O bom futebol apresentado pela França na fase de grupos demorou para aparecer nas oitavas-de-final. Não saberemos até que ponto isso se deve ao fator psicológico de ser um jogo eliminatório ou de ser a Nigéria uma equipe que encontrou melhores fórmulas que Honduras, Suíça e Equador para medir forças com os franceses. Mas o fato é que, por mais que tenha demorado, o bom futebol da seleção comandada por Didier Deschamps apareceu. Foi em algum momento depois do intervalo no estádio Mané Garrincha, mais precisamente após o minuto 62, quando o técnico capitão de 1998 colocou Griezmann no lugar de Giroud. Apareceu. Poderia ter sido tarde, pois ainda no primeiro tempo os nigerianos tiveram um gol de Emenike anulado por questão de centímetros. Poderia ter sido tarde também porque a França contou com a complacência do árbitro estadunidense Mark Geiger para continuar com onze em campo: a entrada de Matuidi em Onazi, que lesionou o camisa dezessete, era digna de expulsão.
Contudo, com tudo isso salvando a França do que poderia ser um primeiro tempo trágico, houve algo de bom por parte dos Azuis antes do intervalo: em lance onde Pogba tabelou com Valbuena, só não tivemos um dos gols mais bonitos na Copa porque Enyeama realizou uma das mais belas defesas no Mundial. Que goleiraço!
Veio o segundo tempo e cada minuto que avançava no cronômetro parecia dar mais esperanças às Águias. Em lances como o chute firme e rasteiro de Odemwingie, que foi bloqueado em defesa difícil de Lloris, parecia estar sendo construída mais uma surpresa na Copa do Mundo 2014. Até porque o ataque francês era naquele momento inofensivo: Benzema não conseguia dialogar com Giroud, os avanços de Pogba e Matuidi eram bem vigiados por Gabriel (que substituiu Onazi, vítima de Matuidi) e Obi Mikel. A França, talvez pela primeira vez no torneio, vinha se tornando um time previsível.
Foi então que Deschamps teve uma visão. E mudou o jogo numa substituição: Griezmann no lugar de Giroud. Não abriu mão de jogar com três volantes, mesmo quando dois deles pareciam suficientes para conter uma Nigéria onde Musa estava apagado e Moses também pouco rendia no campo de ataque, isolando Emenike e sobrecarregando Odemwingie. Enyeama passou a ser mais exigido, praticando defesas espetaculares, como em lance onde Benzema surgiu cara-a-cara, parou no goleiro e ainda viu Moses afastar praticamente em cima da linha final. Os nigerianos foram também salvos pelo travessão, após chute de longe de Debuchy. Mas, aos trinta e três, não houve salvação: escanteio cobrado pela esquerda, Enyeama não conseguiu afastar e Pogba aproveitou o raro vacilo do goleiro para cabecear na rede.
Com Griezmann bem no jogo, Valbuena sobrando por todos os cantos do campo, Benzema subindo de rendimento ao lado dos companheiros e a vantagem no placar, a França finalmente mostrava algo próximo àquela França dos três jogos anteriores. Stephen Keshi demorou para tomar alguma providência, só mexendo no time aos quarenta e três: Nwofor no lugar de Moses. Era a segunda alteração e ele preferiu não fazer a terceira. Até porque, pouco depois, Valbuena avançou pela direita em liberdade, cruzou rasteiro buscando Griezmann e Yobo, zagueiro nigeriano, fez a tarefa do atacante francês, desviando para a rede. Aí não tem Enyeama que dê jeito. 2a0 França, que avança. Pela frente virá o vencedor de Alemanha e Argélia. Ou seja, teremos ou um encontro de gigantes ou de rivais históricos na geopolítica mundial. Liberdade, igualdade e fraternidade, antes de mais nada.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Eterno Prestígio, Estima E Honra: Costa Rica Elimina Grécia E Faz História
Recife fechou com chave-de-ouro sua participação na Copa do Mundo 2014. Recebeu duas das maiores surpresas pelas performances na fase de grupos e sediou uma partida dramática, definida somente no desempate por pênaltis. Promovendo lágrimas para todos os lados - as de alegria e alívio contrastando com as de tristeza e decepção -, o encontro entre Costa Rica e Grécia entra para a vasta galeria dos bons jogos nesse Mundial.
Taticamente, duas equipes com formações quase espelhadas. A Costa Rica foi a campo com uma linha de cinco defensores (Gamboa, Duarte, González, Umaña e Díaz), dois volantes (Borges e Tejeda) e um trio de dar gosto de ver jogar: Bryan Ruiz e Bolaños na armação, com Campbell como referência. Sem esquecer, é claro, do ótimo goleiro Keylor Navas. Já a Grécia se apresentou com uma linha de quatro defensores (Torosidis, Manolas, Papastathopoulos e Holebas), dois volantes (Maniatis e Samaris), um armador (o incansável e interminável Karagounis), dois meias mais adiantados (Salpingidis e Christodoulopoulos), além de Samaras como referência. O arqueiro é Karnezis, que assumiu a titularidade durante a Copa.
Leitores mais atentos ficarão em dúvida sobre o termo "formações quase espelhadas", notadamente pela diferença na linha de defesa. É que muitas das vezes os gregos migravam um dos volantes para a zaga (ora Maniatis, ora Samaris), deixando Karagounis próximo ao outro volante (ora Samaris, ora Maniatis). Dessa forma, tínhamos duas formações 5-2-2-1 no gramado. Números são frios, e às vezes não identificam algumas dinâmicas que diferenciam as equipes. Uma delas é que no esquema tático de Fernando Santos, Samaras é mais convidado a recuar do que Campbell na estratégia de Jorge Pinto. Outra é a participação dos laterais: é mais fácil ver os gregos subindo ao ataque com Torosidis e Holebas do que os costarricenses com Gamboa e Díaz.
O primeiro tempo possibilitou muita disputa territorial e algumas chances de gol. Na maior oportunidade, Holebas cruzou da esquerda e encontrou Salpingidis em ótima condição de abrir o placar. E o camisa catorze grego finalizou bem, com firmeza e colocação. Mas protegendo a baliza da Costa Rica estava Navas, que realizou intervenção sensacional, colocando a canela no rumo da bola para evitar o primeiro gol no jogo.
No segundo tempo, a dinâmica mudou. As equipes passaram a conseguir imprimir maior velocidade e as chances se multiplicaram. Já aos cinco, Navas encaixou após cabeceio de Samaras. A resposta costarricense foi ligeira e eficiente: aos sete minutos, Bolaños avançou pela esquerda, cruzou rasteiro e a defesa grega assistiu Bryan Ruiz pegar na bola com sua calibrada perna esquerda. A finalização saiu vagarosamente e rasteira, mas sua colocação a centímetros da trave esquerda deixou o goleiro Karnezis estático. Como se fosse um gol em câmera lenta. A Costa Rica abria o placar em Pernambuco!
A nova circunstância do jogo, que passava a ter um time em vantagem no placar, motivou Fernando Santos a mexer na Grécia: aos doze, o português colocou o atacante Mitroglou no lugar de Samaris. Dessa forma, os gregos passavam a jogar com dois atacantes, com Mitroglou na função de nove (número que não por acaso estampa sua camisa) e Samaras saindo mais da área. Era o fim das "formações quase espelhadas".
A reação de Jorge Pinto foi a de também realizar uma substituição. Só que a motivação não era a de buscar o ataque, mas possivelmente a de preservar um jogador com cartão amarelo: saiu Tejeda e entrou o também meio-campista Cubero. No mesmo minuto, um golpe. Se a mexida do colombiano era pelo medo de ficar com um jogador a menos, a Costa Rica passou a viver um pesadelo: Duarte recebeu o segundo amarelo pessoal e foi expulso de campo pelo árbitro australiano Benjamin Williams. Eram vinte e um minutos no segundo tempo naquele momento. Já aos vinte e quatro, Fernando Santos trouxe mais um atacante para lançar a Grécia de vez ao ataque: Gekas entrou no lugar de Salpingidis.
Sem Salpingidis para armar o jogo grego pelo lado direito e com Christodoulopoulos encontrando forte resistência pelo flanco oposto (Gamboa e depois Acosta, que o substituiu aos trinta e um, foram bastante atuantes para proteger aquele setor na defesa de Costa Rica), a articulação da Grécia parecia precisar passar pelos pés do capitão e camisa dez Karagounis. Sobrecarregado na função, o veterano jogador tinha dificuldades de acionar os três homens de frente. Santos colocou Katsouranis no lugar de Maniatis, agregando experiência ao setor de meio-campo a partir dos trinta e dois minutos. Era sua última alteração por direito. E Jorge Pinto também mexeu pela última vez: cinco minutos depois, tirou Bolaños de campo para colocar Brenes. Dessa forma, a Costa Rica ganhava velocidade para contra-atacar. Só que perdia alguém para, juntamente ao camisa dez Bryan Ruiz, pensar o contra-ataque. E a Costa Rica passou a penar no jogo.
Sem se entregar em momento algum, motivada pela vantagem numérica, pela superioridade física diante de um adversário que começava a explicitar cansaço e possivelmente recordando o feito de buscar a classificação na terceira rodada com um gol no finalzinho, a Grécia proporcionou mais um momento marcante em sua campanha no Brasil. Novamente nos acréscimos (daquela vez diante da Costa do Marfim, dessa diante da Costa Rica), os gregos não deram as costas para o impossível, foram para dentro e encontraram o que tanto queriam: após chute cruzado de Gekas, Navas rebateu e Papastathopoulos mandou de canela para a rede. Era heroísmo à altura da Mitologia Grega! A Grécia empatava a partida de maneira incrível!
Ainda houve tempo para Mitroglou tornar-se mito, mas seu lindo cabeceio foi parado em mais uma defesa espetacular de Navas (automaticamente me fez lembrar Buffon diante de Zidane na final em 2006). Na prorrogação, a superioridade numérica da Grécia em campo - que era de um homem - parecia ter se multiplicado. Na defesa, havia pelo menos três gregos vigiando um Campbell que já não mais conseguia correr. Mal andava o camisa nove. E quando a Costa Rica ousava se lançar ao ataque, via os gregos engolirem-na no contra-ataque, como em lance onde cinco homens de azul avançavam a toda velocidade diante de dois homens de branco. Mas havia também um homem de verde: o goleiro Navas, que impediu que o chute de Christodoulopoulos alcançasse a rede. Outra chance colossal de desempatar o jogo na prorrogação foi novamente grega. E dessa vez caiu nos pés de Mitroglou. Só que a finalização do atacante parou na muralha Navas, que conseguiu um desvio improvável com a parte lateral do corpo. Era ele, Keylor Navas, o maior responsável para o jogo tomar o rumo das penalidades máximas.
Borges e Mitroglou; Bryan Ruiz e Christodoulopoulos; González e Holebas. Cada um a seu jeito cobrou e converteu suas respectivas cobranças. Campbell partiu para a bola e marcou 4a3. Chegou a vez de Gekas. E teve início a tragédia grega: Navas defendeu a cobrança do camisa dezessete da Grécia. Coube a Umaña a cobrança para colocar a Costa Rica pela primeira vez na fase quartas-de-final de um Mundial. Com os olhares fixos na Brazuca, como quem estivesse em estado de hipnose onde o pêndulo era uma bola, o camisa quatro não desperdiçou a chance de fazer história. A Costa Rica avança na Copa, eliminando o terceiro europeu em sua trajetória. A Holanda que se cuide!
P.S.: "Eterno prestígio, estima e honra", que dá o título ao presente texto, é um trecho no hino nacional costarricense.
P.S.: "Eterno prestígio, estima e honra", que dá o título ao presente texto, é um trecho no hino nacional costarricense.
Conquistaron tus hijos, labriegos sencillos,Clique para ver a letra completa do hino nacional da Costa Rica.
Eterno prestigio, estima y honor,
Eterno prestigio, estima y honor.
¡Salve oh tierra gentil!
¡Salve oh madre de amor!
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No Confronto De Invictos, Holanda Elimina México Com Virada Emocionante
Quando alguém te pergunta o nome de um filme que você tenha gostado muito de assistir (aquele pra figurar no topo na lista de preferências), o que você responde? Bem, provavelmente, independentemente do nome da película, a resposta será em referência a alguma obra cinematográfica que tenha final emocionante. Pode ser suspense, drama, aventura. Mas, preferencialmente, com final emocionante. Às vezes o filme nem chega a ser primoroso em seu roteiro ou não tenha uma atuação inesquecível por parte de alguém do elenco. Mas, sendo o final emocionante, tudo muda de figura.
Holanda e México não fizeram um grande jogo no Castelão. Sol forte, horário ingrato, umidade alta, tudo parecia conspirar para uma partida arrastada em Fortaleza. Até a torcida fugiu das áreas iluminadas pelo astro-rei, deixando um clarão nas arquibancadas e procurando abrigo à sombra. Os jogadores não têm essas regalias. Pelo contrário. Uma bola lançada para Robin van Persie não foi dominada da maneira ideal pelo camisa nove muito provavelmente por causa do sol na cara do holandês. Uma marcação implacável. A pausa para reidratação era o mínimo do mínimo que poderia ser feito pelos atletas. Mesmo assim, é lamentável que nos sujeitemos a jogos em horários como esse. Atuar à uma da tarde no nordeste brasileiro é mais grave do que muita mordida no ombro.
Os primeiros vinte minutos foram no ritmo imposto pelo México. Posse de bola entre as duas intermediárias com cada vez mais aproximação da área holandesa. Já com oito minutos, Nigel de Jong deixou o campo por motivos clínicos - Bruno Martins Indi entrou em seu lugar. Uma mudança de nomes para diversas mudanças de posicionamento: Wijnaldum passou a ficar mais centralizado (na função então exercida por De Jong), Blind migrou uma linha à frente (ocupando a posição anterior de Wijnaldum) e Martins Indi foi fazer a lado esquerdo da defesa (onde estava Blind anteriormente). Na dinâmica da partida, pouca coisa mudou do antes para o depois: México com a bola, Holanda correndo atrás.
Curiosamente, os mexicanos atuavam espalhados pelo campo. A alma do time estava no trio formado por Herrera, Salcido e Guardado, que ditava o compasso e tinha a missão de acionar Giovani dos Santos e Peralta. A liderança técnica e psicológica de Rafa Márquez na linha de cinco defensores era a segurança que o México precisava para conter os contra-ataques holandeses, que só ofereciam perigo quando passavam pelos pés de Arjen Robben. Se bem que Van Persie ainda descolou uma ou duas finalizações. Mas foi só. O primeiro tempo foi do sol, do calor e do México, talvez nessa mesma ordem.
No segundo tempo, o gol mexicano veio ligeiro: Giovani dos Santos acompanhou a trajetória da bola e, mesmo vigiado de perto por Blind e com a marcação dobrada, conseguiu chutar no canto esquerdo de Cillessen, abrindo o placar no Ceará. 1a0 e festa da maior parte da torcida presente no estádio.
A Holanda precisaria achar uma nova maneira de jogar. E achou. Com Memphis no lugar de Verhaegh, Louis van Gaal redesenhou a formação tática da equipe: de quatro para três defensores; três meio-campistas; e Memphis aberto pelo flanco esquerdo, possibilitando que Robben ficasse mais dedicado ao lado direito, com Kuyt se deslocando pelos dois extremos.
Se Miguel Ernesto Herrera havia mexido no intervalo por motivo de contusão (Reyes entrou no lugar de Moreno), aos quinze o treinador mexicano substituiu para promover uma mudança estratégica: saiu o autor do gol Giovani dos Santos e entrou o meio-campista Aquino. Uma opção que chamou ainda mais os holandeses para o campo do México. Percebendo o tamanho do perigo e tentando não perder completamente a possibilidade de contra-atacar, Herrera colocou Javier Hernández no lugar de Peralta. Ganhou velocidade, mas não tinha conexão do resto do time com Chicharito.
