quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Time De Volantes Não Vai Pra Frente: Já Era, Dunga!

Ano de 2011 pedindo passagem, 2010 se despedindo e cá está o Jogada De Efeito para uma nova postagem especial(íssima) de caráter retrospectivo. Depois de falarmos da sensacional geração espanhola, campeã do mundo na África do Sul, é chegado o momento de "cutucar a ferida" brasileira. Boa leitura a todos!
Charge lembrando a escolha de Dunga por não levar Ronaldinho Gaúcho, bem no Milan, ao Mundial. O "reserva de Kaká" acabou sendo o combativo Júlio Baptista, suplente na Roma.

Após a queda nas quartas-de-final na Copa 2006, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, decidiu fazer uma aposta. Saía o experiente conhecedor de futebol e campeão mundial em 1994 Carlos Alberto Parreira para a entrada do capitão daquela conquista nos Estados Unidos, Dunga, que teria seu primeiro trabalho como treinador.

A Era Dunga desembarcou na África do Sul altamente confiante: carregava na bagagem o primeiro lugar em todas as competições que até então havia disputado (Copa América, Copa das Confederações e Eliminatórias para a Copa do Mundo). Se em 2006 a seleção comandada por Parreira contava com diversos talentos individuais escalados juntos (o quase divinizado "quadrado mágico" serve de exemplo), o time de Dunga era recheado de atletas de marcação, com características mais focadas no combate do que na criação. Mas a população brasileira, no geral, pensava algo como: "tudo bem, afinal, o time de Parreira foi apático na Alemanha e o time do Dunga mostra um ímpeto pela vitória que certamente nos levará ao hexa". Alguns defendiam a convocação de Dunga (e Jorginho) com um pensamento que ficou clichê: "ele está levando quem ele confia".

Sob um clima conflitivo com a classe jornalista - incluindo bate-bocas ásperos em entrevistas coletivas -, o Brasil terminou a primeira fase do Mundial na primeira colocação no grupo G, com duas vitórias (2a1 na Coréia do Norte e 3a1 na Costa do Marfim) e um empate (0a0 com Portugal). Partidas longe de empolgar, principalmente se levarmos em consideração que aquele time que vestia amarelo representava uma nação acostumada a encantar o mundo com desempenhos atraentes e que por muitas vezes caracterizavam diretamente a noção de futebol arte. A arte passava longe do jogo sugerido por Dunga. Sempre foi assim, desde antes do primeiro troféu ser erguido, ainda em 2007. Mas o lugar mais alto do pódio parecia anestesiar o bom senso dos torcedores, que, em alguns casos, chegavam a dizer que Dunga era "bom técnico". Na minha concepção, nem bom, nem técnico.

Mas quem éramos nós para sustentar essa opinião se, na fase de oitavas-de-final, o Brasil goleava o Chile por 3a0? Nesse 3a0, o fato de termos nos tornado a primeira seleção no Mundial a não ser vazada pelo Chile de Marcelo Bielsa deixou evidente que o Brasil poderia jogar tranqüilamente com um único cabeça-de-área sem comprometer o poder de marcação e a proteção à defesa (Felipe Melo, suspenso, não foi utilizado nessa partida e Gilberto Silva deu conta do recado). Mesmo com o sistema defensivo chileno altamente desfalcado (dupla de zaga e volante cumpriam suspensão), o fato é que o desempenho brasileiro agradou. Talvez fosse o que faltava para o negócio deslanchar, o clima conflitivo amenizar e tudo correr bem rumo à final no estádio Soccer City. O Brasil finalmente jogando como seleção brasileira.

Que nada. A face que Dunga colocou naquela seleção foi mostrada para o mundo na partida seguinte, quando um Brasil destemperado emocionalmente foi eliminado pela Holanda com uma justa e incontestável virada na etapa complementar. Felipe Melo, que havia reforçado a seleção com sua ausência diante do Chile, voltou ao time para justificar a desconfiança que perambulava a sua convocação, sendo expulso aos 27 minutos do segundo tempo por agredir Arjen Robben.

Dunga, desesperado, lamenta o que vê em campo: dentro das quatro linhas, o reflexo do treinador.

Com Alemanha, Uruguai, Espanha e Holanda, a Copa seguiu. A casa construída pelos operários de Dunga, ruiu. Aquele que gosta do bom futebol e viu o desenho das semifinais, sorriu. E, imediatamente, Dunga caiu. Para o bem do Brasil.

Abaixo, vídeo bem-humorado que também fez referência à não-convocação de Ronaldinho Gaúcho. Tão logo o vi na internet, adicionei no Orkut como favorito (tá na hora de tirar de lá).

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Arsenal Esbarra Na Arbitragem E Tropeça No Wigan

O estádio DW vem se tornando a ducha de água fria oficial do Arsenal em suas pretensões de assumir a liderança na Premiership. Na temporada passada, a equipe londrina arrancava alimentando expectativas de alcançar o Chelsea, mas uma derrota por 3a2 (numa virada onde o Arsenal vencia até o 80º minuto por 2a0) frustrou as ambições dos comandados de Arsène Wenger de faturar o caneco inglês. Hoje, no mesmo local, a equipe visitante apresentava um futebol econômico e ia vencendo a partida por 2a1. A situação parecia ficar facilitada quando o francês Charles N'Zogbia foi expulso e deixou o Wigan com um a menos aos 32 minutos do segundo tempo. Mas, três minutos depois, um cabeceio do também francês Sébastien Squillaci contra o próprio patrimônio rendeu a igualdade no marcador e uma nova decepção ao Arsenal de alcançar o líder.

Cabe destacar que, se por um lado o empate foi um castigo ao futebol bem abaixo do visto na convincente vitória sobre o Chelsea por 3a1, o juíz Lee Probert (que era o quarto árbitro no clássico entre Arsenal e Chelsea), acabou influenciando no resultado da partida: marcou um pênalti inexistente em favor do Wigan no primeiro tempo e ignorou uma penalidade para o Arsenal aos 43 minutos da etapa complementar.

Com o resultado, o Wigan sai da zona de descenso e termina o ano de 2010 na 16ª colocação. O Arsenal aparece em 3º, a dois pontos de cada Manchester (tem um jogo a mais que o líder United e um jogo a menos que o vice-líder City).

O jogo

Uma trama de passes que terminou em falta cometida pelo escocês Gary Caldwell no dinamarquês Nicklas Bendtner foi o máximo que o Arsenal produziu de interessante e perigoso nos minutos iniciais de partida. Na cobrança de falta aos 12 minutos, o chute de Bendtner acabou sendo desviado no último homem da parte interna da barreira e saiu para escanteio. A resposta do Wigan se daria quatro minutos mais tarde: em jogada onde só havia gente de nacionalidade francesa, Charles N'Zogbia recebeu no ataque, passou por Abou Diaby e, com a proximidade de Laurent Koscielny, optou por cair dentro da grande área. O árbitro caiu na dele e apitou o pênalti, cobrado por Ben Watson - esse é inglês - no quadrante 6, sem chance de defesa para o goleiro polonês Lukasz Fabianski, que até acertou o canto.

Na marca de 20 minutos, uma bola lançada nas costas de Koscielny quase complicou as coisas para o Arsenal, mas antes que pudesse dar chance ao azar, o zagueiro recuperou-se no lance e cedeu escanteio. A resposta veio em dois minutos: o tcheco Tomas Rosicky chutou firme de fora da área, o goleiro Ali Al Habsi (natural de Omã) rebateu e, na disputa pela segunda bola, Koscielny caiu com a marcação adversária. Dessa vez, Lee Probert mandou seguir.

Com 26 minutos, Diaby deixou o campo indo direto para o vestiário, provavelmente com algum cansaço muscular, e deu lugar para o jovem Jack Wilshere, em substituição que automaticamente aumentaria o poder de criação na meiuca da equipe. O efeito começou a aparecer com algumas chegadas mais trabalhadas, embora em nem todas elas Wilshere participasse ativamente. Aos 39 minutos, veio o empate. Na primeira jogada interessante envolvendo a dupla de atacantes, o marroquino Marouane Chamakh tocou para Nicklas Bendtner, o dinamarquês ajeitou a passada e chutou cruzado: Ali Al Habsi rebateu para seu lado direito e lá a bola encontrou o russo Andrey Arshavin, que pegou de voleio para marcar um belo gol.

4 minutos após marcar o gol de empate, Arshavin apareceria de forma decisiva no gol da virada: o russo recolheu a bola na intermediária, conduziu a redonda e, com um passe de três dedos, serviu Bendtner, que conseguiu já no domínio de bola se desfazer da marcação dupla que o acompanhava no lance. Daí foi ter a frieza que já é bem conhecida no dinamarquês e chutar cruzado, no canto esquerdo, no contrapé de Al Habsi. 2a1 Arsenal.

No último minuto do primeiro tempo, Fabianski trabalhou bem para manter a vantagem até o intervalo. E as equipes voltaram da forma como foram para o vestiário. Aos 12 minutos, o francês Bacary Sagna cruzou da direita e a defesa do Wigan cortou para escanteio. Na cobrança de córner pelo lado direito, Marouane Chamakh subiu livre e cabeceou bem, mandando a bola muito perto da trave esquerda. Aos 18 minutos, um descuido de Sagna na saída de jogo permitiu que Thomas Cleverley chegasse na bola, mas por sorte do francês o chute cruzado foi para fora.

Na marca de 25 minutos, Arshavin voltou a dar o ar de sua graça e protagonizou nova bela jogada: ele iniciou o lance no meio-campo, recebeu de Wilshere e, de frente pro gol, acabou não conseguindo converter a finalização. Percebendo que o Arsenal estava mais perto de marcar o terceiro do que seu time buscar o empate, o treinador espanhol Roberto Martínez decidiu soltar mais o time e, aos 26 minutos, trocou o defensor marfinense Steve Gohouri pelo meio-campista escocês James McArthur. E três minutos após entrar, James McArthur já participaria bem: em contra-ataque, McArthur tabelou com N'Zogbia, o francês escapou do compatriota Koscielny e chutou à meia-altura, parando em defesa de Fabianski.

Na marca de 31 minutos, uma agressão de N'Zogbia em Wilshere (cabeceio na face) rendeu uma justa expulsão ao camisa 10, deixando assim o Wigan em desvantagem numérica. Talvez o cartão vermelho tenha gerado no Arsenal a sensação de que os donos da casa já não teriam forças para buscar o empate. Se isso realmente ocorreu, um escanteio aos 35 minutos provou o contrário: a bola cobrada por Watson viajou da esquerda para a direita até encontrar a cabeça do colombiano Hugo Rodallega Martínez, que centralizou pra pequena área e o monte de jogadores vestindo amarelo assistiu a disputa entre Caldwell e Squillaci, que terminou em gol contra do zagueiro francês. Nas estatísticas, Squillaci acaba aparecendo como suposto vilão, mas o fato é que ele foi o único jogador do Arsenal que estava com posicionamento aceitável na jogada, quando os demais acompanhavam passivamente a trajetória da bola, incluindo o goleiro Lukasz Fabianksi.

