sábado, 2 de abril de 2011

À Mil, Milan Atropela Inter Em Clássico E Consolida Liderança

Atípico. Atrevo-me a iniciar o tópico sobre o clássico de Milão utilizando-me de uma só palavra. Atípico.

Há bastante tempo que uma partida entre Milan e Internazionale, pelo Campeonato Italiano, não colocava esses clubes numa situação como essa - disputando o "Scudetto" com uma pequena margem de pontos separando as instituições. De quebra, Leonardo, figura que defendeu o Milan no campo e também fora dele, hoje era adversário do "Rossonero" - e olha que foi hostilizado pelos torcedores, que provavelmente não digeriram muito bem as voltas que o mundo da bola dá. Como se não bastassem estes dois ingredientes, cada equipe tinha uma ausência de peso, ambas por suspensão. Melhor para o Milan, que, sem Zlatan Ibrahimovic, viu seu ataque funcionar como raramente pôde-se ver na presente temporada. E ainda não precisou encarar o gigante zagueiro brasileiro Lúcio, que fez muita falta para o sistema defensivo interista.
Antes de a bola rolar, torcedores do Milan estenderam nas arquibancadas sua indignação por Leonardo assinar com a Internazionale: "Judas Interista". Sinal de saudades?

O jogo (confira como foi a transmissão da partida em tempo real)

Quem imaginaria que um jogo cercado de tamanha expectativa pudesse ter o placar inaugurado no primeiro minuto? Acho que nem o próprio Alexandre Pato, que estufou a rede com 42 segundos de partida. Ele tabelou com Gennaro Ivan Gatuso, aproveitou-se da dividida entre Júlio César e Robinho e pegou a sobra para marcar 1a0.

Que o holandês Clarence Seedorf tem um toque de bola refinado e uma visão de jogo muito acima da média, ninguém seria insano de contestar. Mas, não bastando essas duas características, o surinamês de nascimento (que completou 35 anos de idade no dia 1º de abril, data de aniversário desse blógui) demonstrou uma velocidade impressionante, agilizando os contra-ataques da equipe e formando com Robinho e Pato um triângulo que semeou o pânico na marcação adversária.

Mais atrás, Mark van Bommel e Gennaro Gattuso davam proteção à defesa (como se uma dupla formada por Thiago Silva e Alessandro Nesta precisasse disso), com Kevin-Prince Boateng sendo o ponto de equilíbrio entre um setor e outro, participando da marcação e também, quando necessário, da armação de jogadas. Mesmo com essa mecânica de jogo funcionando bem, o goleiro Christian Abbiati foi convidado a trabalhar, correspondendo com duas grandes defesas: primeiro, bloqueando finalização frontal de Giampaolo Pazzini e depois intervindo espetacularmente após cabeceio de Thiago Motta, em lance onde somente o recurso eletrônico poderia zerar as dúvidas de a bola ter ultrapassado totalmente a linha final ou não, como entendeu a arbitragem humana.

Se o Milan esteve próximo de ampliar a diferença aos 36 minutos (Mark van Bommel acertou o travessão após a bola desviar em Christian Chivu), teve muita sorte de escapar do gol de empate aos 42, quando a bola sobrou limpa para o camaronês Samuel Eto'o na pequena área e o camisa 9 mandou a redonda para fora, com Abbiati fora de ação.

A segunda etapa teve início e não demorou para o "clima de rivalidade" ganhar contornos próximos da antidesportividade. Mas, felizmente, nada de mais grave sucedeu aos desentendimentos entre Motta e Abate, e Nesta e Pazzini. Aos 5 minutos, Massimiliano Allegri trocou Gattuso pelo francês Mathieu Flamini, o que, convenhamos, diminuiu as probabilidades de termos alguma bagunça de ordem disciplinar (mas cabe fazer justiça: Gattuso, por incrível que pareça, comportou-se bem).

3 minutos depois da saída de Gattuso, Chivu foi expulso pelo árbitro Nicola Rizzoli. Não, o romeno não agrediu ninguém. Mas o cartão vermelho foi correto quando o defensor, na condição de último homem, impediu que Pato avançasse em direção ao gol. Leonardo não esperou mais nada e recompôs a defesa trocando o meia macedônio Goran Pandev pelo zagueiro colombiano Iván Córdoba. Na cobrança de falta originada naquele lance, Seedorf deixou que Thiago Silva enchesse o pé da meia-lua, o brasileiro acertou o alvo mas Júlio César conseguiu rebater.

É bem comum vermos jogadores se atracando antes de uma cobrança de escanteio. Mas a forma como Thiago Motta puxou van Bommel pela camisa, erguendo-o na altura do pescoço, estava totalmente fora de contexto da prática futebolística. Pra mim, o suficiente para uma medida mais enérgica da arbitragem, que limitou-se a apartar um do outro na base da conversa (leia-se da ameaça).

Aos 16 minutos, a partida brigada deu lugar para a partida jogada e o Milan encaixou linda troca de passes que colocou a Inter na roda: com um lançamento preciso, Seedorf acionou Abate na direita, o lateral colocou cruzado e Pato, em posição duvidosa, completou pra rede. 2a0 no placar.

Com a defesa "nerazzurri" escancarada, já era anunciada a iminência de uma goleada. Júlio César fez pelo menos 3 defesas difíceis para evitar uma maior elasticidade no resultado. Com Antonio Cassano no lugar de Robinho (que não aproveitou nenhuma das chances que teve de definir o jogo) e com Urby Emanuelson no lugar de Pato (essa sim uma mexida com a cara do Allegri), o Milan diminuiu de intensidade e em alguns momentos viu-se sob pressão. Mas, aos 42 minutos, um novo lançamento milimétrico de Seedorf colocou Cassano em boas condições na área e o camisa 99 foi derrubado pelo argentino Javier Zanetti: pênalti. O próprio Cassano encarregou-se da cobrança e marcou o 3º.

E o desfecho do jogo teve a marca da intensidade de Cassano: sofreu o pênalti aos 42, marcou o gol aos 44 e, por tirar a camisa do uniforme, recebeu cartão amarelo após a comemoração. Aos 46, cometeu uma falta que rendeu-lhe o segundo amarelo e a conseqüente expulsão. Nada que afetasse a festa milanista. Mas, com a volta de Ibra e a ausência do atacante italiano, talvez o próximo jogo (Fiorentina, fora) não seja tão tranqüilo quanto este...

2 comentários:

  1. Tento me colocar na situação do Leonardo. Complicado. O Milan vem fazendo sua parte nos jogos decisivos, foi assim contra o Napoli, e agora de novo contra a Inter. Dois 3x0. Pareçe encaminhar a festa rossonera ao final da temporada na Itália.

    Amanhã, conto com uma vitória napolitana pra trazer a diferença do líder ao vice a 3 pontos apenas. Ainda torço pro Napoli levantar o caneco!

    ResponderExcluir
  2. Realmente, esse fato do Milan ter faturado 12 pontos em cima dos 2 maiores concorrentes ao título pode ser o componente que mais está pesando a favor da equipe.

    Também torço por vitória napolitana nesse domingo, e, se tudo caminhar bem, a penúltima rodada terá um Napoli e Internazionale de arrepiar até cabeça de careca.

    Abraços.

    ResponderExcluir