Van Gaal fez sua última modificação imediatamente depois, trazendo Huntelaar para o lugar de Van Persie. E aqui, aos trinta minutos no segundo tempo, foi dada oportunidade para cornetarmos o consagrado técnico. Senhor treinador, concordamos plenamente que Van Persie não está bem no jogo. E se não está bem é, basicamente, porque não está participando o suficiente para manifestar o seu reconhecido talento. Sneijder recuou para buscar jogo, isolando o atacante. Memphis não vem rendendo aberto pelo lado esquerdo. Blind e Wijnaldum pouco acrescentam na articulação. Apenas Robben representa real ameaça aos adversários. Não seria melhor, caro treinador, mexer em algum elemento mais recuado e trazer alguém que eventualmente pudesse fazer Van Persie aparecer mais?
Mas a cagada, digo, a substituição estava feita. Com determinação e apostando alto em Robben, a Holanda foi criando chances em cima da bem postada defesa do México. Houve um pênalti claro que foi negado à Laranja, em lance onde Robben foi atingido duas vezes, por dois marcadores diferentes - ambos dentro da área. O português Pedro Proença nada assinalara. Como se não bastasse enfrentar sol, calor, umidade elevada e uma arbitragem errante, a Holanda também enfrentava uma zaga liderada por Rafa Márquez e uma baliza protegida por Guillermo Ochoa. Que missão ingrata virar esse jogo!
Foi então que, aos quarenta e dois minutos no segundo tempo no quarto jogo holandês no Mundial, Wesley Sneijder mostrou um pouco do que é, ou melhor, de quem é Wesley Sneijder. Após cobrança de escanteio pelo lado esquerdo, a sobra de bola ficou para o camisa dez holandês, que pegou do jeito que veio para marcar belíssimo gol, não dando sequer oportunidade de reação para Ochoa. Era o empate no Castelão!
Por gols, substituições e reidratação, foram indicados seis minutos como acréscimo. Ou seja, tudo levava a crer que teríamos pela frente uns trinta e seis minutos de futebol praticado no limite da resistência física (já incluindo os dois tempos de quinze minutos de prorrogação). Só que a Holanda queria mais. Ou seja, queria menos tempo de jogo. E era o time com mais jogadores voltados para buscar o gol: enquanto o México era quase que exclusivamente Chicharito no campo ofensivo, os holandeses contavam naquele momento com Sneijder, Kuyt, Robben, Memphis e Huntelaar. E, para confirmar a ótima Copa que vem fazendo, Robben arrancou pelo lado direito, fez um carnaval fora de época na defesa mexicana e caiu ao ter o pé de Rafa Márquez colocado à sua frente. Dessa vez, Pedro Proença assinalou a penalidade máxima, para desespero da seleção que talvez tenha pensado que pênaltis só existiriam se fosse para a série derradeira de desempate.
Lembram da cornetada que tivemos a oportunidade de dar em Van Gaal por ter trocado Van Persie por Huntelaar? Pois bem: aos quarenta e oito, o próprio Huntelaar pegou a bola, colocou na marca e cobrou com categoria, com Ochoa caindo no canto oposto na fotografia. Virada holandesa. Virada laranja. Uma seleção que mostrou que é casca grossa. Que não azeda por qualquer coisinha. E que chega fortíssima na fase quartas-de-final. 100% saborosa. Não é cebola, mas proporcionou lágrimas nos olhos dos mexicanos. E, tal qual filmes que ficam na memória da gente, o jogo no Castelão também merece ser lembrado.
Holanda e México não fizeram um grande jogo no Castelão. Sol forte, horário ingrato, umidade alta, tudo parecia conspirar para uma partida arrastada em Fortaleza. Até a torcida fugiu das áreas iluminadas pelo astro-rei, deixando um clarão nas arquibancadas e procurando abrigo à sombra. Os jogadores não têm essas regalias. Pelo contrário. Uma bola lançada para Robin van Persie não foi dominada da maneira ideal pelo camisa nove muito provavelmente por causa do sol na cara do holandês. Uma marcação implacável. A pausa para reidratação era o mínimo do mínimo que poderia ser feito pelos atletas. Mesmo assim, é lamentável que nos sujeitemos a jogos em horários como esse. Atuar à uma da tarde no nordeste brasileiro é mais grave do que muita mordida no ombro.
Os primeiros vinte minutos foram no ritmo imposto pelo México. Posse de bola entre as duas intermediárias com cada vez mais aproximação da área holandesa. Já com oito minutos, Nigel de Jong deixou o campo por motivos clínicos - Bruno Martins Indi entrou em seu lugar. Uma mudança de nomes para diversas mudanças de posicionamento: Wijnaldum passou a ficar mais centralizado (na função então exercida por De Jong), Blind migrou uma linha à frente (ocupando a posição anterior de Wijnaldum) e Martins Indi foi fazer a lado esquerdo da defesa (onde estava Blind anteriormente). Na dinâmica da partida, pouca coisa mudou do antes para o depois: México com a bola, Holanda correndo atrás.
Curiosamente, os mexicanos atuavam espalhados pelo campo. A alma do time estava no trio formado por Herrera, Salcido e Guardado, que ditava o compasso e tinha a missão de acionar Giovani dos Santos e Peralta. A liderança técnica e psicológica de Rafa Márquez na linha de cinco defensores era a segurança que o México precisava para conter os contra-ataques holandeses, que só ofereciam perigo quando passavam pelos pés de Arjen Robben. Se bem que Van Persie ainda descolou uma ou duas finalizações. Mas foi só. O primeiro tempo foi do sol, do calor e do México, talvez nessa mesma ordem.
No segundo tempo, o gol mexicano veio ligeiro: Giovani dos Santos acompanhou a trajetória da bola e, mesmo vigiado de perto por Blind e com a marcação dobrada, conseguiu chutar no canto esquerdo de Cillessen, abrindo o placar no Ceará. 1a0 e festa da maior parte da torcida presente no estádio.
A Holanda precisaria achar uma nova maneira de jogar. E achou. Com Memphis no lugar de Verhaegh, Louis van Gaal redesenhou a formação tática da equipe: de quatro para três defensores; três meio-campistas; e Memphis aberto pelo flanco esquerdo, possibilitando que Robben ficasse mais dedicado ao lado direito, com Kuyt se deslocando pelos dois extremos.
Se Miguel Ernesto Herrera havia mexido no intervalo por motivo de contusão (Reyes entrou no lugar de Moreno), aos quinze o treinador mexicano substituiu para promover uma mudança estratégica: saiu o autor do gol Giovani dos Santos e entrou o meio-campista Aquino. Uma opção que chamou ainda mais os holandeses para o campo do México. Percebendo o tamanho do perigo e tentando não perder completamente a possibilidade de contra-atacar, Herrera colocou Javier Hernández no lugar de Peralta. Ganhou velocidade, mas não tinha conexão do resto do time com Chicharito.
Van Gaal fez sua última modificação imediatamente depois, trazendo Huntelaar para o lugar de Van Persie. E aqui, aos trinta minutos no segundo tempo, foi dada oportunidade para cornetarmos o consagrado técnico. Senhor treinador, concordamos plenamente que Van Persie não está bem no jogo. E se não está bem é, basicamente, porque não está participando o suficiente para manifestar o seu reconhecido talento. Sneijder recuou para buscar jogo, isolando o atacante. Memphis não vem rendendo aberto pelo lado esquerdo. Blind e Wijnaldum pouco acrescentam na articulação. Apenas Robben representa real ameaça aos adversários. Não seria melhor, caro treinador, mexer em algum elemento mais recuado e trazer alguém que eventualmente pudesse fazer Van Persie aparecer mais?
Mas a cagada, digo, a substituição estava feita. Com determinação e apostando alto em Robben, a Holanda foi criando chances em cima da bem postada defesa do México. Houve um pênalti claro que foi negado à Laranja, em lance onde Robben foi atingido duas vezes, por dois marcadores diferentes - ambos dentro da área. O português Pedro Proença nada assinalara. Como se não bastasse enfrentar sol, calor, umidade elevada e uma arbitragem errante, a Holanda também enfrentava uma zaga liderada por Rafa Márquez e uma baliza protegida por Guillermo Ochoa. Que missão ingrata virar esse jogo!
Foi então que, aos quarenta e dois minutos no segundo tempo no quarto jogo holandês no Mundial, Wesley Sneijder mostrou um pouco do que é, ou melhor, de quem é Wesley Sneijder. Após cobrança de escanteio pelo lado esquerdo, a sobra de bola ficou para o camisa dez holandês, que pegou do jeito que veio para marcar belíssimo gol, não dando sequer oportunidade de reação para Ochoa. Era o empate no Castelão!
Por gols, substituições e reidratação, foram indicados seis minutos como acréscimo. Ou seja, tudo levava a crer que teríamos pela frente uns trinta e seis minutos de futebol praticado no limite da resistência física (já incluindo os dois tempos de quinze minutos de prorrogação). Só que a Holanda queria mais. Ou seja, queria menos tempo de jogo. E era o time com mais jogadores voltados para buscar o gol: enquanto o México era quase que exclusivamente Chicharito no campo ofensivo, os holandeses contavam naquele momento com Sneijder, Kuyt, Robben, Memphis e Huntelaar. E, para confirmar a ótima Copa que vem fazendo, Robben arrancou pelo lado direito, fez um carnaval fora de época na defesa mexicana e caiu ao ter o pé de Rafa Márquez colocado à sua frente. Dessa vez, Pedro Proença assinalou a penalidade máxima, para desespero da seleção que talvez tenha pensado que pênaltis só existiriam se fosse para a série derradeira de desempate.
Lembram da cornetada que tivemos a oportunidade de dar em Van Gaal por ter trocado Van Persie por Huntelaar? Pois bem: aos quarenta e oito, o próprio Huntelaar pegou a bola, colocou na marca e cobrou com categoria, com Ochoa caindo no canto oposto na fotografia. Virada holandesa. Virada laranja. Uma seleção que mostrou que é casca grossa. Que não azeda por qualquer coisinha. E que chega fortíssima na fase quartas-de-final. 100% saborosa. Não é cebola, mas proporcionou lágrimas nos olhos dos mexicanos. E, tal qual filmes que ficam na memória da gente, o jogo no Castelão também merece ser lembrado.
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Tradição É O Talento: James Desequilibra E Colômbia Elimina Uruguai
Agraciado pela possibilidade de assistir Colômbia e Uruguai de dentro do estádio, trago a vocês algumas afirmações sobre essa grande partida válida pela fase oitavas-de-final na Copa do Mundo 2014.
[1] Ficou muito clara a superioridade técnica e tática dos colombianos, que foram merecedores da vitória.
[2] O resultado de 2a0 teve contribuições decisivas de James Rodríguez (autor de dois gols, sendo o primeiro uma obra-de-arte) e de Ospina (que realizou defesas magníficas para manter o zero uruguaio).
[3] Lamentável o clima hostil nas arquibancadas, promovidos majoritariamente por brasileiros que provocavam uruguaios de uma forma que ia longe do que se espera do espírito esportivo. Há muita coisa saudável na relação entre torcedores de diferentes clubes e seleções, mas o xingamento gratuito jamais se justifica.
[4] De parabéns a organização para acesso às catracas e arquibancadas. O percurso fluiu tão rapidamente que chegou a ser estranho, sobretudo para alguém que encontrou enormes dificuldades para ver a fila andar em jogo na fase de grupos.
[5] José Pekerman está de parabéns pelo que vem desempenhando como técnico dessa talentosa seleção da Colômbia. Seu time funciona coletivamente e consegue fazer sobressair as diferentes qualidades individuais de seus jogadores. É como se o goleador Falcao García, cortado por lesão, simplesmente não fizesse falta numa engrenagem que vai do goleiro ao centroavante, titular e reserva.
[6] Oscar Tabárez fez o que pôde com o Uruguai, e é fato que a seleção sentiu a ausência de Luis Suárez, suspenso por agressão na última rodada na fase de grupos. Tentou uma solução através de Diego Forlán, que rendeu muito abaixo do que os uruguaios ficaram (mal) acostumados na Copa passada. Teve coragem para colocar Stuani, Ramírez e Hernández no segundo tempo, mas as jogadas ofensivas da equipe foram fruto muito mais de raça e entrega do que qualquer outra coisa. Os uruguaios ainda tiveram a falta de sorte de encontrarem um inspirado Ospina como obstáculo.
[7] Passou a melhor seleção pelo que fez no jogo e pelo que vem fazendo na Copa. A Colômbia tem tudo para proporcionar, diante do Brasil, mais um belo espetáculo. Estarei novamente torcendo por ela.
A seguir, alguns registros do belo jogo no Rio de Janeiro.
A seguir, dois vídeos exclusivos para sentir um pouco da atmosfera no estádio.
[1] Ficou muito clara a superioridade técnica e tática dos colombianos, que foram merecedores da vitória.
[2] O resultado de 2a0 teve contribuições decisivas de James Rodríguez (autor de dois gols, sendo o primeiro uma obra-de-arte) e de Ospina (que realizou defesas magníficas para manter o zero uruguaio).
[3] Lamentável o clima hostil nas arquibancadas, promovidos majoritariamente por brasileiros que provocavam uruguaios de uma forma que ia longe do que se espera do espírito esportivo. Há muita coisa saudável na relação entre torcedores de diferentes clubes e seleções, mas o xingamento gratuito jamais se justifica.
[4] De parabéns a organização para acesso às catracas e arquibancadas. O percurso fluiu tão rapidamente que chegou a ser estranho, sobretudo para alguém que encontrou enormes dificuldades para ver a fila andar em jogo na fase de grupos.
[5] José Pekerman está de parabéns pelo que vem desempenhando como técnico dessa talentosa seleção da Colômbia. Seu time funciona coletivamente e consegue fazer sobressair as diferentes qualidades individuais de seus jogadores. É como se o goleador Falcao García, cortado por lesão, simplesmente não fizesse falta numa engrenagem que vai do goleiro ao centroavante, titular e reserva.
[6] Oscar Tabárez fez o que pôde com o Uruguai, e é fato que a seleção sentiu a ausência de Luis Suárez, suspenso por agressão na última rodada na fase de grupos. Tentou uma solução através de Diego Forlán, que rendeu muito abaixo do que os uruguaios ficaram (mal) acostumados na Copa passada. Teve coragem para colocar Stuani, Ramírez e Hernández no segundo tempo, mas as jogadas ofensivas da equipe foram fruto muito mais de raça e entrega do que qualquer outra coisa. Os uruguaios ainda tiveram a falta de sorte de encontrarem um inspirado Ospina como obstáculo.
[7] Passou a melhor seleção pelo que fez no jogo e pelo que vem fazendo na Copa. A Colômbia tem tudo para proporcionar, diante do Brasil, mais um belo espetáculo. Estarei novamente torcendo por ela.
A seguir, alguns registros do belo jogo no Rio de Janeiro.
Acima: aquecimento dos jogadores antes de a bola rolar, telão anunciando o árbitro da partida, torcedor colombiano felicitando aniversário de casamento de seus amados pais.
Abaixo: Diego Forlán chutando em gol no aquecimento (a bola foi parar na rede), e dois registros de torcedores colombianos durante o intervalo.
Abaixo: momento de união instantes antes de a bola rolar para o segundo tempo e dois momentos da comemoração pela classificação inédita da Colômbia às quartas-de-final.
A seguir, dois vídeos exclusivos para sentir um pouco da atmosfera no estádio.
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sábado, 28 de junho de 2014
Penalidade Máxima Ao Bom Futebol: Brasil Elimina Chile
Considerando tudo o que envolve a história da seleção brasileira de futebol (futebol-arte, títulos, Garrincha, Nilton Santos, Didi, Pelé, Zagallo, Rivellino, Tostão, Zizinho, Jairzinho, Manga, Ademir da Guia, Gérson, Leônidas da Silva e tantos outros), ao ver o que acontece com a seleção brasileira (não de hoje, mas de alguns anos para cá), sinto-me no direito e no dever de ser enfático: isto que vemos hoje não é, em essência, a seleção brasileira de futebol. É uma seleção vinculada à Confederação Brasileira de Futebol, que canta o hino nacional, que carrega a flâmula da República Federativa e do Brasil. Mas não é, em essência, a seleção brasileira de futebol.