Para correr atrás do prejuízo, Arsène Wenger colocou em campo Theo Walcott e Samir Nasri nos lugares de Arshavin e Wilshere. Vamos combinar que a saída de Arshavin é de difícil compreensão, notadamente observando-se que Emmanuel Eboué tinha participação pra lá de discreta (como brincou um amigo que assitiu o jogo comigo, o marfinense "aparecia a cada trinta minutos").

Logo após entrar, Walcott já bagunçava o sistema defensivo do Wigan e caiu na área em novo lance duvidoso que acabou em tiro-de-meta. Aos 40 minutos, Roberto Martínez trocou de zagueiro: saiu o holandês Ronnie Stam (não confundir com o lendário Jaap Stam) para a entrada do hondurenho Maynor Figueroa. 2 minutos depois, o francês Nasri deu passe curto que saiu lascado mas acabou chegando em Bendtner: tão logo o dinamarquês pegou na bola, sofreu falta. Na cobrança, a bola foi ao braço esticado de um dos homens postados na barreira: pênalti. Mas não para Lee Probert, que ignorou solenemente o que poderia ser a bola do jogo.

Na base do desespero, o Arsenal ainda conseguiu uma jogada aguda aos 46 minutos: Nasri abriu com Sagna na direita, que cruzou com a perna esquerda. A bola viajou e acabou sendo disputada por Squillaci e Bendtner, um atrapalhando o outro e levando a jogada para a linha final. No minuto seguinte ainda houve um cabeceio de Bendtner que foi encaixado por Al Habsi. Nada que pudesse evitar o tropeço. Melhor pro Wigan.

Outros resultados

Ontem

Manchester City (2º) 4a0 (15º) Aston Villa
Stoke City (10º) 0a2 (18º) Fulham
Sunderland (7º) 0a2 (8º) Blackpool
Tottenham (5º) 2a0 (13º) Newcastle
West Bromwich (14º) 1a3 (9º) Blackburn
West Ham (20º) 1a1 (11º) Everton
Birmingham (17º) 1a1 (1º) Manchester United

Hoje

Chelsea (4º) 1a0 (6º) Bolton
Liverpool (12º) 0a1 (19º) Wolverhampton

A Premiership deseja a todos um feliz ano novo e, como a bola não fica muito tempo parada na Terra da Rainha, já retorna com oito jogos no dia 1º de janeiro de 2011.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Refém De Desfalques, United Empata Com Birmingham

Uma das características do futebol que o torna mais apaixonante é o fato de ele - futebol - passar longe de ser uma ciência exata. Antes de a bola rolar entre Birmingham (equipe integrante da zona de descenso na Premiership) e Manchester United (único invicto na competição e buscando isolar-se na liderança), muitos diriam que estava fácil apontar um favorito para a vitória. Sem querer fazer o papel de vidente, mas pensando previamente sobre o que poderia acontecer na partida, me mantinha crente de que poderia pintar um tropeço do United nesse jogo. Pelo fato do futebol não ser uma ciência exata? Na verdade, muito pelo contrário: entravam em campo no estádio St. Andrews duas das equipes que mais empataram no campeonato. E esse 1a1 no duelo de hoje acabou se tornando o 5º empate do Birmingham na condição de mandante e o 7º empate do United enquanto equipe visitante, estatísticas lideradas por esses times.

Com o resultado, o Birmingham sai da zona de descenso e ocupa a 16ª colocação, com 19 pontos em 18 jogos. Já o Manchester United segue líder, mas sem a mesma folga de outrora: o Manchester City aparece com os mesmos 38 pontos (mas com dois jogos a mais) e o Arsenal, maior ameaça no momento, surge 3 pontos abaixo e com o mesmo número de partidas disputadas.

A transmissão desse 1a1 entre Birmingham City e Manchester United pode ser vista no "Twitter" @jogadadefeito.

O jogo

Fazia frio na cidade de Birmingham, algo que o telespectador podia flagrar através das fumaças expelidas pelos jogadores quando respiravam. E o jogo em si conseguia ser igualmente gélido, com pouquíssimas tramas de jogadas capazes de envolver a marcação adversária. Num (gelado) deserto de opções, o lance mais acentuado no primeiro tempo acabou sendo uma bola que o galês Ryan Giggs mandou na trave direita do goleiro Ben Foster, em lance onde ficou difícil concluir se o experiente meio-campista tentou cruzar ou finalizar, mas dando para notar que o sutil desvio de Ben Foster foi providencial para tirar a bola de uma trajetória que a levasse para a rede.

Para piorar o desenho do jogo, houve uma seqüência de lances violentos e até uma confusão protagonizada pelo brasileiro Ânderson, que acabou lucrando com o cartão amarelo a ele mostrado pelo conivente árbitro Lee Stephen Mason. Com 29 minutos, o zagueiro sérvio Nemanja Vidic passou do limite da desportividade ao dar um pontapé na altura do peito do atacante Cameron Jerome, em lance onde novamente o amarelo ficou gratuito.

Enquanto o jogo se arrastava para o intervalo e o zero a zero retratava fielmente o quanto de futebol tínhamos em campo, pouco era feito por parte dos treinadores escoceses Alex McLeish e Alex Ferguson para que o jogo tivesse um novo desenho. Mesmo contando com jogadores como Aliaksandr Hleb e Nikola Zigic (à disposição de McLeish) ou Federico Macheda e Javier Hernández (opções de Ferguson), os times voltaram iguais para o segundo tempo.

Se na etapa inicial o búlgaro Dimitar Berbatov aparecia quase que a totalidade do tempo da intermediária para trás (em alguns momentos atuando como um defensor), aos 12 minutos lá estaria o búlgaro no lugar que lhe é de direito para fazer acontecer: o setor de ataque. E ele fez bonito: tabelou com o irlandês Darron Gibson dando-lhe um passe de calcanhar que desmontou a marcação adversária, recebeu de volta e finalizou rasteiro, no canto esquerdo de Foster, abrindo o placar em Birmingham. Em grande estilo, eis o 14º gol de Berbatov em 15 jogos disputados na atual Premiership.

3 minutos depois dessa bela e eficiente participação, Berbatov ficou perto de marcar um golaço: o búlgaro recebeu passe centralizado, mostrou grande controle de bola para escapar da marcação dando drible curto, e rematou rasteiro, no canto direito, mandando no pé da trave.

Com bastante atraso, McLeish finalmente mandou o bielorrusso Aliaksandr Hleb para o campo, colocando o meia no lugar do sueco Sebastian Benet Larsson. Sem querer pegar no pé do treinador mas já pegando, havia pelo menos uma meia dúzia de nomes que poderia deixar o jogo antes de Larsson, que teve razão ao mostrar insatisfação com a mexida aos 24 minutos.

3 minutos mais tarde era a vez de Ferguson realizar sua primeira substituição, trocando o brasileiro Ânderson pelo escocês Darren Fletcher.

Na primeira participação de Hleb em jogada perigosa, o jogador ex-Arsenal e Barcelona foi lançado pela esquerda e, aproveitando-se de toque do lateral-direito brasileiro Rafael, foi à grama simulando pênalti, em lance que Lee Mason mandou seguir aos 36 minutos. Naquele mesmo minuto, McLeish realizaria a segunda troca: o grandalhão sérvio Zigic no lugar do chileno Jean Beausejour, figura que pouco apareceu no jogo. No minuto seguinte, o Manchester teve grande chance de ampliar a vantagem quando, após escanteio pela esquerda cobrado por Giggs, Vidic subiu livre para cabecear alto e firme, tendo o gol impedido numa difícil intervenção de Foster, que espalmou para a linha-de-fundo.

Na marca de 39 minutos, McLeish mandou sua última cartada na busca pelo empate: saiu o atacante Jerome para a entrada do veterano Kevin Mark Phillips, atacante de 37 anos (4 meses mais velho que Giggs).

A aposta na jogada aérea como caminho para o empate teve sucesso aos 44 minutos: após bola alçada a partir do lado direito de ataque, Zigic escorou pro lado e, em condição legal, Lee Bowyer esticou-se para marcar de carrinho.

Com a indicação de quatro minutos como tempo de acréscimo, Hernández foi para o jogo no lugar de Gibson, mas o cronômetro e a bem postada defesa do time da casa não deram tempo nem espaço pro United retomar a vantagem no placar. Foi ouvir o apito final e imaginar que aquele chiclete mascado por Alex Ferguson devia estar com um sabor um tanto amargo.

Cabe colocar um parágrafo-extra para deixar como informação que nessa partida o líder Manchester United não contou com dois jogadores importantes no esquema tático de Ferguson: o português Nani (machucado) e o sul-coreano Park Ji-Sung (que está com a delegação que disputará a Copa da Ásia 2011 em janeiro). Mas será que isso justifica a inoperância do sistema de jogo montado para essa partida? E, mais que isso, por que a insistência em manter um estilo de jogo que não funcionava? A vitória por 1a0, caso acontecesse, talvez pudesse mascarar esses fatos. Talvez o empate traga como lado positivo o convite à reflexão: como, mesmo desfalcado, apresentar um futebol que pelo menos lembre o de um líder de Campeonato Inglês?

Outros resultados

Manchester City (2º) 4a0 (15º) Aston Villa
Stoke City (10º) 0a2 (17º) Fulham
Sunderland (7º) 0a2 (8º) Blackpool
Tottenham (4º) 2a0 (13º) Newcastle
West Bromwich (14º) 1a3 (9º) Blackburn
West Ham (19º) 1a1 (12º) Everton

Amanhã, a rodada se completará com três partidas: Chelsea (5º) e Bolton (6º); Wigan (18º) e Arsenal (3º); e Liverpool (11º) e Wolverhampton (20º).

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um Arsenal De Bom Futebol Para Derrotar O Chelsea

Está encerrado o tabu. Após sete jogos perdendo em seqüência para o Chelsea, o Arsenal venceu o jogo de hoje por 3a1, chegou aos 35 pontos e assumiu a vice-liderança na Premiership, fazendo a alegria da torcida que, como de hábito, compareceu maciçamente ao Emirates Stadium (foram 60.112 pagantes na noite dessa segunda-feira). O Chelsea segue sua sina de resultados negativos após a saída do auxiliar Ray Wilkins (a equipe não vence na temporada há quatro partidas e a derrota para o Arsenal acentua uma crise que pode acabar sobrando para o treinador Carlo Ancelotti), ocupando a 4ª colocação com 31 pontos.

Para acompanhar a transmissão desse jogo em tempo real, acesse o "Twitter" @jogadadefeito.

O jogo

Com um ritmo de jogo intenso, onde rápidas trocas de passes e contra-ataques velozes davam o tom do primeiro tempo, o Arsenal conseguia através do trio Alexandre Song, Francesc Fàbregas e Jack Wilshere chegar ao ataque de forma compacta e causando dificuldades à melhor defesa do campeonato. O Chelsea buscava responder acionando o atacante Didier Drogba, como em lance aos sete minutos, em que Frank Lampard - retornando à titularidade após quase quatro meses - lançou o marfinense e o camisa 11 descolou um chute cruzado que passou à direita da meta.

