguir o FuteB.R.O.N.C.A.!

    Saudações!!!

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