Não digo isso apenas pelo que foi visto hoje, em Belo Horizonte, diante do Chile. Digo isso analisando o histórico das escolhas e preferências da própria CBF, notadamente na hora de selecionar um treinador. Nossos últimos três foram Dunga, Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari. Um sem qualquer experiência (que comprovou-se sem talento nem vocação, mas que dirigiu a seleção em plena Copa de 2010), outro que esbarrou nas próprias convicções (ou falta delas, até hoje não sei ao certo, mas que só foi dispensado após a derrota na final olímpica) e um que não tem condições de sequer ser considerado técnico de futebol, pois o cara não saca necas de tática. Sem esquecer que entre um "trabalho" e outro, houve convite para um tal de Muricy Ramalho. Com esse brevíssimo histórico recente, dá pra ver o nível dos dirigentes...
A seleção brasileira (no nome, não na essência), foi menos que o esboço de um time de futebol no jogo diante dos chilenos. Um jogo onde ficou explícito o que é ter um time com muitos jogadores talentosos - só que sem um plano de jogo - enfrentando um time com alguns jogadores talentos - e com um plano de jogo bem definido. A diferença entre uma geração de bons defensores e meio-campistas (embora carente de atacantes de alto nível) e uma onde possivelmente oito ou nove titulares sequer seriam convocados para a Copa caso tivessem nascido no Brasil. Só que uma comandada por uma pessoa sentada no banco de reservas e outra dirigida por um sujeito que pensa o futebol, que tem estratégias, que tem referências. Imagino que se Jorge Sampaoli fosse técnico da seleção brasileira, poderíamos recuperar muito daquela essência perdida. Perdida não por acaso, mas por escolhas e preferências de uma confederação que mais se preocupa em lucros do que com legados.
Tudo poderia ser diferente se o chute de Pinilla no travessão, nos últimos minutos de prorrogação, tivesse chegado ao gol alguns centímetros abaixo. Era bola na rede e classificação chilena. Classificação de quem mais propôs jogo, de quem mais mostrou alternativas. Mas o destino foi uma disputa de pênaltis, onde brilhou a estrela do goleiro Júlio César e o desfecho foi uma classificação do Brasil após Jara carimbar a trave na quinta cobrança do Chile.
As críticas aqui postas nem são do nível de cobrança ultra-exigentes. Pelo contrário: são do básico no futebol. Fazer tabelas, triangulações, infiltrações, alternâncias. E não que tenha que ter a execução perfeita, mas pelo menos haver a tentativa. Não houve nada disso. Foi difícil ver o "time" trocar meia dúzia de passes no campo de ataque. O oposto do Chile, que avançava de maneira a dar opções para quem detinha a posse de bola, sempre podendo buscar uma ou outra jogada para dar seqüência ao lance. Às vezes acertando, às vezes errando, mas sempre tentando.
No final das contas, o Brasil ficou com a vaga nas quartas-de-final. Mas o Chile ficou com o meu respeito pela Copa do Mundo que fez no Brasil. Teriam representado muito bem um uniforme de camisa amarela, calção branco e meias azuis, com cinco estrelas acima do escudo. Valeu, Sampaoli! Sorte para ti e para La Roja! Que venha a Copa América!
Não digo isso apenas pelo que foi visto hoje, em Belo Horizonte, diante do Chile. Digo isso analisando o histórico das escolhas e preferências da própria CBF, notadamente na hora de selecionar um treinador. Nossos últimos três foram Dunga, Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari. Um sem qualquer experiência (que comprovou-se sem talento nem vocação, mas que dirigiu a seleção em plena Copa de 2010), outro que esbarrou nas próprias convicções (ou falta delas, até hoje não sei ao certo, mas que só foi dispensado após a derrota na final olímpica) e um que não tem condições de sequer ser considerado técnico de futebol, pois o cara não saca necas de tática. Sem esquecer que entre um "trabalho" e outro, houve convite para um tal de Muricy Ramalho. Com esse brevíssimo histórico recente, dá pra ver o nível dos dirigentes...
A seleção brasileira (no nome, não na essência), foi menos que o esboço de um time de futebol no jogo diante dos chilenos. Um jogo onde ficou explícito o que é ter um time com muitos jogadores talentosos - só que sem um plano de jogo - enfrentando um time com alguns jogadores talentos - e com um plano de jogo bem definido. A diferença entre uma geração de bons defensores e meio-campistas (embora carente de atacantes de alto nível) e uma onde possivelmente oito ou nove titulares sequer seriam convocados para a Copa caso tivessem nascido no Brasil. Só que uma comandada por uma pessoa sentada no banco de reservas e outra dirigida por um sujeito que pensa o futebol, que tem estratégias, que tem referências. Imagino que se Jorge Sampaoli fosse técnico da seleção brasileira, poderíamos recuperar muito daquela essência perdida. Perdida não por acaso, mas por escolhas e preferências de uma confederação que mais se preocupa em lucros do que com legados.
Tudo poderia ser diferente se o chute de Pinilla no travessão, nos últimos minutos de prorrogação, tivesse chegado ao gol alguns centímetros abaixo. Era bola na rede e classificação chilena. Classificação de quem mais propôs jogo, de quem mais mostrou alternativas. Mas o destino foi uma disputa de pênaltis, onde brilhou a estrela do goleiro Júlio César e o desfecho foi uma classificação do Brasil após Jara carimbar a trave na quinta cobrança do Chile.
As críticas aqui postas nem são do nível de cobrança ultra-exigentes. Pelo contrário: são do básico no futebol. Fazer tabelas, triangulações, infiltrações, alternâncias. E não que tenha que ter a execução perfeita, mas pelo menos haver a tentativa. Não houve nada disso. Foi difícil ver o "time" trocar meia dúzia de passes no campo de ataque. O oposto do Chile, que avançava de maneira a dar opções para quem detinha a posse de bola, sempre podendo buscar uma ou outra jogada para dar seqüência ao lance. Às vezes acertando, às vezes errando, mas sempre tentando.
No final das contas, o Brasil ficou com a vaga nas quartas-de-final. Mas o Chile ficou com o meu respeito pela Copa do Mundo que fez no Brasil. Teriam representado muito bem um uniforme de camisa amarela, calção branco e meias azuis, com cinco estrelas acima do escudo. Valeu, Sampaoli! Sorte para ti e para La Roja! Que venha a Copa América!
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Copa 2014: Seleção Da Terceira Rodada
Mesmo com pares de jogos simultâneos, tive a felicidade de conseguir assistir treze das dezesseis partidas válidas pela rodada derradeira na fase de grupos. Ficaram faltando: Costa Rica 0a0 Inglaterra, Japão 1a4 Colômbia e Bósnia & Herzegovina 3a1 Irã. As análises ficam baseadas, portanto, nos demais jogos.
Titulares
Goleiro: Domínguez (Equador)
Defensor direito: Rafa Márquez (México)
Defensor centro: Hummels (Alemanha)
Defensor esquerdo: Chiellini (Itália)
Primeiro volante: Inler (Suíça)
Segundo volante: Schweinsteiger (Alemanha)
Meia: Messi (Argentina)
Meia: Karagounis (Grécia)
Meia: Rodríguez (Uruguai)
Atacante: Villa (Espanha)
Atacante: Neymar (Brasil)
Técnico: Wilmots (Bélgica)
Suplentes
Goleiro: Benaglio (Suíça)
Lateral direito: Janmaat (Holanda)
Defensor centro: Medel (Chile)
Defensor centro: Vertonghen (Bélgica)
Lateral esquerdo: Mesbah (Argélia)
Volante: Noboa (Equador)
Meia: Musa (Nigéria)
Meia: Perisic (Croácia)
Meia: Guardado (México)
Atacante: Shaqiri (Suíça)
Atacante: Robben (Holanda)
Técnico: Halihodzic (Argélia)
Destaque: Alexander Domínguez.
A seleção que havia marcado oito gols nos dois primeiros jogos (três em Honduras e cinco na Suíça) não conseguiu vazar uma única vez seu terceiro adversário - o Equador. Tudo bem que a França havia poupado alguns jogadores devido à situação confortável no grupo, mas se houve algum responsável direto pelo 0a0 no Maracanã, este foi o goleiro equatoriano Domínguez. Nove chutes franceses foram na direção do gol, e em alguns deles pode-se dizer que a intervenção do arqueiro passou muito além da "obrigação" do goleiro. Com boa estatura, agilidade e elasticidade, Domínguez foi um paredão para garantir o empate no Rio de Janeiro. O resultado não serviu em termos de classificação, mas com essa atuação, o camisa vinte e dois pode ter começado a construir o seu lugar por mais alguns anos na titularidade de sua seleção.
Titulares
Goleiro: Domínguez (Equador)
Defensor direito: Rafa Márquez (México)
Defensor centro: Hummels (Alemanha)
Defensor esquerdo: Chiellini (Itália)
Primeiro volante: Inler (Suíça)
Segundo volante: Schweinsteiger (Alemanha)
Meia: Messi (Argentina)
Meia: Karagounis (Grécia)
Meia: Rodríguez (Uruguai)
Atacante: Villa (Espanha)
Atacante: Neymar (Brasil)
Técnico: Wilmots (Bélgica)
Suplentes
Goleiro: Benaglio (Suíça)
Lateral direito: Janmaat (Holanda)
Defensor centro: Medel (Chile)
Defensor centro: Vertonghen (Bélgica)
Lateral esquerdo: Mesbah (Argélia)
Volante: Noboa (Equador)
Meia: Musa (Nigéria)
Meia: Perisic (Croácia)
Meia: Guardado (México)
Atacante: Shaqiri (Suíça)
Atacante: Robben (Holanda)
Técnico: Halihodzic (Argélia)
Destaque: Alexander Domínguez.
A seleção que havia marcado oito gols nos dois primeiros jogos (três em Honduras e cinco na Suíça) não conseguiu vazar uma única vez seu terceiro adversário - o Equador. Tudo bem que a França havia poupado alguns jogadores devido à situação confortável no grupo, mas se houve algum responsável direto pelo 0a0 no Maracanã, este foi o goleiro equatoriano Domínguez. Nove chutes franceses foram na direção do gol, e em alguns deles pode-se dizer que a intervenção do arqueiro passou muito além da "obrigação" do goleiro. Com boa estatura, agilidade e elasticidade, Domínguez foi um paredão para garantir o empate no Rio de Janeiro. O resultado não serviu em termos de classificação, mas com essa atuação, o camisa vinte e dois pode ter começado a construir o seu lugar por mais alguns anos na titularidade de sua seleção.
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Sangue, Suor, Lágrimas E Muito Futebol: Argélia Conquista Classificação Histórica
A última vaga nas oitavas-de-final foi pra fechar com chave-de-ouro a fase de grupos na Copa do Mundo 2014. Sorte de quem estava em Curitiba e presenciou a história ser escrita diante dos seus olhos. E com emoção, o que torna tudo ainda melhor.
Com menos de cinco minutos de jogo, sangue. Era o primeiro ingrediente de que estávamos diante de algo marcante no jogo entre argelinos e russos. O camisa dez da Argélia, apontado como maior craque dessa seleção, sofreu um corte na cabeça e foi orientado pelo árbitro turco Cuneyt Çakir a deixar o campo de jogo. Enquanto Sofiane Feghouli era atendido na beirada de fora da lateral, Dmitri Kombarov aproveitou o espaço pelo flanco esquerdo (setor que era e seria vigiado pelo próprio Feghouli) e descolou cruzamento certeiro para Aleksandr Kokorin, que cabeceou esbanjando competência para tirar qualquer chance de intervenção do goleiro M'Bolhi. 1a0 Rússia.
Disciplinada taticamente e consciente do que deveria fazer com e sem a bola, a Rússia de Fabio Capello preenchia o gramado paranaense com o tom vinho de um dos mais belos uniformes confeccionados para essa Copa. A defesa dialogava com o meio, que dialogava com o ataque, que parecia ser o início da defesa. Um sistema retroalimentado, que avançava e recuava como que obedecendo os rigores de um quartel. Quase como uma marcha. A meta: a classificação. Eram os "soldados" do "general" Capello mostrando foco total no objetivo traçado.
Feghouli precisou sair novamente para estancar o sangramento que teimava em escorrer pelo rosto, gerando desespero nele próprio e no treinador Vahid Halihodzic, possivelmente traumatizados com o gol que aconteceu precisamente quando o jogador recebia atendimento. O confronto tático apontava equilíbrio no meio-campo, com Feghouli encarando Kombarov e Faizulin por um lado enquanto Djabou tinha pela frente a resistência de Glushakov e Kozlov. Tudo ficava menos complicado para a seleção africana quando os laterais Mandi e Mesbah apoiavam, mas era na habilidade de Brahimi que a Argélia esboçava maior poder de infiltração. Esboçava sem poder se dar ao luxo de se expôr, pois os russos tinham em Samedov e Shatov constantes ameaças nos contra-ataques, sempre procurando acionar Kokorin e Kerzhakov.
Mutuamente anuladas num dinamismo típico dos bons jogos, o placar de um a zero para os europeus se manteve até o intervalo. E a Rússia voltou com uma modificação para o segundo tempo: Glushakov por Denisov, substituição que Capello realizara na estréia e que, depois dela, a equipe conseguiu o gol de empate diante dos sul-coreanos. Só que dessa vez era um outro adversário e uma outra situação. Embalados pelas arquibancadas que não cessavam em apoiar a equipe, a Argélia teve num lance de bola parada pelo lado esquerdo a chance de empatar. Luz verde proveniente de algum objeto que não deveria estar no estádio foi direcionada para o rosto do goleiro Akinfeev. Bola levantada na área por Brahimi. O goleiro sai, não alcança a bola e quem cabeceia é Slimani. Slimani havia mostrado qualidade no jogo aéreo, tendo levado a melhor pelo menos duas vezes em lances anteriores. Dessa vez, não somente levou a melhor como conseguiu cabecear na rede. 1a1, retomada do segundo lugar e uma festa incrível no estádio, aos catorze minutos no segundo tempo.
Precisando de um novo gol, Capello recorreu a um de seus jogadores mais talentosos e colocou Dzagoev no lugar de Shatov. Halihodzic respondeu trocando Brahimi por Yebda, dando mais vigor físico ao meio-campo. Mas tarde foi a vez de Ghillas e seu penteado exótico entrarem no lugar de Djabou. A Rússia até conseguia algumas jogadas de aproximação, mas não com o volume e a intensidade que se espera de quem precisa quase que desesperadamente do resultado. Kanunnikov ainda entrou no lugar de Kerzhakov, na última cartada para tentar mudar o destino do jogo.
O goleiro M'Bolhi precisou agir para evitar o gol russo, e agiu bem, em mais uma boa atuação do camisa vinte e três argelino. Em uma escapada da equipe do norte da África, o arqueiro Akinfeev foi quem evitou a virada. Nos acréscimos, Slimani, autor do gol, deu lugar para Soudani. As câmeras já mesclavam a filmagem entre o campo de jogo, o banco de reservas argelino e a torcida. A emoção atravessava a televisão. A reação de Halihodzic sinalizando que o final estava próximo com um misto de alegria, empolgação e ansiedade foi algo difícil de narrar. Veio o apito final e com ele a consumação do fato histórico: pela primeira vez desde sempre, a Argélia avança para as oitavas-de-final numa edição de Copa do Mundo. Curitiba nunca foi tão verde.
Com menos de cinco minutos de jogo, sangue. Era o primeiro ingrediente de que estávamos diante de algo marcante no jogo entre argelinos e russos. O camisa dez da Argélia, apontado como maior craque dessa seleção, sofreu um corte na cabeça e foi orientado pelo árbitro turco Cuneyt Çakir a deixar o campo de jogo. Enquanto Sofiane Feghouli era atendido na beirada de fora da lateral, Dmitri Kombarov aproveitou o espaço pelo flanco esquerdo (setor que era e seria vigiado pelo próprio Feghouli) e descolou cruzamento certeiro para Aleksandr Kokorin, que cabeceou esbanjando competência para tirar qualquer chance de intervenção do goleiro M'Bolhi. 1a0 Rússia.
Disciplinada taticamente e consciente do que deveria fazer com e sem a bola, a Rússia de Fabio Capello preenchia o gramado paranaense com o tom vinho de um dos mais belos uniformes confeccionados para essa Copa. A defesa dialogava com o meio, que dialogava com o ataque, que parecia ser o início da defesa. Um sistema retroalimentado, que avançava e recuava como que obedecendo os rigores de um quartel. Quase como uma marcha. A meta: a classificação. Eram os "soldados" do "general" Capello mostrando foco total no objetivo traçado.