Entre investidas de Theo Walcott pelo lado direito e de Samir Nasri pela esquerda, com Robin van Persie se movimentando para proporcionar os espaços, a melhor chance do Arsenal aconteceria aos 40 minutos, quando Nasri chutou colocado e com efeito uma bola que viajava caprichosamente rumo ao ângulo direito até ser desviada magistralmente pelo goleiro Petr Cech. Mas 3 minutos depois, sairia o gol da melhor equipe em campo: Song encontrou Wilshere na meia-lua e o jovem meio-campista de 18 anos passou na área para Cesc Fàbregas. O espanhol foi derrubado mas, em vez de ter um pênalti a seu favor, o Arsenal contou com algo ainda melhor: a presença do camaronês Song no local exato para recolher a bola com uma finalização cruzada, rasteira, precisa, no contrapé de Cech. Estava aberto o placar em Londres.

No intervalo, Carlo Ancelotti promoveu a primeira mexida ao mandar a campo o brasileiro Ramires no lugar do nigeriano John Obi Mikel. Ramires apareceria aos 3 minutos, mas de forma indesejável, derrubando Wilshere com um carrinho que poderia ter lhe rendido pelo menos um cartão amarelo.

Com 5 minutos, uma tentativa de desarme por parte do ganês Michael Essien acabou virando um passe para Walcott, que entrou na área e deu de presente para Fàbregas completar ao gol vazio. 2a0 Arsenal.

Dando prosseguimento imediato ao clima natalino de troca de presentes, dois minutos depois Fàbregas tratou de retribuir a gentileza do companheiro: após desarmar Malouda no meio-campo, o capitão do Arsenal passou para Walcott, que arrancou e chutou cruzado da entrada da área para estufar a rede de Cech e marcar o 3º gol da equipe da casa.

Ancelotti tratou de mexer pela segunda vez, trocando o francês Florent Malouda pelo também francês Gaël Kakuta, rejuvenescendo a equipe em onze anos. E no minuto seguinte o Chelsea descontaria: Drogba cobrou falta colocando a bola no miolo da área, o sérvio Branislav Ivanovic levou vantagem na disputa com o francês Laurent Koscielny e cabeceou desviando do goleiro polonês Lukasz Fabianski. A desvantagem passava a ser de dois gols aos onze minutos do segundo tempo.

Se a troca francesa deu resultado (ou sorte), Ancelotti fez outra mexida entre compatriotas, trocando de português na lateral direita: Paulo Ferreira deu lugar a José Bosingwa aos 16 minutos. Como era de se esperar em função da característica ofensiva de Bosingwa, o Chelsea passou a ter mais presença de ataque pelo flanco direito ao mesmo tempo que oferecia mais espaço para o Arsenal preencher pelo lado esquerdo de ataque. E foi por aquele lado do campo que o Arsenal descolou um contra-ataque que só não acabou no 4º gol porque Cech defendeu a finalização de Nasri aos 23 minutos.

Com 27 minutos, Arsène Wenger realizou sua primeira substituição no jogo: Walcott por Abou Diaby. 3 minutos depois foi a vez de Van Persie dar lugar para Marouane Chamakh. Não acho que Wenger tenha feito bem em tirar Walcott e Van Persie, creio que o Arsenal teria melhores condições de tirar proveito dos contra-ataques se pelo menos um dos dois permancesse no gramado. Mas mesmo assim as oportunidades seguiam aparecendo, como uma do francês Diaby aos 34 minutos, travada por Lampard.

Na marca de 42 minutos, Fàbregas recebeu os aplausos da massa e os cumprimentos do técnico ao deixar o campo para ser substituído pelo tcheco Tomas Rosicky. O espanhol saía do jogo tendo participado ativamente dos três gols da vitória.

No decorrer dos quatro minutos dedicados a acréscimo por parte de Mark Clattenburg o Arsenal chegou bem ao ataque por mais duas vezes: aos 46 minutos, Chamakh recebeu em liberdade, fintou Cech, perdeu o ângulo, buscou Nasri e o camisa 8 tratou de administrar o tempo com a posse de bola em vez de dar seqüência à jogada; aos 49 minutos, o incansável Song puxou contra-ataque a partir do campo de defesa, foi carregando a bola até abrir na direita com Rosicky, que carimbou o pé da trave esquerda de Cech, mas com impedimento marcado.

É bem verdade que o Manchester United conservou a liderança na rodada de "Boxing Day", mas a vitória do Arsenal pra cima do Chelsea deixa os comandados de Arsène Wenger próximos da ponta da tabela e com algo fundamental para quem pretende ser campeão: a autoestima elevada após uma grande vitória diante de um grande adversário.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Arsenal E Chelsea Jogam Para Manter Contato

Muitas localidades no planeta bola dão um recesso em suas atividades futebolísticas nessa época de virada de ano. Na Inglaterra isso não acontece. Pelo contrário: o calendário inglês está a pleno vapor, com várias equipes entrando em campo por duas vezes num intervalo de apenas dois dias.

Nesse domingo, sete partidas foram realizadas (seriam oito, mas as condições meteorológicas de muita neve adiaram o jogo entre Everton e Birmingham). Veja o resumo.

Fulham 1a3 West Ham
O lanterna da Premiership foi ao Craven Cottage e, de virada, conseguiu uma vitória pra cima do time da casa. Agora, o West Ham vai para a vice-lanterna e iguala a pontuação do Fulham, que aparece na antepenúltima colocação.

Blackburn 0a2 Stoke City
Em Ewood Park, o Blackburn (13º) perdeu para o Stoke City (8º) e foi ultrapassado pelo adversário na tabela de classificação. Os gols do jogo saíram no segundo tempo e foram marcados por dois zagueiros grandalhões: o alemão Robert Huth (191 cm) abriu a contagem aos 5 minutos enquanto o irlandês Marc Wilson (190 cm) fechou a conta nos instantes finais, pouco depois de entrar em campo.

Bolton 2a0 West Bromwich
Com um gol em cada tempo, o Bolton fez-se valer do fator campo e venceu o West Bromwich, chegando à 6ª colocação na competição e dando continuidade a uma campanha surpreendente. O WBA aparece na 12ª posição, com os mesmos 22 pontos que o 9º e o 13º colocados, em zona embolada da tabela de classificação.

Manchester United 2a0 Sunderland
Dois gols do búlgaro Dimitar Berbatov garantiram a vitória do Manchester United pra cima do Sunderland, mantendo os comandados de Alex Ferguson na liderança da competição e conservando a invencibilidade após 17 partidas disputadas (nenhuma outra equipe perdeu menos do que quatro vezes). O Sunderland aparece na 7ª colocação, com 27 pontos em 19 jogos.

Newcastle 1a3 Manchester City
Equipe que mais pontuou como visitante, o Manchester City fez do Newcastle sua nova vítima na Premiership. Destaque para o argentino Carlos Tévez, que participou dos três gols dos visitantes (marcou ele próprio os dois últimos). Os Citizens aparecem na vice-liderança com dois pontos a menos que o United, mas com dois jogos a mais. O Newcastle tem o 9º lugar ameaçado por Liverpool e Blackpool, que também aparecem com 22 pontos mas com um e dois jogos a menos que o Alvinegro, respectivamente.

Wolverhampton 1a2 Wigan
Mesmo atuando dentro de casa e tendo maior posse de bola (56%), o Wolverhampton perdeu a partida e foi parar na lanterna da competição, com 15 pontos em 18 jogos. O Wigan agradece ao gol e à assistência do atacante colombiano Hugo Rodallega Martínez para sair da zona de descenso, chegando à 16ª colocação, com 19 pontos em 18 jogos.

Aston Villa 1a2 Tottenham
Rafael van der Vaart. Esse nome é capaz de semear o pânico entre os torcedores do Villa: a exemplo da partida em White Hart Lane - que também terminou 2a1 -, o holandês marcou os dois gols dos Spurs sobre esse adversário. O time londrino é 5º colocado (30 pontos em 18 jogos) enquanto a equipe de Birmingham aparece 10 posições abaixo, com 10 pontos a menos no mesmo número de partidas disputadas. Se servir de conforto aos "Villans", o Aston Villa não enfrentará Van der Vaart novamente nessa competição.

Nessa segunda-feira é a vez de Arsenal e Chelsea entrarem em campo. E os londrinos sabem que, embora ainda na primeira metade da competição, uma derrota seria péssimo negócio nos planos de buscar a liderança: o Manchester United aparece na ponta com 37 pontos, atualmente 5 a mais que o Arsenal e 6 a mais que o Chelsea, que após a partida no Emirates Stadium terão um jogo a mais que o United.

Se a performance recente contar, o Arsenal apresenta-se como favorito para o clássico: venceu 4 dos últimos 5 jogos disputados na temporada (perdendo somente para o Manchester United). O Chelsea, que não vence há quatro partidas, tenta reencontrar o caminho das vitórias contra uma equipe que já superou nessa temporada, quando, no dia 3 de outubro, ganhou por 2a0 em Stamford Bridge.

O que acontecerá dessa vez, só saberemos após o apito final de Mark Clattenburg. Torcedores de Arsenal e Chelsea esperam uma vitória que, mesmo com dois dias de atraso, teria um sabor especial de presente de Natal.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Recordar É Viver: Viva A Espanha 2010!

Nesse clima retrospectivo sugerido pela proximidade da virada de ano, cá está o Jogada De Efeito para uma postagem especial. E, para caprichar na temática, as linhas seguintes abordarão nada mais, nada menos que a trajetória espanhola na Copa do Mundo 2010. Bom proveito!
Vidências à parte, Holanda e Espanha foi, na opinião deste blogueiro, a final dos sonhos.

A Espanha que foi à África do Sul em 2010 estava representada por uma das melhores gerações de uma seleção nos últimos tempos. Talentos individuais incontestáveis, mas que carregavam o indesejável peso de, pelo fato da Fúria jamais ter conquistado um Mundial, serem rotulados como "amarelões". Não é objetivado nesse texto nos aprofundarmos na discussão sobre o termo "amarelar", mas deixo aqui registrado que sempre discordei veementemente dessa nomenclatura, especialmente quando apontada para a seleção espanhola: o fato de alguém entrar em campo com um suposto favoritismo e não vencer o jogo é absolutamente natural - o que deveria ser analisado não é meramente o resultado, mas como foi o desempenho da equipe na partida.

E a Copa do Mundo começou, para a Espanha, com essa discussão a todo vapor: a derrota por 1a0 para a Suíça, na estréia em 16 de junho, fez brotar inúmeros comentários sobre o fracasso que seria o Mundial espanhol. Um comentarista de uma emissora aberta brasileira chegou a dizer, logo após o término dessa partida, que nunca confiou na Espanha pois trata-se de um time com "fragilidade emocional". Naquele mesmo momento, pensei comigo: "esse sujeito não assistiu a partida ou então não entendeu nada do que se passou diante de seus olhos". A Espanha, caros amantes do futebol, fez uma grande estréia, circulando a bola, finalizando, mantendo um volume de jogo intenso do princípio ao final da partida. O goleiro Diego Benaglio, em atuação inspirada, manteve a meta inviolável. Aliás, a meta suíça não foi vazada uma única vez na Copa anterior e, naquele mesmo Mundial, sofreria um único gol (do ofensivo Chile de Marcelo Bielsa, e em condição irregular).