Feghouli precisou sair novamente para estancar o sangramento que teimava em escorrer pelo rosto, gerando desespero nele próprio e no treinador Vahid Halihodzic, possivelmente traumatizados com o gol que aconteceu precisamente quando o jogador recebia atendimento. O confronto tático apontava equilíbrio no meio-campo, com Feghouli encarando Kombarov e Faizulin por um lado enquanto Djabou tinha pela frente a resistência de Glushakov e Kozlov. Tudo ficava menos complicado para a seleção africana quando os laterais Mandi e Mesbah apoiavam, mas era na habilidade de Brahimi que a Argélia esboçava maior poder de infiltração. Esboçava sem poder se dar ao luxo de se expôr, pois os russos tinham em Samedov e Shatov constantes ameaças nos contra-ataques, sempre procurando acionar Kokorin e Kerzhakov.
Mutuamente anuladas num dinamismo típico dos bons jogos, o placar de um a zero para os europeus se manteve até o intervalo. E a Rússia voltou com uma modificação para o segundo tempo: Glushakov por Denisov, substituição que Capello realizara na estréia e que, depois dela, a equipe conseguiu o gol de empate diante dos sul-coreanos. Só que dessa vez era um outro adversário e uma outra situação. Embalados pelas arquibancadas que não cessavam em apoiar a equipe, a Argélia teve num lance de bola parada pelo lado esquerdo a chance de empatar. Luz verde proveniente de algum objeto que não deveria estar no estádio foi direcionada para o rosto do goleiro Akinfeev. Bola levantada na área por Brahimi. O goleiro sai, não alcança a bola e quem cabeceia é Slimani. Slimani havia mostrado qualidade no jogo aéreo, tendo levado a melhor pelo menos duas vezes em lances anteriores. Dessa vez, não somente levou a melhor como conseguiu cabecear na rede. 1a1, retomada do segundo lugar e uma festa incrível no estádio, aos catorze minutos no segundo tempo.
Precisando de um novo gol, Capello recorreu a um de seus jogadores mais talentosos e colocou Dzagoev no lugar de Shatov. Halihodzic respondeu trocando Brahimi por Yebda, dando mais vigor físico ao meio-campo. Mas tarde foi a vez de Ghillas e seu penteado exótico entrarem no lugar de Djabou. A Rússia até conseguia algumas jogadas de aproximação, mas não com o volume e a intensidade que se espera de quem precisa quase que desesperadamente do resultado. Kanunnikov ainda entrou no lugar de Kerzhakov, na última cartada para tentar mudar o destino do jogo.
O goleiro M'Bolhi precisou agir para evitar o gol russo, e agiu bem, em mais uma boa atuação do camisa vinte e três argelino. Em uma escapada da equipe do norte da África, o arqueiro Akinfeev foi quem evitou a virada. Nos acréscimos, Slimani, autor do gol, deu lugar para Soudani. As câmeras já mesclavam a filmagem entre o campo de jogo, o banco de reservas argelino e a torcida. A emoção atravessava a televisão. A reação de Halihodzic sinalizando que o final estava próximo com um misto de alegria, empolgação e ansiedade foi algo difícil de narrar. Veio o apito final e com ele a consumação do fato histórico: pela primeira vez desde sempre, a Argélia avança para as oitavas-de-final numa edição de Copa do Mundo. Curitiba nunca foi tão verde.
Elenco argelino dá volta olímpica com a bandeira do país em Curitiba: torcedores brasileiros também foram ao delírio com o contagiante desempenho dos comandados de Halihodzic.
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sexta-feira, 27 de junho de 2014
Bélgica Avança Com Autoridade E Dá Sinais De Que Pode Fazer Mais
Aquela que se apresentava antes da Copa como a mais qualificada geração na história do futebol belga está mostrando que as expectativas em torno de si não são exageradas. Marc Wilmots, maior goleador da Bélgica em Mundiais, treina uma equipe que prima pela consistência tática, se diferencia pela qualidade do elenco e se credencia ao título também pelos talentos individuais que permeiam todos os setores no campo.
Diante da Coréia do Sul, em São Paulo, o empate serviria aos europeus para confirmarem a primeira colocação na chave sem depender de um tropeço argelino diante dos russos. A dedicação sul-coreana e a expulsão de Defour ainda no primeiro tempo tornaram um jogo típico de cumprimento de tabela como um valioso teste em torno de uma seleção que quer fazer história. Bem comportada mesmo em desvantagem numérica - a ponto de sequer parecer que jogava com um homem a menos -, a Bélgica teve sua atuação menos oscilante até agora na Copa. E isso tudo com Kompany e Vermaelen machucados, Alderweireld, Witsel, De Bruyne e Lukaku poupados, e Hazard entrando no final basicamente para participar da festa. Da festa e do feito: pela primeira vez, os belgas terminam uma fase de grupos com três vitórias em três partidas.
Um futebol econômico em beleza, alguns poderão alegar. E esse blogueiro há de concordar: pela quantidade de talentos à disposição do treinador, dá para exigir mais graça na apresentação dos belgas. Só que numa Copa marcada pela competitividade, não há vitória que venha de graça. O 1a0 no Itaquerão foi conquistado com suor. Até porque atuar o segundo tempo inteiro com um jogador a menos aumenta o esforço dos remanescentes no gramado. Vertonghen foi um ótimo exemplo disso: não limitado à tarefa de fechar a defesa pelo lado esquerdo, o zagueiro-lateral surgiu como elemento-surpresa no ataque aos trinta e um minutos na etapa final para aproveitar o rebote de Kim Seung-Jyu e marcar o único gol no jogo.
Mertens mostrou-se como principal elemento ofensivo na ausência de Hazard, conseguindo explorar cada espaço vazio que a ele se apresentava. Faltou apenas conseguir colocar a bola no espaço vazio que chamamos de gol, mas a pontaria do meia napolitano e a atuação do goleiro sul-coreano dificultaram essa empreitada do camisa catorze belga. Foi uma Bélgica que melhorou após a saída de Mertens. E não porque ele tenha jogado mal, mas porque Origi entrou em campo agregando habilidade e velocidade no ataque a ponto de transformar o jogo como um todo. Talvez seja esse o grande trunfo de Wilmots para os jogos eliminatórios, a começar pelas oitavas-de-final diante dos Estados Unidos: Divock Origi.
Sem Origi, a Bélgica perdia para a Argélia na estréia. Após a sua entrada aos doze minutos no segundo tempo, virou o jogo.
Na segunda rodada, belgas e russos empatavam sem gol. Origi foi a campo novamente aos doze minutos no segundo tempo. Resultado: 1a0 Bélgica, gol dele.
Nessa terceira rodada, o crescimento de intensidade da seleção belga após a entrada de Origi por volta dos quinze minutos no segundo tempo foi perceptível. O gol de Vertonghen, conseqüência.
A Coréia do Sul tentou buscar o empate. E se já falamos de tantos jogadores de qualidade na Bélgica, graças aos sul-coreanos podemos agora falar de mais um: Courtois. O ótimo goleiro, menos vazado e campeão espanhol com o Atlético de Madrid, realizou pelo menos duas grandes defesas para assegurar a vitória e os 100% de aproveitamento. A Bélgica, como todo grande time que se preze, começa com um grande goleiro. Tem uma defesa forte. Um meio-campo versátil. Um ataque com boas alternativas. Se Wilmots conseguir transformar o peso da responsabilidade de fazer história no compromisso espontâneo de cada um render o máximo de si em nome da equipe, é possível que a leve seleção belga passe flutuando pelos adversários. E alcance o céu. Quem sabe numa noite estrelada no Rio de Janeiro?
Diante da Coréia do Sul, em São Paulo, o empate serviria aos europeus para confirmarem a primeira colocação na chave sem depender de um tropeço argelino diante dos russos. A dedicação sul-coreana e a expulsão de Defour ainda no primeiro tempo tornaram um jogo típico de cumprimento de tabela como um valioso teste em torno de uma seleção que quer fazer história. Bem comportada mesmo em desvantagem numérica - a ponto de sequer parecer que jogava com um homem a menos -, a Bélgica teve sua atuação menos oscilante até agora na Copa. E isso tudo com Kompany e Vermaelen machucados, Alderweireld, Witsel, De Bruyne e Lukaku poupados, e Hazard entrando no final basicamente para participar da festa. Da festa e do feito: pela primeira vez, os belgas terminam uma fase de grupos com três vitórias em três partidas.
Um futebol econômico em beleza, alguns poderão alegar. E esse blogueiro há de concordar: pela quantidade de talentos à disposição do treinador, dá para exigir mais graça na apresentação dos belgas. Só que numa Copa marcada pela competitividade, não há vitória que venha de graça. O 1a0 no Itaquerão foi conquistado com suor. Até porque atuar o segundo tempo inteiro com um jogador a menos aumenta o esforço dos remanescentes no gramado. Vertonghen foi um ótimo exemplo disso: não limitado à tarefa de fechar a defesa pelo lado esquerdo, o zagueiro-lateral surgiu como elemento-surpresa no ataque aos trinta e um minutos na etapa final para aproveitar o rebote de Kim Seung-Jyu e marcar o único gol no jogo.
Mertens mostrou-se como principal elemento ofensivo na ausência de Hazard, conseguindo explorar cada espaço vazio que a ele se apresentava. Faltou apenas conseguir colocar a bola no espaço vazio que chamamos de gol, mas a pontaria do meia napolitano e a atuação do goleiro sul-coreano dificultaram essa empreitada do camisa catorze belga. Foi uma Bélgica que melhorou após a saída de Mertens. E não porque ele tenha jogado mal, mas porque Origi entrou em campo agregando habilidade e velocidade no ataque a ponto de transformar o jogo como um todo. Talvez seja esse o grande trunfo de Wilmots para os jogos eliminatórios, a começar pelas oitavas-de-final diante dos Estados Unidos: Divock Origi.
Sem Origi, a Bélgica perdia para a Argélia na estréia. Após a sua entrada aos doze minutos no segundo tempo, virou o jogo.
Na segunda rodada, belgas e russos empatavam sem gol. Origi foi a campo novamente aos doze minutos no segundo tempo. Resultado: 1a0 Bélgica, gol dele.
Nessa terceira rodada, o crescimento de intensidade da seleção belga após a entrada de Origi por volta dos quinze minutos no segundo tempo foi perceptível. O gol de Vertonghen, conseqüência.
A Coréia do Sul tentou buscar o empate. E se já falamos de tantos jogadores de qualidade na Bélgica, graças aos sul-coreanos podemos agora falar de mais um: Courtois. O ótimo goleiro, menos vazado e campeão espanhol com o Atlético de Madrid, realizou pelo menos duas grandes defesas para assegurar a vitória e os 100% de aproveitamento. A Bélgica, como todo grande time que se preze, começa com um grande goleiro. Tem uma defesa forte. Um meio-campo versátil. Um ataque com boas alternativas. Se Wilmots conseguir transformar o peso da responsabilidade de fazer história no compromisso espontâneo de cada um render o máximo de si em nome da equipe, é possível que a leve seleção belga passe flutuando pelos adversários. E alcance o céu. Quem sabe numa noite estrelada no Rio de Janeiro?
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Portugal Vence Gana E Seleções Dão Adeus Abraçadas
Após estrearem com derrota (Gana para os Estados Unidos num equilibrado 2a1 e Portugal para a Alemanha num vareio de 4a0) e empatarem em 2a2 na segunda rodada (Gana com Alemanha e Portugal com Estados Unidos), o confronto entre ganeses e portugueses era de "vida ou morte". Ambos foram a campo em Brasília dependendo de uma vitória na capital enquanto também houvesse vencedor em Recife para Alemanha e Estados Unidos. Se lá deu Alemanha (1a0), no Mané Garrincha deu Portugal. Só que o 2a1 foi insuficiente para tirar a diferença no saldo de gols e as duas seleções deram adeus ao Mundial.
Fato é que não foi o melhor jogo de Gana na Copa - pelo contrário, foram cometidos erros de marcação e na compactação das linhas que raramente puderam ser vistos nos jogos anteriores. Portugal, pior ainda, mostrou ser uma seleção de onze jogadores que não chega a configurar uma equipe. Cristiano Ronaldo e seus múltiplos penteados jogam fora de sintonia ao conjunto geral lusitano, embora proporcionando algumas boas jogadas. Nani, nitidamente abaixo do seu rendimento ideal, não foi sombra do que dele se espera. Figura mais lúcida no meio foi João Moutinho, só que até ele parecia desentrosado do resto do time. Portugal de Paulo Bento não tem aquela figura que equilibra a equipe, como víamos em Maniche na década passada e Raúl Meireles em tempos mais recentes. Mas se despediu com uma vitória, se é que isso serve de consolação.
A seleção de Gana poderia ter tido melhor sorte no jogo e na Copa. No primeiro tempo, uma infelicidade de Boye rendeu um gol contra aos vinte e nove minutos, abrindo o placar para os portugueses. Após o intervalo, o selecionado africano juntou os cacos e teve uma boa notícia: Müller abria o placar em Pernambuco. Notícia boa para Gana, que precisava virar o jogo para arrancar o segundo lugar estadunidense, e para Portugal, que correria atrás de outros três para assumir a segunda colocação. Cerca de um minuto depois, veio o empate ganês: Kwadwo Asamoah cruzou cheio de estilo e Asamoah Gyan completou com cabeceio certeiro para estufar a rede de Beto.
O impacto psicológico daquele momento era diametralmente oposto nas duas seleções: ao mesmo tempo que os portugueses tomaram uma ducha de água fria após a boa notícia do gol alemão, os ganeses viram a chama da esperança tornar-se uma fogueira de possibilidade de classificação. Com ambos os times buscando o ataque, oportunidades foram surgindo. Novos personagens foram entrando em campo na tentativa de construir o resultado que os interessavam (Bento apostou em Silvestre Varela e em Vierinha nos lugares de João Pereira e Éder; James Appiah trouxe Jordan Ayew e Afriyie Acquah em substituição a Waris e Rabiu). E, numa falha da defesa de Gana como um todo e do goleiro Dauda em particular, Cristiano aproveitou o presente para recolocar Portugal na frente. Aquela ducha de água fria era agora sentida do lado de Gana. Faltava apenas um golzinho e agora essa nova realidade, ter que novamente correr atrás da virada. O time se entregou. Mas a imagem que marca o final do jogo foi a do goleiro Beto, que se entregou às lágrimas num lamento de quem queria porque queria saborear outros jogos na Copa do Mundo. Acabou substituído por Eduardo, deixando o campo lesionado. Mas aquelas lágrimas, aposto, não são de dores físicas. É daquelas que somente coisas como o futebol são capazes de explicar.
Fato é que não foi o melhor jogo de Gana na Copa - pelo contrário, foram cometidos erros de marcação e na compactação das linhas que raramente puderam ser vistos nos jogos anteriores. Portugal, pior ainda, mostrou ser uma seleção de onze jogadores que não chega a configurar uma equipe. Cristiano Ronaldo e seus múltiplos penteados jogam fora de sintonia ao conjunto geral lusitano, embora proporcionando algumas boas jogadas. Nani, nitidamente abaixo do seu rendimento ideal, não foi sombra do que dele se espera. Figura mais lúcida no meio foi João Moutinho, só que até ele parecia desentrosado do resto do time. Portugal de Paulo Bento não tem aquela figura que equilibra a equipe, como víamos em Maniche na década passada e Raúl Meireles em tempos mais recentes. Mas se despediu com uma vitória, se é que isso serve de consolação.
A seleção de Gana poderia ter tido melhor sorte no jogo e na Copa. No primeiro tempo, uma infelicidade de Boye rendeu um gol contra aos vinte e nove minutos, abrindo o placar para os portugueses. Após o intervalo, o selecionado africano juntou os cacos e teve uma boa notícia: Müller abria o placar em Pernambuco. Notícia boa para Gana, que precisava virar o jogo para arrancar o segundo lugar estadunidense, e para Portugal, que correria atrás de outros três para assumir a segunda colocação. Cerca de um minuto depois, veio o empate ganês: Kwadwo Asamoah cruzou cheio de estilo e Asamoah Gyan completou com cabeceio certeiro para estufar a rede de Beto.
O impacto psicológico daquele momento era diametralmente oposto nas duas seleções: ao mesmo tempo que os portugueses tomaram uma ducha de água fria após a boa notícia do gol alemão, os ganeses viram a chama da esperança tornar-se uma fogueira de possibilidade de classificação. Com ambos os times buscando o ataque, oportunidades foram surgindo. Novos personagens foram entrando em campo na tentativa de construir o resultado que os interessavam (Bento apostou em Silvestre Varela e em Vierinha nos lugares de João Pereira e Éder; James Appiah trouxe Jordan Ayew e Afriyie Acquah em substituição a Waris e Rabiu). E, numa falha da defesa de Gana como um todo e do goleiro Dauda em particular, Cristiano aproveitou o presente para recolocar Portugal na frente. Aquela ducha de água fria era agora sentida do lado de Gana. Faltava apenas um golzinho e agora essa nova realidade, ter que novamente correr atrás da virada. O time se entregou. Mas a imagem que marca o final do jogo foi a do goleiro Beto, que se entregou às lágrimas num lamento de quem queria porque queria saborear outros jogos na Copa do Mundo. Acabou substituído por Eduardo, deixando o campo lesionado. Mas aquelas lágrimas, aposto, não são de dores físicas. É daquelas que somente coisas como o futebol são capazes de explicar.
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quinta-feira, 26 de junho de 2014
Alemanha Vence Estados Unidos E Os Dois Avançam Na Copa
Alemanha e Estados Unidos se enfrentaram em Pernambuco numa partida que levantava suspeitas: como o empate classificaria ambos, uma possibilidade de ambas as seleções se respeitarem além do tolerável poderia tornar o encontro um "jogo de cumpadres". Ainda mais quando se tem dois ex-companheiros de seleção comandando cada uma das equipes (Löw foi auxiliar de Klinsmann na Copa 2006). Só que não houve nada disso. Também não houve a chuva de gols que talvez pudesse se esperar de um confronto que reunia duas seleções que, conjuntamente, marcaram e sofreram um total de quinze gols em quatro partidas. A chuva que rolou em Recife foi aquela promovida por São Pedro mesmo - o único gol no jogo foi marcado por Thomas Müller, que aparece no topo na lista de goleadores, com quatro anotados nos três primeiros compromissos. E o gramado até que se comportou bem ao tanto de água que nele caiu.
Com o resultado, a Alemanha confirmou a primeira colocação na chave com uma performance empolgante na estréia, inconstante na segunda rodada e longe do seu melhor na terceira. A chance de engrenar está no confronto de oitavas-de-final: vem aí a Argélia, que surpreendeu os russos e boa parte do mundo ao conquistar a segunda colocação no grupo H, eliminando os futuros anfitriões já na fase de grupos. Os Estados Unidos tiveram a sorte de contarem com uma vitória de Portugal sobre Gana, por 2a1. Se fosse uma goleada por mais de três gols de diferença, adeus Copa. Se Gana tivesse vencido pelos mesmos 2a1, adeus Copa. Mas os EUA sobrevivem e vão enfrentar a Bélgica nas oitavas.
O dilúvio, digo, o jogo começou com a Alemanha em cima, pressionando por todos os lados e não raramente entrando na água, quer dizer, na área estadunidense. Aos poucos, o confronto que se dava quase em cima de Howard foi se deslocando para o meio do campo e os comandados de Klinsmann puderam respirar (embaixo d'água, é verdade). Estáveis na defesa e com maior volume de jogo, faltava aos alemães não apenas retomar aquela pressão inicial como também encontrar alguma maneira de concluir as jogadas. Podolski não conseguia ser esse homem. Então, no intervalo, Löw colocou Klose em seu lugar. Com nove minutos no segundo tempo, bola na rede. Só que não era o 16º gol do maior goleador na história das Copas, mas Müller se tornando maior goleador nessa edição de Mundial: ele aproveitou rebote após bela defesa de Howard e colocou na gaveta.
O bom futebol que os estadunidenses mostraram nas primeiras rodadas pareciam trancados em algum baú e a verdade é que muito disso se deve ao eficiente sistema de marcação alemão. Hummels beirou a perfeição na tarefa de acompanhar Dempsey de perto. Bedoya foi uma alternativa encontrada por Klinsmann (o alemão-californiano o colocou no lugar de Davis pouco depois do gol alemão-alemão). Os EUA não se tornaram superiores territorialmente, mas nos minutos finais estiveram perto de alcançar o empate - o cabeceio de Dempsey que passou próximo ao ângulo esquerdo de Neuer se deu em lance com cara e jeito de gol. Não rolou o empate, mas a classificação se confirmou e garantiu a festa das dezenas de milhares de estadunidenses presentes no estádio. E isso eles estão sabendo fazer no Brasil: festa. Sinal que o futebol está se popularizando na terra da bola laranja e oval. Imagina se chegarem na fase quartas-de-final...
Com o resultado, a Alemanha confirmou a primeira colocação na chave com uma performance empolgante na estréia, inconstante na segunda rodada e longe do seu melhor na terceira. A chance de engrenar está no confronto de oitavas-de-final: vem aí a Argélia, que surpreendeu os russos e boa parte do mundo ao conquistar a segunda colocação no grupo H, eliminando os futuros anfitriões já na fase de grupos. Os Estados Unidos tiveram a sorte de contarem com uma vitória de Portugal sobre Gana, por 2a1. Se fosse uma goleada por mais de três gols de diferença, adeus Copa. Se Gana tivesse vencido pelos mesmos 2a1, adeus Copa. Mas os EUA sobrevivem e vão enfrentar a Bélgica nas oitavas.
O dilúvio, digo, o jogo começou com a Alemanha em cima, pressionando por todos os lados e não raramente entrando na água, quer dizer, na área estadunidense. Aos poucos, o confronto que se dava quase em cima de Howard foi se deslocando para o meio do campo e os comandados de Klinsmann puderam respirar (embaixo d'água, é verdade). Estáveis na defesa e com maior volume de jogo, faltava aos alemães não apenas retomar aquela pressão inicial como também encontrar alguma maneira de concluir as jogadas. Podolski não conseguia ser esse homem. Então, no intervalo, Löw colocou Klose em seu lugar. Com nove minutos no segundo tempo, bola na rede. Só que não era o 16º gol do maior goleador na história das Copas, mas Müller se tornando maior goleador nessa edição de Mundial: ele aproveitou rebote após bela defesa de Howard e colocou na gaveta.
O bom futebol que os estadunidenses mostraram nas primeiras rodadas pareciam trancados em algum baú e a verdade é que muito disso se deve ao eficiente sistema de marcação alemão. Hummels beirou a perfeição na tarefa de acompanhar Dempsey de perto. Bedoya foi uma alternativa encontrada por Klinsmann (o alemão-californiano o colocou no lugar de Davis pouco depois do gol alemão-alemão). Os EUA não se tornaram superiores territorialmente, mas nos minutos finais estiveram perto de alcançar o empate - o cabeceio de Dempsey que passou próximo ao ângulo esquerdo de Neuer se deu em lance com cara e jeito de gol. Não rolou o empate, mas a classificação se confirmou e garantiu a festa das dezenas de milhares de estadunidenses presentes no estádio. E isso eles estão sabendo fazer no Brasil: festa. Sinal que o futebol está se popularizando na terra da bola laranja e oval. Imagina se chegarem na fase quartas-de-final...
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Mesmas Seleções, Nova Copa, Benditas Transformações
De lá para cá, mais do que quatro voltas do planeta Terra ao redor do sol, vimos algumas transformações nessas duas seleções. Porém, vamos começar por aquilo que se manteve semelhante.
Os goleiros Benaglio e Valladares, por exemplo. Não fossem eles, pode ter certeza que a partida jogada na Arena Amazônia teria tido muito mais gols. Participaram ativamente de um jogo movimentadíssimo, honrando a experiência de estarem novamente defendendo o gol de suas seleções. Os zagueiros Figueroa e Bernárdez, de Honduras, atuaram como titulares nas duas ocasiões. Raçudos para suíço nenhum botar defeito. A Suíça poderia até ter Von Bergen novamente, mas a contusão na partida diante da França tirou o zagueiro central dessa última rodada. Lichtsteiner na lateral-direita suíça: um líder nato, orientando o time a todo momento. Chávez, que era o titular na lateral-esquerda hondurenha em 2010, entrou no intervalo e foi um dos melhor jogadores no segundo tempo, caindo justamente em cima de Lichtsteiner - talvez se tivesse jogado os noventa minutos, o resultado final pudesse ser diferente. Wilson Palacios por Honduras e Gökhan Inler pela Suíça são quase como espelhos: os dois vestem a camisa oito e têm como característica a versatilidade de quem marca e sai para o jogo. Ambos estiveram presentes há quatro anos e nesse segundo confronto fizeram uma partidaça, com destaque para Inler, possivelmente o melhor jogador em campo.
Com tantas similaridades entre aquela e essa Copa, é quase como se os deuses do futebol estivessem sugerindo que se reescrevesse a história. Então, o que havia de diferente? Até o árbitro das partidas era argentino! Baldassi lá, Pitana cá. Mas ambos argentinos. Uma diferença atende pelo nome de Xherdan Shaqiri. O meia-atacante nascido no Kosovo (e que tem orgulho disso) era um garoto de dezoito anos em 2010, tendo entrado em campo aos trinta e dois minutos no segundo tempo. Exatos quatro anos mais tarde, aos vinte e dois de idade, o jovem que atua no Bayern de Munique foi substituído aos quarenta e um na etapa final basicamente para ouvir os aplausos de um público que assistiu o hat-trick e reconheceu a importância do camisa vinte e três para a classificação que estava sendo conquistada. 3a0, três dele, e a humildade de agradecer aos companheiros pelas assistências: uma foi de Lichtsteiner, as outras de Drmic. Drmic que não estava em 2010 - naquela ocasião o atacante mais badalado era o veterano Frei, num setor que também contava com N'Kufo, Derdiyok, Yakin. Hoje, os elementos no ataque são Shaqiri, Xhaka, Drmic, Seferovic. No lado hondurenho, David Suazo não voltou para esse Mundial, Jerry Palacios dessa vez começou no banco (e entrou bem no jogo, substituindo o contundido Costly ainda antes do intervalo), enquanto o esforçado Bengtson atuou os noventa minutos, herdando a camisa onze de Suazo.
Não dei àquele 0a0 em 2010 a mesma atenção que foi dada a este 3a0 na quarta-feira. Confesso: torci contra a Suíça naquela ocasião, motivado pela formação ultradefensiva apresentada pela seleção européia. O 0a0, felizmente, serviu para eliminá-los na fase de grupos. E é aí que reside a grande transformação nesse intervalo de quatro anos. A Suíça de 2014 veio para o Brasil com uma proposta de jogo absolutamente diferente da apresentada na África do Sul. Tive a oportunidade de vê-los jogar nas arquibancadas no estádio Mané Garrincha, na estréia vitoriosa diante do Equador, e gostei muito do que pude presenciar. A retranca deu lugar a um time que toca a bola. Os volantes que pareciam zagueiros se transformaram em elementos que protegiam a defesa, sim, mas que mantinham-se focados na transição ao ataque. A equipe até tomou gol de bola parada, algo impensável noutros tempos. Só que marcou duas vezes, coisa mais difícil ainda de imaginar (teve até gol erradamente anulado). Diante de Honduras, muita produtividade para marcar três gols e parar outras tantas vezes no goleiro Valladares. E sabe o que há de mais interessante nisso tudo? É que o treinador continua sendo o alemão Ottmar Hitzfeld! Mostrou que sabe trabalhar das duas maneiras. E o futebol só tem a agradecê-lo por ter escolhido a atual opção. Os hondurenhos, também dignos dos parabéns, saíram zerados no placar muito mais por falta de sorte da equipe e competência de Benaglio do que por escassez de oportunidades. Sinal que o trabalho do colombiano Luis Fernando Suárez (que assumiu o posto que era de seu compatriota Reinaldo Rueda) é também elogiável.
A Suíça, que despediu-se melancolicamente diante de Honduras em 2010 honrando a sua então proposta de jogo com um 0a0, dessa vez avança para as oitavas com duas vitórias em três jogos. E o futebol apresentado nessa fase de grupos traz a expectativa de que teremos um jogaço de oitavas-de-final entre ela e a Argentina. Com as bênçãos de Hitzfeld.
Shaqiri cumprimenta Hitzfeld após ser substituído: jogador marcou os três gols no jogo e treinador promoveu transformações admiráveis na seleção suíça da Copa passada para essa.
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Domínguez Pára A França, Mas Equador Dá Adeus À Copa
A França confirmou seu favoritismo de não-cabeça-de-chave-que-deu-sorte-no-sorteio e terminou em primeiro lugar no grupo E. Após golearem Honduras na estréia e Suíça na segunda rodada, os franceses foram a campo sabendo que um empate diante dos equatorianos era mais que suficiente para sair do Maracanã com a liderança mantida. Confiante na situação e no elenco à disposição, Didier Deschamps montou a seleção com algumas modificações típicas de quem iria aproveitar a ocasião favorável para fazer experiências e poupar jogadores. Sucesso: a França jogou bem, viu-se com opções entre os reservas e o 0a0 ratificou a primeira colocação na chave. Para o Equador, o resultado combinado à goleada suíça sobre os hondurenhos (3a0, com hat-trick de Shaqiri), representou a primeira e única eliminação sul-americana na fase de grupos. Nada que abale a digna campanha dos comandados do colombiano Reinaldo Rueda, que haviam perdido a estréia para a Suíça nos acréscimos e vencido Honduras na segunda rodada.
Com força máxima no jogo (Caicedo entre os suplentes por opção tática), o Equador atuava com dois pontas (Valência pela direita e Montero pela esquerda) e dois atacantes (Arroyo e Enner Valência, autor dos três gols equatorianos no Mundial). Mas tal formação foi devidamente neutralizada pela postura tática francesa: com os flancos protegidos (Sagna atento pela direita e Digne recebendo auxílio de Sissoko na esquerda) e a zona central densamente povoada (Schneiderlin, Pogba e Matuidi atuavam por ali, gerando vantagem numérica em relação a dupla Minda e Noboa), a França conseguiu domínio territorial, domínio na posse de bola e domínio no número de oportunidades criadas. Só que Griezmann, Benzema e companhia encontraram uma forte resistência no sistema defensivo adversário, que contava com Paredes, Guagua, Erazo e Ayoví, além de um paredão chamado Domínguez - o goleiro de 1,93m foi o grande nome no jogo e personagem mais decisivo para a manutenção do placar até o apito final.
No início do segundo tempo, a expulsão de Antônio Valência deixou o Equador em desvantagem numérica. Com um detalhe: aparentemente, a decisão de dar o cartão vermelho no lance partiu de alguém que não o árbitro marfinense Noumandiez Desire Doue. Analisando a repetição do lance, por mais que seja esteticamente feio ver as travas da chuteira de um na perna de outro, a dinâmica da jogada não sugere maldade por parte do camisa sete equatoriano, tornando a decisão do (quarto-)árbitro duplamente contestável - uma pelo rigor, outra pela regra em si, pois diz-se não poder haver influência de terceiros (nem de quartos). De toda forma, o Equador perdia seu capitão naquele momento (que deixou o campo sem dar qualquer reclamação) e teria a missão ingrata de, nessas condições, ganhar da França para buscar a classificação.
O time de Rueda foi paciente, conseguindo a partir da solidez defensiva ameaçar a França em contra-ataques. No melhor deles, Noboa chutou desequilibrado em lance daqueles que não se devem desperdiçar, sobretudo numa situação como essa - talvez se caísse nos pés de Caicedo, que o substituiria nos minutos finais, o Equador tivesse melhor sorte. Só que se há alguma seleção que tem a lamentar pelos gols perdidos, essa é a européia. Seja por questões de pontaria, seja pela atuação maiúscula do goleiro Domínguez, o fato é que parecia não haver qualquer possibilidade de chegar ao gol. De dezesseis finalizações, nove foram no alvo. Só que o alvo parecia ser o arqueiro, de tão bem posicionado que ele estava nos lances.
Agora, o próximo adversário dos Bleus será a Nigéria. Partida para se contar com Valbuena (que fez falta hoje) e com aquele Benzema das duas primeiras rodadas. Talvez seja de se pensar começar com Giroud entre os titulares, opção que sugere mais mobilidade a Benzema. Lembrando que sempre que a França passou pela fase de grupos numa Copa do Mundo, chegou pelo menos até as semifinais.