Veio a segunda rodada, e a Espanha repetiu a grande atuação da estréia. Mas com uma diferença: se naquela oportunidade o placar lhe foi adverso, dessa vez os espanhóis triunfaram sobre Honduras com dois gols de David Villa, que naquele momento iniciaria uma série de atuações decisivas e que o colocariam como um dos destaques da Copa 2010. Na terceira e última rodada pelo grupo H, espanhóis e chilenos, que demonstravam dois dos mais belos estilos de jogo em território sul-africano, se enfrentaram em partida onde ambas as equipes demonstravam vocação ofensiva. Fizeram um grande jogo até os 30 minutos da segunda etapa, quando, informados pelo placar zerado entre Suíça e Honduras, passaram a se respeitar mutuamente para manter o resultado que classificava ambas as seleções.

Vieram as oitavas-de-final. O adversário era Portugal. A seleção retrancada de Carlos Queiroz não havia sofrido um único gol na primeira fase e seguia apostando num sólido sistema defensivo para passar pela Espanha. O jogo seguia, o cronômetro avançava e a Espanha mantinha-se firme na proposta de fazer rolar a bola pelo gramado na busca por uma oportunidade. Se fosse um time emocionalmente frágil, a Espanha poderia se desesperar facilmente com a boa atuação do goleiro Eduardo e a persistência do 0a0 no placar. Mas não. Aquela Espanha é forte na bola e na cabeça e, numa jogada altamente trabalhada e que terminou nos pés de Villa, conquistou o gol e o direito de seguir encantando o mundo no continente africano.

Nas quartas, veio novo desafio sul-americano. Os paraguaios engrossaram surpreendentemente a partida, estabalecendo um sistema de jogo que apostava na marcação-pressão, visando manter o talentoso meio-campo espanhol distante da meta defendida por Justo Villar. Em jogo que contou com fortes emoções na segunda etapa (com direito a um pênalti perdido para cada lado), no final triunfou a equipe mais disposta a atacar, contando com novo gol do decisivo David Villa.

Na fase semifinal, um oponente duríssimo: a Alemanha de Joachim Löw. Uma Alemanha revolucionária, que jogava um futebol com a bola no chão e de troca de passes que destoavam da tradição alemã de buscar incessantemente o "chuveirinho". Uma Alemanha que encantava. Uma Alemanha que ia atrás do tetracampeonato. O momento mais adequado e oportuno para a "fragilidade emocional" espanhola desabrochar e tirar os comandados de Vicente Del Bosque da disputa pelo título. Certo? Errado! Jogando no ataque e mantendo a mesma postura que a levou até esse jogo, a Espanha pressionou a Alemanha e desenvolveu novamente uma grande atuação coletiva, coroada com gol de cabeça de Carles Puyol. A Alemanha, que havia atropelado Austrália, Inglaterra e Argentina, estava irreconhecível. Mas as três estrelas bordadas na camisa parecem deixá-la imune ao famigerado conceito de "amarelar".

E lá foi a Espanha para o fatídico 11 de julho, no estádio Soccer City, em Johannesburgo. Um gol de Andrés Iniesta no 116º minuto diante da Holanda deu à Espanha, que estava representada por uma das melhores gerações de uma seleção nos últimos tempos, o inédito título de campeã mundial. Partida dificílima, sem dúvidas. Os holandeses, que chegavam em sua terceira final de Copa do Mundo, tiveram chances incríveis de abrir o placar, como uma de Arjen Robben após passe de Wesley Sneijder, quando Iker Casillas fez valer a máxima de que "um grande time começa por um grande goleiro". Parabéns, Espanha! Naquela altura, poucos se lembravam da estréia diante da Suíça. Mas eu acho que todos deveriam ter aquela partida inaugural viva na memória. Afinal, aquela foi a primeira de muitas grandes atuações da Espanha na Copa 2010. A exemplo da Eurocopa 2008, uma Espanha amarelo-ouro.
Elenco espanhol comemora a conquista inédita da taça de campeão mundial: prêmio sob medida para uma geração sensacional.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Equipe E Jogada Da Semana

Pela primeira vez na história do Jogada De Efeito, a equipe da semana não está sediada no continente europeu e tampouco no americano. O Tout Puissant Mazembe Englebert, da República Democrática do Congo, conseguiu um grande feito para a história do futebol africano.

Tudo começou na sexta-feira, dia 10 de dezembro de 2010, quando a equipe comandada pelo senegalês Lamine N'Diaye venceu o Pachuca, do México, por 1a0 (gol de Hughes Bedi Mbenza), no estádio Mohammed Bin Zayed. Mas o resultado mais expressivo da competição ainda estava por acontecer em Abu Dhabi: na terça-feira, dia 14, o TP Mazembe venceu o favorito Internacional por 2a0 (gols de Patou Kabangu e Alain Kaluyituka Dioko) e garantiu uma inédita presença africana na final do Mundial de Clubes da FIFA.

Na final, a equipe congolesa não resistiu à força da Internazionale e terminou com o vice-campeonato após a derrota por 3a0. De toda forma, a campanha africana no Mundial é marcante para o futebol internacional. Parabéns, Mazembe!

Jogada da semana

O Napoli parece ter se tornado um time especialista em ganhar partidas nos instantes finais. Nos últimos quatro jogos (todos eles com vitórias napolitanas pelo placar de 1a0), isso aconteceu nada menos do que três vezes. Foi assim com o Palermo (gol de Christian Maggio), com o Steaua Bucareste (gol do uruguaio Edinson Cavani, garantindo a classificação na Liga Europa aos 47 minutos do segundo tempo) e também com o Lecce, que, com novo gol de Edinson Cavani aos 47 minutos da etapa complementar, o Napoli alcançou a vice-liderança na Série A italiana. Para elevar ainda mais a explosão de alegria no estádio San Paolo (palco comum dos três jogos citados), o gol marcado por Cavani nesse domingo foi de extrema beleza.

No vídeo abaixo, perceba dois fatos - além do golaço - que também chamam muita atenção: [1] a empolgação do comentarista e [2] um lance anterior, onde a defesa napolitana evitou o que parecia um gol certo do adversário. As partidas do Napoli, embora (ainda) não tenham sido transformadas em filme, se apresentam como uma ótima opção para quem gosta de um drama com final feliz.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Empate Em Verona Mostra A Diferença Que Um Homem Faz

No empate desse domingo entre Chievo e Juventus (onde a equipe local foi buscar a igualdade aos 47 minutos do segundo tempo), não foi o fator campo que determinou a reação dos "Burros Voadores" mas sim a vantagem numérica obtida a partir da expulsão de Manuel Giandonato, aos 6 minutos da segunda etapa, quando a Juventus administrava sem maiores sustos a vantagem de 1a0. Com o empate com sabor de vitória, o Chievo ocupa atualmente a 10ª colocação na Série A, enquanto a "Vecchia Signora" deixou escapar uma chance de reduzir a 3 pontos sua distância para o topo da tabela, hoje ocupado pelo Milan.

Essa partida teve cobertura em tempo real através do "Twitter" @jogadadefeito.

O jogo

Logo nos minutos iniciais já dava para perceber que o desfalque do ídolo Alessandro Del Piero iria pesar ao time visitante: muito pouco era criado pela Juventus no início de partida, apesar do volume de jogo ser maior que o do time local. A única finalização juventina nessa tentativa de estabelecer uma pressão sobre o adversário aconteceu aos 6 minutos, em chute de longa distância dado por Simone Pepe e que passou à esquerda da meta. Aos 14 minutos, o Chievo teve grande chance de abrir o placar quando o árbitro Mauro Bergonzi apontou pênalti de Giorgio Chiellini em Davide Moscardelli (o jogador derrubado aparentemente reivindicou expulsão do defensor no lance, mas não saiu mais do que um cartão amarelo do bolso de Bergonzi). Na cobrança, Michele Marcolini mandou a bola no canto esquerdo e, embora o chute tenha sido bem realizado, melhor ainda foi o goleiro Marco Storari, que saltou e conseguiu realizar bela defesa, mantendo o placar zerado no estádio Marc'Antonio Bentegodi.

Se a Juventus pressiona mas pouco cria e o Chievo nem de pênalti consegue inaugurar o marcador, o primeiro tempo dava pinta de rumar ao intervalo sem gol. Mas não na presença de Fabio Quagliarella. Na marca de 30 minutos, um escanteio mal cobrado pela esquerda foi ajeitado por Vincenzo Iaquinta, que levantou a bola para o miolo da área com uma puxada. E, nessa empreitada do camisa 9 eis que a bola chegou em Quagliarella que, mesmo sendo agarrado pelo implacável Andrea Mantovani, conseguiu uma finalização de bicicleta que ainda tocou na trave esquerda antes de entrar, sem dar chance de defesa para Stefano Sorrentino. Golaço, 1a0 Juventus.

Aos 33 minutos, Sorrentino deve ser considerado o maior responsável pela diferença não aumentar: Alberto Aquilani cobrou falta colocando a bola na área, a defesa não afastou e a redonda chegou em Pepe, que finalizou e parou em bloqueio providencial do arqueiro. Sorrentino deu bronca na marcação da equipe, que não foi capaz de tirar a bola dali e ainda permitiu a liberdade de Pepe para o chute.

Com 37 minutos, Quagliarella não quis saber do jogo ter sido parado em marcação da arbitragem e chutou próximo do círculo central. Detalhe: colocou a bola no fundo da rede. Valeu pela beleza do chute, mas a verdade é que o atacante escapou de levar cartão amarelo por dar seqüência a um lance invalidado.

Na volta do segundo tempo, a Juventus ia levando o jogo em diante administrando o resultado e de vez em quando chegando ao ataque. Mas o desenho da partida mudaria drasticamente de figura a partir dos 6 minutos, quando, na condição de último homem, Giandonato foi corretamente expulso após derrubar Kévin Constant, atleta nascido na Guiné e que partia em direção ao gol.

O Chievo passou a freqüentar o campo de ataque com intensidade jamais vista na partida e Luigi Del Neri viu-se obrigado a mudar as coisas na Juve: aos 13 minutos, Fabio Quagliarella, autor do gol, deu lugar ao bósnio Hasan Salihamidzic, em substituição para recompôr o setor de meio-campo da equipe agora com dez jogadores. Mesmo sob pressão, a Juventus mostrava-se capaz de levar perigo em alguns contra-ataques, como o que aconteceu aos 23 minutos: o sérvio Milos Krasic arrancou pelo lado direito em jogada que lhe caracteriza como jogador diferenciado e serviu Iaquinta, mas lá estava Sorrentino para realizar nova grande intervenção. Estava mas não estaria mais dois minutos depois: com a parte superior da coxa enfaixada desde o primeiro tempo, o goleiro foi substituído por Lorenzo Squizzi aos 25 minutos da etapa complementar.