Com força máxima no jogo (Caicedo entre os suplentes por opção tática), o Equador atuava com dois pontas (Valência pela direita e Montero pela esquerda) e dois atacantes (Arroyo e Enner Valência, autor dos três gols equatorianos no Mundial). Mas tal formação foi devidamente neutralizada pela postura tática francesa: com os flancos protegidos (Sagna atento pela direita e Digne recebendo auxílio de Sissoko na esquerda) e a zona central densamente povoada (Schneiderlin, Pogba e Matuidi atuavam por ali, gerando vantagem numérica em relação a dupla Minda e Noboa), a França conseguiu domínio territorial, domínio na posse de bola e domínio no número de oportunidades criadas. Só que Griezmann, Benzema e companhia encontraram uma forte resistência no sistema defensivo adversário, que contava com Paredes, Guagua, Erazo e Ayoví, além de um paredão chamado Domínguez - o goleiro de 1,93m foi o grande nome no jogo e personagem mais decisivo para a manutenção do placar até o apito final.
No início do segundo tempo, a expulsão de Antônio Valência deixou o Equador em desvantagem numérica. Com um detalhe: aparentemente, a decisão de dar o cartão vermelho no lance partiu de alguém que não o árbitro marfinense Noumandiez Desire Doue. Analisando a repetição do lance, por mais que seja esteticamente feio ver as travas da chuteira de um na perna de outro, a dinâmica da jogada não sugere maldade por parte do camisa sete equatoriano, tornando a decisão do (quarto-)árbitro duplamente contestável - uma pelo rigor, outra pela regra em si, pois diz-se não poder haver influência de terceiros (nem de quartos). De toda forma, o Equador perdia seu capitão naquele momento (que deixou o campo sem dar qualquer reclamação) e teria a missão ingrata de, nessas condições, ganhar da França para buscar a classificação.
O time de Rueda foi paciente, conseguindo a partir da solidez defensiva ameaçar a França em contra-ataques. No melhor deles, Noboa chutou desequilibrado em lance daqueles que não se devem desperdiçar, sobretudo numa situação como essa - talvez se caísse nos pés de Caicedo, que o substituiria nos minutos finais, o Equador tivesse melhor sorte. Só que se há alguma seleção que tem a lamentar pelos gols perdidos, essa é a européia. Seja por questões de pontaria, seja pela atuação maiúscula do goleiro Domínguez, o fato é que parecia não haver qualquer possibilidade de chegar ao gol. De dezesseis finalizações, nove foram no alvo. Só que o alvo parecia ser o arqueiro, de tão bem posicionado que ele estava nos lances.
Agora, o próximo adversário dos Bleus será a Nigéria. Partida para se contar com Valbuena (que fez falta hoje) e com aquele Benzema das duas primeiras rodadas. Talvez seja de se pensar começar com Giroud entre os titulares, opção que sugere mais mobilidade a Benzema. Lembrando que sempre que a França passou pela fase de grupos numa Copa do Mundo, chegou pelo menos até as semifinais.
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quarta-feira, 25 de junho de 2014
Messi Rege Orquestra E Argentina Não Desafina: Líder E 100%
Perguntado se a Copa começaria nas oitavas, o técnico argentino Alejandro Sabella deu uma sábia resposta: a Copa começa nas Eliminatórias.
Se formos analisar as campanhas das seleções sul-americanas no Mundial, veremos como a declaração é ainda mais pertinente do que pode parecer à primeira vista. Três dessas seleções são dirigidas por técnicos argentinos. O Chile, de Jorge Sampaoli, estreou com vitória diante da Austrália, venceu a Espanha em partida que selou a eliminação dos atuais campeões mundiais e bi continentais, e perdeu somente para a Holanda, em jogo equilibrado. A Colômbia, de José Pekerman, venceu todas as três partidas que disputou: 3a0 na Grécia, 2a1 na Costa do Marfim e 4a1 no Japão. E, enfim, a Argentina de Sabella, que também se mantém com 100% de aproveitamento após vencer Bósnia & Herzegovina, Irã e Nigéria. Se o Brasil vive uma crise na função de treinador (pensar que Mano, Dunga e Scolari foram os últimos a dirigirem a seleção brasileira dá até calafrios nos adeptos do futebol arte), parece que a Argentina caminha muito bem, obrigado.
E caminha com as bênçãos do melhor jogador do mundo. Hoje, em Porto Alegre, o Beira-Rio colorido de azul assistiu uma aula de futebol de Lionel Messi. Ele abriu o placar aos dois minutos, desempatou a partida instantes antes do intervalo e foi substituído no segundo tempo, por provável precaução de Sabella com sua principal referência. A agitada partida no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com a Argentina, contou ainda com uma Nigéria veloz e objetiva: os africanos buscaram a igualdade duas vezes, com dois gols de Musa, mas não conseguiram reestabelecer a igualdade após Rojo marcar 3a2. Nem precisavam: com a vitória da Bósnia & Herzegovina sobre o Irã (3a1), a classificação das Águias estava assegurada (a seleção nigeriana é a primeira do continente africano a garantir classificação numa Copa que já eliminou camaroneses e marfinenses). O ótimo goleiro Enyeama evitou um placar elástico, defendendo pelo menos duas bolas difíceis chutadas por Di María e uma cobrança de falta perfeita realizada por Messi.
A seleção argentina tem o que melhorar. Há espaços na defesa que precisam ser reduzidos - a Nigéria aproveitou duas oportunidades e teve outras ocasiões de perigo explorando inconsistências no sistema defensivo albiceleste. Mas a seleção argentina tem também o que comemorar: ofensivamente, foi a partida mais produtiva da equipe até o momento. Vê-se potencial para o que está bom ficar melhor, mas o caminho parece estar sendo percorrido na direção correta. Com ajustes pontuais e o talento de Messi, a Argentina tem todo o direito de sonhar. Agora, fica a expectativa para que nada de mais sério tenha ocorrido com Sergio Agüero, que precisou deixar o campo ainda no primeiro tempo. É um jogador que ainda não encontrou seu melhor rendimento, mas que certamente agrega bastante ao time.
A Copa, que começou nas Eliminatórias, vai chegando nas oitavas. E com Messi, uma espécie de oitava maravilha do mundo.
Se formos analisar as campanhas das seleções sul-americanas no Mundial, veremos como a declaração é ainda mais pertinente do que pode parecer à primeira vista. Três dessas seleções são dirigidas por técnicos argentinos. O Chile, de Jorge Sampaoli, estreou com vitória diante da Austrália, venceu a Espanha em partida que selou a eliminação dos atuais campeões mundiais e bi continentais, e perdeu somente para a Holanda, em jogo equilibrado. A Colômbia, de José Pekerman, venceu todas as três partidas que disputou: 3a0 na Grécia, 2a1 na Costa do Marfim e 4a1 no Japão. E, enfim, a Argentina de Sabella, que também se mantém com 100% de aproveitamento após vencer Bósnia & Herzegovina, Irã e Nigéria. Se o Brasil vive uma crise na função de treinador (pensar que Mano, Dunga e Scolari foram os últimos a dirigirem a seleção brasileira dá até calafrios nos adeptos do futebol arte), parece que a Argentina caminha muito bem, obrigado.
E caminha com as bênçãos do melhor jogador do mundo. Hoje, em Porto Alegre, o Beira-Rio colorido de azul assistiu uma aula de futebol de Lionel Messi. Ele abriu o placar aos dois minutos, desempatou a partida instantes antes do intervalo e foi substituído no segundo tempo, por provável precaução de Sabella com sua principal referência. A agitada partida no Rio Grande do Sul, estado que faz fronteira com a Argentina, contou ainda com uma Nigéria veloz e objetiva: os africanos buscaram a igualdade duas vezes, com dois gols de Musa, mas não conseguiram reestabelecer a igualdade após Rojo marcar 3a2. Nem precisavam: com a vitória da Bósnia & Herzegovina sobre o Irã (3a1), a classificação das Águias estava assegurada (a seleção nigeriana é a primeira do continente africano a garantir classificação numa Copa que já eliminou camaroneses e marfinenses). O ótimo goleiro Enyeama evitou um placar elástico, defendendo pelo menos duas bolas difíceis chutadas por Di María e uma cobrança de falta perfeita realizada por Messi.
A seleção argentina tem o que melhorar. Há espaços na defesa que precisam ser reduzidos - a Nigéria aproveitou duas oportunidades e teve outras ocasiões de perigo explorando inconsistências no sistema defensivo albiceleste. Mas a seleção argentina tem também o que comemorar: ofensivamente, foi a partida mais produtiva da equipe até o momento. Vê-se potencial para o que está bom ficar melhor, mas o caminho parece estar sendo percorrido na direção correta. Com ajustes pontuais e o talento de Messi, a Argentina tem todo o direito de sonhar. Agora, fica a expectativa para que nada de mais sério tenha ocorrido com Sergio Agüero, que precisou deixar o campo ainda no primeiro tempo. É um jogador que ainda não encontrou seu melhor rendimento, mas que certamente agrega bastante ao time.
A Copa, que começou nas Eliminatórias, vai chegando nas oitavas. E com Messi, uma espécie de oitava maravilha do mundo.
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terça-feira, 24 de junho de 2014
Grécia Elimina Elefantes E Se Classifica Em Jogo De Desfecho Épico
O que você prefere: um carro zero quilômetro com vários itens de última geração (só que o veículo não tem direção nem consegue engatar a segunda marcha) ou um carro usado que funciona perfeitamente, com direito a direção hidráulica e câmbio automático?
Comparando os elencos de Costa do Marfim e Grécia você entenderá a analogia. De um lado, os consagrados Yaya Touré e Didier Drogba na companhia de jogadores que atuam ou já atuaram em clubes de ponta na Europa, como Gervinho, Kalou e Kolo Touré. De outro lado, os ilustres desconhecidos Holebas, Salpingidis e Samaris, jogadores que requerem uma pesquisa para descobrirmos em que canto atuam ou deixam de atuar.
Só que uma das grandes graças no futebol é que ele não se limita aos nomes, às famas, aos pré-conceitos. Existe permeando tudo isso alguns aspectos imponderáveis e outros concretos, como o sistema de jogo e a organização. Nesse sentido, os gregos comandados pelo português Fernando Santos deram um banho nos marfinenses comandados pelo francês Sabri Lamouchi. Praticamente impecável no ponto de vista tático, a Grécia conseguiu uma vitória histórica em Fortaleza e conseguiu sua primeira classificação para a fase oitavas-de-final numa Copa do Mundo. Um feito que só foi possível porque os jogadores foram heróicos e fiéis. Heroísmo que era flagrante na determinação em cada jogada de ataque ou defesa, fidelidade que era explícita na confiança no modelo de jogo proposto pelo treinador.
E olha que o percurso da Grécia no jogo foi duríssimo. Logo aos onze minutos, Panagiotis Kone precisou ser substituído por motivo de contusão - Andreas Samaris foi o escolhido para entrar em seu lugar. Uma seleção européia, acostumada a temperaturas mais amenas, que gasta uma substituição tão precocemente num jogo que promete ser desgastante, certamente sofre algum tipo de abalo. Pior que isso é ter que fazer nova substituição forçada doze minutos depois: dessa vez quem deixou o gramado foi o goleiro Orestis Karnezis, dando lugar para Panagiotis Glykos. Ouvi vaias vindo das arquibancadas no momento em que Karnezis deixava o campo de jogo e juro que prefiro não entender o que as motivou. Comportamento de gente que não deveria estar num estádio, mas num hospício (com todo respeito à luta antimanicomial).
Duas substituições precoces, calor e um adversário tecnicamente superior. O que fazer para buscar a vitória nessas condições? Jogando bola e sendo organizado. Simples assim. A Grécia jogou bola e foi organizada, às vezes não necessariamente nessa mesma ordem, mas o fato é que por todo o jogo os gregos mostraram mais conjunto, mais unidade, mais sincronia coletiva que os marfinenses. Construiu chances claras, como na jogada de contra-ataque onde Georgios Samaras serviu Jose Holebas e o lateral-esquerdo, que cruzou o campo como se fosse um raio, chutou com a perna direita e acertou o travessão de Boubacar Barry.
Se não foi daquela vez nem de outras, a Grécia merecidamente acabou abrindo o placar no Ceará: após saída de bola errada de Cheikh Tioté, Samaris tabelou com Samaras e mandou para a rede, ajudando a si e aos Samurais, pois naquele momento o Japão também era concorrente à classificação e dependia de um tropeço dos Elefantes para ter chance de avançar.
Veio o segundo tempo e a superioridade tática grega se manteve. Apostando numa defesa sólida e em saídas ligeiras nos contra-ataques, as principais oportunidades de gol eram dos europeus. Lamouchi finalmente abriu mão de um de seus volantes (escolheu tirar Tioté) para colocar Wilfried Bony, tendo no setor ofensivo um quarteto que também incluía Salomon Kalou, Gervinho e Didier Drogba. E foi através de uma assistência de Gervinho, grande destaque da Costa do Marfim nessa Copa, que Bony recebeu na área para empatar o jogo e recolocar os africanos na zona de classificação para a fase oitavas-de-final.
Restavam cerca de quinze minutos mais os acréscimos para os Elefantes confirmarem sua primeira classificação para as oitavas na história das Copas. Só que era exatamente esse o sonho dos gregos: o ineditismo das oitavas. Àquela altura, a Colômbia já era soberana no jogo diante dos japoneses, confirmando o primeiro lugar na chave e a eliminação asiática. Cabia a gregos e marfinenses resolverem no confronto direto com quem ficaria a segunda vaga no grupo C.
No mesmo minuto (o 78º) que Lamouchi trocou o astro Drogba (que não jogou no nível que dele esperamos) por Ismael Diomandé, Santos tirou o capitão Giorgios Karagounis (que teve atuação fantástica tanto pelo esforço no alto dos seus trinta e sete anos quanto pela liderança que exerce dentro das quatro linhas, com direito a chute no travessão) para colocar Theofanis Gekas, outro jogador experiente no elenco da Grécia. Cinco minutos depois, Lamouchi fez o inconcebível, tirando Gervinho de campo e colocando Giovanni Sio.
A bola pune, caro Lamouchi. Nos acréscimos, em descida da Grécia pelo lado esquerdo, Salpingidis cruzou rasteiro buscando Samaras e Sio, ironicamente Sio, calçou o camisa sete dentro da área. Carlos Vera viu e assinalou a penalidade máxima. Os gregos desabaram em comemoração. Era a chance que eles precisavam para arrancarem a classificação. Era tudo o que eles poderiam pedir aos deuses do Olimpo e da bola. E a bola ficou para aquele que sofreu o pênalti: Samaras. Com um chute no canto esquerdo que passou a centímetros das luvas de Barry, a Grécia comemorou o desempate como se fosse um título. Uma classificação épica. Com tamanha organização e entrega, é possível que esse carro usado ainda deixe para trás outros automóveis mais badalados. Fernando Santos já provou que sabe o que está guiando. E os gregos provaram que não estão no Brasil a passeio. Melhor não duvidar de até onde os campeões europeus de 2004 possam chegar.
Comparando os elencos de Costa do Marfim e Grécia você entenderá a analogia. De um lado, os consagrados Yaya Touré e Didier Drogba na companhia de jogadores que atuam ou já atuaram em clubes de ponta na Europa, como Gervinho, Kalou e Kolo Touré. De outro lado, os ilustres desconhecidos Holebas, Salpingidis e Samaris, jogadores que requerem uma pesquisa para descobrirmos em que canto atuam ou deixam de atuar.
Só que uma das grandes graças no futebol é que ele não se limita aos nomes, às famas, aos pré-conceitos. Existe permeando tudo isso alguns aspectos imponderáveis e outros concretos, como o sistema de jogo e a organização. Nesse sentido, os gregos comandados pelo português Fernando Santos deram um banho nos marfinenses comandados pelo francês Sabri Lamouchi. Praticamente impecável no ponto de vista tático, a Grécia conseguiu uma vitória histórica em Fortaleza e conseguiu sua primeira classificação para a fase oitavas-de-final numa Copa do Mundo. Um feito que só foi possível porque os jogadores foram heróicos e fiéis. Heroísmo que era flagrante na determinação em cada jogada de ataque ou defesa, fidelidade que era explícita na confiança no modelo de jogo proposto pelo treinador.
E olha que o percurso da Grécia no jogo foi duríssimo. Logo aos onze minutos, Panagiotis Kone precisou ser substituído por motivo de contusão - Andreas Samaris foi o escolhido para entrar em seu lugar. Uma seleção européia, acostumada a temperaturas mais amenas, que gasta uma substituição tão precocemente num jogo que promete ser desgastante, certamente sofre algum tipo de abalo. Pior que isso é ter que fazer nova substituição forçada doze minutos depois: dessa vez quem deixou o gramado foi o goleiro Orestis Karnezis, dando lugar para Panagiotis Glykos. Ouvi vaias vindo das arquibancadas no momento em que Karnezis deixava o campo de jogo e juro que prefiro não entender o que as motivou. Comportamento de gente que não deveria estar num estádio, mas num hospício (com todo respeito à luta antimanicomial).
Duas substituições precoces, calor e um adversário tecnicamente superior. O que fazer para buscar a vitória nessas condições? Jogando bola e sendo organizado. Simples assim. A Grécia jogou bola e foi organizada, às vezes não necessariamente nessa mesma ordem, mas o fato é que por todo o jogo os gregos mostraram mais conjunto, mais unidade, mais sincronia coletiva que os marfinenses. Construiu chances claras, como na jogada de contra-ataque onde Georgios Samaras serviu Jose Holebas e o lateral-esquerdo, que cruzou o campo como se fosse um raio, chutou com a perna direita e acertou o travessão de Boubacar Barry.
Se não foi daquela vez nem de outras, a Grécia merecidamente acabou abrindo o placar no Ceará: após saída de bola errada de Cheikh Tioté, Samaris tabelou com Samaras e mandou para a rede, ajudando a si e aos Samurais, pois naquele momento o Japão também era concorrente à classificação e dependia de um tropeço dos Elefantes para ter chance de avançar.
Veio o segundo tempo e a superioridade tática grega se manteve. Apostando numa defesa sólida e em saídas ligeiras nos contra-ataques, as principais oportunidades de gol eram dos europeus. Lamouchi finalmente abriu mão de um de seus volantes (escolheu tirar Tioté) para colocar Wilfried Bony, tendo no setor ofensivo um quarteto que também incluía Salomon Kalou, Gervinho e Didier Drogba. E foi através de uma assistência de Gervinho, grande destaque da Costa do Marfim nessa Copa, que Bony recebeu na área para empatar o jogo e recolocar os africanos na zona de classificação para a fase oitavas-de-final.
Restavam cerca de quinze minutos mais os acréscimos para os Elefantes confirmarem sua primeira classificação para as oitavas na história das Copas. Só que era exatamente esse o sonho dos gregos: o ineditismo das oitavas. Àquela altura, a Colômbia já era soberana no jogo diante dos japoneses, confirmando o primeiro lugar na chave e a eliminação asiática. Cabia a gregos e marfinenses resolverem no confronto direto com quem ficaria a segunda vaga no grupo C.
No mesmo minuto (o 78º) que Lamouchi trocou o astro Drogba (que não jogou no nível que dele esperamos) por Ismael Diomandé, Santos tirou o capitão Giorgios Karagounis (que teve atuação fantástica tanto pelo esforço no alto dos seus trinta e sete anos quanto pela liderança que exerce dentro das quatro linhas, com direito a chute no travessão) para colocar Theofanis Gekas, outro jogador experiente no elenco da Grécia. Cinco minutos depois, Lamouchi fez o inconcebível, tirando Gervinho de campo e colocando Giovanni Sio.
A bola pune, caro Lamouchi. Nos acréscimos, em descida da Grécia pelo lado esquerdo, Salpingidis cruzou rasteiro buscando Samaras e Sio, ironicamente Sio, calçou o camisa sete dentro da área. Carlos Vera viu e assinalou a penalidade máxima. Os gregos desabaram em comemoração. Era a chance que eles precisavam para arrancarem a classificação. Era tudo o que eles poderiam pedir aos deuses do Olimpo e da bola. E a bola ficou para aquele que sofreu o pênalti: Samaras. Com um chute no canto esquerdo que passou a centímetros das luvas de Barry, a Grécia comemorou o desempate como se fosse um título. Uma classificação épica. Com tamanha organização e entrega, é possível que esse carro usado ainda deixe para trás outros automóveis mais badalados. Fernando Santos já provou que sabe o que está guiando. E os gregos provaram que não estão no Brasil a passeio. Melhor não duvidar de até onde os campeões europeus de 2004 possam chegar.
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Godín Marca E Uruguai Elimina Itália Em Confronto Canibal
As duas primeiras campeãs mundiais na história das Copas se enfrentaram em Natal para ver quem seguiria para a fase oitavas-de-final. Só havia lugar para uma delas, pois a gigante Costa Rica já assegurara sua classificação com uma rodada de antecipação, vencendo tanto o Uruguai (3a1) quanto a Itália (1a0). Com a vantagem do empate, os italianos foram a campo com uma formação focada na manutenção da posse de bola, povoando o meio-campo com dois laterais e três volantes - atrás uma trinca de zagueiros e na frente a dupla Immobile e Balotelli. Era o suficiente para conter os uruguaios e manter o domínio da redonda consigo, até porque a equipe sul-americana foi derrotada territorialmente na zona central do gramado, só conseguindo como válvula de escape algumas jogadas pelos flancos, principalmente quando envolviam Álvaro Pereira e Cristian Rodríguez, que atormentaram Darmian, Barzagli e outros italianos que eventualmente faziam a cobertura naquele setor.
A melhor chance no primeiro tempo deu-se em lance de bola parada, com Andrea Pirlo cobrando falta e Fernando Muslera espalmando no alto e para cima. Ciente de que a produtividade uruguaia no primeiro tempo era pequena para quem necessitava vencer, Tabárez voltou com Maximiliano Pereira no lugar de Nicolás Lodeiro. Um contrassenso, por mais que Nico Lodeiro não tivesse ido bem nos primeiros quarenta e cinco minutos. Prandelli também mexeu no intervalo, provavelmente preocupado com o risco de jogar com dez: tirou Mario Balotelli, amarelado e automaticamente suspenso, por Marco Parolo. A preocupação era justa, notadamente levando em consideração que tratava-se de um jogo que tinha ingredientes e temperos suficientes para encaminhá-lo a momentos de tensão. O que o treinador da Azzurra talvez não imaginasse é que Claudio Marchisio fosse perder a cabeça e desferir uma solada em Arévalo Ríos: cartão vermelho direto para o camisa oito italiano.
Em vantagem numérica, Tabárez colocou Christian Stuani no lugar de Álvaro Pereira. Ganhou elementos ofensivos, mas não solucionou o problema da falta de articulação entre meio e ataque. Cavani e Suárez até voltavam para buscar jogo, mas tal retorno esvaziava o ataque da equipe e facilitava o trabalho de marcação da Itália, sempre bem postada na defesa. Aos vinte e cinco, Prandelli fez uma boa mexida, colocando Cassano no lugar do inoperante Immobile. Talvez o que faltasse para o Uruguai fosse exatamente um jogador com as características de Cassano - algo como aquele Forlán de 2010. E se faltava alguma coisa para o jogo pegar fogo no Rio Grande do Norte, passou a não faltar mais a partir do momento em que Luis Suárez perdeu a cabeça, a razão, a estribeira, e qualquer outra coisa que se espera de um desportista leal, ao desferir uma mordida no ombro de Chiellini. Suárez perdeu tudo ali. Só não perdeu o direito de continuar em campo, pois o árbitro mexicano Marco Antonio Rodríguez Moreno justificou seu apelido de Conde Drácula e tolerou o gesto vampiresco de Luisito, mesmo após Chiellini mostrar as marcas da arcada dentária do uruguaio por baixo da camisa.
Os italianos se revoltaram, pois tinham naquele momento a oportunidade de voltarem a jogar em igualdade numérica, tirando de campo a principal ameaça adversária - em todos os sentidos. Exausto, Verratti deu lugar para Thiago Motta, proporcionando uma queda de qualidade na saída de bola italiana. Do lado celeste, Rodríguez, que correu e jogou demais, saiu para a entrada de Gastón Ramírez. Três minutos após essa substituição - que era a última por direito -, saiu o gol uruguaio: escanteio cobrado pela direita pelo próprio Ramírez e subida de Diego Godín. Acredito que Godín nem sabia exatamente para onde havia direcionado a bola naquele momento, mas os deuses do futebol tinham certeza: para o fundo da rede. A partir dali, ouviram-se os sons da maioria uruguaia presente no estádio. A partir dali, a situação italiana virou um drama elevado ao cubo: precisavam do gol, estavam em desvantagem numérica e o cansaço físico e psicológico batiam cada vez mais forte com o avançar do cronômetro.
Uma tabela de Cassano com Thiago Motta foi o melhor lance ofensivo dos europeus. Talvez se fosse entre Cassano e Verratti, o desfecho fosse diferente. Fato é que Motta não conseguiu dar seqüência ao lance. E a Itália quase nada conseguiu criar novamente. Criou, isto sim, um possível trauma: se em 2002 a equipe de Trapattoni foi garfada na Coréia do Sul, doze anos depois o time de Prandelli foi mordido no Brasil. Pela segunda vez consecutiva, os tetracampeões mundiais caem na fase de grupos na Copa do Mundo. E o Uruguai segue em frente. Próxima parada: Maracanã. Quem não tem medo de vampiro, há de ter algum receio de fantasma.
A melhor chance no primeiro tempo deu-se em lance de bola parada, com Andrea Pirlo cobrando falta e Fernando Muslera espalmando no alto e para cima. Ciente de que a produtividade uruguaia no primeiro tempo era pequena para quem necessitava vencer, Tabárez voltou com Maximiliano Pereira no lugar de Nicolás Lodeiro. Um contrassenso, por mais que Nico Lodeiro não tivesse ido bem nos primeiros quarenta e cinco minutos. Prandelli também mexeu no intervalo, provavelmente preocupado com o risco de jogar com dez: tirou Mario Balotelli, amarelado e automaticamente suspenso, por Marco Parolo. A preocupação era justa, notadamente levando em consideração que tratava-se de um jogo que tinha ingredientes e temperos suficientes para encaminhá-lo a momentos de tensão. O que o treinador da Azzurra talvez não imaginasse é que Claudio Marchisio fosse perder a cabeça e desferir uma solada em Arévalo Ríos: cartão vermelho direto para o camisa oito italiano.
Em vantagem numérica, Tabárez colocou Christian Stuani no lugar de Álvaro Pereira. Ganhou elementos ofensivos, mas não solucionou o problema da falta de articulação entre meio e ataque. Cavani e Suárez até voltavam para buscar jogo, mas tal retorno esvaziava o ataque da equipe e facilitava o trabalho de marcação da Itália, sempre bem postada na defesa. Aos vinte e cinco, Prandelli fez uma boa mexida, colocando Cassano no lugar do inoperante Immobile. Talvez o que faltasse para o Uruguai fosse exatamente um jogador com as características de Cassano - algo como aquele Forlán de 2010. E se faltava alguma coisa para o jogo pegar fogo no Rio Grande do Norte, passou a não faltar mais a partir do momento em que Luis Suárez perdeu a cabeça, a razão, a estribeira, e qualquer outra coisa que se espera de um desportista leal, ao desferir uma mordida no ombro de Chiellini. Suárez perdeu tudo ali. Só não perdeu o direito de continuar em campo, pois o árbitro mexicano Marco Antonio Rodríguez Moreno justificou seu apelido de Conde Drácula e tolerou o gesto vampiresco de Luisito, mesmo após Chiellini mostrar as marcas da arcada dentária do uruguaio por baixo da camisa.
Os italianos se revoltaram, pois tinham naquele momento a oportunidade de voltarem a jogar em igualdade numérica, tirando de campo a principal ameaça adversária - em todos os sentidos. Exausto, Verratti deu lugar para Thiago Motta, proporcionando uma queda de qualidade na saída de bola italiana. Do lado celeste, Rodríguez, que correu e jogou demais, saiu para a entrada de Gastón Ramírez. Três minutos após essa substituição - que era a última por direito -, saiu o gol uruguaio: escanteio cobrado pela direita pelo próprio Ramírez e subida de Diego Godín. Acredito que Godín nem sabia exatamente para onde havia direcionado a bola naquele momento, mas os deuses do futebol tinham certeza: para o fundo da rede. A partir dali, ouviram-se os sons da maioria uruguaia presente no estádio. A partir dali, a situação italiana virou um drama elevado ao cubo: precisavam do gol, estavam em desvantagem numérica e o cansaço físico e psicológico batiam cada vez mais forte com o avançar do cronômetro.
Uma tabela de Cassano com Thiago Motta foi o melhor lance ofensivo dos europeus. Talvez se fosse entre Cassano e Verratti, o desfecho fosse diferente. Fato é que Motta não conseguiu dar seqüência ao lance. E a Itália quase nada conseguiu criar novamente. Criou, isto sim, um possível trauma: se em 2002 a equipe de Trapattoni foi garfada na Coréia do Sul, doze anos depois o time de Prandelli foi mordido no Brasil. Pela segunda vez consecutiva, os tetracampeões mundiais caem na fase de grupos na Copa do Mundo. E o Uruguai segue em frente. Próxima parada: Maracanã. Quem não tem medo de vampiro, há de ter algum receio de fantasma.
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Um Por Todos
Felizmente optei por assistir México e Croácia em vez de Brasil e Camarões. Digo isso porque ao espiar a reprise da partida em que Neymar (bota Neymar nisso) e companhia (tira companhia disso), pude notar aquilo que já percebia há muito tempo nessa seleção: carecemos de um padrão de jogo, de uma cara de time, de um jeito de jogar.
Na falta disso tudo, um craque para compensar: dois gols, muita correria, habilidade e participação. Mas se precisamos de um craque para compensar, é sinal que precisamos parar para pensar: está o treinador fazendo um trabalho bem feito? Tantos meses no comando e tantos treinamentos à disposição para isso que foi visto no estádio Mané Garrincha?
Em suma, o Brasil está classificado na primeira posição no grupo A. Campanha onde houve vitória sobre a Croácia com o dedo e o apito do árbitro japonês (por onde anda ele?), empate sem gol com o México e essa vitória por 4a1 sobre o já eliminado Camarões. Aliás, Camarões sem Eto'o a onda leva, né?
O que pode servir de alento é que a seleção brasileira parece ter encontrado alguém para substituir Paulinho com segurança: Fernandinho. Pelo menos a julgar pelo (segundo) tempo em que esteve em campo, o meio-campista do Manchester City produziu mais do que o então titular da posição em dois jogos e meio.
Oscar teve alguns momentos de destaque, Luiz Gustavo teve nova atuação de bom nível e Daniel Alves continua sendo um tormento para a defesa ao mesmo tempo que parece nada acrescentar ao ataque. Ataque que tem Fred. Saiu o primeiro gol dele no Mundial: o terceiro da seleção no jogo, em posição de impedimento. Talvez o grande diferencial dessa equipe nessa Copa seja exatamente esse - a arbitragem. Além de Neymar. Se for com essa parceria (Neymar + arbitragens) que iremos rumar ao hexa, será uma sobrecarga para o jovem e um desgaste para a FIFA. Futebol que é bom, o do Brasil não foi localizado nessa primeira fase. Haja Neymar e apito para passar pelo Chile nas oitavas...
Na falta disso tudo, um craque para compensar: dois gols, muita correria, habilidade e participação. Mas se precisamos de um craque para compensar, é sinal que precisamos parar para pensar: está o treinador fazendo um trabalho bem feito? Tantos meses no comando e tantos treinamentos à disposição para isso que foi visto no estádio Mané Garrincha?
Em suma, o Brasil está classificado na primeira posição no grupo A. Campanha onde houve vitória sobre a Croácia com o dedo e o apito do árbitro japonês (por onde anda ele?), empate sem gol com o México e essa vitória por 4a1 sobre o já eliminado Camarões. Aliás, Camarões sem Eto'o a onda leva, né?