Com a bola nos pés e atuando praticamente o tempo todo no campo de ataque, era flagrante que faltava qualidade ao time da casa para que o maior volume de jogo fosse convertido em oportunidade de gol. Enquanto isso, a Juventus de Krasic quase ampliava a vantagem nas investidas em contra-ataque: aos 34 minutos, o sérvio que muito lembra o tcheco Pavel Nedved - ídolo "bianconero" - arrancou em alta velocidade pela direita, escapou da marcação que tentava acompanhá-lo, driblou o goleiro Squizzi e carimbou o travessão.

Esse susto parece ter acordado o Chievo, que finalmente passou a atacar perigosamente. Aos 39 minutos, Moscardelli apareceu em condição legal mas finalizou torto e mandou à direita. No minuto posterior, Sergio Pellissier pegou de primeira uma bola cruzada da direita e colocou Storari para trabalhar, com o goleiro defendendo em dois tempos.

Focando definitivamente o sistema defensivo e abrindo mão dos contra-ataques puxados por Krasic, Del Neri tirou o sérvio de campo para colocar o zagueiro Nicola Legrottaglie, aos 42 minutos. 3 minutos depois, uma nova troca para reforçar a marcação: saiu Pepe para a entrada do francês Armand Traoré.

Bergonzi, vestindo um modelito que incluía camisa rosa-choque, calção preto e meia rosa-choque (além de uma estranha braçadeira branca), indicou quatro minutos como acréscimo. E, aos 47 minutos, aconteceu: em bola lançada para a direita, o uruguaio Pablo Granoche (que entrou no segundo tempo no lugar de Marcolini) recebeu escorada de cabeça e decidiu fazer o mesmo, encontrando Pellissier. O camisa 31 chutou no contrapé de Storari para empatar a partida e castigar a escolha de Del Neri por abdicar do ataque para reforçar a defesa. Empate com sabor de ponto ganho para o Chievo e de dois perdidos pela Juventus.

Outros resultados

Sábado

Cesena (18º) 1a0 (13º) Cagliari
Milan (1º) 0a1 (5º) Roma

Domingo

Lazio (3º) 3a2 (9º) Udinese
Bari (20º) 1a1 (6º) Palermo
Catania (12º) 1a0 (17º) Brescia
Parma (16º) 0a0 (14º) Bologna
Napoli (2º) 1a0 (19º) Lecce

A partida entre Sampdoria (8º) e Genoa (11º) foi adiada. Fiorentina (15º) e Internazionale (7º) também não jogaram (a Inter, campeã no Mundial de Clubes 2010, retorna de Abu Dhabi e volta a atuar pela Série A na próxima rodada, quando receberá, em 6 de janeiro, o Napoli no estádio Giuseppe Meazza).

sábado, 18 de dezembro de 2010

Roma Volta A Aprontar Em San Siro: 1a0

Pela 17ª rodada no Campeonato Italiano (a última nesse ano de 2010, já que a 18ª está agendada para o dia 6 de janeiro de 2011), a Roma foi ao San Siro e venceu o líder Milan por 1a0, gol do ex-rossonero Marco Borriello (nos últimos quatro confrontos entre esses dois clubes no estádio San Siro, foram 3 vitórias visitantes). A partida foi fraca em emoções e, dada a flagrante falta de poder de criação do time da casa, fica difícil entender o motivo de Massimiliano Allegri colocar Ronaldinho Gaúcho em campo apenas aos 40 minutos da etapa complementar. Pelo lado dos comandados de Claudio Ranieri, Adriano "Imperador" atuou como titular e, quando substituído, abraçou o treinador em gesto que deve esfriar as especulações em torno da saída do atacante na janela de janeiro.

Com 36 pontos ganhos, o Milan não pode ser alcançado por ninguém nessa rodada, mas há grandes possibilidades de termos um vice-líder a 3 pontos de distância: a Juventus (que enfrenta o Chievo em Verona), a Lazio (que joga na capital com a Udinese) e o Napoli (que recebe o Lecce no San Paolo) aparecem com 30 pontos e entram em campo nesse domingo. A Roma, agora 5ª colocada com 29, somente pode ser alcançada de imediato pelo Palermo, que aparece com 26 somados.

O jogo

O Milan começou a partida pressionando, como de hábito nesse Campeonato Italiano. Acontece que no meio-campo formado por Gennaro Ivan Gattuso, Andrea Pirlo, Massimo Ambrosini e Kevin-Prince Boateng as jogadas não eram capazes de envolver o sistema defensivo romano. Uma boa chegada aconteceu em lance individual de Robinho, que aos 4 minutos recebeu pela esquerda, encarou a marcação de Philippe Mexès, pedalou diante do francês, deixou o zagueiro no chão com uma finta e chutou à esquerda da meta.

Com 9 minutos, Luca Antonini recebeu livre pelo lado esquerdo, cruzou na área e Juan cabeceou pela linha-de-fundo evitando que a bola fosse até Zlatan Ibrahimovic. Dois minutos depois, Boateng recebeu fora da área e deu bonito chute, de primeira, com o peito do pé, em finalização que resultou na primeira defesa de Doni na partida, caindo para segurar no canto esquerdo.

Aos 21 minutos, Pirlo deixou o campo machucado e deu lugar a Clarence Seedorf. Com 28 minutos, Boateng deu uma de Robinho, só que pelo lado direito: o ganês pedalou diante de John Arne Riise e bateu firme uma bola que passou por Doni mas foi cortada pela defesa romana. A Roma responderia no mesmo minuto através de Jérémy Menez, que da meia-lua chutou por cima do travessão. Quatro minutos mais tarde, o próprio Menez foi acionado mais uma vez, invadiu a área em diagonal e com velocidade mas estava desequilibrado no momento da finalização e o remate saiu à esquerda. A chance mais clara, porém, seria milanesa: aos 34 minutos, Ibrahimovic foi lançado em posição legal (Juan dava condição), entrou na área em liberdade mas acabou errando a passada e não conseguiu encobrir o goleiro Doni.

O final da primeira etapa e o início da segunda foram frios como a temperatura em Milão, e praticamente nada de ofensivo acontecia no jogo. Seedorf tentava algo de diferente em chutes de longa distância: aos dez minutos da etapa complementar, o remate do holandês saiu à direita sem oferecer perigo; já aos 22 minutos, a bomba cruzada passou perto do ângulo esquerdo de Doni, que nem foi na bola. No minuto seguinte, a Roma abriria o placar: Menez cruzou rasteiro da direta, Ignazio Abate foi dividir com Marco Borriello e acabou chutando no corpo do atacante, que teve a sorte de ver a bola ir pra rede. Deve ter sido um gol com sabor especial para Borriello, pois o jogador chegou a integrar o elenco do Milan no início da temporada mas foi negociado na época do acerto com Robinho.

Com 25 minutos, Seedorf lançou Ibrahimovic, o sueco dominou no peito e chutou por cima da barra. Aos 31 minutos, Daniele De Rossi pegou sobra de bola com um belo chute, que teve trajetória descendente e colocou Christian Abbiati para trabalhar, com o goleiro dando tapa para escanteio e evitando o que seria um golaço. Dois minutos depois, o Milan responderia também de fora da área, mas Boateng mandou à esquerda.

Não parecia que estávamos vendo um líder de campeonato atuando em casa. O mais revoltante é pensar que Massimiliano Allegri tinha um cenário pouco promissor dentro de campo e um elemento potencialmente transformador sentado no banco de suplentes, mas Ronaldinho Gaúcho só foi a campo aos 40 minutos, entrando no lugar de Boateng. 5 minutos antes, Claudio Ranieri trocara Menez por Rodrigo Ferrante Taddei.

Um minuto após pisar no gramado, olha só quem quase marcava o gol de empate... Ibrahimovic foi lançado pela direita, escorou de cabeça para trás, Gattuso tentou um chute que acabou virando um passe "tijolada": Ronaldinho Gaúcho, de costas pro gol, levantou a bola e deu uma puxada que passou perto do travessão.

Para puxar aplausos da torcida visitante presente no San Siro, para deixar o cronômetro avançar e para fechar o time na busca pela manutenção do resultado, Ranieri preparou duas mexidas. A primeira aconteceu aos 42 minutos, quando Adriano, sorridente, deu lugar ao defensor Aleandro Rosi. A segunda veio aos 44 minutos (ou 89 no agregado), entrando o camisa 89 Stefano Okaka Chuka na vaga de Borriello.

Com 45 minutos, Ibrahimovic fez questão de estufar a rede de Doni em lance já parado sob marcação de impedimento - cartão amarelo no sueco. E, na última investida, Ronaldinho caiu na área após toque de De Rossi, em lance onde nada foi assinalado. Sorte do futebol, pois por mais que ambos os times não tenham apresentado um futebol merecedor da vitória, Allegri não era digno sequer do empate.

Outro resultado

Cesena 1a0 Cagliari

A rodada conta ainda com sete partidas nesse domingo: Lazio e Udinese, Bari e Palermo, Chievo e Juventus, Catania e Brescia, Parma e Bologna, Napoli e Lecce, e Sampdoria e Genoa. O jogo entre Fiorentina e Internazionale foi adiado devido à presença da equipe interista em Abu Dhabi, onde, nesse sábado, faturou a Copa do Mundo de Clubes 2010 com uma vitória por 3a0 sobre o Tout Puissant Mazembe.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

No Mundial De Clubes, Um Inevitável Fato Histórico


Neste sábado, 18 de dezembro de 2010, teremos uma final inédita no Mundial de Clubes da FIFA. E o ineditismo ganha ainda mais ares de fato histórico se levarmos em consideração que nunca antes uma equipe de um continente que não o sul-americano ou o europeu conseguiu chegar na decisão. O Tout Puissant Mazembe, da República Democrática do Congo e representante do futebol africano, enfrenta a favorita Internazionale de Milão. Talvez trate-se de um favoritismo menos acentuado do que o do Internacional de Porto Alegre na semifinal, adversário superado pelo Mazembe. Para chegar à decisão, o clube congolês também precisou jogar a fase quartas-de-final, momento em que iniciou sua surpreendente trajetória ao derrotar o mexicano Pachuca por 1a0. Ao clube italiano, o percurso até a decisão contou com uma única partida: a goleada sobre os sul-coreanos do Seongnam por 3a0 na fase semifinal.

Nome por nome, camisa por camisa, investimento por investimento, a Internazionale entrará em campo nessa final com a obrigação de vencer. Obrigação que o Internacional também tinha, mas deu no que deu. Ao Mazembe, cabe a tentativa de continuar escrevendo seu nome na história do futebol mundial, restando saber se o último capítulo terá direito ou não ao troféu de campeão. Mas uma coisa é certa: seja com o surpreendente Mazembe, seja com a postulante à "Quadrúplice" Coroa, Abu Dhabi testemunhará um fato histórico.

Disputa pelo 3º lugar

Também no sábado, mas pouco mais cedo, Internacional e Seongnam disputarão o terceiro lugar na Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Embora nem uma goleada marcante apague da memória colorada a frustração de não figurar na decisão, o Internacional carrega a responsabilidade de amenizar o impacto da ausência na final com uma atuação de qualidade, o que deverá ser o suficiente para superar a equipe adversária. O Seongnam já cumpriu o seu papel - até bem demais - quando aplicou uma goleada por 4a1 sobre o Al Wahda, equipe anfitriã. Mas, caso Mauricio Molina esteja num dia inspirado, não é demais duvidar que algo de diferente possa acontecer.