O que pode servir de alento é que a seleção brasileira parece ter encontrado alguém para substituir Paulinho com segurança: Fernandinho. Pelo menos a julgar pelo (segundo) tempo em que esteve em campo, o meio-campista do Manchester City produziu mais do que o então titular da posição em dois jogos e meio.
Oscar teve alguns momentos de destaque, Luiz Gustavo teve nova atuação de bom nível e Daniel Alves continua sendo um tormento para a defesa ao mesmo tempo que parece nada acrescentar ao ataque. Ataque que tem Fred. Saiu o primeiro gol dele no Mundial: o terceiro da seleção no jogo, em posição de impedimento. Talvez o grande diferencial dessa equipe nessa Copa seja exatamente esse - a arbitragem. Além de Neymar. Se for com essa parceria (Neymar + arbitragens) que iremos rumar ao hexa, será uma sobrecarga para o jovem e um desgaste para a FIFA. Futebol que é bom, o do Brasil não foi localizado nessa primeira fase. Haja Neymar e apito para passar pelo Chile nas oitavas...
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Não Mexe Comigo: Na Bola E Na Raça, México Supera Croácia
Quem disse que os confrontos eliminatórios começariam no dia 28? Croácia e México foram a campo em Pernambuco para decidirem o futuro de ambos na Copa: enquanto os mexicanos garantiriam classificação às oitavas com um empate, aos croatas só a vitória não os fariam depender de uma derrota do Brasil no jogo com Camarões. Se durante a semana rolaram provocações (principalmente a partir dos croatas), o clima no jogo foi tenso, sobretudo no segundo tempo e mais ainda a partir do momento que o México passou a estar vencendo a partida.
Escalada com Modric, Rakitic e Pranjic na armação, Olic e Perisic na aproximação e Mandzukic como referência, a Croácia parecia ter elementos suficientes para transpôr a defesa adversária. Só parecia. A linha de cinco defensores composta por Paul Aguilar, Rodríguez, Rafa Márquez, Moreno e Layún conseguiu levar vantagem quando ameaçada pelos croatas e ainda contou com a ajuda fundamental de três jogadores de meio-campo que tiveram atuações maiúsculas: Vázquez, Herrera e Guardado. E a bem da verdade, no time montado por Miguel Ernesto Herrera Aguirre, até os atacantes Giovani dos Santos e Peralta desempenham relevantes serviços defensivos. De quebra, o arqueiro é ninguém menos que Ochoa. Com todos esses ingredientes no caldeirão mexicano, a Croácia só iria conseguir sentir o sabor da classificação se estivesse com seus jogadores inspirados. Perisic jogou demais, confirmando uma ótima Copa por parte do camisa quatro. Só que Modric e Rakitic não conseguiram render aquilo que deles se esperava, fato que acabou comprometendo a articulação de jogo da equipe. Niko Kovac não encontrou alternativas táticas para reverter o cenário e ainda viu o México subir de produção no campo de ataque. Até tentou alguma solução, colocando Kovacic no lugar de Vrsaljko, mas o efeito da transformação não foi o suficiente para tornar a Croácia superior.
Aos vinte e seis minutos, começou a se desenhar a classificação que já estava esboçada: após escanteio cobrado por Herrera, o capitão Rafa Márquez conseguiu a proeza de subir mais que Corluka para abrir o placar com um cabeceio consciente. Um momento marcante para aquele que é o único jogador na história dos Mundiais a usar a braçadeira de capitão de uma seleção em quatro edições de Copas - a terceira edição marcando gol. Tem que respeitar!
Três minutos depois, uma rápida troca de passes com participação de Javier Hernández (que entrara no lugar de Giovani) e Peralta foi concluída por Guardado, estufando a rede de Pletikosa, que até chegou a encostar na bola. 2a0 México e festa incrível nas arquibancadas do Azteca, digo, de Recife.
O momento do jogo era de decisão, e ambos os treinadores àquela altura já haviam realizado as três modificações a que tinham direito. Kovac trouxe Rebic para o lugar de Olic e Jelavic no lugar de Pranjic, mantendo Eduardo da Silva no banco. Herrera pôs Peña no lugar de Peralta e Fabián no de Guardado. E o balanço disso foi tudo foi melhor para os mexicanos: aos trinta e seis, para alegria geral da nação que cantou o hino com força e que não cessava de apoiar seus compatriotas, Chicharito encerrou a seqüência de jogos sem marcar. Foi em nova jogada aérea com participação de Rafa Márquez, que dessa vez resvalou de cabeça e Chicharito completou. 3a0 no placar.
Houve tempo ainda para a Croácia contar com um lampejo de lucidez: Rakitic deu lindo passe para Perisic descontar aos quarenta e um. O primeiro gol marcado em cima de Ochoa nessa Copa. Só que a Croácia precisava de mais três. Era um convite a perder as esperanças. Mas não precisava perder a cabeça: aos quarenta e três, uma entrada desleal de Rebic em Peña deixou os croatas com um homem a menos.
No final das contas, 3a1 para o México e classificação de uma seleção que chegou aos trancos e barrancos ao Mundial. Dentro dele, fez três gols em Camarões (a arbitragem anulou erradamente dois deles), resistiu aos donos da casa criando ainda chances de vencer o jogo e poderia ter até goleado a boa seleção croata (o árbitro Ravshan Irmatov ignorou pênalti do "goleiro" Srna quando a partida ainda estava 0a0). O próximo adversário dos mexicanos é a Holanda, favorita para o confronto. Mas quer saber de uma coisa? Quem precisa de favoritismo quando se tem uma torcida apaixonada e um time determinado? Vem jogo imperdível por aí.
Escalada com Modric, Rakitic e Pranjic na armação, Olic e Perisic na aproximação e Mandzukic como referência, a Croácia parecia ter elementos suficientes para transpôr a defesa adversária. Só parecia. A linha de cinco defensores composta por Paul Aguilar, Rodríguez, Rafa Márquez, Moreno e Layún conseguiu levar vantagem quando ameaçada pelos croatas e ainda contou com a ajuda fundamental de três jogadores de meio-campo que tiveram atuações maiúsculas: Vázquez, Herrera e Guardado. E a bem da verdade, no time montado por Miguel Ernesto Herrera Aguirre, até os atacantes Giovani dos Santos e Peralta desempenham relevantes serviços defensivos. De quebra, o arqueiro é ninguém menos que Ochoa. Com todos esses ingredientes no caldeirão mexicano, a Croácia só iria conseguir sentir o sabor da classificação se estivesse com seus jogadores inspirados. Perisic jogou demais, confirmando uma ótima Copa por parte do camisa quatro. Só que Modric e Rakitic não conseguiram render aquilo que deles se esperava, fato que acabou comprometendo a articulação de jogo da equipe. Niko Kovac não encontrou alternativas táticas para reverter o cenário e ainda viu o México subir de produção no campo de ataque. Até tentou alguma solução, colocando Kovacic no lugar de Vrsaljko, mas o efeito da transformação não foi o suficiente para tornar a Croácia superior.
Aos vinte e seis minutos, começou a se desenhar a classificação que já estava esboçada: após escanteio cobrado por Herrera, o capitão Rafa Márquez conseguiu a proeza de subir mais que Corluka para abrir o placar com um cabeceio consciente. Um momento marcante para aquele que é o único jogador na história dos Mundiais a usar a braçadeira de capitão de uma seleção em quatro edições de Copas - a terceira edição marcando gol. Tem que respeitar!
Três minutos depois, uma rápida troca de passes com participação de Javier Hernández (que entrara no lugar de Giovani) e Peralta foi concluída por Guardado, estufando a rede de Pletikosa, que até chegou a encostar na bola. 2a0 México e festa incrível nas arquibancadas do Azteca, digo, de Recife.
O momento do jogo era de decisão, e ambos os treinadores àquela altura já haviam realizado as três modificações a que tinham direito. Kovac trouxe Rebic para o lugar de Olic e Jelavic no lugar de Pranjic, mantendo Eduardo da Silva no banco. Herrera pôs Peña no lugar de Peralta e Fabián no de Guardado. E o balanço disso foi tudo foi melhor para os mexicanos: aos trinta e seis, para alegria geral da nação que cantou o hino com força e que não cessava de apoiar seus compatriotas, Chicharito encerrou a seqüência de jogos sem marcar. Foi em nova jogada aérea com participação de Rafa Márquez, que dessa vez resvalou de cabeça e Chicharito completou. 3a0 no placar.
Houve tempo ainda para a Croácia contar com um lampejo de lucidez: Rakitic deu lindo passe para Perisic descontar aos quarenta e um. O primeiro gol marcado em cima de Ochoa nessa Copa. Só que a Croácia precisava de mais três. Era um convite a perder as esperanças. Mas não precisava perder a cabeça: aos quarenta e três, uma entrada desleal de Rebic em Peña deixou os croatas com um homem a menos.
No final das contas, 3a1 para o México e classificação de uma seleção que chegou aos trancos e barrancos ao Mundial. Dentro dele, fez três gols em Camarões (a arbitragem anulou erradamente dois deles), resistiu aos donos da casa criando ainda chances de vencer o jogo e poderia ter até goleado a boa seleção croata (o árbitro Ravshan Irmatov ignorou pênalti do "goleiro" Srna quando a partida ainda estava 0a0). O próximo adversário dos mexicanos é a Holanda, favorita para o confronto. Mas quer saber de uma coisa? Quem precisa de favoritismo quando se tem uma torcida apaixonada e um time determinado? Vem jogo imperdível por aí.
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segunda-feira, 23 de junho de 2014
Espanha À La Espanha: Uma Despedida Nostálgica Na Copa 2014
Muitos poderão não dar o devido valor a essa data, mas carrego comigo a nítida impressão de que 23.06.2014 trata-se de um momento na história do futebol que trará influências significativas para os anos que virão. Foi precisamente nesse dia, por volta das 15h, em Curitiba, que se encerrou a participação da seleção espanhola na Copa do Mundo 2014. Uma campanha abreviada pelas derrotas para Holanda e Chile, que causaram surpresa entre os analistas em geral e gerou mal-estar no elenco espanhol em particular. Mas tudo isso deve ser esquecido. Em nome do futebol, que fique registrado cada bom momento que a Espanha proporcionou e ainda proporcionará com a sua filosofia de jogo baseada na posse de bola. O momento é de realizar ajustes já pensando na Eurocopa 2016, mas mais do que isso: pensando na perpetuação de um estilo, o que se dará através de renovações e aperfeiçoamentos. Estilo esse que já se mostrou viável e eficiente. Que é maior do que a cultura do resultado. E que percorreu longas, incríveis e vitoriosas jornadas para ser derrubado com dois tropeços.
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de emoção, como quando David Villa foi substituído e flagrado às lágrimas no banco de reservas - era a despedida de um dos ícones de uma era vitoriosa, cujo ápice foi o título mundial em 2010, quando o camisa sete teve participação destacada. Meus mais respeitosos cumprimentos e gratidão ao Villa por ter jogado nessa Espanha, a qual tive o privilégio de assistir.
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de recordação, pois ver a excelência do desempenho de Andrés Iniesta com a performance igualmente encantadora de Villa fez lembrar dois, quatro, seis anos atrás. Villa distribuiu umas cinco jogadas de efeito só no primeiro tempo. Numa delas, recebeu cruzamento de Juanfran e abriu o placar no Paraná com um golaço de letra. Villa se escreve com cinco letras, digamos que cada uma para um grande lance da fera, que já deixa saudade.
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de reflexão sobre o futuro, o que ficou sugerido ao se ver um jovem da qualidade de Koke desempenhando função em campo muito similar a de um tal Xavi Hernández. Possivelmente seja Koke o sucessor de Xavi na seleção espanhola.
Fernando Torres foi um personagem que juntou quase tudo ao mesmo tempo: trouxe emoção, porque lembrar dele faz lembrarmos de seu companheiro Villa; trouxe recordação, porque vê-lo atuar em grande nível leva a ótimas lembranças de seu auge tanto nos clubes por onde passou quanto pela própria Fúria; e trouxe reflexão sobre o futuro, pois fica aquela dúvida cruel de se o ciclo de El Niño está encerrado ou se ainda seremos agraciados com seu talento por mais alguns anos. O desempenho diante dos australianos é um convite à segunda opção. Sua capacidade técnica, uma intimação.
Foi disparada a melhor atuação da Espanha em solo brasileiro nesse Mundial. Os erros na defesa vistos nas duas rodadas iniciais não se repetiram - a começar pelo seguro goleiro Pepe Reina, que qualificou a saída de bola com os pés. As entradas de Juan Mata, Francesc Fàbregas e David Silva no segundo tempo tornaram a Espanha ainda mais incisiva, sempre com a participação ativa e decisiva do brilhante Iniesta. Foi dele o ótimo passe à la Iniesta para a finalização de Torres à la Torres. Era a Espanha à la Espanha! Após assistência de Fàbregas, Mata fechou o placar. E espero que as portas da seleção espanhola se mantenham abertas para essa proposta. O mesmo público que hoje gritou "eliminado", em provocação hostil, poderá um dia olhar para trás e pensar que poderia ter reagido de maneira diferente quando teve a oportunidade mística e mágica de assistir a Espanha nas arquibancadas de seu país de nascimento numa Copa do Mundo. Se eu estivesse lá no estádio, aplaudiria de pé. Pensar e projetar a Espanha me traz emoção e não tem preço nem nacionalidade essa gratidão. Valeu, Villa! Valeu, Xavi! Valeu, Espanha!
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de emoção, como quando David Villa foi substituído e flagrado às lágrimas no banco de reservas - era a despedida de um dos ícones de uma era vitoriosa, cujo ápice foi o título mundial em 2010, quando o camisa sete teve participação destacada. Meus mais respeitosos cumprimentos e gratidão ao Villa por ter jogado nessa Espanha, a qual tive o privilégio de assistir.
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de recordação, pois ver a excelência do desempenho de Andrés Iniesta com a performance igualmente encantadora de Villa fez lembrar dois, quatro, seis anos atrás. Villa distribuiu umas cinco jogadas de efeito só no primeiro tempo. Numa delas, recebeu cruzamento de Juanfran e abriu o placar no Paraná com um golaço de letra. Villa se escreve com cinco letras, digamos que cada uma para um grande lance da fera, que já deixa saudade.
O jogo com a Austrália foi marcado por momentos de reflexão sobre o futuro, o que ficou sugerido ao se ver um jovem da qualidade de Koke desempenhando função em campo muito similar a de um tal Xavi Hernández. Possivelmente seja Koke o sucessor de Xavi na seleção espanhola.
Fernando Torres foi um personagem que juntou quase tudo ao mesmo tempo: trouxe emoção, porque lembrar dele faz lembrarmos de seu companheiro Villa; trouxe recordação, porque vê-lo atuar em grande nível leva a ótimas lembranças de seu auge tanto nos clubes por onde passou quanto pela própria Fúria; e trouxe reflexão sobre o futuro, pois fica aquela dúvida cruel de se o ciclo de El Niño está encerrado ou se ainda seremos agraciados com seu talento por mais alguns anos. O desempenho diante dos australianos é um convite à segunda opção. Sua capacidade técnica, uma intimação.
Foi disparada a melhor atuação da Espanha em solo brasileiro nesse Mundial. Os erros na defesa vistos nas duas rodadas iniciais não se repetiram - a começar pelo seguro goleiro Pepe Reina, que qualificou a saída de bola com os pés. As entradas de Juan Mata, Francesc Fàbregas e David Silva no segundo tempo tornaram a Espanha ainda mais incisiva, sempre com a participação ativa e decisiva do brilhante Iniesta. Foi dele o ótimo passe à la Iniesta para a finalização de Torres à la Torres. Era a Espanha à la Espanha! Após assistência de Fàbregas, Mata fechou o placar. E espero que as portas da seleção espanhola se mantenham abertas para essa proposta. O mesmo público que hoje gritou "eliminado", em provocação hostil, poderá um dia olhar para trás e pensar que poderia ter reagido de maneira diferente quando teve a oportunidade mística e mágica de assistir a Espanha nas arquibancadas de seu país de nascimento numa Copa do Mundo. Se eu estivesse lá no estádio, aplaudiria de pé. Pensar e projetar a Espanha me traz emoção e não tem preço nem nacionalidade essa gratidão. Valeu, Villa! Valeu, Xavi! Valeu, Espanha!
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