Disputa pelo 5º lugar
Na disputa pelo 5º lugar, o Pachuca acabou levando a melhor diante do Al Wahda naquele que foi o primeiro confronto decidido nas cobranças de pênaltis. No tempo regulamentar, a equipe mexicana tomou o 2º gol aos 31 minutos do segundo tempo e perdia por 2a0 até os 37 minutos, quando iniciou a reação que levou o time à igualdade em 2a2 (Ismail Matar e Mahmoud Khami puseram os donos da casa em vantagem e dois gols do argentino Dario Cvitanich reestabeleceram o empate). O placar persistiu durante a prorrogação e, nas penalidades, vitória do clube mexicano por 4a2.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Atual Campeão Vê A Vaga Ir Pelos "Aris"

O Atlético de Madrid, atual detentor do título de campeão na Liga Europa, não conseguiu sequer passar da fase de grupos e já está eliminado da competição. A equipe da capital espanhola foi ao estádio BayArena enfrentar o já classificado Bayer Leverkusen e, mesmo vencendo o jogo, teria que torcer por um tropeço do Aris diante do Rosenborg, em partida jogada simultaneamente na Grécia. Não aconteceu nem uma coisa nem outra: enquanto o Atlético apenas empatou com o clube alemão (resultado que só o classificaria caso o Aris fosse derrotado pelos noruegueses), os gregos fizeram o dever de casa e superaram o Rosenborg com um 2a0. Desta forma, o time de Quique Sanchez Flores fará o caminho inverso para salvar a temporada, dessa vez buscando uma melhor colocação na Liga Espanhola, onde atualmente é 6º colocado. O Leverkusen, vice-líder na Bundesliga, vai dando seqüência à boa temporada e, ao lado do Stuttgart, representará o futebol alemão na competição.

O jogo

Sob um frio de 4º negativos (sensação térmica registrada em -6ºC) e debaixo de uma neve que aos poucos ia esbranquiçando o gramado do BayArena, as equipes dentro de campo também faziam um jogo frio, chegando ao ataque muito ocasionalmente. A primeira intervenção de maiores dificuldades por parte dos goleiros aconteceu aos 19 minutos, com Fabian Giefer (reserva de René Adler) atuando brilhantemente ao defender finalização de Mario Suarez na base do reflexo. Mesmo que a bola entrasse, nada valeria, pois a arbitragem do romeno Alexandru Dan Tudor indicara falta fora do lance, naquela típica marcação pós-cobrança de escanteio que geralmente beneficia o time que está na defesa.

Aos 29 minutos, substituição. Não, nenhum jogador deixaria o campo para a entrada de outro: devido ao solo praticamente todo encoberto pelo branco da neve, saiu a bola branca e entrou a de cor laranja, facilitando a visualização da redonda.

Como se o problema fosse apenas esse, o Atlético de Madrid, subitamente, melhorou na partida. Aos 31 minutos, o português Simão Sabrosa arrancou pela esquerda, chegou na linha final, avançou em direção ao gol e, após ter escapado da marcação de Daniel Schwaab, deu passe açucarado para o uruguaio Diego Forlán, que chutou de primeira mas parou em nova grande defesa de Giefer, que rebateu com a perna esquerda. 6 minutos depois, Diego Forlán se posicionou fora da área em cobrança de escanteio pelo lado direito e, como se a bola procurasse o craque, recebeu a sobra em liberdade e chutou bem, mandando perto da trave direita.

Terminado o primeiro tempo, o intervalo contou com homens que trabalharam na remoção de parte dos flocos de neve, na tarefa de tornar visíveis as linhas brancas que marcam o gramado. Enquanto uns atuavam para melhorar a visibilidade do campo, outros entravam em ação na busca por um futebol mais ofensivo. Com esse intuito, Josef Heynckes preparou uma substituição dupla, mostrando que o Leverkusen, mesmo com o 1º lugar assegurado, iria jogar para ganhar: o meia brasileiro Renato Augusto (sumido do jogo) deu lugar ao atacante Stefan Kiessling, e o defensor Gonzalo Castro deu lugar ao jovem Danny da Costa, que se ainda é relativamente desconhecido do futebol mundial, tinha um cartaz com o seu nome escrito sendo balançado na arquibancada (seria alguma parente do atleta?).

E a primeira chance clara de gol na etapa complementar foi justamente do time da casa: aos 11 minutos, após cruzamento vindo da direita, Patrick Helmes não conseguiu o desvio de cabeça mas a bola acabou voltando nele, que dessa vez chutou em cheio e mandou a laranja perto da trave esquerda. No minuto seguinte, mais Bayer: Hanno Balitsch pegou sobra de bola, escapou da marcação dando um giro com a redonda, chutou à meia-altura e o goleiro David De Gea encaixou.

Após desperdiçar uma chance clara no primeiro tempo, sumir de campo na etapa complementar e ainda manifestar expressão de alguma lesão, Quique Flores decidiu tirar sua maior estrela de campo: aos 21 minutos, Diego Forlán deu lugar ao seu xará brasileiro de sobrenome Costa. E o que estava ruim para os espanhóis, piorou dois minutos após a mexida: na marca de 23 minutos, foi dado um lançamento longo a partir do campo defensivo e, após desvio de cabeça, Helmes chegou na bola antes do colombiano Luis Perea. O defensor ainda tentou cortar o chute com um carrinho, mas antes disso a bola tomou a direção da rede, abrindo o placar em Leverkusen.

3 minutos depois do gol tomado, Flores realizou sua segunda mexida: saiu Simão para a entrada de Francisco Mérida. Para quem encontrava-se no dever de buscar o resultado, uma substituição pouco transformadora, até porque, mesmo sumido, Simão era uma opção ofensiva que parecia necessária ao time. Mas, sem dar tempo a maiores cornetadas, Mérida mostrou-se predestinado: segundos após entrar em campo, o jovem meia catalão revelado nas divisões de base do Arsenal estava no lugar certo e no momento certo para, com um chute mais do que certo, empatar a partida. Tudo começou em um contra-ataque iniciado pelo senhor juíz, que acabou bloqueando uma tentativa de passe de Schwaab. Daí, o Atlético buscou o argentino Sergio Agüero, que recebeu a bola, encarou a marcação dupla de Danny da Costa e do veterano finlandês Sami Hyypiä: a tentativa de desarme do primeiro acabou chegando a Fran Mérida, que mostrou frieza (fácil naquela temperatura) e precisão para, com o pé esquerdo, chutar no contrapé de Giefer e igualar o marcador.

Quem imaginou que daí até o final o Atlético de Madrid iria pressionar na busca pela virada, tomou uma ducha de água fria (ou um floco de neve, algo mais provável naquela condição climática). Helmes teve duas chances de recolocar o Leverkusen na frente, mas numa chutou cruzado para fora e noutra parou em defesa de De Gea. Para não dizer que os espanhóis não levaram perigo, houve uma grande oportunidade aos 43' quando, após cruzamento da esquerda, Agüero chutou, foi travado pelo croata Domagoj Vida, chutou de novo e dessa vez viu a bola subir após desvio que a levou para escanteio. Talvez estivesse faltando a presença de Simão, vai saber.

Se recordar é viver, vale lembrar que esse time eliminado na fase de grupos passou, na temporada passada, pelo Liverpool no estádio Vicente Calderón e garantiu a classificação na prorrogação em pleno Anfield Road. Na final, triunfo sobre o também inglês Fulham. Momentos que Forlán deve guardar com muito carinho na memória. Mas que, por não entrarem em campo, não puderam evitar a abreviada trajetória da equipe nessa mesma competição na presente temporada.

Outros resultados (grupos definidos)

Grupo A: Salzburg (4º) 0a1 (2º) Lech Poznan; e Juventus (3º) 1a1 (1º) Manchester City;
Grupo B: Aris (2º) 2a0 (4º) Rosenborg;
Grupo C: Lille (2º) 3a0 (3º) Gent; e Levski Sofia (4º) 1a0 (1º) Sporting Lisboa;
Grupo G: Anderlecht (2º) 2a0 (4º) Hajduk Split; e AEK (3º) 0a3 Zenit St. Petersburgo;
Grupo H: Stuttgart (1º) 5a1 (4º) OB; e Getafe (3º) 1a0 (2º) Young Boys;
Grupo I: Debreceni (4º) 2a0 (3º) Sampdoria; e PSV (1º) 0a0 (2º) Metalist.

As 24 equipes classificadas (duas de cada uma dos 12 grupos) se juntarão aos terceiros colocados da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa (Twente, Benfica, Rangers, Rubin Kazan, Basel, Spartak Moscou, Ajax e Braga), totalizando 32 times que serão emparelhados em duelos eliminatórios no formato ida-e-volta.

Lembrando que o sorteio com os duelos eliminatórios envolvendo as equipes classificadas está marcado para sexta-feira.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sevilla Consegue A Vaga Empatando Jogo E Cronômetro

No papel, dois elencos que contam com jogadores de qualidade (de um lado, atletas como Didier Zokora, Frederic Kanouté e Luís Fabiano; de outro, nomes como os de Nuri Sahin, Lucas Barrios e Shinji Kagawa). Na temporada, situações antagônicas (o Sevilla, 11º na Liga Espanhola, vindo de 5 derrotas consecutivas; o Borussia Dortmund, líder na Bundesliga, vindo de 7 triunfos em seqüência). No campo, o entendimento das razões para isso ocorrer: enquanto o Sevilla buscava a interrupção da partida a todo momento, mantendo-se a maior parte do tempo concentrado no campo de defesa e retardando a reposição da bola em jogo, o Dortmund tentava chegar ao ataque fazendo circular a bola de pé em pé, às vezes envolvendo o adversário, às vezes sendo parado por marcações de impedimento ou entradas faltosas, mas raramente dando a bola de graça para o oponente. No resultado final, a festa do anti-jogo: com o empate por 2a2 no estádio Ramón Sánchez Pizjuán, o clube espanhol avança na Liga Europa enquanto o Borussia fica pelo caminho, focando o restante da temporada exclusivamente no cenário doméstico.

O jogo

Sem tomar conhecimento do fator campo e da barulhenta torcida local, o clube alemão foi ao ataque desde o início na busca pelo único resultado que o interessava: a vitória. E a recompensa pela postura ofensiva e o bom toque de bola apresentado pelos comandados de Jürgen Klopp não tardou a vir: aos 3 minutos, Mario Götze tocou na passagem de Marcel Schmelzer pelo flanco esquerdo e de lá veio cruzamento pra área. O zagueiro francês Julien Escudé tentou afastar o perigo, mas seu toque com o calcanhar acabou encontrando o japonês Shinji Kagawa, que dominou com o pé esquerdo, ajeitou e chutou com a perna direita - a bola ainda foi desviada antes de rumar para o canto esquerdo de Andrés Palop Cervera, que fez um estranho golpe de vista.

Aos 10 e também aos 13 minutos o Dortmund deu novas demonstrações de boa distribuição de passes, mas as enfiadas que nessas duas situações buscavam o paraguaio Lucas Barrios infiltrado no meio da defesa adversária foram paradas em marcações de impedimento, no mínimo, duvidosas. Entre um lance e outro houve tempo para apanhar: aos 12 minutos, o francês Abdoulay Konko foi direto no corpo de Götze, derrubando o alemão pela segunda vez no jogo. O árbitro russo Alexey Nikolaev limitou-se a marcar a falta, sem mostrar qualquer cartão ao agressor.

Com 14 minutos, finalmente o Sevilla conseguiu criar algo de interessante: após lançamento pra dentro da área, duas escoradas de cabeça levaram a bola até o marfinense Christian Romaric, que finalizou cara-a-cara com o goleiro Roman Weidenfeller, vendo-o realizar defesa sensacional.

Romaric é um apelido dado ao meio-campista de 27 anos quando atuava na base do Asec Mimosas e era treinado pelo brasileiro Joel Carlos. Batizado Christian N'Dri Koffi, o "Romaric" foi-lhe alcunhado em referência ao lendário atacante Romário (Joel o achava de uma marra similar a do "Baixinho"). E, provando que o apelido não veio à toa, aos 23 minutos o camisa 6 do Sevilla deu entrada dura num adversário e recebeu cartão amarelo - em vez de aceitar a punição que lhe coube, ficou gesticulando para o árbitro e mostrando o dedo indicador, como se fosse proibido dar cartão a um jogador na suposta primeira falta cometida por ele. Porém, na marca de 30 minutos, Romaric mostraria uma outra faceta que conhecemos em Romário: o oportunismo. Após levantamento realizado pelo malinês Frederic Kanouté próximo à quina direita da área, nem o brasileiro Luís Fabiano conseguiu dominar com o peito e nem o polonês Lukasz Piszcsek conseguiu afastar o perigo dali: Romaric tratou de esticar a perna esquerda e mandar a bola pro fundo do gol de Weidenfeller.

O empate já servia ao Sevilla, mas, empurrado pela torcida, o time foi ao ataque querendo mais. E, logo na investida seguinte, saiu a virada: aos 34 minutos, o argentino Diego Perotti caprichou no levantamento a partir do setor esquerdo e Kanouté caprichou mais ainda no cabeceio, mandando no canto esquerdo de Weidenfeller.

Seis minutos depois, Kanouté sentiu o que parecia ser uma lesão muscular e precisava ser substituído. Mesmo contando com o atacante Álvaro Negredo Sánchez no banco de suplentes, o treinador Gregorio Manzano optou por colocar o brasileiro Renato, deixando apenas Luís Fabiano mais à frente. Renato herdou, além da vaga deixada por Kanouté, a braçadeira de capitão que estava com o malinês.

Na volta do intervalo, o Dortmund voltou a tomar as rédeas da partida e partiu pra cima dos donos da casa. E o gol de empate não tardou a acontecer: aos 3 minutos, um escanteio bem cobrado pelo lado direito encontrou, na altura da linha da pequena área, a cabeça do bósnio Neven Subotic, que direcionou a redonda pro canto direito sem dar chance de defesa à Palop, que dessa vez não deve ser criticado por fazer novo golpe de vista.

Se no primeiro tempo, vencendo a partida, houve uma mexida onde saiu um atacante para a entrada de um meio-campista, Manzano seguiu sua empreitada defensivista na etapa complementar: aos 15 minutos, com o jogo empatado, saiu o meia Perotti, autor da assistência para o gol de Kanouté, para a entrada do lateral uruguaio José Martín Cáceres.

Se o Sevilla se fechava com uma troca sul-americana, o Dortmund mostrava-se disposto a atacar e preparou uma mexida polonesa aos 22 minutos: saiu o meio-campista Jakub Blaszczykowski (vulgo Tuga) para a entrada do atacante Robert Lewandowski.

E a partida seguia com a mesma tônica: o Borussia Dortmund buscando a classificação que só viria com a virada e o Sevilla, sem mostrar habilidade para contra-atacar (praticamente não tinha peças para isso), basicamente se defendia e retardava ao máximo o andamento do jogo. As mexidas seguintes acentuaram o cenário: aos 32 minutos, Klopp trocou as coisas no meio colocando o brasileiro Antônio da Silva no lugar de Sven Bender; aos 40 minutos, Manzano tirou Romaric para pôr o zagueiro uruguaio Federico Julián Fazio.

A legião de sul-americanos (naquele momento representada por dois brasileiros e dois uruguaios) parecia contagiar o Sevilla com um espírito de Copa Libertadores da América. Jogar bola ficou para segundo plano e o foco do time da casa era retardar o andamento do jogo, fazendo a famigerada cera sempre que houvesse possibilidade. E as possibilidades brotavam: Palop era lento para cobrar qualquer que fosse o tiro-de-meta, jogadores caíam e, enquanto o cronômetro corria, a bola parava.

Com 41 minutos, quase veio o castigo: após bola invertida do lado direito de ataque para o esquerdo, Palop saiu do gol mas não evitou o cabeceio de Schmelzer, que passou pelo goleiro mas foi afastado por um zagueiro que estava "na cobertura". Foi a última participação de Schmelzer, que no minuto seguinte deu lugar a mais um atacante, o francês Damien Le Tallec.

Se já era indecente o retardamento do Sevilla em fazer a bola rolar, entre os 43 e os 45 minutos foi nojenta a postura do time da casa que, através do marfinense Didier Zokora, conseguiu demorar dois minutos para efetuar uma simples cobrança de falta. Os 5 minutos indicados como acréscimo passaram longe de dar conta de tamanhas paralisações propositais, servindo basicamente para premiar o goleiro Palop com um cartão amarelo. Precisa dizer o motivo?

Outros resultados (grupos definidos)

Grupo D: Dínamo Zagreb (3º) 0a1 (2º) PAOK; e Club Brugge (4º) 1a2 (1º) Villarreal;
Grupo E: AZ (3º) 3a0 (2º) BATE; e Dínamo de Kiev (1º) 0a0 (4º) Sheriff;
Grupo F: Sparta Praga (2º) 1a1 (1º) CSKA Moscou; e Lausanne (4º) 0a1 (3º) Palermo;
Grupo J: Karpaty (4º) 1a1 (1º) Paris Saint-Germain;
Grupo K: Napoli (2º) 1a0 (3º) Steaua Bucareste; e Liverpool (1º) 0a0 (4º) Utrecht;
Grupo L: Besiktas (2º) 2a0 (4º) Rapid Viena; Porto (1º) 3a1 (3º) CSKA Sofia.

Amanhã teremos as definições dos demais grupos. O sorteio com os duelos eliminatórios envolvendo as equipes classificadas está marcado para sexta-feira.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Do Congo Para Abu Dhabi: A Zebra Que Vem Quicando

14 de dezembro de 2010 é um dia que entra para a história do futebol africano e mundial: pela primeira vez no Mundial de Clubes da FIFA, uma equipe do continente que sediou a Copa do Mundo deste ano consegue marcar presença na final do torneio intercontinental. Tudo começou com a surpreendente vitória por 1a0 sobre o Pachuca, na fase de quartas-de-final. E quem achou que o passeio da zebra acabaria por ali, não fazia idéia do que ainda estava por vir: o triunfo sobre o Internacional por 2a0 coloca o futebol do Congo na final do Mundial. Tout Puissant Mazembe, muito prazer. Seongnam? Internazionale? Podem vir quente que o Mazembe, no melhor estilo Robert Kidiaba Muteba, já está quicando.

O jogo

O início de partida deve ter levado os telespectadores a imaginarem que a vitória colorada sairia naturalmente: o Internacional tinha mais posse de bola, rondava a área com freqüência e conseguia finalizar ao gol, como em lance aos dez minutos onde o chute de Rafael Sóbis só não entrou porque o goleiro Robert Kidiaba agiu bem para realizar a defesa. Ainda aos dez minutos, o Mazembe respondeu em chute de longa distância: embora a bola tenha ido no meio do gol, o goleiro Renan não teve moleza para evitar que a bomba mandada por Patou Kabangu Mulota explodisse na rede, defendendo em dois tempos.

Se para abrir o placar em jogo de estréia vale qualquer esforço, o Internacional passou a acreditar que o caminho mais simples era através da jogada aérea. Aos 21 minutos, Tinga recebeu passe pelo alto, ajeitou de cabeça para Andrés D'Alessandro e o argentino abriu na direita com Nei: o lateral tratou de fazer cruzamento caprichado pra dentro da área, Tinga chegou antes do goleiro Kidiaba e cabeceou por cima do travessão. A outra grande chance colorada de sair do zero antes do apito de intervalo foi de natureza semelhante: aos 44 minutos, Wilson Matias tocou na direita para Nei e se mandou pro miolo da área para receber ele próprio o cruzamento. A bola foi nele, que com uma bela puxada mandou uma finalização perto da trave, quase marcando um golaço.

As equipes voltaram para o segundo tempo com os mesmos jogadores e a primeira chance foi novamente do clube brasileiro. Em cobrança de falta aos 3 minutos, D'Alessandro tentou encobrir a barreira mas Kabangu saltou no tempo certo para desviar com a cabeça. Se naquele momento Kabangu agiu como defensor, quatro minutos depois ele apareceria no ataque para fazer lindo gol: após bola lançada da esquerda para o centro de ataque, um cabeceio de Narcisse Ekanga Amia para a esquerda ajeitou a redonda para Kabangu. O melhor estava por vir: Kabangu deu uma puxada na bola para evitar a marcação de Índio e Bolívar e, com muita categoria, colocou no canto oposto, mandando um chute no quadrante 10 e abrindo o placar. A transmissão televisiva dividiu atenção na comemoração, sem esquecer de filmar o goleiro Kidiaba e seu festejo singular, literalmente quicando na grande área.
Patou Kabangu, com categoria, chuta cruzado e abre o placar no estádio Mohammed Bin Zayed.

Aos 13 minutos, Kidiaba apareceria novamente na tela, mas dessa vez pelo desempenho enquanto goleiro. Após lançamento vindo do campo de defesa, a marcação do Mazembe desviou para trás e deixou Rafael Sóbis em condição privilegiada: livre dentro da área, o atacante chutou e parou em grande defesa de Kidiaba. No minuto seguinte, Kidiaba defendeu chute rasteiro de Alecsandro, figura pouco acionada na partida.

Com 17 minutos, Celso Roth mandou uma troca dupla de uma só vez: saíram Tinga e Alecsandro para as entradas de Giuliano e Leandro Damião. 2 minutos depois, o Inter conseguiu nova jogada bem trabalhada: no lado esquerdo de ataque, Kléber passou para D'Alessandro que, da linha-de-fundo, cruzou na área e encontrou Rafael Sóbis. O camisa 11 subiu e cabeceou firme, mandando perto do travessão.

Para não dizer que apenas ele, Sóbis, desperdiçava as chances criadas, foi incrível a oportunidade que teve Giuliano aos 23 minutos: o jogador recebeu sem marcação e, já na grande área, chutou cruzado com a parte interna do pé, possibilitando nova grande defesa de Kidiaba. Na marca de 27 minutos, o Inter teve chance em lance de bola parada pelo lado esquerdo (nota: a arbitragem do holandês Bjorn Kuipers errou ao dar toque de mão, pois o que caracteriza a infração é a intenção, que não houve). Na cobrança, Sóbis mandou um toque rasteiro e, a alguns centímetros da marca do pênalti e sem marcação, D'Alessandro finalizou de primeira, mas sem pegar na bola como gostaria, mandando o chute à esquerda da meta.

Aos 30 minutos, Roth, precisando buscar o resultado, fez uma substituição vazia de ousadia, no melhor estilo "seis por meia dúzia", colocando o jovem Oscar no lugar do participativo Rafael Sóbis. Naquela altura do jogo, poderia abrir mão de um dos volantes ou até arriscar algo de diferente, como por exemplo tirar o zagueiro Índio, recuar Pablo Guiñazú para fazer dupla com Bolívar e deixar Wilson Matias como primeiro volante, dessa forma contando com mais peças ofensivas. Mas isso parece muito para Roth.

Com 33 minutos, Nei recebeu, levou a bola pra perna esquerda e chutou perto da trave esquerda. Aos 39 minutos, Lamine N'Dyaie mexeu pela primeira (e única) vez: saiu Patou Kabangu, autor do gol, e entrou Deo Kanda A Mukok. No minuto seguinte, Kidiaba, o goleiro que apareceu no jogo pelas grandes defesas e pela comemoração espalhafatosa, mostrou que seu repertório não tem fim: após realizar nova intervenção, o camisa 1 recolocou a bola em jogo fazendo conexão direta com Alain Kaluyituka Dioko no campo ofensivo. Daí em diante, Kaluyituka cuidou do resto com grande competência, encarando a marcação de Guiñazú e chutando rasteiro na paralela, preciso, perto da trave direita, sem dar chance de defesa para o goleiro Renan. Tome comemoração africana: com o autor do gol, no banco de reservas, nas arquibancadas e, claro, na grande área do Mazembe, onde Kidiaba foi, sem dúvida, o dono do pedaço.
Robert Kidiaba, quicando no gramado, celebra os gols e a classificação do Mazembe: comemoração excêntrica de um dos melhores jogadores em campo.

Enquanto o Internacional permanece em Abu Dhabi com a dor de disputar o 3º lugar no próximo dia 18, na mesma data o continente africano celebrará uma inédita presença na final da competição. Muitos lembrarão de Camarões-1990, Senegal-2002 ou mesmo Gana-2010, seleções presentes na fase de quartas-de-final em Copas do Mundo. Nigéria-1996, ouro olímpico, também merece recordação. Mas penso que o maior feito futebolístico africano até a presente data possa ter acontecido nessa vitória do congolês Mazembe sobre o brasileiro Internacional. Com um detalhe: ainda não acabou.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Em Jogo Parelho, United Vence Arsenal E Lidera

No jogo mais aguardado dessa segunda-feira no calendário futebolístico, o Manchester United venceu o Arsenal por 1a0 em Old Trafford, tomou a liderança que pertencia ao adversário e, com um jogo a menos, abriu dois pontos de vantagem sobre Arsenal e Manchester City.

A invencibilidade dos comandados de Alex Ferguson (9 vitórias e 7 empates na Premiership) terá nova prova-de-fogo na próxima rodada, quanto o líder vai ao Stamford Bridge enfrentar o Chelsea, 4º colocado e com 3 pontos a menos. Será o duelo entre o melhor ataque (o Manchester United marcou 36 gols na competição) e a melhor defesa (os "Blues" foram vazados 12 vezes). Buscando retomar a ponta na tabela, o Arsenal retorna ao Emirates Stadium, onde receberá o Stoke City (12º colocado, com 21 pontos).

O jogo

O Manchester United foi ao campo com a melhor campanha na condição de mandante (8 vitórias e 1 empate em Old Trafford). Mas do outro lado estava a equipe que mais pontuou enquanto visitante (17 pontos fora de seus domínios). Nesse choque de forças - que foi alimentado com polêmicas declarações durante a semana - viu-se um início de partida truncado, onde era evidente a dificuldade de ambas as equipes em se aproximarem do gol adversário. Desta forma, as finalizações aconteciam basicamente em chutes de fora da área, mas tanto o experiente holandês Edwin van der Sar, de 40 anos, quanto o jovem polonês Wojciech Szczesny, com 20, mostraram segurança para defenderem as bolas que viessem.

Apesar do time da casa apresentar maior ímpeto ofensivo, o primeiro tempo dava sinais de que terminaria sem gol. Porém, aos 40 minutos, a sorte sorriu para quem a buscou. Após ser acionado no ataque, Wayne Rooney escorou de cabeça para o lado direito de ataque e encontrou Nani. O português encarou a marcação do francês Gaël Clichy, tentou o chute mas foi travado. Não havia dito que a sorte sorriu? Pois então: esse chute travado acabou virando um cruzamento que, mesmo com trajetória esquisita acabou indo de encontro à cabeça do sul-coreano Park Ji-Sung, que acabou conseguindo, no susto, encobrir o goleiro Szczesny e ainda contar com um desvio na parte interna da trave direita que encaminhou a bola para dentro do gol. 1a0 no placar.

Nos últimos minutos do primeiro tempo nada mas foi criado, mas chamou atenção a exaltação do meio-campista escocês Darren Fletcher. 2 minutos antes do gol, ele quase expulsou o árbitro da final da Copa do Mundo, correndo alucinadamente em direção à Howard Webb reivindicando a marcação de uma falta, ignorada pela autoridade máxima do jogo. 3 minutos após o gol, se alguém achou que Fletcher ficaria mais calmo, se enganou: o jogador mostrou destempero mais uma vez ao reclamar de uma falta cometida pelo marroquino Marouane Chamakh em Nani, que rendeu cartão amarelo ao atacante do Arsenal e um princípio de confusão, logo amenizado. O apito de intervalo serviu para acalmar os ânimos de todos, especialmente o do compatriota de Alex Ferguson.

Como era de se imaginar, a partida melhorou no segundo tempo. O Arsenal, que na etapa inicial já não se intimidara com a presença dos mais de 75.000 espectadores, passou a ficar mais à vontade na etapa complementar, acertando trocas de passes que por muitas vezes envolviam o sistema defensivo do United. Aos 3 minutos, Clichy cruzou da esquerda, Jack Wilshere ajeitou de cabeça para o lado esquerdo de ataque e lá apareceu o tcheco Tomas Rosicky, que soltou um chute cruzado que passou à direita da meta.

O Manchester se apresentava com uma formação diferente daquela vista no primeiro tempo: para fortalecer a marcação, o lateral esquerdo francês Patrice Evra passou a atuar mais centralizado, formando um trio com Rio Ferdinand e com o sérvio Nemanja Vidic - Park Ji-Sung atuava mais recuado, desempenhando a função que era de Evra. Mas era exatamente por aquele setor que o Arsenal mais encontrava espaços para levar perigo, com o francês Bacary Sagna subindo constantemente. Aos 5 minutos, o russo Andrei Arshavin abriu o jogo na direita com o francês Samir Nasri: o camisa 8 foi até a linha final, cruzou rasteiro e van der Sar segurou. No minuto seguinte, Sagna recebeu livre, cruzou firme e, no segundo pau, o brasileiro Rafael cortou pela linha-de-fundo.

Aos 8 minutos, uma tabela entre Rooney e Ânderson quase acabou no segundo gol do Manchester, com Szczesny realizando belo bloqueio no chute do brasileiro. 2 minutos depois, mais Arsenal no ataque: Nasri fintou a marcação adversária, chutou cruzado da entrada da área, van der Sar espalmou, Chamakh pegou o rebote mas não teve a calma necessária para finalizar evitando o bloqueio de Vidic, que precipitou um carrinho e conseguiu cortar o chute. O ritmo do jogo era frenético: mais 3 minutos corridos, Ânderson iniciou contra-ataque com roubada de bola próximo da grande área, avançou rapidamente e abriu na direita com Nani. O português encarou a marcação de Clichy, foi desarmado mas acabou conseguindo recuperar-se no lance, ficando de frente com Szczesny e chutando firme, mandando sobre o travessão.

Para incendiar de vez a partida, Arsène Wenger chamou Francesc Fàbregas e Robin van Persie, que entraram aos 18 minutos nos lugares de Rosicky e Wilshere. Logo na primeira jogada envolvendo o espanhol e o holandês, deu para perceber que a defesa do United teria muito trabalho: com velocidade e visão de jogo, a bola passou a circular com ainda mais qualidade na beirada da área. Porém, os donos da casa ganharam um presente do auxiliar: aos 27 minutos, Nani e Clichy ficaram mais uma vez no mano-a-mano, o francês caiu no gramado e tocou com a mão na bola. Sabe-se lá como, foi acusada penalidade máxima e Howard Webb acatou. O ditado "pênalti que não é, não entra", já visto no domingo em Roma, voltou com força total nessa segunda-feira em Manchester: Rooney deu uma corridinha estranha em direção à bola e isolou a redonda, parecendo mais estar cobrando um tiro-de-meta do que um pênalti. 3 minutos após o desperdício adversário, Wenger tentou animar o Arsenal com uma última cartada na busca pelo resultado: Theo Walcott entrou no lugar de Arshavin. No minuto seguinte ao de sua entrada em campo, Walcott fugiu da marcação com agilidade e chutou de fora da área, à direita do gol.

O setor esquerdo do Manchester ficou definitivamente sob pressão e Ferguson agiu: aos 39 minutos, o técnico tirou Ânderson e colocou o experiente galês Ryan Giggs. Com essa mexida, Sagna teria suas subidas ao ataque inibidas, pois o camisa 11 foi colocado em campo para atuar exatamente por aquele flanco. Aos 40 minutos, Rooney, que havia errado o pênalti bisonhamente, quase se redimiu com o que seria um golaço: a tentativa de encobrir Szczesny só não acabou em gol pois o polonês conseguiu plástica defesa, mostrando elasticidade. Na marca de 48 minutos, o Arsenal teve a chance derradeira de evitar a derrota e conservar a liderança: bola levantada a partir da esquerda chegou limpa na direita de ataque e Walcott pegou de sem-pulo, mandando por cima da barra. Restou a Webb apitar o final e garantir a comemoração dos donos da casa.

Outros resultados

Sábado

Aston Villa (14º) 2a1 (11º) West Bromwich
Everton (15º) 0a0 (18º) Wigan
Fulham (17º) 0a0 (7º) Sunderland
Stoke City (12º) 0a1 (10º) Blackpool
West Ham (20º) 1a3 (3º) Manchester City
Newcastle (8º) 3a1 (9º) Liverpool

Domingo

Bolton (6º) 2a1 (13º) Blackburn
Wolverhampton (19º) 1a0 (16º) Birmingham
Tottenham (5º) 1a1 (4º) Chelsea